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Manu BerbertManuela Berbert | manuberbert@yahoo.com.br
 

O que se vê é um investimento absurdo numa cultura fadada à baixaria.

 
A escritora Lya Luft, que dispensa apresentações por ser conhecida e reconhecida nacionalmente, escreveu no texto A boa escola – Revista Veja de 27 de fevereiro – que todos têm o direito de receber uma educação que os coloque no mundo sabendo ler, escrever, pensar, calcular, tendo ideia do que são e onde se encontram, e podendo aspirar a crescer mais. Disse que isso é um dever de todos os governos, o que na teoria é lindo, mas na prática a gente desconhece.
Falta interesse em tornar o brasileiro inteligente e politizado, e sobra investimento “nas bolsas”. É como questionou brilhantemente o jornalista e assessor de imprensa Carlos Alberto Vittorio em seu blog, No bico do urubu, no texto Fui promovido a pobre: “será que não dá pra entender que um povo cheio de sabedoria de escola e mais escola não vai acreditar mais nas bolsas? Será que não deu ainda pra entender que um povo escolado fica sabido demais da conta e aí bota tudo a perder?”
Como educação e cultura caminham juntas, não precisa ser de fato inteligente para perceber que o caos está instalado. O que se vê é um investimento absurdo numa cultura fadada à baixaria, ao ponto de assistirmos o povo votar numa música chamada Camaro Amarelo como a melhor do ano de 2012. Porém, se pararmos para analisar as opções que a toda poderosa Rede Globo nos ofereceu, até que fomos inteligentes.
A vida segue e o governo investe naquilo que é prioridade para ele, claro. O Ministério da Cultura aprovou um projeto de Claudia Leitte com valor que chega a ser cinco vezes maior que o valor do projeto de Gilberto Gil e quase ninguém comentou. A verdade é que enquanto alguns estão se indignando com as mazelas das escolas públicas e a cultura mesa de bar à qual estão nos submetendo, a maioria está lendo “Cinquenta tons de cinza”. E eu estou quase achando que é mesmo a melhor opção.
Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do jornal Diário Bahia.
 

16 respostas

  1. Só constrói uma sociedade civilizada com os livros!
    Eu conheço uma pessoa que é médica,eu adora esta pessoa,a mesma teve uma enfermidade e estava muito preocupada. Ela disse me”olhe eu preferia não ter estudado,assim, eu não tinha nenhuma condição de avaliar os meu problemas de saúde”. Aquelas palavras eu nunca esqueci,ficou gravado na minha memoria. Contudo,passei a pensar o que eu seria se não continuasse com os estudos da 4ª série,ali no então distrito de Mutuns na década de 70. Sempre vou lá,lembro da minha doce infância,bons e maravilhosos tempos! Olho e vejo os meus amigos de infância,uns se entregaram nas bebidas,vivem em condições a margem da sociedade e outros cheios de filhos,porem, sem desfrutar dos confortos que a sociedade nos oferece,porem,vivendo honestamente trabalhando na rosa e os filhos estudando no Bairro de Mutuns.
    Eu chequei a conversar com o meu velho amigo Aroaldo,o mesmo reside na antiga estação de trem e têm um bar e serve uma deliciosa iguaria,um tatu,um sarigué,paca,viado,peixe etc e tal
    de acordo o gosto do cliente.
    Eu disse: Aroaldo se eu não estudasse com certeza estaria trabalhando na rosa até hoje igual aos meus amigos e estava votando no lula da Silva. Portanto,as letras os livros são instrumentos de libertação da humanidade.

  2. Concordaria com a visão plenamente, se não houvesse um pouco de hipocrisia..Afinal, pergunto, o que é cultura? Existe, e é nítido, um discurso politizado, elitizado e dicotômico, que tende SEMPRE, a empobrecer determinadas culturas. E elas são “meramente” costumes, identidades. (E o que dizer do cantor Pablo, Manuela?) Concordo que os investimentos em educação, cultura entre tantos outros, estão deslocados e , muitas vezes, desapropriados…mas é muito fácil criticar e permanecer inertes, na zona de conforto, colaborando para tal realidade.
    Mas, talvez, ser “burro” seja mesmo a melhor opção!

  3. Imagino que a senhora se refira aos investimentos na Bolsa de Valores que aumentaram substancialmente em consequência do crescimento econômico brasileiro. Mas, como o assunto é educação e cultura, acredito que a senhora deveria ter mencionado os benefícios gerados por uma outra bolsa, a Família (BF), como um dos vetores do crescimento econômico, que teria sido pior pior não fosse o consumo interno – ou seja o povão comprando a linha branca (com a BF) e a classe média comprando Camaros amarelos.

  4. Concordo plenamente, adorei o texto! Bolsas tudos***, cultura zero e eles de olhos apenas nas soluções IMEDIATAS para máximo de votos. Bjs!

  5. Concordo em quase tudo que a jornalista descreve, no entanto, vale ressaltar que a Lei Rouanet, Lei n° 8.313/1991 (http://www.cultura.gov.br/site/2011/07/07/projetos-culturais-via-renuncia-fiscal/) cede benefícios fiscais (deduzindo o Imposto de renda) à quem banca o projeto, que pode ser sim de apresentações musicais de qualquer gênero. Muito diferente dos editais, onde o subsidio bem direto do governo e o projeto tem que estar dentro dos parâmetros exigidos pelo governo. O que acontece neste caso, é que o projeto é aprovado nos quesitos técnicos, depois disso o proponente recebe um certificado do MinC e começa a parte executiva, ou seja, se vire para conseguir patrocinadores. Para a artista citada acima não é dificuldade nenhuma, pelo seu poder diante da mídia e também pela grande influencia que os executivos que estão por trás do projeto tem, facilitando a penetração nas grandes empresas que fomentam a cultura do país (Petrobrás, Vale, Itaú, Caixa, dentre outros.

  6. Zelão, diz: – Uma questão de conveniência
    Aceitar as políticas públicas de submissão do povo às trevas da ignorância, não é e jamais pode ser aceita como “a melhor opção.”
    Aceitar as políticas de “cotas” e de “bolsas anti-miséria” como fatores de desenvolvimento de um povo é concordar com a política de “conveniência” praticada pelos governantes, que assim alimentam enganosamente à massa, mantendo-a incapacitada para a elaboração da massa crítica, que poderia questionar os desmandos e desvios éticos dos políticos.

  7. Essa garota é burguesinha mesmo: gosta de ler a chata da Lia Luft. Também deve ter assinatura da tendenciosa Revista Veja.
    Sem comentários!

  8. A culpa é do proprio povo que não procura o desenvolvimento tecnico cultural,não querem trabalhar duro para obter progresso, não incentiva seus filhos a estudar e só querem receber a bolsa, seja ela qual for, pensando que é vantagem, não sabendo que está pepertuando a miséria e aumentando o desnivel socio, economico e cultural.

  9. O bolsa família auxilia aproximadamente 13 milhões de famílias, para um orçamento de R$ 18 bilhões/ano, deve representar 0,40% do PIB do país. Uma verdadeira mixaria, para o benefício que tráz.
    O bom mesmo é entregar R$ 160 bilhões para os pobres banqueiros do país, ou seja, 20 mil famílias que detém mais da metade da riqueza nacional.
    Quem reclama da pequena ajuda que o país vem dando aos pobres, através de programa como O BF, não deve saber o que é passar fome!!!
    Estudei em escola pública, com bons e maus professores, com greves intermináveis, sem merenda, sem biblioteca, sem quadra de esportes, e por aí vai, mas sobrevivi e acho justo a ajuda às famílias brasileiras.
    Sempre votei em Lula da Silva e votaria novamente, mostrou que o país pode sim vencer a miséria, ou seja, ter ao menos o que comer, ignorantes!!!
    Quanto à educação, creio que 99% dos jovens que ficam nos postos de combustíveis-bares, ouvindo músicas em som alto e de baixa qualidade, não dependem do bolsa família para sobreviver e nem de escola pública para estudarem. Aí já são outras bolsas!

  10. Aí vem a questão: o que é cultura? Seria apenas o letramento, restrito ao academicismo e educação formal? Ou seriam os fazeres e saberes dos seres humanos?
    Penso que a nossa produção cultural é riquíssima e não podemos ficar esperando do poder público o direcionamento do nosso olhar, para engrandecer nossos espíritos e purificar nossas almas ignorantes. Que são necessários mais investimentos públicos nas áreas de cultura e educação é óbvio mas, enquanto a sociedade não tomar para si a obrigação de criar, manter e difundir o que produz, não adianta nada.
    Temos excelentes artistas de teatro, música, literatura, artes plásticas, dança, mestres da cultura popular, etc. Mas, enquanto a sociedade não tiver pena de coçar o bolso para pagar centenas de reais por festas glamourosas e com artistas famosos e continuar dando as costas para produções locais, fica ainda mais difícil.

  11. Concordo com as palavras de “Hipocrisia”, Aliás, faço delas as minhas, escrever um texto que não condiz com o pensamento de quem escreve, ficar no conforto esperando que algo aconteça… A mesma idolatrou o cantor Pablo do arrocha no carnaval de Salvador, o mesmo que conseguiu tornar a musica “Camaro Amarelo” pior do que já era. Ambos se enquadram perfeitamente como personagens do texto. Não entendi nada… Será que também sou burro ? Então escolhi a melhor opção!

  12. Confundir o gosto pessoal, com o desejo de progresso intelectual de uma população que joga papel no chão, não respeita o semáforo, fala alto na rua e sempre prefere o jeitinho, realmente é digno de quem se esconde detrás de um nome anônimo porque não tem coragem de dar a cara. Talvez a hipocresia seja a arma pra ofender os corajosos.

  13. Concordo inteiramente.
    Fiz comentário em meu Facebook em relação a isso e la, sento o qto as pessoas não estão nem aí para esse tipo de assunto… ninguém comentou! O povo não ta nem aí pra onde vai nosso dinheiro

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