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HÉLIO PÓLVORA E A ESCOLHA DO SIMPLES
O título do primeiro romance de Hélio Pólvora (foto), Inúteis luas obscenas, é um achado, mas não surpreende: jornalista de batente (além de contista, ensaísta, cronista, tradutor e crítico de cinema) ele sabe a importância de bem titular (até procurou, em vão, convencer disso seu compadre Euclides Neto, que criou títulos não muito inteligíveis, como Machombongo). Mas o melhor de Inúteis luas obscenas não é o título, é o próprio livro, um retorno ao bom e velho estilo de contar histórias com começo, meio e fim. Senhor de erudição suficiente para atingir o esnobismo (poucos brasileiros leram tanto quanto ele), Hélio fugiu dos experimentos estéreis, em privilégio do simples.
O LEITOR ESCOLHE O FINAL “MELHOR”
AROMAS, CORES E SABORES DE CACAU
TEXTO PRAZEROSO, INOVADOR E ECONÔMICO
O QUE NOS IRRITA TAMBÉM NOS MELHORA
NO INESPERADO, O EROTISMO VOCABULAR
TEXTO QUE NOS EMBALA E TRANSPORTA
LIVRARIA ENTRE NÓS, NEM PRA REMÉDIO
XADREZ POR AQUI SÓ A CADEIA PÚBLICA
Um leitor indignado nos ofereceu outro metro comparativo (igualmente empírico, é verdade) do nosso nível cultural: quase a ponto de nos confundir com o Procon, ele reclama que vasculhou Ilhéus e Itabuna para, surpreso, descobrir que é impossível, em cidades tão culturalmente ”avançadas”, comprar um jogo de peças de xadrez, com o mínimo de qualidade. Ora, vejam só. O chamado nobre jogo é mesmo um padrão interessante para o caso. O leitor diz que Vitória da Conquista, por exemplo, tem o xadrez na escola fundamental, como prática educativa. Aqui, xadrez é apenas a super-povoada cadeia pública.
Respostas de 8
Caro Ousarme Citoaian
Aproveito para informá-lo que o Colégio da Polícia Militar Rômulo Galvão – em Ilhéus – tem o Xadrez como atividade da disciplina Educação Física.
Além dos esportes como futebol, futsal, voleibol e basquetebol – que nós professores de EF apelidamos de “quarteto fantástico” -, a Escola oferece aos seus alunos Judô, Capoeira, Handebol, Educação Física Escolar, Xadrez e, pela primeira vez, este ano, o Atletismo. Sou o professor desta última modalidade.
Até 2009, tínhamos também a Natação, que, por dificuldades de equipamentos, foi suprimida em 2010. Para este ano tínhamos planejado um projeto de Ginástica Rítmica que acabou não acontecendo, também por dificuldades logísticas.
Convém ressaltar que o Xadrez é modalidade prevista nos Jogos Estudantis da Rede Pública da Bahia (JERP). Em Ilhéus, de 26 a 27 de agosto, os JERP foram realizados e o Xadrez esteve presente com significativo número de competidores.
Quanto a falta de livrarias em nossa região, penso que não há demanda suficiente para esse tipo de empreendimento.
A leitura não é (ainda) um hábito por aqui.
Lembro-me de quando morava no Rio. Tinha o hábito de, ao sair do trabalho, passar quase que diariamente por uma determinada livraria. Faz muito tempo… Já não tenho certeza do nome… Não sei se Saraiva ou Siciliano. Ficava nas proximidades da rua Chile, entre o Teatro Municipal e o Largo da Carioca.
Quando decidia entrar, ia diretamente à sala de leituras que ficava num enorme mezanino. Água e cafezinho faziam a cortesia da casa. Nem sempre comprava… Na maioria das vezes folheava um livro ali mesmo, fazendo leitura dinâmica – o que era permitido naquele espaço. Tinha dias que voltava para continuar a leitura do dia anterior.
Apesar do hábito de “filar” os contéudos de alguns livros, também comprava.
No Rio tem muito sebo. Mas sempre fugi de livros velhos como satanás foge da cruz. Minha rinite alérgica nunca me permitiu ficar por muito tempo folheando-os impunemente. Gostava mesmo era do cheiro e do ranger das páginas virgens das obras recém-saídas das editoras.
Hoje o livro está ameaçado de extinção!
Não, não era uma biblioteca, como alguns podem estar imaginando ao lerem a descrição da livraria no comentário anterior. Era mesmo uma livraria. Não sei se ainda existem com as características mencionadas.
Quero aproveitar para corrigir um pequeno equívoco: no Rio não tem Rua Chile, mas Avenida Chile.
ADSUMUS!
“A leitura não é (ainda) um hábito por aqui.”
“LIVRARIA ENTRE NÓS, NEM PRA REMÉDIO”
Tudo porque, na maioria das vezes, as principais instituições que deveriam propiciar o habito da leitura não faz. E quando faz; faz de forma errada.
Hoje, ler virou sinônimo de tomar remédio; remédio amargo e diga-se de passagem, para curar uma doença.
Comprar livro é caro, semana passada comprei um. Onde comprei não vendia livros genéricos, infelizmente.
Mesmo assim, “curei minha doença”.
Livraria entre nós, nem para remédio. Mas os livros genéricos estão pintando por ai (salve, salve a era digital). Eu creio nas livrarias popular. Eu as desejo.
Por enquanto os E-books vão paulatinamente suavisando minhas dores.
Olá, Souza Neto!
Em Recife, foi criada em 1970 a Livro 7, na Sete de Setembro, centro. Eu a conheci alguns anos depois, o Brasil já sob o coturno de Médici, o maior assassino da ditadura. A livraria (soube que era de um cara chamado Tarcísio Pereira) era um espaço de resistência, sendo possível comprar ali um Pasquim “desaparecido” das bancas ou ver Paulo Cavalcanti (eu era muito tímido para abordá-lo), o lendário comunista autor de O caso eu conto como o caso foi.
Na Livro 7 (já morta, é claro) havia um espaço para o xadrez: mesas com tabuleiros, em que os clientes potenciais eram incentivados a jogar, durante todo o horário comercial. Livros (não só os de xadrez) podiam ser consultados, com uma só exigência: não fazer anotações. No meio intelectual do Recife (cidade de que me afastei premido pela necessidade) é comum se falar de “órfãos da Livro 7”. Eu sou, de certa forma, um deles.
Sobre o xadrez no Colégio da PM (Ilhéus) é notícia alvissareira, embora pertença ao grupo das exceções: eu gostaria (sem prejuízo das demais modalidades mencionadas) de ver o jogo de Capablanca, Aleckine e Mequinho em toda a rede pública de ensino.
Muito obrigado pelos comentários – e minhas desculpas pela prolixidade (acho que me deixei levar pela nostalgia da Livro 7).
Quem colocar uma livraria aqui pode se preparar para fechar o estabelecimento pouco tempo após a inauguração, …!!!
O povo é muito medíocre, não gosta de ler, só pensa em beber cachaça, …!!!
Somos aleijados culturalmente, …!!!
Basta observar o comportamento do povo, inclusive os universitários, ao entrar e sair de um ônibus, ao sair de uma festa, ou outro evento qualquer, no trânsito, e por aí vai, …!!!
Porque aqui não fica uma lixeira, um orelhão, uma caixa de correio, inteiros, …?!?!?!
Já estão jogando lixo dentro dos caqueiros na Av. Cinquentenário, …!!!
Jogam de tudo dentro dos córregos e dentro do rio cachoeira (pneus, sofás e por aí vai), …!!!
Outro dia fiquei pasmo ao observar um comerciante, isto mesmo, um comerciante, jogando papel na calçada, em frente à própria loja, na Av. Cinquentenário, …!!!
Imagina se um povo desses irá se preocupar em ler um livro, …?!?!?!
Ao ira oa trabalho, passando lela beira rio, em frente ao Shopping, dia desses, me deparei com alguns garotos, todos fardados do Colégio Galileu, um dos melhores da cidade. Um deles jogou uma pedra dentro do rio. Olhou para mim e, meio sem graça, falou: “Acho que matei um peixe, tio”! Eu, então, respondi – perguntando – o seguinte: – É isso que você está aprendendo na escola, …?!?!?!
Outro dia eu vi uma mãe colocar o próprio filho para urinar em frente à entrada lateral do Shopping, que fica próxima ao Bom Preço, a poucos metros dos sanitários, que ficam junto à praça de alimentação, por pura preguiça. Olhem que “bom exemplo”, partindo da própria mãe. Agora eu pergunto. Quando crescer, essa criatura irá respeitar a quem, à polícia, …?!?!?!
Se a nova geração já está sendo conduzida desta forma, imagina os mais velhos, …?!?!?!
É difícil, …!!!
Não querendo alongar demais o assunto, faço uma pergunta: quantos navegantes (vocês acham) se deram ao trabalho de ler esta coluna e os comentários que postamos?
Quanto aos E-books, citados por O Grapiúna, penso que será (ou já é)um avanço. Entretanto, para mim, nada substitui a concretude do livro.
É como a mulher… É preciso pegar… sentir… com o tato.
O. C.
Sua coluna é ótima! Sempre que tiver tempo, como bom navegante, estarei arriando o ferro neste remanso.