Ministro do STF autoriza abertura de inquérito que investiga acusações de Moro contra Bolsonaro
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O ex-juiz Sérgio Moro acaba de pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O anúncio foi feito em pronunciamento neste final de manhã de sexta-feira (24), em Brasília. O ministro citou várias tentativas de interferências do presidente Jair Bolsonaro para mudar superintendências e o comando da Polícia Federal. Hoje, para surpresa de Moro, houve a exoneração de Maurício Valeixo (veja nota abaixo).

Durante a coletiva, o ex-ministro falou de recorde de redução de crimes letais intencionais contra a vida (19%) em 2019 e de apreensão de drogas. “Em todo esse período, tive apoio do presidente Bolsonaro”, disse. Mas, a partir do segundo semestre, assinalou, houve insistência do presidente da República para mudança na direção da Polícia Federal. Moro também citou a pressão para mudanças no comando da PF no Rio de Janeiro.

Ao falar da mudança de comando no Rio, Moro fez um observação:

– Eu não indico superintendentes. O único que indiquei na Polícia Federal foi o Maurício Valeixo. Assim tem sido no Ministério como um todo. Tenho dado autonomia para que eles façam as melhores escolhas – disse, ressaltando que as escolhas deveriam ser técnicas.

INTERFERÊNCIA DE BOLSONARO

Moro voltou a falar da insistência de Bolsonaro para a troca do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, após a mudança na superintendência no Rio. “O presidente passou a insistir na troca do diretor-geral. Eu disse que não tinha nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas eu precisava de uma causa, insuficiência de desempenho”, pontuou, observando que o trabalho de Valeixo era bem feito.

Moro agradeceu a nomeação para o cargo e disse que foi fiel ao compromisso de combate à corrupção, ao crime organizado. “Vou começar a empacotar minhas coisas e encaminhar minha carta de demissão. Não tenho como persistir com o compromisso que eu assumi sem condições para realizar meu trabalho ou ser forçado para sinalizar concordância com mudança na Polícia Federal cujos resultados são imprevisíveis”, disse ele, sinalizando a forte ingerência política de Bolsonaro na PF.

“TENHO QUE PRESERVAR MINHA BIOGRAFIA”

Moro disse que sairia do governo para preservar a própria biografia. “Há a questão da minha biografia, da intencionalidade, dos casos com o governo. Seria um tiro na lava jato se houvesse substituição. Então, não me senti confortável. Tenho que preservar a minha biografia e compromisso que assumi inicialmente, com o próprio presidente, de que seríamos firmes no combate à corrupção e ao crime violento”, ressaltou, observando que não assinou a exoneração de Valeixo.

“Temos que garantir o respeito à lei, a autonomia da Polícia Federal, contra a ingerência política. Mas ele assumiu compromisso de que seria uma escolha técnica, eu faria essa escolha. o trabalho seria realizado, poderia ser alterado o diretor-geral, deveria haver causa”, disse, completando que “essa interferência política pode levar a relações impróprias do diretor e superintendente com o presidente”.

ACESSO A RELATÓRIOS

Moro ainda afirmou que uma das razões apresentadas por Bolsonaro para mudanças na PF seria o desenrolar de inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente assumiu, segundo Moro, que as mudanças na PF seriam interferência política, sim, e ele quer no comando da Federal alguém com quem possa conversar, ter acesso a relatórios da inteligência. Atualizado às 12h09min.

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