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Do site Museu da Pelada, extraímos esta narrativa de Zé Roberto Padilha. Década de 70, a glória no Flamengo, a despedida no Itabuna e a inauguração do eterno inconcluso Estádio Luiz Viana Filho em um pouco da história do jogador. Confira:

zé roberto padilhaO AEROPORTO DE ITABUNA

Zé Roberto Padilha

(…) não consegui esconder minhas lágrimas quando a cidade parou numa quarta-feira para assistir nosso primeiro treino. Tratava-se da principal atração do clube do cacau para o estadual da primeira divisão baiana de 1979.

 

 

 

Era um sábado ensolarado do mês de junho e o avião da Varig (lembram-se dela?) se aproximava do Aeroporto Luis Viana Filho, em Itabuna, Bahia, trazendo a delegação do CR Flamengo, que iria fazer um amistoso inaugurando o novo estádio do clube. E como se tratava de Flamengo, dava para ver da janelinha aquelas formiguinhas carregando suas bandeiras vermelho e preta em volta da pista. Estou falando de 1976, naquela época as pessoas recebiam os passageiros da Varig, Vasp e Transbrasil à beira da pista, não tinha aquela passarela suspensa, era olho no olho, emoção do torcedor na cara do jogador.

Nas últimas poltronas, após o sambinha do fundo homenageando nosso Merica para desespero das aeromoças, o filho daquela terra que chegara à Gávea ao lado do Dendê, eu e meu parceiro Toninho Baiano. Já jogador da seleção, Toninho, então assíduo do Charles de Gaulle, Orly, e aeroportos cheios de estilo como o de Roma e de Madrid, virou-se para mim e disparou:

– Já pensou, Zé, você chegando nesta “babinha” não mais para jogar, mas de mala, para ficar de vez por aqui.

Não concordei, nem discordei, apenas sorri. Meu silêncio foi de uma cumplicidade e arrogância do mesmo tamanho.

zé roberto padilha3
E descemos aquelas escadas anestesiados pela glória passageira como eterna fosse. Porque jogador de futebol vive seus 15 anos máximos de glória fora da realidade econômica do seu país e da sua família, ou vocês acham que o Gum (120 mil reais/mês), Henrique (160 mil reais/mês) limitados zagueiros do Fluminense, que ganham 4 vezes mais do que nosso mais alto magistrado, não seriam protagonistas, hoje, da mesma história? Perguntem a eles, no fundo do jatinho fretado do Flu, durante a Copa do Brasil, se eles fossem jogar contra o Asa e desembarcassem no aeroporto de Arapiraca não para o jogo de ida, mas para ficar por ali, ganhando salário normal, de um jogador trabalhador da segunda ou terceira divisão do nosso futebol?

Com a camisa do Flamengo
Com a camisa do Flamengo

A partida entre Flamengo x Itabuna levou 40 mil pessoas ao também estádio Luis Viana Filho no dia 25/01/76, poderoso nome de uma raposa política capaz de batizar aeroportos e estádios, e o placar foi de 5×0 pro nosso time (Luizinho, aos 8, Zico, 17 do 1º tempo, e Caio aos 24, 27 e 32 do 2º), e saímos dali nos braços queridos dos baianos, levando aquele diálogo de fundo de avião como uma norma taxativa da irrealidade em que vivíamos.

Daí fui para o Santa Cruz, em Recife, dois anos depois machuquei meu joelho, operei em uma época em que a medicina retirava todos os meniscos no lugar de isolar apenas sua parte lesionada, preservando aquele fundamental órgão de amortecimento, e acabei colocado em disponibilidade no mercado esportivo. Minha esposa estava grávida da nossa primeira filha, a Roberta, quando desembarquei de uma excursão à Arábia Saudita com o Santa Cruz, onde meu joelho não mais respondia aos apelos do meu pulmão para correr pelo campo todo. Sem ele, restou-me o currículo para atrair clubes ainda interessados. O primeiro foi o Bahia. Fui para Salvador realizar exames médicos e escolher apartamento. Ainda arrumava as malas quando um diretor do Santa Cruz me abordou com aquele velho chavão:

– Tenho duas notícias, uma boa e a outra ruim. Qual delas prefere?

A ruim era que o departamento médico do Bahia vetara minha contratação. A boa era que um clube baiano, diante da recusa do seu rival no estadual, pagava o mesmo preço. Sem exames médicos. Este clube o Itabuna FC.

Quando o avião me levou, três anos depois, de volta para aquele aeroporto, desta vez para ficar, com a mala cheia de vergonha e um pensamento no preconceituoso diálogo travado com o Toninho, não consegui esconder minhas lágrimas quando a cidade parou numa quarta-feira para assistir nosso primeiro treino. Tratava-se da principal atração do clube do cacau para o estadual da primeira divisão baiana de 1979 e no primeiro toque na bola senti meu joelho. E eles respeitaram minha saída cabisbaixa do treino, ajudaram na minha recuperação pelo SUS, incentivaram meu retorno e a manter, até o final do contrato, um salário digno de um trabalhador já então pai de família.

Naquele ano não foi apenas a Roberta que nasceu, mas uma lição definitiva de humildade explícita foi incorporada a vida da gente. Aquela “babinha” foi o lugar que me acolheu e desnudou o quanto são “bobinhos” os que se deixam seduzir pelo efêmero poder de ser um dia jogador de futebol do Flamengo.

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marco wense1Marco Wense

 

Se os resultados das enquetes espelhassem o comportamento do eleitor nas urnas, muitos “homens públicos” não retornariam ao Parlamento.

 

Os senhores políticos, com as pouquíssimas exceções, olham cada vez mais para o próprio umbigo. A regra é que se dane o eleitor. Farinha pouca meu pirão primeiro.

Essa reforma política, do jeito que vem sendo arquitetada, é a prova inconteste do desprezo, do desdém e da falta de respeito dos “homens públicos” com os representados.

São assim porque têm na falta de memória do cidadão-eleitor-contribuinte a tábua de salvação, a sobrevivência política, sem falar na passividade do povo brasileiro.

É incrível como se comportam publicamente de um jeito e nos bastidores, na calada da noite, agem diferente, como anjos e diabinhos ou lobos em pele de cordeiro.

Falam disso e daquilo, que é preciso mudar, que o sistema eleitoral está podre. Tudo de mentirinha. São como camaleões.

Os “cordeiros”estão preocupados com duas coisas: com os R$ 3,6 bilhões do fundo partidário e o melhor caminho para permanecer no poder.

Aliás, o distritão tem como finalidade manter o foro privilegiado dos atuais parlamentares e evitar o surgimento de novas lideranças, o que faz lembrar o regime militar.

Que me desculpem os caros leitores pela linguagem, o que foge do meu estilo. Mas esse fundo e o tal do distritão são duas inomináveis esculhambações.

Ora, ora, são os próprios políticos os responsáveis por esse lamaçal que toma conta da República. São eles que pariram “mateus”, então cuidem do monstrengo.

Não à toa que recente pesquisa do Instituto Ipsos aponta uma estrondosa rejeição à classe política, com 94% dizendo que os políticos que estão no poder não representam a sociedade.

Se os resultados das enquetes espelhassem o comportamento do eleitor nas urnas, muitos “homens públicos” não retornariam ao Parlamento.

É aí que entra a tábua de salvação dos que querem permanecer na Casa Legislativa, que é a falta de memória do eleitorado. As pesquisas dizem uma coisa, mas termina as urnas dizendo outra.

Votar em quem nunca se candidatou, sem dúvida um tapa bem dado não só na dinheirada do fundo como no famigerado “distritão”.

Marco Wense é editor d´O Busílis.

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walmirWalmir Rosário

 

Fraternidade e igualdade não faltam ao nordestino, que apenas precisa de mais liberdade para fazer o bem à humanidade.

 

Após quase 50 anos, venho rever a caatinga aqui para as bandas da divisa de Sergipe e Bahia e, dentre as novidades que vi, quase nada, a não ser o tamanho das cidades, num misto de crescimento e desenvolvimento. Ao invés das estradas carroçáveis e esburacadas, asfalto, um tanto cansado, é verdade, mas aceitável para os meios de transportes de hoje.

Nada mais de paus-de-arara, agora o sertanejo viaja em ônibus confortáveis, em pick-ups cabines duplas, carros modernos iguais aos que vemos nos grandes centros do Brasil. Pouca diferença no comércio, com supermercados oferecendo os melhores produtos das mais diversas regiões brasileiras e do exterior; lojas e boutiques acompanham os lançamentos mais recentes da Europa e Estados Unidos.

O sertanejo está com tudo, como sempre teve. Se antes não dispensava as notícias mais imediatas nos grandes aparelhos de rádio com seis, sete e até nove faixas, hoje dispõe da televisão a cabo e via satélite, além da internet que o conecta 24 horas com todo o mundo. Negocia sua safra com as cooperativas e empresas multinacionais via telefone celular, com equipados com os mais modernos apps.

Poderia eu dizer que o homem da caatinga disputa com seus colegas das outras regiões brasileiras em igualdade de condições, caso não tivesse informações outras coletadas ao longo dos anos. Se sobra coragem ao catingueiro, falta-lhe chuva no tempo certo, bem como outras benesses concedidas pelas autoridades governamentais, a exemplo de infraestrutura e crédito nos mesmos moldes.

Como afirmava Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, o nordestino até hoje não desmereceu a citação desse jornalista e militar que acompanhou a vida, as adversidades e os conflitos dessa gente. Não desanima nunca e pede a Deus que no próximo ano reverta o quadro de dificuldades para que possa continuar sobrevivendo com os seus.

E é sempre atendido. Mas faz por merecer. “Acostumado aos revezes, sabe viver fritando o porco com a própria banha”, como dizem os mineiros, tirando lições de vida das constantes situações. Planta para sua família comer, alimentar seus animais e vender um pouco do que poderia sobrar, permitindo sua sobrevivência nas maiores dificuldades.

E essa situação fui observando ao longo das estradas, onde cada pedaço de terra é ocupado com uma pequena plantação de milho, feijão, mandioca, dentre outras plantações de sua cultura. Não dispensa a criação de pequenos animais, tratados como membros da família, que faz chorar o nordestino quando os vê “o couro e o osso”, igualzinho a que cantou Luiz Gonzaga na música o Último pau de arara.

Entretanto, se é obrigado a deixar seu torrão natal, vai para terras estranhas dar o duro para sustentar a si, sua família, seus bichos, com o pensamento de um dia voltar. E sempre volta trazendo na mala uma lição das terras por onde passou para juntá-la ao repertório de sabedoria e aplicá-la quando preciso for, sem a menor cerimônia.

Acostumados que fomos a ver o Nordeste brasileiro sob o estereótipo das terras pedregosas calcinadas pelo sol inclemente – o que é uma parte da sua paisagem –, deixamos escondida a grande extensão de terras férteis, sempre prontas a produzir quando as condições sejam favoráveis. Bastam três dias de chuva para a beleza plástica do verde de sua vegetação animar os olhos e encher de coragem o catingueiro.

Água! Esse é o ingrediente que quando em escassez faz “cortar o coração” do catingueiro, pedindo a Deus e aos seus santos de devoção que mandem chuva em abundância para poder plantar e colher. E quando são atendidos trabalham dia e noite para fazer a felicidade de todo um povo, de toda uma região, que conhece a pobreza, mas vive sem miséria, dividindo tristezas e alegria com fraternidade.

Se falta o pão a um vizinho, oferece um pedaço do pouco que lhe sobra; se a necessidade é a água, abre sua cisterna (melhor dizendo: de pedra e cal), seu pote ou moringa e mata a sede do semelhante. Fraternidade e igualdade não faltam ao nordestino, que apenas precisa de mais liberdade para fazer o bem à humanidade.

Até chegar em Cícero Dantas vou conversando com meu amigo Batista sobre as dificuldades e a sabedoria deste povo que poderia ser mais ouvido, ministrando lições de experiência e vivência. Enquanto isso não lhe é possível, continua vivendo com sua simplicidade, demonstrando que, quando não lhe é possível solucionar um problema que lhe surja, pede a intercessão de Nossa Senhora do Bom Conselho e a Jesus Cristo, que sempre estão prontos a atender aos seus amados filhos.

Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado.

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marco wense1Marco Wense || O Busílis

 

A desculpa para um eventual apoio ao prefeito soteropolitano serve para o PR, o PP e o PSD. Suas lideranças vão dizer que seguem uma decisão do comando nacional.

 

A ordem no PR é não fechar a porta para ACM Neto, já que a chance de integrar a chapa majoritária governista é cada vez mais remota.

A vice deve continuar com João Leão, do PP. Uma vaga para o senado é de Jaques Wagner (PT). A outra é do PSD do senador Otto Alencar.

O ponto comum entre o PP, PR e o PSD é que fazem parte do chamado “centrão”, grupo que apoia o governo Temer na base do toma-lá-dá-cá.

Outro detalhe é que as cúpulas desses partidos, alojadas lá em Brasília, são contrárias a essa aliança com o governador Rui Costa, preferem apoiar ACM Neto na disputa pelo Palácio de Ondina.

Quando o assunto é o centrão do Jaburu, os petistas da Bahia falam cobras e lagartos. Mas quando é o daqui, ficam silenciosos. O da Bahia é legítimo, o de lá é do Paraguai.

PR, PP o PSD se assemelham nas ameaças de rompimento com o governador. O trio costuma mandar recados nas entrelinhas.

Com efeito, quando questionado se o apoio à reeleição de Rui Costa é favas contadas, o senador Otto sempre deixa uma expectativa no ar: “… a não ser que haja acidente de percurso”.

Esse “acidente de percurso” é o mesmo do deputado José Carlos Araújo, presidente estadual do PR, e do PP do vice Leão. Ou seja, apoiar ACM Neto se ficar fora da majoritária.

A desculpa para um eventual apoio ao prefeito soteropolitano serve para o PR, o PP e o PSD. Suas lideranças vão dizer que seguem uma decisão do comando nacional.

E o que pode amenizar essa disputa para compor a majoritária governista? Sem dúvida, os resultados de pesquisas de intenções de voto colocando ACM Neto na frente.

Neste caso, a briga passa a ser com o PMDB dos irmãos Vieira Lima, o PSDB de João Gualberto e o DEM de Aleluia.

Marco Wense é articulista d’O Busílis.

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WALMIR~1Walmir Rosário | wallaw2008@outlook.com

 

Se os pratos agradam aos mais exigentes paladares, as bebidas não ficam longe disso e as cachaças feitas a partir da mandioca também já estão se incorporando aos mais exigentes paladares dos manezinhos (como são conhecidos os nativos da ilha), outros moradores e visitantes.

 

Na minha rotina diária em busca de boas informações, encontrei na Gazeta do Povo, de Curitiba – jornal que reputo como um dos melhores do país – uma matéria sobre gastronomia, abordando um restaurante em Florianópolis (Santa Catarina). O restaurante trabalha com cardápio tipicamente nordestino e os pratos são de dar água na boca: feitos com mandioca, macaxeira ou aipim, nome dado conforme a região.

Bem que poderíamos dispor de um restaurante deste estilo aqui por nossa Bahia, mas pelo que já pesquisei, ainda não nos é possível degustarmos todas essas especialidades, com incursões em pratos da cultura japonesa, francesa, e por países afora. Gostas de sushi? O arroz, preferência dos nossos amigos japoneses é substituído por tapioca. Pelo que informa a reportagem, fica uma delícia.

A Oka de Maní (nome do restaurante) foi idealizado pelo casal de cearenses Samilla Paiva e Roberto Duarte para trabalhar exclusivamente com a matéria-prima mandioca, raiz 100% brasileira. Mais do que uma tapiocaria, o restaurante se destaca pelo mix culinário ao gosto da grande maioria dos clientes, inclusive daqueles que têm restrições ao uso do glúten na alimentação.

Se os pratos agradam aos mais exigentes paladares, as bebidas não ficam longe disso e as cachaças feitas a partir da mandioca também já estão se incorporando aos mais exigentes paladares dos manezinhos (como são conhecidos os nativos da ilha), outros moradores e visitantes. Elas são trazidas do Pará, como de jambu, responsável pelo famoso formigamento do paladar, e a tiquina, cachaça de mandioca curtida na folha de tangerina, trazida do Maranhão.

Eu poderia escrevinhar mais algumas dezenas de mal traçadas linhas sobre a gastronomia – o que muito me apraz – mas aqui o que interessa é mostrar que poderemos utilizar coisas nossas com sucesso. E, mas que isso, contribuir para o desenvolvimento de nossa agricultura, com resultados econômicos altamente positivos para todo o Brasil, substituindo o trigo, por exemplo.

De antemão, aviso: não sou contra a importação desse produto que ainda não somos autossuficientes. Nada de xenofobia contra os “hermanos” argentinos ou outros que exportem esse produto, pelo contrário, gosto de pães e macarrões fabricados com o trigo, famoso até na Bíblia Sagrada. Trago no DNA a lembrança das culturas portuguesa e italiana, tanto que não dispenso massas em geral, notadamente uma boa pizza.

Na verdade, me refiro às questões econômicas e a tecnologia que dispomos para substituir o trigo – ou pelo menos parte dele – na nossa riquíssima culinária, tão criativa, gostosa e capaz de agradar paladares de todo o mundo. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já provou, através das pesquisas dos seus cientistas, que isso é perfeitamente possível.

O pão nosso de cada dia é um belo exemplo e poderia ser adquirido nas padarias mais conceituadas de nosso país a preços mais baixos, caso fosse introduzida a farinha de mandioca na sua feitura. Com essa providência, não teríamos que ouvir, ver e ler na imprensa que a alta do preço de nossos pãezinhos é apenas consequência do reajuste do preço do trigo. Nos livraríamos desse lugar comum.

Garantem os pesquisadores que a mudança ou introdução da farinha de mandioca em nada alteraria o paladar do pão, o que é uma notícia alvissareira para quem não dispensa o seu consumo diário. A adição de fécula de mandioca à farinha de trigo é tecnicamente possível, como já ficou comprovado e demonstrado país afora, e a fécula atuaria na mistura como um diluidor do glúten presente no trigo.

Mas o que a ciência foi capaz de demonstrar, os políticos foram mestres em esconder, atrapalhar, não se sabe com qual interesse, mas é certo que a mistura da fécula de mandioca ao trigo para a confecção dos pãezinhos foi vetada pelo presidente Lula e o veto mantido pelo Congresso que antes aprovara o projeto. E o argumento utilizado pelo presidente foi o mais pífio de todos, conforme se lê no próximo parágrafo.Leia Mais

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marco wense1Marco Wense

 

De uma coisa ninguém pode duvidar: petistas e demistas são bons atores. Nessa novela, o presidente Temer é o bobo da corte.

 

O PT e o DEM têm a mesma estratégia em relação ao presidente Michel Temer: nos bastidores, em conversas reservadas, um discurso. De público, outro.

Nas escondidas, o PT torce para que o peemedebista continue na presidência, sangrando até o último suspiro. Diante dos holofotes, “Fora Temer”, “Fora Temer”, “Fora Temer”.

No DEM é o inverso: no escondidinho, os democratas querem a defenestração de Temer do cobiçado Palácio do Planalto. De público, “Fica Temer”, “Fica Temer”, “Fica Temer”.

Para os petistas, é muito melhor um Temer combalido do que um Rodrigo Maia revigorado e fortíssimo candidato em uma eventual eleição indireta.

Para os demistas, o óbvio ululante: uma liderança da legenda no comando do país.

De uma coisa ninguém pode duvidar: petistas e demistas são bons atores. Nessa novela, o presidente Temer é o bobo da corte.

Marco Wense é editor d’O Busílis.

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ericjrEric Ettinger Júnior

 

 

Não menos simbólico é a concretização deste sonho exatamente no ano que completamos 100 anos de fundação.

 

 

Itabuna completa 107 anos e a inauguração da UTI Pediátrica do Hospital Manoel Novaes neste 28 de julho reforça a minha convicção que a história da Santa Casa de Misericórdia se confunde com a própria história da cidade.

Nesta data, eu, que sou filho de Itabuna, nascido no Novaes, fico ainda mais orgulhoso de, ao lado do Governo Estadual e do Governo Municipal, entregar este presente: uma UTI que já nasce com o legado de ter sido construída a muitas mãos.

A Unidade é fruto do olhar empreendedor dos gestores da Santa Casa, do zelo pela saúde pública, das mãos solidárias do GACC e Instituto Ronald McDonald, do amor ao próximo do cidadão grapiúna. Não menos simbólico é a concretização deste sonho exatamente no ano que completamos 100 anos de fundação.

E, assim, junto aos meus colegas de Provedoria, a todo Corpo Clínico e de técnicos profissionais da instituição, seguimos com a missão de preparar a Santa Casa para os próximos 100 anos, mantendo foco em Itabuna, sempre.

Eric Ettinger Junior é provedor da Santa Casa de Itabuna.

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walmirWalmir Rosário | wallaw2008@gmail.com

 

Sem medo de errar ou ser interpretado como politicamente incorreto, até as enchentes do rio Cachoeira eram de encher os olhos e correr o mundo com as notícias da invasão das águas na pujante Itabuna. E olhe que naquela época não existia internet ou redes sociais.

 

Confesso que sou um pouco saudosista, mas quem há de resistir àquelas boas lembranças dos tempos de criança e adolescente? Poucos insensíveis, diria eu, recordando a belezas e a funcionalidade do rio Cachoeira dos anos 1950/60. A beleza plástica está quase toda registrada nas telas dos nossos artistas plásticos, com suas pedras à mostra, às vezes nem tanto, pois também serviam de “coarador” para as centenas de lavadeiras de ganho, ou de casa, que utilizavam as abundantes águas.

Labutavam, ainda, nas águas do velho Cachoeira pescadores – alguns especializados – de pitus, calambaus e camarões; peixes das mais variadas espécies, em sua maioria nobre, a exemplo de robalos, jundiás, tucunarés; os areeiros, que retiravam a areia para as construções com suas canoas e transportadas nos jegues; tipo de transporte também utilizados para levar água (de gasto) às residências que não dispunham de água encanada, artigo (melhor, serviço) raro à época.

Com poucos esgotos in natura (tratamento também não existia) despejando no nosso rio, era o local da higiene corporal de muitos moradores, alguns que se exibiam com saltos e braçadas durante a natação num simples banho. As águas límpidas – embora salobra – era um convite, inclusive durante à noite quando alguns se aventuravam a mergulhar e nadar sorrateiramente para furtar os peixes capturados nas grozeiras e outras armadilhas colocadas em frente às residências.

Os donos sabiam quem eram os larápios, mas nada de chegar às vias de fato, bastava uma simples censura, como geralmente assim fazia Pepê, hoje o advogado Pedro Carlos Nunes de Almeida, que tinha suas armadilhas ali na rua da Jaqueira, hoje avenida Fernando Cordier. Nos tempos atuais, mesmo com os parcos recursos, poucos se aventurariam a entrar nas águas superpoluídas do nosso velho rio, ainda mais com peixes suscetíveis a todos os tipos de doenças.

Sem medo de errar ou ser interpretado como politicamente incorreto, até as enchentes do rio Cachoeira eram de encher os olhos e correr o mundo com as notícias da invasão das águas na pujante Itabuna. E olhe que naquela época não existia internet ou redes sociais, ganhava o mundo através dos jornais, telégrafo e dos microfones das rádios Clube, Difusora e Jornal, já que os serviços de altofalante Tabu (bairro Conceição) e a Voz da Cidade não tinham longo alcance.

Passada a refrega, o comércio contabilizava seu prejuízo, refazia seus planos e tudo voltava à normalidade. A economia cacaueira dava o seu ar da graça e todos voltavam a ser o grapiúna de sempre, rico mesmo sem ter dinheiro no bolso, mas com muito crédito na praça. Nenhuma cidade do porte de Itabuna possuía o número de agências bancárias numa mesma avenida, a Cinquentenário, e todas funcionando, emprestando dinheiro e recebendo aplicações da venda do cacau.

Voltando ao comércio, a Cinquentenário e adjacentes se impunham com a galhardia de seus luminosos, confeccionados em gás neon, apagando e acendendo em intervalos diferentes, como só se viam nas grandes metrópoles pelo mundo afora. E os visitantes ficavam de “queixo caído” com nossa beleza feérica, tanto assim que muitos anos depois um conhecido biólogo da capital fluminense (à época Niterói), José Zambrotti, enchia os pulmões para nominar Itabuna como a Broadway brasileira.

Nem parecia que meses atrás tinha sofrido a grande catástrofe e, assim como no comércio, indústria e serviços maiores, a vida do rio voltava ao normal, com todos utilizando o que as águas produziam e permitiam que fosse retirado para o bem do homem. Até as pontes voltavam ao normal. Me refiro às pontes do Tororó (conhecida como dos Velhacos), estreita, baixa e somente para pedestres, e a do Marabá, cujo nome, Miguel Calmon, ainda é desconhecido da maioria da população, que eram interditadas.

Hoje maltratado, o rio Cachoeira ainda tenta sobreviver, mesmo contra a falta de vontade dos nossos governantes, que pela importância dos rios, já poderia merecer tratamento diferenciado, com um projeto de despoluição desde sua nascente até o chamado “mar de Ilhéus”, onde deságua. Atualmente, nenhum artista plástico dedicaria parte do seu tempo para retratar seu leito tomado pelas baronesas, criadouro do mosquito da dengue, ou as águas fétidas e de cor encardida pelo caldo derramado pelos esgotos.

Mesmo assim, ainda tenho a esperança de vê-lo, se não como o de antigamente, mas um rio importante na nossa vida e na socioeconomia do itabunense, do grapiúna. Gostaria de, em cima das pontes atuais e das que serão construídas, poder apreciar o Cachoeira revitalizado na Itabuna altaneira que sempre acostumamos a ver. Espero um dia possa ter essa oportunidade, assim como todos os itabunenses – daqui e de fora – que aprenderam a amar essa terra.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues 

 

 

Passamos a conviver passivamente com a violência descabida. Apenas para lembrar: no ano de 2016, em Itabuna foram registrados 125 corpos estendidos ao chão.

 

“Tá lá um corpo estendido no chão”. Esse era o bordão que o locutor Januário de Oliveira usava em suas narrações de partidas de futebol. O bordão indicava que havia ocorrido uma falta e que o lance estava parado, uma vez que o jogador que tinha sofrido a infração se contorcia no gramado. Hoje, nos deparamos com uma imagem que nos fez lembrar o bordão do Januário de Oliveira.

Por volta das 7h30min desta terça-feira, o chapista Antônio Carlos Novais dos Santos, 38 anos, carregava um caminhão de mudança, no Bairro Conceição, quando foi assassinado a tiros por dois homens que já chegaram atirando. A morte do “chapa” Roni, como era conhecido entre os amigos, é mais uma – das 77 até agora – a fazer parte das estatísticas da violência em nossa cidade, que figura como uma das mais violentas do País.

Porém, o que mais chama a atenção na imagem publicada nas páginas do PIMENTA é que, após o assassinato, as pessoas continuaram a realizar o trabalho de carga no caminhão como se absolutamente nada houvesse acontecido. Era como se aquele corpo ali, estendido ao chão, fizesse parte do cenário ou fosse um objeto qualquer que estava sendo descartado.

Como é que um crime de assassinato em plena luz do dia passe a ser a coisa mais banal possível? A banalização da violência está nos transformando em pessoas insensíveis, como se a vida não represente mais nada. Passamos a conviver passivamente com a violência descabida. Apenas para lembrar: no ano de 2016, em Itabuna foram registrados 125 corpos estendidos ao chão.

Cláudio Rodrigues é consultor e administrador de empresas.

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walmirWalmir Rosário | wallaw2008@outlook.com

 

Com a volta do regime de exceção – a ditadura militar –, nossos direitos e garantias individuais cairiam por terra e estaríamos expostos à vontade e ao furor de cada um dos “amigos do rei” com as injustiças chanceladas pela justiça.

 

Como ser humano, somos um animal gregário e buscamos viver em sociedade, o que implica numa série de regras a ser seguida para proporcionar uma convivência salutar. Esse é um princípio natural que devemos seguir como pessoas e mais ainda como cidadãos, por nossa obrigação assumida para com a sociedade em que vivemos.

Implícita nesta conduta está a obediência às regras preestabelecidas, a exemplo das normas jurídicas; da moral, de forma coletiva; e da ética, de maneira individual. Dentro desses princípios, a previsão de conflitos é muito pequena, pois a sociedade não pauta de forma retilínea, haja vistas as nossas visíveis diferenças.

Essa teoria seria importante caso transformada em realidade, o que a cada dia se torna mais impossível, dados os costumes de cada grupo da nossa sociedade. Os três princípios básicos estabelecidos e perseguidos pela Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – seriam, enfim, transformados de lema a fonte segura do direito de cada um.

Embora estejamos acostumados a ouvir os ensinamentos acima desde nossa infância, eles se tornam meras futilidades quando existem interesses contrários aos poderes dominantes. O que não se consegue conceber é que esses princípios basilares venham sendo desrespeitados sob variados pretextos, todos de interesses menores, justamente pelos que juraram obediência à Constituição.

A título de lembrança, frequentemente nos chegam notícias de pessoas e grupos conclamando a volta da ditadura militar para governar o Brasil, como se nosso país fosse uma simples república de bananas. Ora, se na democracia está ruim, não será num regime de força que a vida da população irá melhorar em todos os aspectos. Nos faltará liberdade, igualdade e fraternidade. Sem contar no desrespeito à Constituição.

Está lá no parágrafo 4º, do artigo 60 do texto constitucional: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais”. Ora, essas cláusulas pétreas nada mais são do que uma garantia constitucional a valores que nos são por demais caros.

Se não quisermos olhar pelo ângulo do Direito Positivo – o que se acha escrito -, poderemos analisar esse tema através do Direito Natural – o conjunto de normas que já nascem incorporadas ao homem -, como o direito à vida, à defesa e à liberdade. Então, para que pregamos os valores do iluminismo se queremos o absolutismo, mesmo contrariando todo o nosso legado normativo?

Acredito que esses conceitos absolutistas defendidos por essas pessoas e grupos devam ser revistos com a máxima urgência, sob pena de incorremos em transgressão dos princípios filosóficos e na quebra do nosso ordenamento jurídico. De já, caso prevaleça a teoria absolutista, teríamos que transformar toda a nossa legislação numa imensa fogueira.

Com a volta do regime de exceção – a ditadura militar –, nossos direitos e garantias individuais cairiam por terra e estaríamos expostos à vontade e ao furor de cada um dos “amigos do rei” com as injustiças chanceladas pela justiça. O direito à vida, o maior bem do homem, passaria a ser considerado artigo de quinta categoria, e que dele poderia dispor os ditadores de plantão.

 

Quando falamos nas maravilhas do milagre econômico daquela época é preciso que saibamos distinguir crescimento de desenvolvimento.

Todas as sociedades são formadas por pessoas diferenciadas, o que torna a sociedade plural e cada um de nós poderá exercer o seu direito de pensar, agir e professar de acordo com o que lhe convêm, desde que assegurado o direito do próximo. Esse é o princípio natural da humanidade, defendido pela filosofia Iluminista, a quem a maçonaria participou de sua elaboração e tomou para si esses ensinamentos.

Na sociedade, cada um tem o seu papel e deverá desempenhá-lo de acordo com os preceitos estabelecidos. A grosso modo, o Poder Executivo administra; o Poder Legislativo fiscaliza e legisla; o Poder Judiciário julga. Se desvios são verificados, mudam-se os homens, preservam-se as instituições, como preceituam as normas legais.

E é nesse contexto constitucional que se encontra as forças armadas, cujo comandante em chefe é o Presidente da República. São os militares profissionais gabaritados em segurança, e assim devem ser, como todas as parcelas da sociedade. Não é a farda que o torna mais honesto ou preparado para governar um país e sim sua formação familiar, moral e ética.

Em todos os segmentos sociais existem os bons e os maus, os simplórios e notórios. Cabe a nós, cidadãos, sabermos escolher os nossos representantes, sempre avaliando pela sua capacidade e compromisso, retirando-o de nossa representação quando não mais merecer a nossa confiança. Alerto, entretanto, que para isso é preciso que antes de sermos partidários nos tornemos politizados.

Quando falamos nas maravilhas do milagre econômico daquela época é preciso que saibamos distinguir crescimento de desenvolvimento. E, para encerrar, recorro ao pensador iluminista Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Numa ditadura, ou governo de militares, como querem alguns, isso nunca será possível.

Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado.

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marco wense1Marco Wense

 

Aqui em Itabuna, alguns vereadores podem deixar os partidos pelos quais foram eleitos. A fidelidade partidária é novamente derrotada pelo jeitinho brasileiro.

 

Como existe um consenso entre governistas e oposicionistas, a “janela” para mudar de partido sem o risco de perder o mandato pode ser transferida para setembro ou outubro desde ano.

Parlamentares insatisfeitos com suas legendas já começam a namoricar com outras agremiações partidárias.

No bojo da reforma política também o chamado “distritão”, que vai eleger para o Legislativo os mais votados em cada Estado.

Aqui em Itabuna, alguns vereadores podem deixar os partidos pelos quais foram eleitos. A fidelidade partidária é novamente derrotada pelo jeitinho brasileiro.

Os chefes de Executivo, ávidos por uma maioria obediente no Parlamento, que feche os olhos para as falcatruas, vão fazer de tudo para acomodar os dissidentes nas legendas aliadas.

Todo mundo sabe como funciona esse “vão fazer de tudo”. É o toma-lá-dá-cá, amigo íntimo da impunidade e cada vez mais triunfante e vitorioso.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia e editor d’O Busílis.

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raimundo santanaRaimundo Santana | jrssantana13@gmail.com

 

A saída para esse momento difícil que a classe trabalhadora, desempregados e as pessoas humildes vivem passa pela compreensão desse cenário macabro, incompatível com o atual momento histórico.

A reforma trabalhista, aprovada no congresso e sancionada pelo presidente Michel Temer em julho deste ano, foi elaborada para atender aos interesses da classe empresarial brasileira.

A nova legislação é desumana e perversa, pensada estrategicamente para tirar os direitos da classe trabalhadora e não dar a possibilidade de reação ou defesa.

Primeiro: fragilizou os trabalhadores nas relações de trabalho mudando 116 artigos da CLT em favor do patronato;

Segundo: dificultou e limitou o acesso dos trabalhadores à Justiça do Trabalho para assegurar a impunidade dos patrões infratores;

Terceiro: fragilizou a representação sindical, em todos os níveis, sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais, com o fim abrupto do imposto sindical, criando uma grave crise no financiamento dos serviços prestados por essas entidades em favor dos trabalhadores, diminuindo, portanto o poder de intervenção social dessas entidades; e

Por fim, cria a possibilidade de que o negociado prevaleça sobre o legislado. Isso quer dizer que as entidades sindicais, poderão pactuar nos seus instrumentos normativos redução de direitos assegurados em lei. Um absurdo!

A saída para esse momento difícil que a classe trabalhadora, desempregados e as pessoas humildes vivem passa pela compreensão desse cenário macabro, incompatível com o atual momento histórico. Esse quadro pode ser superado pelas entidades sindicais combativas que tem identidade com as lutas e os direitos dos trabalhadores.

O fortalecimento das entidades sindicais sempre dependeu da união e da consciência dos trabalhadores, hoje, mais do que em qualquer outra época, é fundamental essas preliminares para chegarmos ao mérito de uma classe trabalhadora unida e consciente. Vivemos uma disputa de classe (trabalhadores x patrões). Precisamos encarar e vencer essas batalhas para que evitemos ser semiescravos.

Raimundo Santana é dirigente do Sintesi.

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WENCESLAU1Wenceslau Júnior | wenceslau.uesc@gmail.com

Se esse homem foi condenado há mais de 9 anos de prisão, sem provas, imagine o que pode acontecer com a maioria do povo brasileiro. Se essa moda pega e vira regra no Brasil, já se foram as garantias e direitos constitucionais individuais e coletivos.

 

No domingo, 16 de julho de 2017, mais uma vez, como nos últimos dias, acordei às 5 da manhã com uma grande interrogação na cabeça: “para que buraco essa gente está querendo levar o Brasil?”. E os coxinhas-paneleiros não me venham com a conversa de que “o PT e seus aliados já levaram o país para o buraco”.

Resolvi escrever esse texto em homenagem aos grandes mestres do Direito e de outras áreas do conhecimento dos quais muito me orgulho de ter sido aluno e, decisivamente, contribuíram para a formação de várias gerações, incluindo a minha.

Lembro-me das aulas de Direito Constitucional ministradas pelo saudoso poliglota Wilson Rosas. Homem muito culto, falava francês, inglês, espanhol e alemão e conhecia como poucos os teóricos marxistas. Como também me lembro do saudoso e também poliglota Érito Machado, honrado magistrado, que nos ensinou Direito Civil.

Para continuar a mencionar os que já partiram para outro plano, me recordo de doutor Acioli da Cruz Moreira. Quem não aprendesse Direito Comercial com ele, apesar da sua didática controvertida, não aprendia com mais ninguém. Se fosse nos tempos de hoje, responderia a um PAD pelo “queima”, pela “anistia” ou pela insígnia de “cascabulho” (coisa de pouca importância) ironicamente atribuída aos iniciantes. Fazia quatro tipos de provas diferentes numa sala com 40 ou 50 alunos e ninguém tinha ao seu lado, atrás ou na sua frente, prova igual. Pescar era uma missão impossível.

Lembro-me do meu amigo e quase conterrâneo Altamirando Cerqueira Marques. Muitos embates e lutas conjuntas. Nem ele nem Acioli suportavam serem chamados de ACM, apesar das iniciais coincidirem. Deste não fui aluno, mas convivi muito na condição de diretor e presidente do DCE (1990-1992), na luta pela estadualização da Fespi, e aprendi várias lições jurídicas e políticas, como por exemplo, as bases para elaborar um Mandado de Segurança.

O grande penalista Francolino Neto, fundador da Faculdade de Direito de Ilhéus. Confesso que corri da sua fama de “carrasco” e me matriculei no outro turno. Ledo engano, fui aluno da tão conhecedora e exigente professora Lourisse Salume Lessa (encontro sempre com ela nas caminhadas da Beira-Rio), com a qual tivemos muitos embates políticos, mas aprendi muita coisa. Tanto que, quando formei, passe a atuar na área penal.Leia Mais

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marco wense1Marco Wense

 

A escolha deve ser feita com muito cuidado, sob pena de uma desagradável surpresa. Tem pretendente, por exemplo, que pode ter uma recaída pelo fernandismo.

 

Conforme anunciou o blog PIMENTA, a secretaria de Governo Maria Alice, fiel escudeira do prefeito Fernando Gomes, vai para o PSD do senador Otto Alencar.

A ida de Alice para o PSD se deu até mesmo por falta de opção, já que outros partidos da base aliada do governador Rui Costa (PT) foram descartados.

Não sei como será o relacionamento da secretaria com o prefeito ACM Neto. O alcaide soteropolitano sempre teve uma grande admiração pela “dama de ferro”.

Outro detalhe é que Alice vai para uma legenda que tem um bom relacionamento com Neto, adversário de Rui na disputa pelo Palácio de Ondina na eleição de 2018.

Como em política as nuvens de hoje podem ter outros formatos a qualquer momento, fica a hipótese, ainda que remotíssima, de se encontrarem em um mesmo palanque na sucessão estadual.

Agora, é encontrar alguém que possa substituir Maria Alice com a mesma disposição e vontade política inerentes a fernandista de carteirinha.

A escolha deve ser feita com muito cuidado, sob pena de uma desagradável surpresa. Tem pretendente, por exemplo, que pode ter uma recaída pelo fernandismo.

Todo cuidado é pouco. A política não costuma socorrer os que dormem e, muito menos, os ingênuos e incautos.

Marco Wense é editor d´O Busílis e articulista do Diário Bahia.

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helenilsonHelenilson Chaves

Sem reagir, sem exigir nossos direitos, omissos diante de tamanho descaso, nos comportamos feito cordeiros rumo ao sacrifício. Ou, numa analogia com a citada JBS, como bois a caminho do matadouro.

O Brasil assiste a um espetáculo vergonhoso, em que um grupo empresarial, movido a favores governamentais, concedidos em troca de propinas negociadas na calada da noite, que circulam em malas e através de outros artifícios, consegue amealhar um patrimônio na casa dos 16 bilhões de reais.

Mais do que isso, obtém o perdão ou a prorrogação, com prazos que atravessam décadas, de dividas com financiamentos públicos que igualmente são contabilizados em bilhões de reais, devidamente referendados pela mais alta corte do Judiciário.

A abertura dos segredos do grupo JBS, através da delação de um de seus donos, expõe a maneira em que nossas principais autoridades, no Executivo e no Legislativo, atuam, privilegiando os interesses pessoais em detrimento dos interesses públicos.

A “generosidade” governamental com a JBS e outros grandes grupos empresariais nos remete à situação, completamente oposta, que aflige a nossa Região Cacaueira.

Há três décadas, o sul da Bahia sofre com uma crise provocada por uma praga que dizimou a lavoura cacaueira, levou os produtores à lona e gerou milhares de desempregados no setor rural, afetando a nossa economia como um todo.

De maiores produtores de cacau do mundo, responsáveis por uma fatia considerável do PIB baiano, passamos a uma região que hoje precisa importar cacau para não perder o parque industrial e perder ainda mais empregos. Vivemos uma espécie de “crise dentro da crise”, com as consequências por demais conhecidas.
Nesses 30 anos, estamos sempre à espera de um apoio governamental que nunca chega.

Acreditamos em promessas que nunca se concretizam. Ou, pior, não nos damos conta da grave situação em que nos encontramos.

Nossa representação política é ineficiente, quando não é nula. A Ceplac, uma instituição que poderia contribuir para a retomada do desenvolvimento regional, definha e não se vê um mísero protesto.

Os bancos públicos apertam os produtores com a cobrança de dívidas impagáveis, assumidas por conta de projetos governamentais malogrados, é ninguém levanta a voz.

Sem reagir, sem exigir nossos direitos, omissos diante de tamanho descaso, nos comportamos feito cordeiros rumo ao sacrifício.

Ou, numa analogia com a citada JBS, como bois a caminho do matadouro.

Helenilson Chaves é presidente do Grupo Chaves.