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Cenário no Centro de Pesquisa é de abandono, assim como na área de experimentos

A direção-geral da Ceplac pôs na pauta uma operação de desmonte para acelerar uma possível transferência de pessoa e tecnologia do órgão federal para a Embrapa, conforme denuncia em artigo um servidor que prefere o anonimato temendo retaliações.

O passo a passo da operação é denunciado em artigo abaixo. Imagens de deterioração da sede regional do órgão demonstrariam que o sucateamento ganhou ainda mais força nos últimos dias.

O FIM (E OS COVEIROS) DA CEPLAC

 

Quem visita a Ceplac e o Cepec se depara com a mais vergonhosa e inadmissível situação, onde não só o patrimônio intelectual está sendo depredado, mas também o patrimônio físico.

 

A situação atual da Região Cacaueira da Bahia se torna cada vez mais preocupante quando constatamos que a tão almejada e buscada revitalização da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), juntamente com seu Centro de Pesquisas e Extensão do Cacau (Cepec), este já sem o serviço de extensão, extinto definitivamente pelo Ministério de Agricultura e fielmente cumprido pela atual direção, se encontra no auge do seu desmonte. Isso significa o fim do suporte para alavancar toda a cadeia produtiva do cacau e o término da expectativa em colocar o Brasil em uma posição merecida entre os maiores produtores de cacau do mundo, tendo a Bahia o seu destaque como primordial.

Estrutura predial definha, enquanto no Cepec nem lixo e entulho são recolhidos… E o mato avança

Esse fato se torna ainda mais aterrorizante quando presenciamos alguns servidores em total apoio à atuação desse desmonte pelo diretor Waldeck Pinto, que, além de estar incentivando com suas ações a aposentadoria de vários outros decentes servidores, está transferindo para área de fiscalização renomados pesquisadores que têm em seus currículos a extensa comprovação de sua competência em cacau e está deixando perder o patrimônio físico, fruto das taxas pagas pelos produtores que contribuíram por décadas para sua construção e manutenção.

Enquanto os servidores aliados do diretor Waldeck Pinto, sem a mínima decência de caráter, procuram a todo custo demonstrar que a Ceplac vai muito bem, obrigada! através de lives e que a parceria com a Embrapa é a salvação da lavoura, deixando entendido que os “bandidos” são seus próprios colegas de mais de 40 anos de convivência que se negaram a compactuar com essa gestão desastrosa sem precedentes, quem visita a Ceplac e o Cepec se depara com a mais vergonhosa e inadmissível situação, onde não só o patrimônio intelectual está sendo depredado, mas também o patrimônio físico.

Os que compactuam com o diretor viraram as costas até para o que poderia ser enquadrado, em caso de apuração pela vigilância sanitária, como atentado contra a saúde dos servidores da Instituição, ainda mais agravado e alarmante em tempo de pandemia.

Resta o lamento não só pelo fim anunciado da mais rica fonte intelectual do que sempre foi a riqueza econômica, cultural e ambiental da Região Cacaueira como do Brasil, mas muito mais pela conivência e ajuda dos que vergonhosamente se aliaram e expuseram tão somente sua própria degradação moral.

Vale lembrar que alguns já disseram que o desinteresse do Governo Federal pela Ceplac se devia ao antro de petista que ali se ancoravam. No entanto, essa “justificativa” cai por terra quando é nomeado pelo próprio Waldeck Pinto. Luís Ricardo Bruggemann, um militante petista que agora ocupa o cargo de diretor-substituto da Instituição.

Servidor Indignado

4 respostas

  1. Quero deixar claro que o meu comentaria não é para defender o governo atual, mas, quando votamos no governo do PT foi na espectativa de que iria fortalecer a instituiçao CEPLAC, até institucionalisar, mas se passaram 14 anos e nada foi feito, apenas promoções de grupos que era do lado dos politicos que estavam a serviço do PT, reenquadramento de tecnicos e agronomos para fiscais só no intuito de aumentar salários, e dai não sairam para fiscalizar nada, assim a instituição foi enfraquecendo até chegar no atual estágio de desmantelamento, então não adianta chorar o leite derramado”que venha a EMBRAPA para ver se salva alguns projetos que venha ajudar a cacauicultura que é o nosso bem maior. Obs. Lugar de fiscal federal é fiscalizar não é ficar sentado em suas cadeiras esperando seus proventus no final do mês.
    PT e PCdB, quando estavam no governo federal porque não fizeram concurso para o quadro da CEPLAC, agora no apagar da luz da instituiçao que o Sr. Deivison Magalhães vem com discurso de salvador da pátria pedindo concurso, acho tarde.

  2. É triste ler tudo isso, e mais triste ainda, ver um servidor indignado e no anonimato. Medo de retaliação numa hora desta, é muita inocência da realidade em que hoje vive a Ceplac, mas é um direito constitucional e tenho que respeitar.

    Triste porque várias vezes entre 1995 a 2018, alertamos para o fim da CEPLAC, por inanição, via nossa página no Facebook e Blogs. Fui algo de críticas por alguns colegas, que não quiseram enxergar o que estava acontecendo.

    Era claro o desmonte da nossa CEPLAC, e poucos envolvidos neste desmonte foram precisos, como o delator que registrou em Cartório, tudo que fora feito, e porque estava sendo executado. Não fui eu quem inventou nada, tá lá escrito com todos os detalhes.

    Então a partir de 1989, começava a peregrinação da CEPLAC, que era morrer e levar junto todos fazendeiros de cacau, por serem considerados contra a ideologia e filosofia que não agradava aos socialistas. E mais uma vez deixo claro, que não sou eu quem afirma isto, e sim um dos participantes da desgraça desta região, e que até hoje não houveram provas concretas, do fato todo narrado, pelo delator. E o caso segue sem solução ou talvez prescrito, devido o tempo.

    Os servidores que tinham cargos elevados, na sua maioria, diziam que estava tudo sobre controle, quando para poucos, algo estava errado.

    Mesmo aposentado desde 1995, nunca deixei de acompanhar o desmonte orquestrado, e muitas vezes, desapercebidos por colegas, que só viam salários melhores e postos melhores de chefia dentro do CEPEC, principalmente.

    Levaríamos horas e horas, ou escrevendo páginas e mais páginas sobre este desmonte. Mas, faremos aqui alguns pontos ao longo do tempo.

    1. 1989 – introdução da Vassoura de Bruxa.

    2. 1990 a 1991 – o presidente Fernando Collor, começa o desmonte, sob o martelo de excesso de servidores.

    3. 1992 a 1993 – o presente Itamar Franco, segue deixando tudo como encontrou, e os anos se passando.

    4. 1994 a 2001 – o presidente Fernando Henrique, também nada fez pela CEPLAC, e cada vez mais o seu quadro técnico e administrativo, diminuindo, por morte, aposentadoria e desligamento voluntários. E se agravou mais ainda, quando anunciou a Reforma da Previdência, e muitos correram para se aposentarem, pois também sentiam que a tendência era piorar, pois estavam escassos cada vez mais, as verbas para novos projetos e ou até mesmo, manter as pesquisas em andamento.

    5. 2002 a 2005 – surge o presidente Lula, como a esperança para devolver a CEPLAC, seu prestígio e importância no cenário nacional, pois foi assim as promessas de campanha, com o apoio fundamental dos líderes petista do órgão, e sindicatos. Os servidores viram e confiaram, que seria a salvação. Mas, o que se viu nesses quatro anos do presidente Lula, foi só enganação. Promessas não foram cumpridas, nem mesmo abertura de concurso público, para suprir a falta já explícita da mão de obra em todos os sentidos. Mas, o que se viu mesmo, foi os líderes petistas, e todos que rezavam a mesma cartilha, ocuparem todos os cargos em todos departamentos, escolas, estações experimentais e escritórios, para dominar tudo.

    6. 2006 a 2009 – o Lula se reelege por mais quatro anos. Novas promessas de institualização e nada. E cada vez mais a CEPLAC, morrendo por inanição. Neste meio tempo os pesquisadores, extensionistas e educadores, conseguem uma melhora substancial de seus salários, no bojo também os técnicos em planejamento e os técnicos agrícolas, uns administrativamente e outros via judicial. Os demais servidores que era a maioria dos servidores do órgão, desde o nível auxiliar, médio e superior, ficaram a ver navios.

    Uma instituição já fragilizada, em decadência dia a dia, criando internamente um clima desrespeitoso, e mal estar entre os colegas, e com toda razão de ser. Criaram-se ali ações firmes ao desmonte praticamente total do órgão, mas mesmo assim boa parte dos servidores não davam conta do tamanho do estrago.

    7. 2010 a 2013 – é eleita a presidente Dilma Rousseff, que nem vamos entrar no mérito da questão, por se tratar de um período- “salvem-se quem puder”, no âmbito dos próprios petistas. E a CEPLAC, continuou sua sina de morrer por inanição.

    Começava ali, o período em que o diretor e o superintendente, era trocado praticamente a cada quatro meses. Tudo a mercê dos troca trocas de ministros da agricultura, governadores, prefeitos, e novos comandos por partidos nestas três áreas, tanto a nível nacional, estadual ou municipal.

    8. 2014 a 2015 – período final de Dilma, com a CEPLAC, já na UTI.

    9. 2016 a 2917 – assume o vice-presidente Temer, o fiel escudeiro de Dilma até 2015. A partir de 2016, o PT, que sempre tinha o Temer, como o cara, passou como num passo de mágica chamá-lo de traidor. Pronto, tudo virou de ponta cabeça mais ainda, era o caos total da CEPLAC, que passa de enfermo na UTI, para a INTUBADO. Neste período chegou-se ao ponto do seu governo de trocar um superintendente regional, por outro, que tinha apenas quatro meses no posto, e depois três meses depois, o demitido do cargo volta a ocupar a superintendência.

    Resumindo: como poderia um órgão se sustentar, com toda sua capacidade humana funcional em pesquisa, extensão e ensino numa bagunça desta?

    Não me restou dúvidas, que tudo teve início, meio e fim.
    1. Desmotivar os servidores
    2. Não ter verbas suficientes para tocar as pesquisas.
    3. Colocar um único partido, no comando geral, pelos 16 anos.
    4. Acabar com as escolas agrícolas.
    5. Criar trabalhos, onde houvessem divergências fortes entre pesquisadores e extensionistas com os cacauicultores.
    6. Dá atenção apenas para agricultura familiar
    7. Incentivar invasões de terra.
    8. Não abrir concurso para preenchimento de vagas.
    9. Forçar muitas aposentadorias. O quadro da Ceplac em 1972, era de 5.500 funcionários, hoje tem aproximadamente uns 900, sendo uns 90% destes aposentáveis, que ainda, não tomaram a decisão por diversos motivos, e dentre estes,fatores econômicos.
    10. Criação da UFSB, dentro de uma quadra do Cepec. Área de Mata Atlântica, que fora derrubada, para construção da sede, ao ponto de muitos servidores, serem humilhados no seu próprio local de trabalho.

    11. Abandono das estações experimentais
    12. Extinção da extensão rural.

    2019 – Assume o presidente Bolsonaro com o defunto, apenas faltando enterrar.

    Aí os plantonistas de ocasião, querem jogar a desgraça feita, no colo dele. Isto ao meu ver, é achar que uma região inteira não saiba de toda verdade. É achar que seus servidores, que vestiram e ainda vestem a camisa desta conceituada instituição, estão de amnésia geral. Por fim, é achar que podem enganar o tempo todo um povo, que viveu o tempo todo ao lado desta Ceplac.

    Ilhéus, 20 de julho de 2021
    José Rezende Mendonça
    Técnico Agrícola, aposentado.

  3. A situação da CEPLAC, nos nos transporta aos ANOS NEGROS DA DITADURA MILITAR; onde diversos intelectuais, Cientistas, tiveram de deixar o pais pela falta de apoio, quando não, na base da baioneta. E, nos mostra o atual RETROCESSO, ao qual estamos passando. Além da CEPLAC, no bojo da nuvem negra, estão indo também: INPE, INSTITUTO CHICO MENDES, IBAMA, etc…, Este filme, é reprise!

    Crisógenes
    Técnico Agropecuário/Ambiental
    Ex – EMARC – Itapetinga

  4. Sou funcionário da Ceplac em Belmonte, agente administrativo, estou de férias e já fiz o pedido de requerimento da aposentadoria. Cortaram telefone, água e finalmente a energia e desativaram o escritório local sem aviso prévio. É triste ver a situação em que se encontra vários escritórios da Ceplac , depois de mais de 42 anos prestados a esta maravilhosa instituição da qual tenho orgulho de ter participado do quadro de funcionários. Que pena!

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