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Coube a Baianópolis, no oeste da Bahia, o título inglório de maior devastador da Mata Atlântica no período de 2020 a 2021, conforme o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, feito pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O município baiano perdeu 1.685 hectares do bioma em apenas um ano.

A pesquisa mostra que houve desmatamento em 602 dos 3.429 municípios que compõem o bioma Mata Atlântica, 17% do total. Dez cidades concentraram 27% das derrubadas no período, distribuídas nos estados de Minas Gerais, Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Considerando todo o território nacional, de 2020 a 2021, foram desmatados 21.642 hectares, um crescimento de 66% em relação ao registrado de 2019 e 2020 (13.053 ha).

CONSEQUÊNCIAS DO DESMATAMENTO

Para Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, o aumento do desmatamento em um ano é preocupante.

– É muito grave que tenhamos um único município destruindo, todos os dias, uma área de Mata Atlântica equivalente a quatro campos de futebol. Trata-se de uma situação crítica para todos os habitantes de Baianópolis, pois afeta diretamente a qualidade do ar, a regulação do clima e a água que eles vão beber – alerta o gestor.

As consequências, segundo Luís, não são apenas locais. “A Mata Atlântica é um dos biomas que precisam ser restaurados com mais urgência para atingirmos a meta de redução de 1,5°C de aquecimento global estabelecida no Acordo de Paris. Mas, não apenas estamos replantando muito pouco, como voltamos a destruir cada vez mais”.

Todas as informações do Atlas dos Municípios da Mata Atlânticas podem ser consultadas no portal do projeto. A consulta é simples, pois depende apenas da inserção do nome do município na ferramenta de busca.

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Municípios sul-baianos lideram desmatamento na Mata Atlântica (Arquivo Agência Brasil).
Municípios sul-baianos lideram desmatamento na Mata Atlântica (Arquivo Agência Brasil).

– ILHÉUS E PORTO ESTÃO ENTRE LÍDERES DE DESMATAMENTO

O desmatamento na Mata Atlântica cresceu 57,7% em um ano, entre 2015 e 2016, quando o bioma perdeu 29.075 hectares, o equivalente a mais de 29 mil campos de futebol. O número foi apresentado nesta segunda (29) pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No período anterior (2014-2015), o desmate no bioma havia sido de 18.433 hectares. Segundo a diretora executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, há 10 anos a área, que se espalha por 17 estados, não registrava um desmatamento dessas proporções.

– O que mais impressionou foi o enorme aumento no desmatamento no último período. Tivemos um retrocesso muito grande, com índices comparáveis aos de 2005 – disse.

No período de 2005 a 2008, a Mata Atlântica perdeu 102.938 hectares de floresta, ou seja, média anual de 34.313 hectares a menos.

BAHIA LIDERA DESMATAMENTO

Em 2015-2016, a Bahia foi o estado onde houve mais desmatamento, com 12.288 hectares desmatados, 207% a mais que no período anterior, quando foram destruídos 3.997 hectares de vegetação nativa.

Os municípios baianos de Santa Cruz Cabrália e Belmonte lideram a lista dos maiores desmatadores com 3.058 hectares e 2.119 hectares, respectivamente. Se somados aos desmatamentos identificados em outras cidades do Sul da Bahia, como Porto Seguro e Ilhéus, cerca de 30% da destruição do bioma no período ocorreu nesta região.

“Essa região é a mais rica do Brasil em biodiversidade e tem grande potencial para o turismo. Nós estamos destruindo um patrimônio que poderia gerar desenvolvimento, trabalho e renda para o estado”, avaliou Marcia.

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