O Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito) promove, no próximo sábado (19), a partir das 8h, em Ilhéus, ato público em alusão ao Dia dos Povos Indígenas. A atividade vai reunir os 10 caciques do órgão colegiado e moradores das 23 comunidades tupinambás na Praça Cláudio Magalhães, na sede do distrito de Olivença.
Para Rodrigo Curupaty Tupinambá, apesar da origem da data estar ligada à visão de mundo do projeto colonial, o movimento indígena se apropria da efeméride como instrumento de visibilidade para suas reivindicações, a começar pela demarcação do território reconhecido pela Fundação Nacional dos Indígenas desde 2009.
“O Dia 19 de abril não foi criado por nós. Mas, hoje, entendemos que é o espaço que a gente tem para falar um pouco da nossa luta”, afirmou Curupaty durante reunião neste domingo (13), na Aldeia Itapuã, em Águas de Olivença, com estudantes e professoras da Universidade Estadual de Santa Cruz.
Segundo o tupinambá, os indígenas do litoral do Nordeste, como os de sua etnia, costumam ser tratados com termos preconceituosos, baseados na fisionomia, a exemplo de expressões como “supostos índios”.
Por isso, acrescentou, a luta dos tupinambás pelo direito à autodeterminação e à demarcação do território tradicionalmente ocupado precisa da ajuda da comunidade acadêmica e de outros segmentos sociais, para que o ponto de vista dos indígenas seja conhecido por mais pessoas. “Nós não somos inimigos da sociedade”, resumiu Curupaty.
Um dos objetivos do ato do próximo sábado, segundo o informe do Cito, é descolonizar a imagem indígena e levar à população informações sobre as formas de resistência dos tupinambás, os meios de que o povo se vale para perseverar na existência, em defesa da terra e de seus direitos.
DIÁLOGO COM A UESC
Liderada pela Cacique Valdelice (Jamopoty), de 62 anos, a Aldeia Itapuã fica no alto de um morro, em frente ao mar, numa área autodemarcada pelos indígenas em 2007. Há 18 anos, o local era um lixão muito usado para a desova de cadáveres de pessoas executadas, relembrou Curupaty. Atualmente, a área de 250 hectares abriga 55 famílias.
A aldeia foi o local escolhido para a recepção do Conselho Tupinambá a membros de três projetos ligados ao curso de Direito da Uesc, o Projus; o Sermulher; e o Laikos, de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa e de promoção da igualdade racial. Na reunião deste domingo, os visitantes da Universidade também levantaram demandas dos indígenas que possam ser objeto do serviço de apoio jurídico prestado pelo Escritório Modelo de Advocacia, também vinculado ao Departamento de Ciências Jurídicas da Uesc.