Radiovaldo Costa durante ato dos petroleiros em Salvador || Arquivo/Sindipetro-BA
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O diretor de Comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, defende a reestatização da antiga Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador. A Rlam foi vendida pela Petrobras, em dezembro de 2021, ao Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. Rebatizada Mataripe, a refinaria passou ao controle de uma empresa do grupo estrangeiro, a Acelen. Segundo Radiovaldo, mais do que a Rlam, os árabes compraram o mercado baiano inteiro, que saiu do monopólio estatal para o privado.

Na avaliação dele, quando a nova política de preços da Petrobras aumentar a diferença dos valores praticados na maior parte do mercado nacional em relação aos do estado, a sociedade baiana vai reagir, de forma generalizada, colocando a reestatização da refinaria na agenda do Planalto. “Acredito que esse clamor virá com muita força e espero que isso entre, efetivamente, na pauta política e econômica do Governo [Lula]”, vaticinou o dirigente do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), em entrevista ao PIMENTA

Segundo levantamento da Petrobras, feito de 21 a 27 de maio, o preço médio da gasolina no Brasil bateu R$ 5,26 nas bombas. No sul da Bahia, cidades como Ilhéus e Itabuna registraram, nesta semana, aumento médio de R$ 0,50 no litro da gasolina, passando de R$ 5,60 em vários postos. A disparada sucedeu reajuste de 5% do combustível vendido pela Acelen. Para Radiovaldo, esse descolamento tende a se intensificar. “Vai ficar pior, porque a distância do preço que vai ser praticado no Brasil e o que vai ser praticado na Bahia vai aumentar. Com isso, a população vai perceber como foi prejudicial a privatização da Rlam”.

FIM DO PPI

Na definição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o fim do Preço por Paridade de Importação (PPI), a Petrobras voltou a “abraliseirar” seus preços, pois é das maiores produtoras de petróleo do mundo e não depende da importação de óleo bruto, cotado em dólar e acrescido do custo do frete, para abastecer suas refinarias. Já a Acelen, conforme Radiovaldo, não tem condições de fazer o mesmo.

“Por que a Petrobras pode acabar com o PPI e a Acelen não? Por um motivo simples. A Acelen não produz, no Brasil, um único litro de petróleo, apenas refina. A Petrobras produz 3 milhões de barris por dia e refina, mais ou menos, 2,2 milhões por dia. O custo de extração desse petróleo no Brasil é na casa dos quinze dólares. A Acelen não consegue reduzir os preços, porque depende do preço do barril de petróleo no mercado internacional, sem contar a variação do dólar [em relação ao real]”, afirmou o dirigente, técnico de operações da Petrobras desde 1987.

“DECISÃO POLÍTICA”

Correligionário de Lula no Partido dos Trabalhadores, Radiovaldo Costa disse ao PIMENTA que o atual presidente demonstrou que Bolsonaro mentia quando afirmava não poder intervir nos preços da Petrobras. Do mesmo modo, acrescentou, Lula pode requisitar a recompra da Rlam.

– A decisão de Lula mostra que Bolsonaro mentiu pro povo. Lula foi lá e disse: “quero o fim do PPI”. O que foi que a Petrobras fez? Acabou com o PPI. Agora, o presidente da República pode dizer: “Petrobras, quero que vocês comprem a Rlam”. A Petrobras vai fazer o quê? Chamar o Mubadala para discutir a compra da Rlam. Por isso que eu digo: [reestatizar ou não a refinaria] é uma decisão política, não é meramente empresarial – concluiu.

Otto afirma que governo Bolsonaro e Petrobras impõem dolarização ao mercado brasileiro
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O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou, em vídeo divulgado nesta quarta-feira (16), que a dolarização dos preços dos combustíveis no Brasil é um “roubo” contra o consumidor. Segundo ele, a situação na Bahia é mais grave devido à privatização da antiga Refinaria Landulpho Alves, vendida ano passado ao Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, quando passou a ser chamada de Refinaria de Mataripe.

“Aqui no meu estado, na Bahia, a 40km [de Salvador], nós temos a Refinaria de Mataripe. Ela foi vendida a um grupo privado, Mubadala. Agora, esse grupo privado está refinando petróleo do nosso estado e também do Brasil, óleo cru, para produzir o diesel e a gasolina. Pois bem, esse diesel e a gasolina estão sendo vendidos, aqui no nosso estado, 27% mais caro que em todo o Brasil”, denuncia o senador.

Para Otto, os preços mais altos cobrados aos consumidores do estado são consequência de uma privatização sem critérios para a venda dos combustíveis, problema agravado pela política de precificação da Petrobras, que segue o mercado internacional.

O senador lembra que os funcionários da refinaria baiana e da Petrobras recebem em real, mesma moeda em que os custos de manutenção das empresas do setor são pagos. Entretanto, na hora da venda, tanto a refinaria privatizada quanto a Petrobras impõem preços dolarizados ao mercado interno. “O governo Bolsonaro quer dolarizar o Brasil”, diz.

Também mencionou projetos aprovados pelo Congresso na tentativa de conter o avanço dos preços dos combustíveis. “Espero que o presidente da República coloque em andamento, possa sancionar, para que se acabe com esse roubo que a Petrobras está fazendo no bolso do povo brasileiro e, sobretudo, do povo baiano, com essa privatização da Refinaria de Mataripe”, conclui Otto Alencar.

Um dos projetos citados por Otto propõe a criação de um sistema de bandas de preços, que limitará a variação dos combustíveis no mercado interno, e uma conta federal para financiar essa ferramenta. Além disso, estabelece auxílio de até R$ 300 mensais para motoristas autônomos de baixa renda (veja aqui).