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jurema cintraJurema Cintra Barreto | falecomjurema@gmail.com

Crianças dependentes de açúcar e gordura, adultos dependentes e obesos. Os EUA são o país dos obesos mórbidos e o Brasil também está engrossando essas estatísticas.

 

Tem tempo que uma amiga querida e professora me falou sobre um documentário interessante e protelei anos para ter a curiosidade de parar e assistir realmente.  Nossaaaaa!!! Inspirada em Maísa, “Meu mundo caiu”. Nunca gostei de Mac, Bobs, Hut, Burguer King, Taco Bell, enfim, essas comidas pavorosas. Só o cheiro de fritura e óleo rançoso já me afasta de logo.

Ao saber que pessoas nos Estados Unidos estavam processando a McDonald´s por consumirem seus produtos e ficarem obesas, um diretor e sua equipe decidem fazer o  documentário Super Size Me. Em português, Tamanho Super-Jumbo ou  A Dieta do Palhaço.

Durante 30 dias, Morgan Spurlock teria de cumprir as seguintes regras:

Regra 1 – Comer suas três refeições (café, almoço e janta) exclusivamente no McDonald´s. Até água mineral, só poderia ser comprada lá;

Regra 2 – Deveria provar todo cardápio, variando entre as opções disponíveis;

Regra 3 – Sempre que o caixa, voluntariamente, oferecesse o tamanho Super Size (Tamanho Gigante) ele deveria aceitar; e

Regra 4– Não fazer exercício e ter uma vida sedentária, caminhando no máximo 3.000 passos como a maioria dos obesos norte-americanos.

supersize me
Documentário relata efeito das refeições rápidas, que estão cada vez maiores (Reprodução).

Antes do desafio, Morgan se consulta com médicos especialistas como cardiologista, gastroenterologista, clínico geral, nutricionista e realiza uma bateria imensa de exames. Enfim, sua saúde era perfeita.

Passados os primeiros 10 dias, os resultados são surpreendentes, pois fígado, função cardíaca, colesterol alto, triglicerídeos alto, hiperglicose, tudo, tudo estava comprometido. Os médicos se impressionaram com a agressividade da combinação de gordura (sanduíches e frituras) e açúcar (refrigerantes) neste pequeno espaço de tempo. É alarmante pensar que muitos norte-americanos, e até brasileiros, comem cerca de 2 ou 3 vezes na semana em fast foods!

Neste período de 30 dias, são realizadas várias entrevistas com advogados, nutricionistas, médicos, lobistas da indústria alimentícia norte-americana, gestores escolares e merendeiras. E as falas são surpreendentes. A única empresa que se recusou a falar no filme foi a própria McDonald´s.

Um dos experimentos mais interessantes foi quando Morgan apresentou 3 fotos para crianças entre 7 e 8 anos. A 1ª foto de George Washington, ex-presidente dos EUA que está na nota do dólar, uma única criança o reconheceu. A 2ª foto de JESUS CRISTO, nenhuma reconheceu, mas a imagem do palhaço Ronald McDonald´s era reconhecida imediatamente, subitamente, sem titubear, por todas as crianças e com sorrisos lindos.

Foi tema na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014 a publicidade infantil. Estima-se que uma criança nos EUA assista a cerca de 5.000 a 10.000 anúncios de alimentos por ano. É muita mensagem subliminar e mensagens diretas pesadas para os pequenos. Crianças dependentes de açúcar e gordura, adultos dependentes e obesos. Os EUA são o país dos obesos mórbidos e o Brasil também está engrossando essas estatísticas.

O filme Super Size Me está disponível no Youtube em versão dublada ou legendada. Depois de chegar ao final, nossa visão sobre alimentação em fast foods, a famigerada comida rápida de shopping center com alimentos processados, muda radicalmente. Sinto uma dor na alma quando vejo no horário do almoço crianças comendo no McDonald´s incentivadas por seus pais, servidas de porções cada dia maiores. Assistir a este filme é uma catarse que muitos e muitas precisam fazer.

Temos em nosso país uma riqueza de alimentos, verduras, legumes, frutas endêmicas e únicas como a jabuticaba, mangaba, pitomba. Temos uma agricultura familiar fortalecida a cada dia. E, assim, inovar na alimentação, experimentar os sabores e saberes culinários do Brasil e de outra culturas, valorizar alimentos frescos, orgânicos, agroecológicos não é “coisa de vegetariano chato”, é coisa de quem quer ficar vivo e ter saúde para experimentar ainda mais as maravilhas do mundo. Fast foods para que, mesmo?

Jurema Cintra é advogada e milita nas áreas previdenciária e de Direitos Humanos.

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