Tempo de leitura: 2 minutosAllah Góes | [email protected]
O sertão sul-baiano, quase que desabitado até o início do século passado, deve seu desenvolvimento à monocultura do cacau, que acabou criando por estas terras, em virtude da diversidade étnica e cultural de seus colonizadores, o que hoje chamamos de civilização grapiúna.
Esta civilização, que se desenvolveu no fausto do cacau, acabou por transformar aqueles outrora simples desbravadores em “Coronéis do Cacau”, que foram eternizados nas obras do também grapiúna Jorge Amado.
Mas, infelizmente, aqueles “Coronéis”, por terem muito dinheiro e por acreditarem que o “El Dourado Grapiúna” seria eterno, nunca se preocuparam em se preparar para a “época das vassouras de bruxa”, deixando de investir na diversificação da lavoura, de investir em candidaturas eletivas que lhes permitisse ter, além do poder econômico, o poder político e, pior, passando este ensinamento para as outras gerações de grapiúnas.
Como resultado desta prática, na última eleição que teve 133 candidatos ao cargo de Deputado Federal, 129 destes postulantes obtiveram votos em Itabuna e Ilhéus, fazendo com que nosso quinhão de mais de 300 mil votos fosse desperdiçado em pessoas que pouco ou nenhum compromisso têm com a nossa região.
E, nesta nova eleição, parece que o ocorrido no pleito passado se repetirá, pois o que assistimos são os mesmos candidatos “copa do mundo”, que nada fizeram, ou fazem, pelo desenvolvimento de nossa Região, uma vez mais, e com as mesmas falsas promessas, por aqui aparecem em busca de voto.
Sim, enquanto outras regiões de nosso Estado se preparam para eleger candidatos comprometidos com seus interesses, nossa “Italhéus”, além de não incentivar o surgimento de outras candidaturas regionais, recebe de braços abertos todo e qualquer forasteiro que por aqui aparece.
E estes candidatos já perceberam que, para terem o voto regional, basta fazer uma “dobradinha” com um candidato a Estadual que, mesmo sem ter o lastro eleitoral necessário, se lança numa aventura que visa tão somente ajudar a eleger o seu “Federal”.
E assim, como o compromisso do “Federal” era apenas com o seu “cabo-eleitoral-candidato”, acabada a eleição e apurados os votos, o já eleito Deputado parte para aqui voltar apenas daqui a mais quatro anos, oportunidade em que aparecerá ao lado de um novo “cabo-eleitoral-candidato”, para reiniciar este círculo vicioso das, tão somente, promessas eleitorais.
Não é de se estranhar que por aqui, enquanto pululam candidaturas regionais a Deputado Estadual (que chegam a mais de 15), ouvimos apenas falar de pouco mais de 05 candidaturas regionais a Deputado Federal, o que deixa patente que estão aparecendo candidatos a Estadual apenas com o intuito de enganar o eleitor, ao iludir este a achar que estão votando em candidatos compromissados com a região.
Claro que no meio desses mais de 15 candidatos a Estadual existem aqueles que são de fato candidatos. E são comprometidos com as causas regionais, devendo o eleitor ter muito cuidado ao analisar as candidaturas postas, pois poderá, por conta de sua escolha, fazer com que, por falta de compromisso político, nossa “Italhéus” permaneça no mundo das promessas e mergulhada no atraso e no desemprego.
Allah Góes é advogado municipalista e consultor jurídico de câmaras muncipais e prefeituras.