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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

Mais de quarenta dias se passaram desde que o professor Álvaro Henrique Santos, dirigente da APLB-Sindicato em Porto Seguro foi barbaramente assassinado, num típico crime de mando. Na mesma emboscada, ficou ferido o também professor Elisnei Pereira.

Álvaro Henrique vinha liderando uma grande mobilização em defesa da categoria, numa campanha salarial acirrada, o que levanta suspeitas, não comprovadas, de que sua morte tenha ligação direta com a militância sindical.

Após sua morte, os colegas fizeram várias manifestações para exigir uma investigação rigorosa, no sentido de prender e punir os responsáveis.

Chegaram, inclusive, a encaminhar um documento ao Governo do Estado, na expectativa de que um crime tão brutal não fique impune.

Não custa nada lembrar que o atual governador da Bahia, Jaques Wagner, tem um histórico de luta e militância sindical, que lhe valeram perseguições da Ditadura Militar.

Nada mais natural, portanto, que os educadores de Porto Seguro – e por extensão de toda a Bahia – confiem na punição dos assassinos e eventuais mandantes.

Ocorre que até agora nenhuma pessoa sequer foi interrogada e as investigações parecem caminhar a passos de tartaruga.

Pior, existe um silêncio perturbador em torno do caso, que tanto pode significar que a polícia nada divulga para não atrapalhar as investigações, como revelar que não existe pista alguma e que nada avançou desde que Álvaro foi emboscado e morto, numa localidade da zona rural de Porto Seguro.

Por conta dessa indefinição no tocante às investigações, os educadores decidiram utilizar a única arma de que dispõem: a greve.

Paralisaram as atividades, para chamar e atenção e exigir providência para evitar que a morte do professor Álvaro, a exemplo de tantas e tantas outras, não caia na vala comum do esquecimento.

É preciso que o Governo do Estado, através das secretarias de Segurança Pública e de Justiça, fique atento e cobre da polícia maior eficiência das investigações.

Deixar sem solução o assassinato de um educador que perdeu a vida em defesa da categoria é um péssimo exemplo e um incentivo a novos crimes desse tipo.

É, também, uma espécie de segunda morte para o professor Álvaro, que já foi vítima da brutalidade e agora não pode ser vítima da impunidade de seus algozes.

Daniel Thame é jornalista e blogueiro

0 resposta

  1. Seria interessante também que as sindicâncias instauradas contra os antigos gestores das escolas estaduais não terminassem em pizza. Diversos desmandos foram identificados, denunciados, e até agora nada.Ao contrário, o que vemos são ex-diretores que cometeram barbaridades do ponto de vista moral, ético e administrativo sendo honrados com homenagens e cargos. Obviamente é um incentivo à corrupção e uma ofensa aos que foram prejudicados.

  2. É necessário um posicionamento JÁ da Polícia?

    Quem ganhou com as mortes de Álvaro e Elisney?

    FICA A PERGUNTA.

    De outro lado, já temos a resposta: perde a Democracia; perde a APLB; perderam os Professores de todo o Estado e em especial os de Porto Seguro (por ironia, onde “nasceu” o Brasil???), perderam as famílias; perderam as famílias dos sindicalistas.

    JUSTIÇA, URGENTE.

    EM TEMPO, PARABÉNS DANIEL.

  3. O crime não foi uma “obra prima”, os mandantes não fizeram questão de esconder muita coisa…todos sabem que foram os mandantes, mas diante dessa impunidade, dessa clara evidência de que o governo esta muito mais preocupado em proteger aliados de que solucionar o crime, faz imperar o silêncio.

    Infelizmente é a segunda morte de Álvaro que morreu porque lutou pela educação de qualidade, e não ficou apenas nos discursos de palanque…

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