Rodrigo Maia, José Carlos Aleluia e ACM Neto: forças divididas no DEM, com presidente do partido na mira dos correligionários
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O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, chamou de “fake news” qualquer afirmação de que ele poderia disputar cargo eletivo que não seja o de governador. De acordo com a nota divulgada hoje (10) pelo ex-prefeito de Salvador, esse é seu único projeto eleitoral para 2022.

“Todos sabem que o meu desejo é disputar o governo do estado. Ainda não me coloco como pré-candidato, pois o momento é de tratarmos do enfrentamento à pandemia, mas esse é o único projeto, conforme já disse publicamente em diversas ocasiões”, declarou ACM Neto.

A nota do ex-prefeito não cita o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), mas foi o parlamentar fluminense quem levantou a hipótese de Neto ser candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada pelo presidente Jair Bolsonaro, o sem partido.

O deputado aventou a possibilidade nesta segunda-feira (10), em entrevista à rádio Metrópole, e acrescentou que, nesse cenário, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), seria o candidato ao governo baiano apoiado por Bolsonaro e Neto, de quem Roma foi assessor.

Rodrigo Maia tem outra tese sobre a atuação política recente de ACM Neto. Para ele, o ex-prefeito da capital baiana articulou votos de deputados democratas para Arthur Lira (PP-AL), o favorito de Bolsonaro na eleição para a Presidência da Câmara. Maia apoiou o candidato derrotado, Baleia Rossi (MDB-SP). Neto nega que tenha mobilizado os parlamentares em torno da candidatura vitoriosa de Lira.

O coro dos descontentes do DEM também encontrou motivo para admoestar ACM Neto no campo dos Direitos Humanos. Numa reação em defesa de ideais conservadores, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ) e o ex-deputado federal José Carlos Aleluia, figura proeminente do DEM na Bahia, criticaram a criação do DEM Diversidade, formalizada por Neto em abril. Cavalcante, que é evangélico, e Aleluia disseram à Folha de S. Paulo que a iniciativa de Neto destoa da tradição do partido.

ACM Neto argumentou que a criação do DEM Diversidade atendeu a um pleito da ala jovem do partido para discutir temas como racismo, homofobia, preconceito religioso, entre outros.

Na interpretação de Sóstenes Cavalcante, ao criar o DEM Diversidade, ACM Neto fez um gesto de distanciamento de Bolsonaro no espectro ideológico. Segundo o deputado, o grupo foi criado depois que o presidente nacional do DEM liberou a bancada do partido na eleição da Mesa Diretora da Câmara.