Capa do EP "Durante este tempo", feita por Tiago Paim
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O cantor e compositor Diego Schaun lançou, nesta sexta-feira (14), Durante Este Tempo, segundo EP autoral do artista grapiúna. As quatro músicas já podem ser ouvidas em todas as plataformas digitais (confira aqui).

Diego conta que aproveitou o recolhimento da pandemia para terminar a composição de músicas engavetadas. “Uma canção inacabada é muito pior do que uma esquecida”, diz o músico nascido em Itabuna e criado em Camacan. Hoje residindo em Ilhéus, ele avalia que músicas refletiram a mudança de cidade.

O álbum foi gravado e mixado pelo produtor Charles Williams. A foto e a edição da capa do novo EP foram assinadas por Tiago Paim, parceiro de longa data do músico. A capa foi inspirada nos discos da década de 1970, como os de Caetano Veloso. A concepção foge das fotos de rosto, que estavam nos últimos singles, sai dos tons mais escuros, do preto e branco, opta pelo vermelho e diz exatamente o que se ouve no EP: o artista com voz e violão.

Graduado em História, Diego Schaun foi professor da disciplina por 9 anos. Hoje, dedica-se só à música, numa rotina intensa de apresentações. Traz na bagagem a experiência no I Festival de Música da Rádio Uesc, de 2017, quando levou o terceiro lugar, no Festival Nacional da Canção 2022, com três músicas selecionadas, chegando à semifinal. Desde o primeiro álbum, Carpe Diem (2010), apresentou-se em emissoras de televisão, foi o artista mais votado na disputa do prêmio TNB Toque no Beco 203, que lhe rendeu um show no Beco 203, casa tradicional da noite paulistana.

Ouvinte atento e autodeclarado artista folk, Diego afirma que suas influências musicais vão de Humberto Gessinger, Nick Drake, Elliott Smith, The Decemberists, Bryan Adams e The Beatles a Alceu Valença e outros grandes nomes da música popular brasileira.

AS CANÇÕES DO EP, SEGUNDO O COMPOSITOR

Diego Schaun descreve inspiração de músicas || Foto Tiago Paim

O próprio Diego Schaun escreveu sobre o processo de criação e os significados que atribui às quatro canções de Durante Este Tempo. Leia.

Pra Fora – Esta canção é a mais recente entre as quatro do disco. Criei a melodia inteira e a deixei no celular. Não tinha ainda uma letra. Na quarentena, quando comecei a esboçar a ideia de um disco/ep, listei todas as possíveis canções que queria e achei que estava faltando aquela, do celular. Mas ela não tinha letra. Ora, pra ser antagônico com a canção “Pra dentro”, resolvi escrever uma letra oposta. Gosto destas dualidades e gosto de causar no ouvinte aquela dúvida: “Ué, ele falou isso na música e agora está dizendo ao contrário; o que ele quer dizer afinal?”. Assim surgiu a letra de “Pra fora”. Nesta música trato sobre a importância em falar as coisas que sente, mesmo que seja sozinho de frente para o espelho. Quando se é verdadeiro consigo mesmo, a tendência de ser com os outros é maior. Mesmo que seja dolorido, a cicatriz será uma boa lembrança do rancor que deixou de existir.

Pra Dentro – Esta é a canção mais antiga do EP. Comecei a escrevê-la em 2017. Mas ela ficou pela metade. Era aquele tipo de canção que você sabe que tem futuro, mas precisa maturar. Durante a quarentena terminei rapidamente as estrofes que faltavam. Nela trato exatamente o oposto da canção Pra fora. O eu lírico, como se estivesse falando com alguém, repete insistentemente para que esta pessoa o deixe em paz, que não lhe conte seus problemas, porque, afinal, somos todos iguais e ele pode até atrapalhar, já que nem sabe lidar com suas próprias dores.

Pipa – Esta deve ser a música de trabalho e tinha um refrão diferente do atual. Era uma canção que falava de uma história de amor, mas de amor a si mesmo. Depois de um tempo, já em preparação para o EP, percebi que não fazia muito sentido falar dessa forma tão egocêntrica. Quem se interessaria? Fiz alterações importantes na letra, colocando o amor como algo genuíno e puro. Associei a pipa à pessoa amada. Quando se ama, solta-se a linha e deixa-se a pipa ir com o vento. Amar de longe é amar demais (de forma demasiada mesmo). Quem ama de verdade, inclusive, deixa ir.

Hálito de Pétalas – Também é uma canção antiga. Surgiu em meados de 2017/2018, quando, certa feita, assisti a um vídeo de uma pessoa comendo uma flor. A cena não saía da minha cabeça por semanas. Poeticamente, imaginei uma pessoa mastigando uma flor para se apossar do aroma que esta exalava. Numa forma pueril até, sondei o tal hálito de pétalas. A cena é talvez bizarra. Por isso inicio a canção já me justificando: “deixa pra lá, não leve a mal, não tô ficando louco”. Deixei esta canção para o final para dar um ar de leveza, já que as três anteriores são brigas de dândis, chavões sobre amor ágape e reflexões mais sérias.