O professor Caio Oliveira, que assina nota de repúdio contra ato racista ocorrido em Ilhéus, avalia que, na conjuntura política atual, racistas sentem-se encorajados a vocalizar preconceito
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A seção ilheense da União de Negros pela Igualdade (Unegro) divulgou nota de repúdio ao ato racista sofrido pela estudante de Enfermagem Thaís Carvalho, em Ilhéus, na última segunda-feira (17), quando um homem disse que não aceitaria ser vacinado pela voluntária da campanha de imunização contra a Covid-19 porque ela é negra – veja aqui. Para a entidade, esse tipo de comportamento racista, expresso de forma acintosa, deve ser compreendido dentro de uma conjuntura política-ideológica na qual os racistas se sentem encorajados a sair do armário.

Leia a nota assinada pelo secretário de Comunicação do Unegro-Ilhéus, o professor de História Caio Pinheiro Oliveira.

Nota de repúdio ao ato racista sofrido pela estudante de Enfermagem Thaís Carvalho

É consenso que o racismo no Brasil é tipo exportação. Com passado escravocrata, apesar dos avanços em contrário, nossa sociedade ainda naturaliza a discriminação racial perpetrada contra os negros. Outrora sutis, hoje, tutelados por uma conjuntura político-ideológica favorável, os racistas sentem-se encorajados em sair do armário. Assim, a verborragia racista fez mais uma vítima! Nos referimos a estudante Thaís Carvalho (30).

Prestes a se tornar Bacharel em Enfermagem pela Faculdade de Ilhéus, a estudante se voluntariou para participar da campanha de vacinação contra a Covid-19 promovida pela Secretaria de Saúde de Ilhéus-Bahia. Todavia, a despeito da essencialidade do seu gesto, Thaís Carvalho foi impedida de utilizar sua perícia técnica por ser negra. No dia 17 de maio do corrente ano, quando exercia sua função de vacinadora voluntária, a estudante foi impedida de vacinar um idoso, que justificou sua negativa pelo fato da mesma ser negra.

Eis uma postura digna de condenação, mas que reflete a forma pela qual o racismo estrutura nossas relações sociais. Nesse sentido, são elucidativas as palavras do geógrafo Milton Santos, ao considerar que “ser negro no Brasil é, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros”.

Diante do exposto, a União de Negros pela Igualdade, seção Ilhéus (UNEGRO-ILHÉUS), vem através desta prestar irrestrita solidariedade a Thaís Carvalho, ao tempo que refuta todo e qualquer comportamento racista. Somos uma maioria numérica, mas continuaremos lutando para ver expressa essa maioria nos espaços de poder e no exercício das profissões com reconhecido prestígio social. Lugar de preto é onde o preto quiser. Axé!

UNEGRO-ILHÉUS

Caio Pinheiro Oliveira (Secretário de Comunicação)

Ilhéus, 19 de maio de 2021“.

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