A VANTAGEM EM COMPRAR DISTANTE DA LOJA
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O jazz tratado como caso de polícia
“O livro de Billie Holiday (Lady sings the blues, da Brasiliense), lançado nos EUA em 1956, teve sua versão brasileira entre os mais vendidos de 1985, provando que o jazz é viável como negócio de livraria. Para os jazzófilos de qualquer idade, esta leitura é apaixonante e única. Afinal, a bibliografia por aqui é raríssima, discografia não existe e a ignorância dos que se dedicam ao negócio é, simplesmente, assombrosa: dia desses, mencionei a palavra jazz numa casa de discos de Itabuna, a mocinha ficou corada do dedão do pé à raiz dos cabelos e ameaçou chamar a polícia…” (Antônio Lopes – Buerarema falando para o mundo/1999).
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ENTRE PARÊNTESES
Este amor tão puro
Tenta noite e dia abrir
Teu coração duro.
EM LITERATURA, É O LEITOR QUEM DECIDE
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José Saramago, antes de ganhar o Nobel
Li A jangada… tão logo me foi possível, e fiquei zonzo: aqueles parágrafos imensos, às vezes tomando toda a página, me dificultaram o entendimento do que o autor queria dizer. Saliente-se que Saramago, naquele fim de 1986, não era o quase best-seller de hoje, Prêmio Nobel lido e aprovado até pelo festejado Harold Bloom: era pouco conhecido por aqui e digo que “estive a consultar” dois intelectuais itabunenses (de quem, compreensivelmente, omito os nomes) que de nada sabiam. No terceiro (aconteceu na fila do Banco Itaú), soube que José Saramago era “grande escritor português, um escritor verdadeiro”. Assim me falou, de passagem, Hélio Pólvora, mas este não conta, porque leu tudo (não de tudo!).
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Atenção ao som e ritmo das palavras
Mais tarde, já consagrado, Saramago ouviu de um escritor um problema idêntico ao meu, a crítica à narrativa de difícil compreensão. O autor de Caim não passou recibo, não se mostrou disposto a alterar o modelo de escritura, dizendo que seu texto devia ser lido uma segunda vez, com atenção ao som e ritmo das palavras, sugerindo até que se leia em voz alta (ou se imagine uma leitura em voz alta). Parece-me que, por aí, ele se equipara a Guimarães Rosa, cuja beleza da escrita costuma “esconder-se” ao primeiro contato, para desabrochar numa segunda (ou terceira!) visão. Fico “a imaginar” (estou hoje, reconheço, um tanto lusitano) se todo autor não merece esta homenagem da segunda leitura.
UM NAMORADO DE ROSTO “INFOTOGRAFÁVEL”
Tóquio, 1987. No palco, um Chet Baker devastado pela heroína. Ao seu lado, músicos de alta qualidade, embora os críticos não lhes reconheçam a excelência que o trompetista merecera outrora: Harold Danko (piano), Hein van de Gein (baixo) e John Engels (bateria), no show que resultou num CD duplo, com 11 faixas. Destacamos a quinta do CD 1, My funny valentine. A voz pequena e frágil de Baker teria inspirado um certo João Gilberto a fazer uma revolução no Brasil. Para mim, simples ouvinte, este solo de Chet é um emocionante momento do jazz: definhando a olhos vistos, o trompetista encontra pulmões para uma surpreendente cascata de notas. Morreu no ano seguinte, aos 58 anos. Parecia ter 80.
Resposta de 0
Chet Baker é o melhor trompetista da história do Jazz. Seguido de Miles Davis. Provavelmente, não haverá por muito tempo alguém que possa substituir os dois.
Gosto demais da ideia de ler como se estivesse “ouvindo”(é assim que leio – e releio- G. Rosa. Sinto-me próxima dos personagens!
Hábito meu: ler mais de uma vez, sobretudo se gosto do que li…Se gosto demais, aí eu perco o freio e desembesto ladeira acima…(recuso-me a dizer “ladeira-abaixo”).
Haicai: Huumm!! Creio que falta pouco para derreter o tal “duro” coração…Boa sorte!
O que já li de Saramago gostei muito ,embora tenha levado um susto no primeiro encontro.Acho compreensível…