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Professor Aldineto MirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Educar, para ele, é brincar, se divertir, pois aquilo que não toca o coração não é apreendido de verdade; no máximo, decorado pelo tempo necessário para depois ser descartado.

Ao ligar o computador e buscar as notícias do dia, me deparo com o comunicado do falecimento de Rubem Alves. No momento, eu fiquei um tanto quanto atordoado, triste, descrente… Como? Rubem Alves morreu?! É o tipo de pessoa que temos a impressão de que nunca partirá. Mas, pensando melhor, não é uma impressão, é uma verdade! Rubem Alves jamais morrerá, assim como a esperança jamais morre. E dessa forma me refiro a ele no presente, pois ele é o teólogo da esperança, o filósofo das emoções, o pedagogo do amor…
Quem é educador, e não somente professor, mas educador de verdade, compromissado com uma educação que vai além dos muros da escola, muito além de teorias e didatismos, com certeza teve o Rubem como um dos seus grandes inspiradores.
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança. Mais tarde, escreveu o livro Teologia da esperança. Parece-me que a esperança sempre o acompanhou por toda a sua vida. Ele desejava uma escola sem paredes que separassem as pessoas, um educador que ensinasse não somente a pensar, mas principalmente a sentir, a sorrir e a ver as coisas mais simples da vida.
Rubem Alves compreendeu como ninguém que a beleza está na simplicidade, e Deus emana em tudo que é simples. Não aquele deus sisudo de alguns religiosos, mas sim o que se encontra nos olhos de uma criança, e na beleza de uma flor que desabrocha…
Ah, as crianças! Rubem Alves era admirador das crianças, e desconfio que isso se devia ao fato de nunca ter deixado morrer a sua criança interior. Na verdade, educar, para ele, é brincar, se divertir, pois aquilo que não toca o coração não é apreendido de verdade; no máximo, decorado pelo tempo necessário para depois ser descartado.
Ele criou imagens maravilhosas para designar o que é ser professor, ou melhor, educador, o designando como um feiticeiro, aquele que, por meio das suas palavras, possibilita transformações e criação de realidades…
Rubem confessa em seu livro Conversas com quem gosta de ensinar: “Não sei como preparar o educador. Talvez isto não seja necessário, nem possível… É necessário acordá-lo”. Teólogo, filósofo, psicanalista, pedagogo, pai, avô, homem, criança, inspiração… Esse grande homem traz em si varias facetas, própria de um ser humano além do seu tempo, mas ao mesmo tempo, imerso nele.
Como a educação e a vida seriam melhores se ouvíssemos e seguíssemos metade do que esse grande mestre nos ensinou, a todo o momento nos alfinetando para que acordássemos e víssemos na criança ela própria e não o adulto que poderá vir a ser, para que percebêssemos a criança que há em todos nós. Ou seja, mais paixão e menos razão. Seria um tempero que deixaria a vida bem mais doce.
No pequeno comentário sobre o livro citado acima, o Rubem Alves afirma que tem medo de morrer: Morrer Rubem Alves? Não brinque conosco, seu menino traquino… Imortais nunca morrem!
Aldineto Miranda é professor do IFBA, graduado e especialista em Filosofia e mestre em Letras, Linguagens e Representações.

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