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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Para evitarmos essa degradação do espirito fraternal que deve nos acompanhar em comunidade, devemos nos esforçar em praticar a tolerância ativa, respeitando as diferenças, buscar ver o outro como indivíduo detentor de visões de mundo próprias.

 

A intolerância é um sentimento visto, percebido e praticado por todos nós cotidianamente. A última eleição presidencial deixou ainda mais exposta essa capacidade humana. A intolerância foi flagrada nos discursos, entrevistas e debates dos candidatos, que, apresentados em áudio e vídeo e sem edição, ganharam as ruas e viralizaram na internet.

Praticamos de forma consciente ou inconsciente, quase sempre de forma cordial ou hospitaleira. Uma espécie de bom humor, mas que traz na sua gênese uma carga de ódio que vem da essência: ódio de classe, discriminação racial, religiosa e outras formas que apontam a mesma caracterização desse comportamento. Uma marca negativa que acabou dividindo o país entre os supostos “Sul rico” e “Norte e Nordeste pobres”.

A intolerância é um conjunto de sentimentos e manifestações de luzes e sombras, vai do simbólico ao diabólico, conforme descreve Leonardo Boff. É raiz que sustenta a violência, gerando frutos que impõem medo em escala mundial. Sua prática reduz a realidade ao assumir apenas a existência de um polo e negar o outro. É um processo de coação manifestado pela imposição do pensamento único.

Os estudiosos apontam os sentimentos separatistas e ultranacionalistas como portas abertas ao fundamentalismo, estágio máximo da intolerância, em que um determinado grupo assume o controle das ações de estado fazendo valer seus dogmas (pensamentos), eliminando todos os grupos ou indivíduos que se oponham ou não busquem praticar suas teorias. O fundamentalismo é uma junção entre Leis, princípios e governo com o propósito de colocar em prática as verdades defendidas por aqueles que ascendem ao comando.

O mundo convive na atualidade com as migrações de mais de 65 milhões de pessoas que tiveram que largar suas histórias de vida, abandonar seus países e partirem numa aventura sem nem sempre conseguir abrigo em pátrias estranhas, em função da intolerância manifestada pelos fundamentalistas.

Para evitarmos essa degradação do espirito fraternal que deve nos acompanhar em comunidade, devemos nos esforçar em praticar a tolerância ativa, respeitando as diferenças, buscar ver o outro como indivíduo detentor de visões de mundo próprias. Entender a coexistência e os valores inerentes a ela, como parte relevante da formação de cada indivíduo. Esse deve ser o caminho universal para o exercício da vida em sociedade.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.

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