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A outra história aconteceu com o próprio autor, quando estava desempregado. Ele conta que recebeu ligação telefônica de Hebe Camargo, “com quem sempre manteve relações afetuosas”.
O jornalista Paulo Henrique Amorim deu um show de conhecimento, ironia e criatividade no lançamento do seu novo livro, O Quarto Poder – Uma Outra História
Com maestria, relatou acontecimentos. Alguns estão no livro, escolhi dois, independente do grau de importância em relação aos outros.
Quando Brizola se elegeu governador, construiu o sambódromo e decidiu escolher a emissora que faria a cobertura do carnaval por meio de licitação. Boni, diretor da Globo, num vacilo, não participou e a Manchete ganhou a exclusividade.
Roberto Marinho ficou retado com Brizola e com Boni e com o dono da Manchete, Adolpho Bloch. Tentando reduzir os danos, telefonou para Bloch, com o objetivo de propor um pool para a transmissão. Mas não era atendido. Bloch mandava dizer que não estava.
Anos depois, a Manchete “quebrou”. Adolpho Bloch foi à Globo pedir ajuda. Esperou duas horas e, quando atendido, foi logo adiantando:
– Roberto, a Manchete faliu e só você pode me salvar.
– Adolpho, há dez anos estou esperando você retornar aqueles telefonemas. Passar bem.
E Bloch foi conduzido para a saída pela secretária de Roberto Marinho.
A outra história aconteceu com o próprio autor, quando estava desempregado. Ele conta que recebeu ligação telefônica de Hebe Camargo, “com quem sempre manteve relações afetuosas”.
– Paulo Henrique, estou aqui na sala do Silvio. Estou dizendo a ele que você topa vir pra cá. Você toparia?
– Claro Hebe, estou desempregado. A vida é dura.
-Viu Silvio, ele topa! Fala com ele, Silvio.
Silvio pega telefone:
– Olá, Paulo Henrique, eu gosto muito do seu trabalho. Muito mesmo. Mas eu gosto do seu trabalho na televisão dos outros.
Caso semelhante aconteceu no jornal A Tarde na década de 80. Os jornalistas Benedito Simões, Marcos Luedy e Luiz Guilherme Tavares faziam free-lance. Em função da qualidade, o chefe de redação sugeriu a contratação do trio.
O diretor Jorge Calmon, “direitista até a medula”, foi curto e sincero com eles:
– Aqui vocês jamais serão contratados.
Marival Guedes é jornalista e escreve crônicas aos domingos no Pimenta.