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sócrates santanaSócrates Santana | soulsocrates@gmail.com

Nem a morte pode redimir quem sorrateiramente aprovou a emenda da reeleição de 1998, nem quem negociou os ajustes fiscais dos governos petistas, tão pouco quem abriu os cofres do Estado para o setor bancário realizar uma devassa. A culpa do impeachment ou do golpe é de quem recuou.

 

Enquanto os praticantes de jiu jitsu procuram no youtube um nome para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, os capoeristas aprenderam com mestre Bimba que recuar também é golpe.

Os parlamentares e ativistas brasileiros estão diante de uma rua sem saída. De ambos os lados, situação e oposição, deste ou daquele governo, estão encurralados no beco da história, onde a
covardia não deve ser uma alternativa.

Qualquer passo para trás ou para frente significa uma clara sinalização para um dos lados, porém não há espaço para a neutralidade. Ela também é um signo em movimento a favor ou contra o impeachment ou o golpe.

A abstenção de parlamentares na primeira votação realizada na Câmara dos Deputados e na segunda votação realizada no Senado é um ato de covardia.

Por um lado, serão lançados na vala comum do impeachment; por outro, coniventes com o golpe em curso. Nos dois casos, simplesmente, um gesto condenado até mesmo pelo o evangelho cristão, onde para quem não é nem quente, nem frio, mas, morno, o vômito é a única resposta de Deus.

Mas, a história não será contada apenas pelo painel eletrônico e violado* do Congresso Nacional. A saída ou ingresso de parlamentares para novas legendas partidárias não estarão apenas nas páginas dos livros ou registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas, vão permanecer incólumes nas nuvens de dados da internet. Não vão resistir a uma pesquisa no Google.

Também vão estar marcados pelas redes sociais quem defender novas eleições ou quem dialogar com o estamblichment. A primeira opção é um passo desesperado para a admissibilidade da culpa ou o oportunismo eleitoral; a segunda é uma rendição fisiológica ou a continuidade maquiávelica de um plano hostil ao Estado brasileiro. Ninguém está imune das interpretações e das consequências incorrigíveis da história.

Apesar do suicídio de Getúlio Vergas ter interrompido o golpe em curso contra o trabalhismo no país, os 15 anos do Estado Novo nunca serão esquecidos por quem foi exilado ou torturado. Portanto, nem a morte pode redimir quem sorrateiramente aprovou a emenda da reeleição de 1998, nem quem negociou os ajustes fiscais dos governos petistas, tão pouco quem abriu os cofres do Estado para o setor bancário realizar uma devassa. A culpa do impeachment ou do golpe é de quem recuou.

Infelizmente, nem a suprema Corte brasileira está de fora das decisões arbitrárias em curso no país. A postura comprometedora dos ministros do Supremo Tribunal Federal, a exemplo de Gilmar Mendes, somada ao distanciamento orquestral de Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Celso de Mello são de uma leniência conveniente apenas para quem procura adequar o mecanismo constitucional do impeachment às insustentáveis teses de “pedaladas fiscais” como justificativa legal para o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Como diria o filósofo Karl Marx “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

No dia 4 de abril de 1964, o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal, Ribeiro da Costa, disse após o Golpe Militar que “o desafio feito à democracia foi respondido vigorosamente” pelas Forças Armadas. Por 21 anos (1964-1985), o país sofreu as consequências de um governo coberto pelo manto da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e a corrupção de homens carcomidos pelos interesses das multinacionais. Até os confins da história, o STF será julgado como culpado do golpe.

É sintomática a atual conjuntura no Brasil. Sem dúvida, resultado de uma democracia frágil, mas, principalmente, de líderes covardes e liderados complacentes. Resta a esperança de quem permanece de pé no Salão Nobre do Palácio do Planalto ou de quem faz vígilia nas reitorias e ruas das cidades, porque, na atual esquina da história recuar também é golpe.

Sócrates Santana é jornalista.

6 respostas

  1. Mestre Bimba,”recuar também é golpe” é o golpe de argola de Dilma e a trupe prefere dá o golpe de argola e preservar a argola da Dilma. Tanto fala em golpe e
    chequei a verdadeira razão,é o golpe de argola que tanto repete igual aquele latido de uma cachorrinha,é pré-sal pré-sal,pré-sal,pré-sal,a doença agora golpe,é golpe é golpe,é golpe,é golpe o famoso golpe de argola que o mestre Biba ensinou aos baianosa dá o golpe de argola. Mestre Bimba.1974-19OO

  2. Agora é denunciar o golpe e suas consequências. O governo do usurpador Temer Judas Silvério dos Reis não terá paz. Resistiremos com todas as forças contra o programa antipopular, antitrabalhista e lesa-pátria da “Ponte para o passado”. #NãoAoGolpe #ForaTemerGolpista

  3. Filho de Mutuns, me desculpe, mas eu não entendi nada! E esse mestre Bimba deve ser mágico pois morreu antes de nascer! Ou nasceu de morrer! kkk

  4. Só pensa, de fato, quem se liberta do ódio e do julgamento carregado de rancor. Agora esses tipos estão felizes, pois seus corruptos favoritos vão continuar assaltando os cofres públicos e os lambe-botas vão continuar mendigando.

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