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Precisamos trabalhar para evitar que os mais vulneráveis, deixados à própria sorte, acabem presos em permanente dificuldade, sem perspectivas que os permitam acessar bens e serviços disponíveis no sistema.

Rosivaldo Pinheiro

A meritocracia, tão comentada e defendida por setores da sociedade, acaba sendo uma espécie de selo de controle para favorecer indivíduos ligados historicamente à classe dominante. Esse mecanismo, disfarçado de preocupação pela busca por excelência, esconde uma espécie de filtro social em favor das classes sociais mais abastadas, reduzindo as chances dos que compõem as classes menos estruturadas economicamente. O discurso meritocrático acaba por tratar indivíduos em posições socioeconômicas desiguais de forma igual.

As políticas sociais visam, justamente, reduzir as distâncias existentes entre as categorias sociais que compõem um país, estado e cidade, possibilitando, por meio delas, oportunidades para os mais vulneráveis, para que possam ter acesso pleno ao saber e consigam melhorar sua condição socioeconômica.

Se deixados à própria sorte, indivíduos com menor condição econômica e social estarão presos ao “ciclo da miséria” e pouquíssimas chances terão para competir com aqueles que nasceram em famílias pertencentes aos grupos com melhores níveis de renda e acesso às estruturas do conhecimento, alimentação, educação, esporte, lazer… Só através das políticas públicas os mais vulneráveis conseguirão alcançar mudanças na sua condição econômica e social.

Se não tivermos essa visão, acabaremos por construir sociedades segmentadas com os setores dominantes historicamente sempre ocupando os postos de comando, restando para os demais os chamados “chãos de fábrica”.

A defesa da meritocracia não resolverá os nossos desafios enquanto nação, exigirá a estruturação de um conjunto de investimentos que possibilite oportunidades para todos. Para isso, implantar políticas públicas que busquem a produção de indivíduos capazes de ter visão crítica, empreender e romper com o “ciclo da miséria” é algo urgente. Precisamos trabalhar para evitar que os mais vulneráveis, deixados à própria sorte, acabem presos em permanente dificuldade, sem perspectivas que os permitam acessar bens e serviços disponíveis no sistema.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

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