Sofia Manzano, professora da Uesb e pré-candidata à presidência da República pelo PCB
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Sofia Manzano pode até vir a ser um traço eleitoral, mas estará certamente construindo o traçado da história, criando passos para a construção de um Governo Popular.

 

Carlos Pereira Neto Siuffo

O analfabetismo político ou o senso comum muito rebaixado levam a criações bizarras.

É muito comum ouvir de pessoas pouco esclarecidas politicamente frases do tipo: “Só voto para ganhar”; “Não perco meu voto”; “Só voto em quem ganha”. A pessoa vota na propaganda mais divulgada, vota na pessoa mais conhecida, como se fosse um jogo de perde ou ganha.

O PCB lançou Sofia Manzano pré-candidata à presidência da República, e vi gente comentar: “Não tem um traço…”. Ora, essas pessoas pensam o processo político-social como um simples jogo de perde e ganha eleitoral. Não enxergam a história. Para essas pessoas, a vida é estática.

Quem viveu o período da ditadura militar lembra como o MDB era nem um traço. Em 1974, ele explode e vence as eleições de ponta a ponta, mesmo com as inúmeras restrições impostas pelas regras ditatoriais.

O PT, quando surgiu, era uma espécie de patinho feio eleitoral, estigmatizado até por parte da esquerda. Nem traço era, mas tinha um acúmulo de lutas políticas-sociais nas costas e acabou elegendo presidente da República. Depois, foi se degenerando. Perdeu as ligações sociais mais profundas. Virou uma máquina institucional e vai carregando os votos das lembranças.

Não é fácil remar contra a corrente. Imaginem ser oposição no nazismo e no fascismo. Mas, havia. No início, eram poucos e persistentes. Hitler meteu uma bala na própria cabeça e Mussolini foi fuzilado pelos partisans e dependurado num posto.

As eleições são fundamentais e importantes, mas a luta política é muito mais larga e profunda e, em verdade, se não houver forte organização popular e muita pressão, as mudanças são cosméticas. Não se iludam com o imediato e com a visão do palmo da mão.

Se fosse tudo estático, não teria havido golpe nem a besta do Bolsonaro seria o presidente ilegítimo, mas eleito.

Sofia Manzano pode até vir a ser um traço eleitoral, mas estará certamente construindo o traçado da história, criando passos para a construção de um Governo Popular.

A luta continua!

Carlos Pereira Neto Siuffo é professor de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

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