Faixa exibida no final de Borépeteĩ || Foto Pimenta
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O figurino de Borépeteĩ – Uno causou espanto na pequena Maria Raiol Xavier, uma das crianças que assistiram à estreia do novo espetáculo do Teatro Popular de Ilhéus (TPI), no sábado (27), em Olivença, no litoral sul de Ilhéus. A roupa dos cinco atores lembrava uniformes de astronautas, devido a uma espécie de capacete com isolamento atmosférico, mas a pintura remetia às culturas dos povos originários. O impacto dessa indumentária lançou o público na linguagem do futurismo indígena, com a trilha sonora do musical se misturando ao canto das cigarras da mata ao fundo, de onde também podia-se ouvir o Rio Tororomba correr.

Na noite de estreia, o estacionamento do Balneário Tororomba foi transformado em auditório a céu aberto e recebeu cerca de 60 pessoas, segundo estimativa da reportagem do PIMENTA. Dispostas em círculo, as cadeiras que acomodaram o público também delimitaram o palco. Em cena, uma homenagem aos saberes dos povos indígenas e atuação impecável dos atores Aldenor Garcia, Tânia Barbosa, Márcia Mascarenhas, Antônio Vicente e Pablo Lisboa, que também assina a trilha sonora de Borépeteĩ – Uno.

A atriz Márcia Mascarenhas em ação no espetáculo || Foto Pimenta

Naquela atmosfera espacial, a tela retangular usada para projetar imagens parecia fazer alguma referência ao monolito do filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Mas, ao invés do som monótono da pedra, os discursos potentes de Katu Tupinambá, Cacique Ramon, Nádia Akauã, Pytuna, Îagwara e Casé Angatu, em idioma nativo. De acordo com o autor e codiretor de Borépeteĩ – Uno, Romualdo Lisboa, os indígenas gravaram suas intervenções em tupinambá, língua que está sendo recuperada e recriada.

Foi o próprio Romualdo quem segurou, com ajuda de Katu, a última faixa exibida ao público no final do espetáculo, onde estava escrita, em vermelho e bom português, a palavra de ordem dos tupinambá de Olivença: “demarcação já”.

PRÓXIMAS APRESENTAÇÕES

As próximas apresentações de Borépeteĩ – Uno serão hoje (29) e nos dias 5, 12 e 19 de junho, sempre às 18h, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), onde o Teatro Popular de Ilhéus está abrigado temporariamente. Todas as exibições serão abertas ao público.

Confira, abaixo, trecho de uma das músicas do espetáculo.

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