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Quem vive como se tudo soubesse ou possuísse perde uma grande oportunidade de ser mais. De viver mais!

 

Manu Berbert 

Tenho resgatado uma das coisas que as responsabilidades do empreendedorismo me furtou, que é o prazer pela leitura e pela escrita. Devagarinho, porque não é todo dia que a gente acorda muito inspirado e talvez seja o excesso de informações (muitas desnecessárias) que as redes sociais nos trazem logo cedo, mas essa pauta eu vou deixar para outro texto…

Tenho seguido sem estabelecer dia, tema ou qualquer outra dinâmica para a escrita, mas, às vezes, já acordo com vontade de abrir o computador e soltar umas palavrinhas ao vento. Experiências, observações sobre o cotidiano e, por vezes, contos enriquecidos com a imaginação fértil desta escritora adormecida são as minhas prioridades. Hoje, por exemplo, abri o computador disposta. Na sequência, como que num chamado sobrenatural, apitou o meu whatsapp e fui dar uma olhadinha. Era um amigo, enviando uma foto de um caminhão de mudança à sua frente, desabafando: “Minha gente, olha como a gente não é nada: minha vida em um caminhão-baú! Depois o corpo vai em outra caixa! E a vida é assim, né?!” Fantástico! Vou escrever sobre isso!

O medo que as mudanças acarreta é altamente proporcional à imprevisibilidade da vida, e a gente nem se dá conta. Não sabemos se estaremos sequer vivos amanhã, mas vivemos como se tudo fosse eterno, apegados a coisas, pessoas e situações por vezes desesperadamente. Lembrei, automaticamente, da minha saída da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna. Foram oito longos anos no Marketing da instituição até me perceber não mais lá, embora estivesse presente todos os dias. Queria realizar eventos, ser livre para ousar em outras áreas, mas o medo do novo me impedia de avançar. O famoso medo da troca do “certo pelo duvidoso”, que a gente aprende bem pequenininho sem nem saber quem criou!

Um dia acordei cheia de coragem, sentei de frente para o então diretor, André Wermann, e pedi o meu desligamento. Ele pediu que retornasse à minha sala e encaminhasse o pedido via e-mail, com os demais em cópia. Assim o fiz, abri as minhas gavetas e, atônita, decidi não levar nada. Saí, cheguei em casa e chorei muito com uma sensação de “aquilo ali vai funcionar sem mim!”. Um vazio devastador que durou até o anoitecer. No outro dia, quando acordei, sorri do meu próprio sofrimento e segui. Alguns anos se passaram e até hoje tento lembrar quais foram os objetos pessoais que abandonei naquelas gavetas. Mas, claramente, nunca me fizeram falta!

A vida não permite ensaios e o destino não erra de endereço. Quando ele quer que algo aconteça na sua vida, ele vai te encontrar esteja você onde estiver. Porém, ele não entra em portas emocionais fechadas! As mudanças nos trazem novas oportunidades, experiências, pessoas e, claro, lembranças. Quem vive como se tudo soubesse ou possuísse perde uma grande oportunidade de ser mais. De viver mais! E escrevo esse texto para que eu mesma também me recorde disso tudo nos momentos de apego excessivo ao que de fato carece de ir. O que a vida quer da gente, sem sombra de dúvidas, é sempre coragem para seguir!

Manu Berbert é publicitária!

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