É inegável que uma pista duplicada é muito mais segura, o que em absoluto prescinde de uma fiscalização, hoje inexistente, que puna com rigor os maus motoristas.
Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
A técnica de enfermagem Cláudia da Silva Borges, de 32 anos, que trabalhava na Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, é a mais nova vítima dessa máquina de matar em que se transformaram as rodovias brasileiras.
É, igualmente, vítima de uma rodovia, a Ilhéus-Itabuna, que há muito ultrapassou sua capacidade de absorver um tráfego intenso entre as duas principais cidades sulbaianas.
Cláudia acabara de fazer compras num supermercado às margens da rodovia e voltava para Itabuna de moto, quando colidiu com um caminhão tanque. O impacto do choque foi tão forte que a frente do caminhão ficou danificada.
A técnica de enfermagem morreu antes de receber qualquer tipo de socorro e sua amiga, Maria Cristina Alves, de 32 anos, que viajava como carona na moto, sofreu fraturas no fêmur e na bacia.
A morte de Cláudia, bem como os inúmeros acidentes registrados na Ilhéus-Itabuna durante as festas de Ano Novo, chama a atenção para a necessidade de duplicar a rodovia, uma reivindicação de mais de duas décadas e que só agora deve sair do campo vago das promessas.
É óbvio que não se pode atribuir os inúmeros acidentes da rodovia Ilhéus-Itabuna ao fato de ter uma única pista com mão dupla. Há o inquestionável fator imprudência, que pode ser notado ao longo da rodovia, em ultrapassagens irresponsáveis, excesso de velocidade, etc.
![acidentecláudiaborges santa casa foto pimenta www.pimenta.blog.br](https://157.230.186.12/wp-content/uploads/acidentecláudiaborges-santa-casa-foto-pimenta-www.pimenta.blog_.br_-300x200.jpg)
Mas é inegável que uma pista duplicada é muito mais segura, o que em absoluto prescinde de uma fiscalização, hoje inexistente, que puna com rigor os maus motoristas.
E a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna se torna ainda mais premente na medida em que nos próximos anos o Sul da Bahia ganhará equipamentos importantes como o Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste e a Zona de Processamento de Exportação, ampliando consideravelmente o volume de tráfego.
O governador Jaques Wagner já se comprometeu publicamente com a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna e os recursos para a obra estão disponíveis no Plano de Aceleração do Crescimento.
A seu favor, ressalte-se que Wagner não é do tipo de político que promete o que não pode entregar, nem um vendedor de ilusões.
A duplicação efetivamente sairá.
O que se precisa é que sejam superados os entraves burocráticos, agilizados os processos legais (incluindo o imbróglio ambiental, essa quase paranóia) e que, finalmente, as máquinas comecem a transformar projeto em realidade.
Em nome de tantas vidas que podem ser poupadas, duplicação já!
Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor de Vassoura.