—
INTELECTUAIS SÃO SENSÍVEIS A ELOGIOS
Algum escritor (ou, para ser justo na provocação, algum profissional) é insensível ao elogio? Provavelmente não, mas alguns disfarçam bem essa humana fraqueza. Parece que tudo se resolve se tratarmos o assunto com certa dignidade, sem entregar o jogo, desfazendo-se em felicidade a propósito de qualquer referência encomiástica, feito donzela pudica que se ruboriza diante de um galanteio oblíquo. Quando Machado de Assis disse, a propósito da Academia, “Esta é a glória que fica, eleva, honra e consola”, denotou certo pendor para a vaidade. Mas, anos antes, ele foi mais específico: “Amo elogios. Eles fazem bem à alma e ao corpo”.
“UM ELOGIOZINHO, PELO AMOR DE DEUS”
MÁRIO E AS SUAS “VAIDADES JUSTIFICÁVEIS”
PONTO COMUM ENTRE FUTEBOL E NOVELA
DESCONTO E ACRÉSCIMO SÃO INIMIGOS
RIQUEZA QUE VEM DAS ARQUIBANCADAS
NOME PRÓPRIO IMPOSTO PELO CARTÓRIO
SEBASTIANA NÃO É NOME DE GENTE FINA
E ASSIM TIANA FOI “PROMOVIDA” A RUTH
O episódio está bem contado no livro A história de Lula, o filho do Brasil (da jornalista Denise Paraná), mostrando como a irmã mais nova do futuro presidente da República (de nome Sebastiana e apelido Tiana), passou a se chamar Ruth (assim com TH, coisa fina, de gente classificada). O melhor dessa página de autoritarismo e desrespeito aos pobres Denise Paraná deixa por último: quando dona Lindu, a mãe de Lula e Tiana, perguntou o nome da escrivã, esta respondeu: Ruth. Mulher classificada, já se vê.
HAVIA UMA LUA BRANCA NAS PEDRAS NEGRAS
Uma lua, branca ave sem ser fria. –
Não havia dúvida nem certeza Apenas rioflor, risos de pureza.
Certamente, canção de noite e dia, Certamente uma fábula que havia. E olhos de outras águas, de lei renhida, Rosto de sofrido sol, de sombria Lua, decididamente haveria –
Vendo vidrinho sem antiga dança,
Prata da noite em superfície mansa Reinventando o mistério da vida.