Tempo de leitura: < 1 minuto

Conforme o colunista Ilimar Franco, do Globo, os aliados de José Serra (PSDB) andam irritados com os atrasos frequentes no cumprimento de agenda por parte do presidenciável.
Para ilustrar o drama, veja a situação de Itabuna. Enquanto cerca de 200 pessoas se concentravam nas calçadas da avenida do Cinquentenário, no sábado passado, Serra discutia o “sexo dos anjos” em um hotel de Ilhéus.
Mas o atraso de uma hora e meia em Itabuna teve até efeito positivo: a chuva arrefeceu e mais gente chegou para o evento que, segundo a Polícia Militar, reuniu 500 pessoas. Segundo O Globo, os cabos eleitorais do PSDB, DEM e PPS receberam R$ 10,00 para fazer número no evento (confira aqui).

Tempo de leitura: < 1 minuto

Parte do muro do estádio Luiz Viana Filho foi ao chão, ontem. A prefeitura havia sido acionada pelo Ministério Público estadual (MPe) para que demolisse a estrutura que ameaçava desabar sobre a cabeça de transeuntes.
Moradores do Banco Raso e a comunidade católica do São Caetano não conseguiram sensibilizar os “engenheiros” da prefeitura. Daí, confeccionaram um robusto abaixo-assinado e fizeram o favor de entregá-lo à promotoria local.
O MPe acionou a prefeitura. Que não teve outra saída. O muro “caiu” ontem (confira aqui).

Tempo de leitura: < 1 minuto

Há pouco, a polícia recebeu a informação de que havia assaltantes e reféns no interior do motel Smile, na saída de Itabuna para Ilhéus (próximo ao Atacadão).
As polícias militar e civil deslocaram cinco viaturas e cerca de 20 homens para o local. Foi quando descobriram que tudo não passava de um trote.
Bem que poderia haver instrumento para melhor identificação de autores de crimes como esse.

Tempo de leitura: < 1 minuto

O candidato a governador Geddel Vieira Lima (PMDB) inaugura o comitê itabunense da coligação “A Bahia tem pressa” nesta segunda, às 19h. O comitê funcionará na avenida do Cinquentenário, 775.
O ato terá a presença do ex-ministro e de candidatos a deputado estadual e federal, como Lúcio Vieira Lima e Renato Costa. Esta é a segunda visita de Geddel a Itabuna em menos de duas semanas.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Um grupo de professores filiados à Associação dos Professores de Itabuna (API) impediu que o terreno doado à entidade pela prefeitura fosse negociado no “escurinho do cinema” e sem a aprovação da categoria.
O terreno, localizado na avenida Manoel Chaves, Jardim Primavera, seria trocado por um pequeno apartamento no centro da cidade. Lotes já estavam sendo comercializados como um promissor condomínio residencial.
Não se sabe de quem partiu a autorização para negociar a área, mas na API se diz que o presidente João Rodrigues teria sido “ultrapassado” no negócio. O caso promete feder.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marco Wense

Fernando: retorno (Arquivo).

O ex-prefeito Fernando Gomes é um, digamos, prefeiturável “condicional”. Ou seja, é pré-candidato na sucessão de 2012 se Geddel Vieira Lima for o próximo morador do Palácio de Ondina.
Fernando, que já governou Itabuna por quatro vezes, acha que a eleição para o governo da Bahia será decidida no segundo turno, entre o petista Jaques Wagner e o peemedebista Geddel.
E por falar em sucessão municipal, procura-se um candidato que não tenha nenhum vínculo com o fernandismo, geraldismo e o azevismo.

RENATO COSTA

Já disse aqui que o bom médico Renato Costa, ex-aliado de Geraldo Simões, não poderia descartar o apoio de Fernando Gomes na sua caminhada rumo ao Parlamento estadual.
A votação de Renato em Itabuna sempre girou em torno de 9 a 12 mil votos. O empresário Carlinhos (da Bavil), histórico fernandista, acha que Renato, com o apoio do ex-prefeito, pode ultrapassar os vinte mil votos.
Entre o inevitável constrangimento e os votos do fernandismo, Renato Costa não teve outra saída que não fosse a de não contrariar Geddel, responsável direto pela inusitada e surpreendente reaproximação política.

PT VERSUS PSDB

Os petistas começam a espalhar que José Serra, se for vitorioso na eleição para presidente da República, vai acabar com o programa Bolsa Família. Os tucanos, por sua vez, espalham que Dilma, se eleita, ficará refém da ala radical do PT.
Nem uma coisa, nem outra. Serra não vai acabar com o Bolsa Família. Vai até, pensando na reeleição e de olho no cativo eleitorado do presidente Lula, ampliá-lo. Já os radicais do PT, como se diz na gíria, vão “comer tampado” com Dilma Rousseff.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

Tempo de leitura: 2 minutos


Apelidada de “Muro de Pisa” pelo site O Trombone, devido a uma temível e perigosa inclinação, a estrutura que protegia a área do estádio Luiz Viana Filho, num trecho da Rua Juarez Távora, desabou na manhã de hoje (19). O barulho foi percebido por moradores, pouco depois das 9h da manhã, e máquinas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano foram acionadas às pressas para retirar o entulho.
Não houve a mesma pressa antes, para corrigir o problema, quando moradores e o próprio Trombone apontaram o risco de desabamento. Na semana passada, o site tratou do assunto e ouviu o secretário de Esportes do município, Alcântara Pelegrini. Este revelou que havia procurado a Sedur, mas lhe disseram que o Muro de Pisa era seguro. Torto como a torre homônima, sem nenhuma chance de virar atração turística, mas firme como uma rocha (foi o que disse o engenheiro Sóstenes Vilas-Boas).
Com esse prognóstico furado, a Sedur precisou correr, numa tentativa inútil de não passar vergonha. Mas era tarde demais e o governo não pode dizer que não foi avisado.
Logo após o incidente, o repórter Fábio Roberto procurou o secretário Fernando Vita para ouvir dele alguma explicação, mas o titular do Desenvolvimento Urbano alegou que tinha uma missão na Avenida Amélia Amado e deu no pé.
Registre-se que, por sorte ou graça divina, nenhuma pessoa se encontrava no passeio em frente ao muro quando este tombou. Neste momento, em vez de comentar mais uma trapalhada deste governo tão dedicado a pagar micos, a imprensa poderia estar noticiando uma tragédia.

Tempo de leitura: < 1 minuto

A bela e inconfundível arte de Waldyrene Borges encontra-se na exposição “Memórias Herdadas”. Até o dia 30 de julho, os quadros da artista podem ser apreciados no Jequitibá Plaza Shopping, onde o público tem a oportunidade de conferir as novas técnicas introduzidas por ela em seu trabalho já reconhecido.
A mostra, segundo Waldyrene, é uma homenagem ao centenário de Itabuna.

Tempo de leitura: 3 minutos

– Helyos, de Feira, ficou em 9º lugar no Brasil

– Divina é a melhor de Itabuna

Antigo prédio do Divina (Foto Blog História de Itabuna).

O Pimenta bate “de primeira”: o Ministério da Educação (MEC) divulgará nesta segunda, 19, os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola.
O Colégio Vitória foi considerado o melhor de Ilhéus no Enem 2009 e o 50º do país. Somou 701,18 de 1.000 pontos possíveis. Foi o segundo melhor na Bahia.
Em Itabuna, a escola de melhor desempenho no exame realizado foi a Divina Providência, com média total de 641,54 pontos. Alcançou o 55º lugar no ranking estadual do Ensino Médio.
A pontuação considera o desempenho dos estudantes em redação e na prova objetiva.
Os primeiros resultados do Enem representam uma guinada para uma das mais tradicionais escolas de Itabuna.
A Divina Providência se recupera de uma grave crise que a levou a sair do endereço na rua São Vicente de Paulo, no centro, para um prédio na avenida do Cinquentenário.
O desempenho da Divina desbancou os campeões do Enem em Itabuna, nas edições anteriores: o Sistema (com 633,8 pontos em 2009) e Galileu (632,23).
Em comum, as três escolas têm o fato de serem da rede privada de ensino. Para efeito de comparação, a média da edição do Enem 2009 foi de 500 pontos.
Na rede pública, o melhor desempenho itabunense foi registrado pelo Colégio da Polícia Militar, que obteve 575,1 pontos nas provas objetiva e de redação.
O Ciso-Estadual pontuou com 540,14, à frente do Colégio Modelo, com 527,12. A média nacional em 2009 bateu em 529,63 pontos.
O Centro Integrado Oscar Marinho Falcão (Ciomf) obteve 520,63 pontos. A unidade de ensino com menor rendimento no Enem 2009 foi o Grupo Escolar Félix Mendonça, com 453,1 pontos.
O Félix Mendonça funciona no bairro Sarinha e oferece turmas do Ensino Médio Regular (EMR) e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A pontuação apresentada é a média do EMR e EJA.

EM ILHÉUS, COLÉGIO BATE 701 PONTOS

Campeões sul-baianos no Enem, os alunos do Colégio Nossa Senhora da Vitória (Colégio Vitória) cravaram 701,18 pontos na soma das provas objetivas e de redação. É a terceira vez que o Vitória se destaca no sul da Bahia (confira).
A Terra de Gabriela também tem a escola com a segunda melhor pontuação entre Ilhéus-Itabuna (a terceira na região). O Colégio São Jorge obteve 660,64 pontos, conforme o MEC.
O resultado do São Jorge é quase idêntico aos 660,33 pontos do Instituto Nossa Senhora da Piedade.
Na rede pública, o melhor desempenho em Ilhéus foi o dos alunos do Colégio da Polícia Militar, com 550,41 pontos.

EM FEIRA, A MELHOR DA BAHIA

A Escola Monteiro Lobato, segundo o MEC, teve segunda melhor nota entre as escolas sul-baianas, com 662,97 pontos. A unidade fica em Coaraci.
No cruzamento feito pelo Pimenta com os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, constatou-se que a Helyos foi escola de melhor pontuação no Enem 2009 na Bahia.
Com 730,42 pontos, ela está sediada em Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia. É a nona melhor do país, segundo o ranking do MEC. A campeão nacional foi a Vértice, de São Paulo, com 749,70 pontos.
OS 10 PRIMEIROS NA BAHIA (Fonte Inep/MEC)
1º Colégio Helyos (Feira de Santana/Privado) – 730,42
2º Colégio Vitória (Ilhéus/Privado) – 701,18

3º Colégio Anchieta (Salvador/Privado) – 696,43
4º Colégio Militar (Salvador/Público. fed) – 692,09
5º Colégio Acesso (Feira de Santana/Privado) – 691,96
6º Colégio Maria Montessori (Ipirá/Privado) – 690,62
7º Ifet (Simões Filho/Público.fed) – 690,08
8º Ifet (Salvador/Público.fed) – 682,55
9º Ifet (Salvador/Público.fed -EMR-EJA) – 681,47
10º Centro Ed. Villa Lobos (Salvador/Privado) – 681,44
Os melhores colocados do sul da Bahia (ranking estadual)

2º Colégio Vitória (Ilhéus/Privado) – 701,18
27º Escola Monteiro Lobato (Coaraci/Privado) – 662,97
30º Colégio São Jorge (Ilhéus/Privado) – 660,64

33º Colégio Ins. N.S. da Piedade (Ilhéus/Privado) – 660,33

55º Colégio Divina Providência (Itabuna/Privado) – 641,54

72º Colégio Sistema (Itabuna/Privado) – 633,80

74º Colégio Galileu (Itabuna/Privado) – 632,23

Tempo de leitura: 2 minutos

Em 2002, Lula teve vitória apertada em Itabuna

Jutahy: premissa falsa.

A principal figura do PSDB na Bahia, o deputado federal Jutahy Júnior, partiu de premissa falsa para dizer que acredita numa vitória histórica do presidenciável José Serra em outubro, diante da petista Dilma Rousseff.
Na entrevista que concedeu ao Trombone (veja aqui), Jutahy afirmou: “Tenho convicção da vitória de Serra na disputa presidencial, inclusive em Itabuna, como ocorreu em 2002, no segundo turno, contra Lula”.
Caso a história se repita, a vitória será de outro candidato. É que em 2002 o tucano foi derrotado em Itabuna pelo atual presidente da República tanto no primeiro quanto no segundo turno: Lula obteve 48.145 votos e Serra ficou com 44.055 votos no embate direto, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Quando considerado o primeiro turno, Lula obteve 34.827 votos e Serra, em quarto, registrou 10.226 votos. O segundo mais votado naquela peleja de 2002 no primeiro turno em Tabocas City foi Ciro Gomes. À época no PPS e apoiado por Fernando Gomes, o ex-governador cearense teve aqui 23.195 votos. O terceiro foi Garotinho, então no PSB, com 21.439.
Reconheça-se, no entanto, que há oito anos Itabuna era governado pelo deputado federal Geraldo Simões. O resultado do segundo turno, quando Serra quase bate Lula no município, deixou GS com a imagem arranhada. Serra teve o apoio do ex-prefeito Fernando Gomes.
O presidenciável tucano ficou a pouco mais de 4 mil votos do atual presidente da República, mesmo não tendo a mínima estrutura de campanha em “Tabocas”. Simbolicamente, foi uma vitória. Mas como a urna só admite a frieza dos números, o “Barbudinho” saiu vencedor em Itabuna e no plano nacional. Tornou-se o presidentente.
Leia sobre a visita de Serra ao sul da Bahia:

500 PESSOAS RECEPCIONAM SERRA EM ITABUNA

SERRA DIZ QUE É FAVORÁVEL À ZPE EM ILHÉUS

Tempo de leitura: < 1 minuto

Miralva: desgaste.

Um petista bastante próximo ao deputado federal Geraldo Simões disse hoje ao Pimenta que são bem remotas as chances da professora Miralva Moitinho, presidente do diretório do PT em Itabuna, ser candidata a prefeita em 2012.
Segundo o militante, o deputado, cacique do partido no município, anda ressabiado com a presidente e estaria decidido a, como se diz, “lhe dar um gelo”. Diz que ela terá, inclusive, reduzida sua influência na campanha geraldista de reeleição a deputado. O escolhido para coordenar a campanha teria sido o engenheiro Eduardo Barcellos.

Tempo de leitura: 2 minutos

Azevedo torra mais de R$ 500 mil na festa.

A prefeitura de Itabuna gastará mais de R$ 500 mil apenas com as contratações de bandas e cantores para a Festa do Centenário.
O valor apurado não inclui gastos do município com estrutura de shows, hospedagem e transporte das atrações que se apresentarão nos dias 27 e 28 na avenida Princesa Isabel, ao lado do centro administrativo Firmino Alves.
De acordo com os contratos, o show do Chiclete com Banana ficará por R$ 240 mil. Será a atração mais cara. O cachê de Fábio Júnior é de R$ 103 mil. A Banda Lordão custará R$ 71 mil, conforme divulgado na última sexta-feira (clique aqui).
No dia 27, ainda se apresentam Banda Vera Cruz e John Kelson. Outras bandas de menor expressão foram contratadas pelo município. A Festa do Centenário ainda prevê apresentações gospel na avenida Princesa Isabel, dia 28. Aline Barros é a principal atração do dia 28, aniversário de 100 anos de emancipação político-administrativa de Itabuna. A apresentação custará R$ 58,4 mil.
A prefeitura não divulga em seu material informativo à imprensa qual a estimativa de gastos com a contratação de bandas e cantores e estrutura de shows. A informação é de que o Grupo Chaves assumirá parte dos custos com infraestrutura de shows, mas não é divulgado qual o valor investido pelo grupo.
Os extratos dos contratos publicados pelo município deixam claro a contratação dos serviços musicais das atrações, mas não esclarecem sobre os custos com transporte, hospedagem e infraestrutura de shows. Os R$ 500 mil só como cachê na festa é o equivalente à realização de um Carnaval Antecipado no município.

Tempo de leitura: 7 minutos

A MÍDIA TEME ENTERRAR AS ALMAS

Ousarme Citoaian
Em tempos imemoriais, quando a tuberculose era doença gravíssima, bastava alguém ter uma simples tosse que logo surgia um engraçadinho, com a piada manjada: “Trate da alma, pois o corpo não tem mais jeito”. Toda a turma de aposentados da pracinha já ouviu esta bobagem – que, de uns anos para cá, me tem sido lembrada, quase sempre que a mídia noticia um sepultamento: atualmente, na visão dos nossos redatores, já não se enterram pessoas, enterram-se corpos. Como corpo e alma são entidades dicotômicas, ficamos com a impressão de que nos querem dizer que a alma do penitente não desceu à cova, mas apenas o corpo. Então, tá.

POETA FOI SEPULTADO EM JUNHO

Uma tragédia que se abateu sobre (pelo menos) duas famílias em Itabuna, no mês passado, alimentou a má construção de textos na mídia: poucos veículos deixaram de mencionar que “os corpos foram enterrados”. Mas a boa linguagem fornece muitos exemplos no sentido contrário. A Rádio Notícias deu, em 2005, a seguinte nota: “O Papa João Paulo II foi sepultado esta sexta-feira, na cripta da Basílica de São Pedro…”, o jornal Voz da Rússia noticiou que “O poeta Andrei Voznessenski (foto), que faleceu no dia 1º de junho, foi sepultado no Cemitério Novodevitchie de Moscou” – sem especificar que os enterros foram dos corpos. Nem precisava. Não se enterra a alma.

JK FOI ENTERRADO AO LADO DO AMIGO

Os exemplos são legião. Num artigo sobre personagens históricos fico sabendo que “Ciro foi sepultado em uma simples tumba de pedra”, em referência ao rei Ciro I (559-530 a. C.), do Império Persa; na Bíblia, relata-se que “Sara, Abraão, Isaque, Rebeca, Lia e Jacó foram enterrados em Hebrom, numa caverna denominada Cova de Macpela”; retornando ao Brasil, em texto do jornalista Francisco Basso Dias, Os anos JK, anoto que “JK foi enterrado ao lado do amigo Bernardo Sayão, engenheiro e principal executor da construção de Brasília” – na foto, Juscelino Kubitscheck com Fidel Castro, em 1959. Vejam que nos três exemplos menciona-se o enterro (ou sepultamento) das pessoas, não dos seus corpos.

BOBAGEM QUE JÁ FOI CONSAGRADA

Adianto-me às vozes que vão defender tal escolha: sei que o emprego de “enterrar o corpo de Fulano” (em vez de, mais simples, enterrar Fulano) está sedimentado, certamente com a ajuda daqueles que, nas redações, se limitam ao processo de repetição, decretado o fim do trabalho de pensar. Alguém escolhe uma fórmula, outros vão atrás e, quando menos se espera, a coisa está “consagrada pelo uso”. É o caso: variados meios utilizam esse incômodo “corpo”, sempre que noticiam um sepultamento. Esquecendo que a simplicidade é uma qualidade do estilo, esses novidadeiros fazem questão de dificultar o que é fácil.

TELMO PADILHA E A TRAGÉDIA DA SOLIDÃO

Se não há montanhas,
como escalá-las?
Se não há florestas,
como embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar-te de águas
e horizontes?

Sou o cantor
desta planície,
e me abismo
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.

“A MORTE, A NOITE, O NADA, O TEMPO”

Em “Itabuna” (com foto de Waldyr Gomes), acima, Telmo Padilha (1930-1997) justifica o crítico Fausto Cunha, que identifica um lado “estranhamente trágico” na produção do poeta itabunense. Esta página, bebida em O anjo apunhalado (1980), confronta o cantor com a impossibilidade do canto (como cantar as águas e os horizontes, se não há mar?). Esse sofrimento diante do imutável parece ser a essência do trágico no autor de Canto rouco. Poeta universal, Telmo Padilha (foto), ao longo de sua obra, com cerca de 35 títulos, foi fiel aos temas que inquietam o ser humano, desde que este se descobriu na terra, lembrados na crítica que lhe fez Augusto Frederico Schmidt: “a morte, a noite, o nada, o tempo” – a tragédia da vida vivida, enfim.

BOM PARA ELES, “BOM” PARA O BRASIL

Sei que vou mexer em casa de maribondos, mas devo dizer que abomino a pronúncia anglicizada “raicai” – para aquele pequeno poema japonês que o Vocabulário Ortográfico denomina haicai. Já ouvi tal pronúncia vinda de alguns intelectuais, mas sempre imaginei tratar-se de mero descuido, pois eles são obrigados a saber, mais do que eu, que o H português/brasileiro não tem e não teve jamais som de R. Logo, haicai (com H mudo) é a escolha, não importa que alguns autores, muito receptivos ao que nos vem da América do Norte (“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, dizia um ex-governador baiano), desejem “consagrar” a deplorável forma “raicai”.

O “REXA” DO BRASIL FOI ADIADO PARA 2014

Como haicai é dicionarizada, chamá-la “raicai” cria uma exceção injustificável. A não ser que passássemos a falar “rábito” (hábito), “rabitar” (habitar), “Raiti” e “raitiano” (Haiti e haitiano), e em vez de hastear a bandeira, a “rastearíamos”. Lembremo-nos de que o H seguido de outras vogais que não o A dos exemplos anteriores, formaria excrescências prosódicas interessantes: “rolístico” (em lugar de holístico), “Rélio” – para azar de Hélio Pólvora (foto), “ríbrido” (híbrido) etc. Os brasileiros passariam a sonhar com o “rexa” (novo nome para o hexacampeonato) e aquele bichinho que ri, não se sabe de quê, sairia no lucro: seria chamado “riena”, ganhando um nome apropriado.

SUMIDADE JURÍDICA DIANTE DO ESPELHO

E imagino não estar tão distante o dia em que, pela macaquice que brasileiro alimenta com a língua inglesa, será criado esse H aspirado que parece tanta falta fazer a essa gente. É que, além de “raicai”, já ouvi um douto jurista (ao menos, ele assim se vê no espelho) referir-se ao Código de “Ramurabi”, quando todo mundo que passou pela aula de História sabe tratar-se do Código de Hamurabi). Acreditem em mim: também vi um religioso judeu ser tratado em página de jornal como “habino”, em lugar do óbvio rabino. E aí já é mais grave, pois o H e o R fizeram um caminho surpreendente, de sorte que a pronúncia correta (rabino) contaminou a escrita (“habino”). E ainda mexeram com o judaísmo.

FORD, BLUES, LENDAS E FATOS

Todo mundo já ouviu por aí que William Christopher Handy (o WC Handy) inventou o gênero blues, com Saint Louis blues. São lendas que alimentam a música negra norte-americana. Pouco importa que o próprio Handy tenha feito Menphis blues dois anos antes (Saint Louis blues é de 1914), e que seu pioneirismo seja contestado por dez entre dez especialistas. Outro americano (John Ford, no filme O homem que matou o facínora) já sugeriu que quando a lenda é mais interessante do que o fato, deve-se publicar a lenda. A invenção do blues é pura lenda; fato é que WC Handy fez várias canções, mas se tivesse parado em Saint Louis blues já estaria “clássico”.

O BLUES ADOTADO “NA RAÇA”

O tema foi gravado por Besse Smith, Billy Eckstine, Armstrong, Velva Midleton, Cab Calloway, Harry James, Glenn Miller, Nat King Cole, Billie Holiday, Dave Brubeck e Ella Fitzgerald, só os poucos de quem me lembro. A brasileira Rosa Maria (foto), aquela do California dreams, também gravou St. Louis blues. A verdade é que WC Handy se tornou “Pai do blues” porque ele mesmo se apropriou do título, com o livro The father of the blues, lançado em 1941 (como o filho estava órfão, ele se adiantou com o processo de adoção). Diz a lenda que Handy, já em criança, tinha um ouvido incrível, a ponto de anotar em notas musicais o assovio dos pássaros, o apito dos barcos e o barulho das águas do rio Tennessee.

MÚSICA NASCIDA NO SOFRIMENTO

Gerado nas work songs (canções de trabalho) dos negros colhedores de algodão, o blues rima bem com tristeza. O Brasil até usava, há decênios, uma gíria americana, numa estranha forma singularizada de blues: “Fulano está blue”, dizia-se, para identificar alguém jururu, de crista baixa. St. Louis blues fala de um indivíduo solitário, esmagado pela cidadezinha, roendo saudades da mulher querida que foi embora. As que ficaram, cheias de jóias, dominadoras, arrastam seu homem por aí, pelos cordões do avental (by her apron strings), não lhe servem, é claro. Sem perspectivas, ele diz que vai fazer as malas e dar o fora. O tema é recorrente, mas, na composição de Handy (foto), se mantém vivo há 96 anos.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

BRANCO E PRETO, LIGHT E VISCERAL

O St. Louis blues já beirava os 70 anos, quando nasceu Peter Cincotti, em Nova Iorque. Hoje, o artista está com 27 (nasceu em 1983) e administra uma carreira de talentoso cantor e pianista de jazz. O fato de um artista de tão pouca idade se deixar empolgar por uma canção popular antiga é sintomático do gosto dele e da qualidade dela. O arranjo, cheio de swing, desdenha a tristeza típica do gênero, mas é justo dizer-se que Cincotti não está nada mal, para um jovem branquelo descendente de italianos. Em seguida, Nathalie Cole (com luxuosa participação “tecnológica” do próprio Handy) mostra a diferença entre cantores negros e brancos: ele é light; ela, visceral.

(O.C.)
Tempo de leitura: < 1 minuto

Uma legião de secretários municipais de Itabuna estão evitando falar ao celular. Suspeitam que a KGB da prefeitura anda a “grampear” as linhas telefônicas. Os arapongas não estão ‘ligando’ para corrupção ou desvios éticos. A grampolândia teria a finalidade, apenas, de propagar aquilo que é mais velho até que o homem, o fuxico.