ENTRE A EUFORIA E O RANGER DE DENTES
Após o previsível resultado das eleições, a mídia regional solidificou-se em dois grandes grupos: o que range os dentes e espuma de ódio e impotência diante da derrota e o que se deixa tomar pelo entusiasmo paroxístico que a vitória sugere. E os analistas – alguns com cheiros e cores claramente diletantes – se sucedem, a exarar opiniões que, muitas vezes, têm pouco a ver com a verdade e muito compromisso com a paixão. Comunicadores em geral não são isentos, mas precisam buscar a isenção. E a regra é clara: se vai escrever, deixe seu ódio no armário, atenha-se à verdade, tente (ao menos tente!) ser isento.
ESTÁ NO AR A VOZ IRACUNDA DO FASCISMO

SÉRGIO FLEURY E A TORTURA “COLETIVA”

BERLUSCONI FICARIA EM SEGUNDO LUGAR

ABORTO, PAPA, ÓDIO E SEXO DOS ANJOS
Vimos recentemente que a descriminalização do aborto tem muito a ver com o sexo dos anjos, sem querer fazer trocadilho. Ele ocupou importantes espaços da campanha eleitoral, exacerbou ânimos, gerou declarações disparatadas, virou matéria de difamação – até ser recolhido a merecido silêncio. Eis que, nos últimos dias do pleito, o papa resolveu soprar as brasas, por pouco não reavivando as chamas do ódio aparentemente apaziguado. E os dois candidatos usaram, neste caso, a “conveniência” de sempre. Eu esperava um pouco que fosse de defesa do lacaísmo, pois aqui entre nós Igreja e Estado são entidades independentes (na saborosa expressão popular, “cada macaco no seu galho”). Faltou coragem, sobrou hipocrisia.
NA ITÁLIA, O MAL ARRANCADO PELA RAIZ

AFINAL, SERIAM OS ANJOS ASSEXUADOS?

TESTEMUNHA OCULAR DO COLONIALISMO

PETROBRAS, PRÉ-SAL E A MÍDIA “NERVOSA”
O dito “testemunha ocular da história” era um instrumento de dominação ideológica dos Estados Unidos sobre o Brasil e outros 14 países do continente, onde se fazia ouvir – tido por especialistas em mídia como das mais eficazes armas utilizadas pelo imperialismo estadunidense nas Américas. Bom exemplo dessa ação é a campanha desenvolvida pelo programa nos anos cinquenta, contra a criação da Petrobras. Os mesmos especialistas comparam aquela posição do Repórter Esso com alguns veículos atuais, que se mostram “nervosos” com a anunciada atuação soberana do Estado brasileiro na exploração das novas jazidas de petróleo na camada do pré-sal. Daí se dizer que a história se repete.
HERON DOMINGUES, UMA LENDA DO RÁDIO
O Repórter Esso criou em torno de si uma aura de sentimentalismo, chegando a transformar em lenda do rádio brasileiro o locutor Heron Domingues (foto), talvez o “noticiarista” mais imitado em toda a história do rádio e da tevê no Brasil (outros apresentadores notáveis foram Gontijo Teodoro, Kalil Filho, Luiz Jatobá e Roberto Figueiredo). O programa tinha, de fato, ares de competência jornalística: nova linguagem, textos escritos especialmente para serem lidos, poder de síntese, economia de adjetivos e pontualidade – que permitia ao ouvinte acertar o relógio ao primeiro acorde da vinheta de abertura. Lançado em agosto de 1941 (na Rádio Nacional), o noticioso teve sua última edição em 31 de dezembro de 1968, na Globo.
O DIA EM QUE A EMOÇÃO VENCEU A TÉCNICA

(O.C.)