Simão e Valete dão versões sobre bate-boca em praça de Jussari
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O prefeito de Jussari, Antônio Valete, e o vereador Simão Lucas, ambos do PSD, já foram aliados. No primeiro mandato de Valete, de 2017 a 2020, Simão comandou a Secretaria Municipal de Administração. Depois, tornou-se parlamentar com o apoio do prefeito. Com o tempo, se afastaram e, hoje, estão rompidos. Nos últimos dias, bateram boca na rua.

O parlamentar denunciou, em representação ao Ministério Público, supostas irregularidades em contratos da Prefeitura. Conforme Simão, seu trabalho na Câmara de Vereadores, com denúncias fundamentadas, desestabilizou o prefeito. Esse desequilíbrio, aponta o vereador, passou dos limites no último domingo (5), quando Valete o ofendeu em praça pública.

“Eu estava na praça. Tinha acabado de chegar de Canavieiras. Ele chegou na praça e começou a me provocar. Eu disse: ‘prefeito, o senhor está me provocando’. Ele levantou da cadeira, disse que iria me dar uns tapas e me chamou de ‘corno'”, relata Simão ao PIMENTA.

O prefeito, conforme o relato, estaria descontrolado e teve que ser contido por outras pessoas, que o levaram para casa.

DIA SEGUINTE

Na manhã de segunda-feira (6), Simão levantou cedo e aguardou Valete na porta da Prefeitura. Queria saber o motivo da ofensa do dia anterior. “Perguntei a ele: ‘por que o senhor está me chamando de corno?’ Perguntei três vezes, ele não teve coragem [de responder]. Quando ele viu o pessoal chegar, porque a gente estava discutindo, aí ele chamou: ‘você anda me chamando de ladrão, você é corno mesmo”, recorda o vereador.

O parlamentar não se conforma com a ofensa na esfera pessoal. “Minha esposa tem mais de 20 anos de funcionária pública. [O prefeito] não pode agir dessa forma. Eu não tenho sangue de barata para aceitar esse tipo de coisa”, declarou Simão, explicando por que foi cobrar uma resposta a Valete.

O OUTRO LADO

Antônio Valete admite que xingou Simão. “Eu só chamei ele de corno, é verdade. Esse vereador é meio maluco, pode ter problema psicopáticos. Ele passa o tempo todo me chamando de ladrão, de viado”, disse ao PIMENTA.

O prefeito ressalvou que, ao xingar o ex-aliado, não ofendeu a companheira do vereador. “Eu sei que, da parte da esposa dele, ele não é corno, assim como ele sabe que eu não sou ladrão nem viado”. Segundo o raciocínio de Valete, Simão precisava de sentir o peso das palavras. “Aí chamei de uma coisa que ele não é para ver a reação, porque ele passou três anos me xingando de tudo e, para ele, não é ofensa”.

Na avaliação do prefeito, o xingamento foi um erro. “Reconheço que errei”. No entanto, voltou a espezinhar. “Pela parte da esposa dele, eu sei que ele não é corno. Se depois ele quiser saber de que parte ele é corno, eu posso dizer”.

Ouça, abaixo, trechos das duas versões.

REPRESENTAÇÃO

Na peça enviada ao Ministério Público do Estado da Bahia, o vereador Simão Lucas alega que, em 2022, a Prefeitura de Jussari contratou a Persona Construtora e Serviços Ldta, de forma direta, para recuperar vias afetadas pelas fortes chuvas de dezembro de 2021. Segundo a denúncia, a empresa seria “fantasma” e, no endereço de seu registro, funciona uma mercearia.

Ainda de acordo com a representação ao MP, feita em julho de 2022, como a Persona seria “fantasma”, a Prefeitura contratou uma segunda empresa, a L Rosa Santos Eirelli, para alugar as máquinas que, supostamente, deveriam ser ofertadas pela primeira contratada. Os dois contratos custaram R$ 726.018,95, segundo o vereador. Clique aqui para ler a íntegra.

Questionado sobre a acusação do parlamentar, o prefeito Antônio Valete afirmou que não se incomoda com o poder de fiscalização inerente ao papel do ex-aliado. “O incômodo é ele viver o tempo todo me chamando de ladrão, agredindo minha família. Meus filhos estão com problema de saúde”.

O PIMENTA mencionou os contratos apontados por Simão. “As obras foram executadas, o que foi pago, foi executado, pode ter certeza disso, não há dúvida”, assegurou o prefeito.

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