O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Tempo de leitura: < 1 minuto

A grande novidade está fora do texto, num Lula reinvestido da expectativa de poder. Por isso o mundo lhe deu ouvidos durante três horas. E o Brasil, sob as botas do capitão, olha para 2002 sonhando o velho futuro possível.

Thiago Dias

O discurso do ex-presidente Lula, nessa quarta-feira (10) apoteótica, não trouxe novidade. Sua atração renovada está na justa reconquista dos direitos políticos.

Ali estava o candidato da Carta ao Povo Brasileiro, o autodenominado presidente da conciliação entre capital e trabalho, que evocou a memória do empresário José Alencar como a do vice perfeito.

Defendeu a recuperação do poder de compra do salário mínimo e de medidas de estímulo ao consumo, marcas dos anos dourados dos governos petistas que falam direto ao coração de quem vive do próprio suor.

As carências reais do povo sempre foram lembradas nos discursos de Lula. Como observa o professor Carlos Pereira em artigo neste site, o ex-presidente nunca flertou com o projeto revolucionário de setores mais à esquerda.

Acrescento que, a depender do ponto de vista de quem analisa, esse é o maior elogio ou a mais severa crítica ao lulismo. Pragmatismo imposto por correlação de forças, mesmo no auge da popularidade, ou capitulação diante do mercado? Desencobrir essa aporia é tarefa do auditório. Um e outro, Lula reivindica novamente o papel de conciliador nacional. No seu elogio a José Alencar ecoa um psiu para Luíza Trajano.

Nada disso é novo. A grande novidade está fora do texto, num Lula reinvestido da expectativa de poder. Por isso o mundo lhe deu ouvidos durante três horas. E o Brasil, sob as botas do capitão, olha para 2002 sonhando o velho futuro possível.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Uma resposta

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *