Empresárias atuam em parceria no mercado de chocolates finos || Foto Alfredo Filho
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Empresárias do sul da Bahia se uniram para fortalecer a cadeia produtiva de chocolates finos na região. “Se a gente não se abraçar, a gente não alcança o que deseja”, explica a empresária Márcia Torres, da La Lis Chocolateria, uma das nove integrantes do Grupo Mulheres da Terra. O passo inicial foi a criação do coletivo, em junho de 2023.

Desde então, as marcas La Lis Chocolateria, Benevides Chocolates, Cacau Do Céu, Modaka Cacau de Origem, Luzz Cacau, Mestiço, Cruzeiro Do Sul, Belo Chocolates e Jú Arleo Chocolates atuam conjuntamente em ações promocionais para divulgar suas marcas. Também visam acessar iniciativas voltadas para empresárias.

A ideia surgiu nas ações do Projeto Origem Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia em parceria com o Sebrae-BA, do qual as empresas fazem parte. Gratuito, o projeto tem como público-alvo pequenas e médias empresas que atuam ou querem ingressar em mercados internacionais. “A criação do grupo teve como objetivo motivar o empreendedorismo feminino e construir um conceito mais amplo de cooperativismo, de associativismo e de união de forças”, conta a gerente do Centro Internacional de Negócios da FIEB, Patrícia Orrico.

Uma das primeiras ações do Centro Internacional para apoiar a iniciativa foi a criação da identidade visual do Mulheres da Terra, além da inclusão das empresas em atividades de promoção comercial, como ocorreu no Festival do Chocolate do ano passado, quando elas tiveram estande com a identidade visual para apresentar seus produtos.

UNIÃO

A empresária Leilane Benevides, da Benevides Chocolateria, ressalta outro benefício da união. “A nossa produção não é em grande escala e isso implica em custos mais elevados em relação a insumos, por exemplo. Agora, se nos unirmos para fazer compras coletivas, conseguimos reduzir esses custos”, explica. Juntas, também estão atentas a outras oportunidades de negócio na região, como o turismo rural. A gestora da Benevides Chocolateria planeja disponibilizar um espaço para oferecer aos clientes experiências que vão desde visita às plantações de cacau até a degustação de chocolates.

Essa possibilidade também é avaliada pela empresa Modaka Cacau de Origem, onde o modelo de produção é o tree to bar (da árvore à barra), já que na Fazenda São José, em Barro Preto, está a plantação de cacau e a fábrica de chocolates finos. Patrícia Vianna, que segue o legado da família, enumera alguns desafios para empreender, especialmente no interior do estado, como dificuldades de logística e distribuição. “Para nos mantermos no campo, enfrentamos entraves como encontrar mão de obra capacitada e consultoria para beneficiamento do cacau, que implicam diretamente na produção de derivados de qualidade”.

INTERNACIONALIZAÇÃO

Para solucionar algumas dessas questões, elas contam com o apoio de instituições como a Fieb. Aquelas que almejam conquistar espaço no mercado externo são apoiadas pelo CIN. Desta forma, conseguiram participar de rodadas de negócios com potenciais importadores do Chile, Portugal e França.

Com a ajuda do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), por exemplo, as empresas La Lis Chocolateria, Benevides Chocolates, Cacau Do Céu, Modaka Cacau de Origem, Luzz Cacau e Jú Arleo Chocolates participaram do Programa de Qualificação para Exportação, da Apex-Brasil em parceria com outras instituições. A iniciativa oferece consultoria e capacitações com foco em exportação.

Noutra frente, o IEL apoia as empresas La Lis Chocolateria, Benevides Chocolates, Jú Arleo Chocolates e Cruzeiro do Sul a estruturarem seus processos de inovação, utilizando a metodologia JOIN. “A cadeia produtiva do cacau vem se reinventando ao longo dos anos para superar os desafios do setor, desde o cultivo do cacau e aprimoramento dos produtos até a ampliação do mercado interno e exportação. Com a metodologia JOIN, a empresa consegue identificar as oportunidades de melhoria e desenvolver projetos inovadores”, ressalta a coordenadora do IEL, Sandra Pasta.

QUALIDADE

A busca incessante por produzir chocolates finos, trazendo os sabores regionais a partir de frutos da Mata Atlântica, também é comum a todas elas e um diferencial da produção do sul da Bahia. “Traduzir todo esse mundo do cacau até chegar na barra, na prateleira, é um desafio. Por isso sempre buscamos desbravar novos sabores e intensidades diferentes”, pontua Márcia Torres, que comanda a La Lis Chocolateria ao lado da irmã, Cássia Torres.

As empresárias são unânimes ao reforçar a importância de investir na produção sustentável, primando sempre pela qualidade do produto. Neste quesito, seguem no caminho certo. No final do ano passado, chocolates de três marcas do Grupo Mulheres da Terra foram premiados pela Academy of Chocolate de Londres.

“Esse reconhecimento é mostra que o sul da Bahia é um polo de chocolate de qualidades, não é apenas uma marca ou outra”, enfatiza Leilane Benevides, da Benevides Chocolates, que recebeu quatro medalhas de prata com os chocolates 43% cacau ao leite com rapadura e flor de sal; chocolate branco 35% cacau Canjica Baiana; chocolate 85% cacau e chocolate 60% cacau Dark Milk. A empresa faturou, ainda, duas medalhas de bronze com os chocolates 60% cacau ao leite Cappuccino e na barra de 70% cacau.

Também receberam destaque a La Lis Chocolateria, com uma medalha de prata para o 70% Cacau e duas de bronze para o chocolate 45% ao Leite e o 63% Cacau com Laranja; e a Ju Arléo Chocolates, com uma medalha de bronze para o chocolate de cacau 55% ao leite com café.

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