Tempo de leitura: 2 minutosMarco Wense
E mais: o danadinho do Nestor Cerveró era gerente de Delcídio e homem de confiança do presidente da República de plantão. É bom lembrar que foi o “Príncipe da Sociologia” que editou a lei que permitiu à Petrobras contratar sem licitação.
Não vejo outra saída para o Brasil que não seja pelo Poder Judiciário, através de sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal (STF). Diria até que é a única tábua de salvação.
O Legislativo, com suas duas Casas – o Senado da República e a Câmara Federal –, é comandado, respectivamente, por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, ambos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras.
É incrível. Um Eduardo Cunha da vida, malandro que só ele, de um cinismo inigualável, debochando de tudo e de todos, na frente de importantes decisões, como se fosse um exemplo de homem público.
O desfecho do processo de cassação do mandato de Cunha, no Conselho de Ética da Câmara, foi empurrado para 2016. Pelo andar da carruagem, com o toma-lá-dá-cá, vai terminar em uma gigantesca pizza.
Dos 61 deputados que integram a comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), um terço responde a acusações criminais no STF.
O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar os atos do vice Michel Temer. Quando no exercício da presidência, o peemedebista-mor liberou R$ 67 bilhões em créditos suplementares. Assinou decretos totalizando R$ 10,8 bilhões em liberação de gastos.
A enfraquecida e cada vez mais isolada Dilma Vana Rousseff, autoridade maior do Poder Executivo, vive sob a constante ameaça de ser afastada pela deflagração do pedido de impeachment.
Os partidos políticos e os políticos, com algumas raríssimas exceções, cada vez mais desacreditados. A imprensa, que para muitos é o quarto Poder, defende os seus próprios interesses.
Uma oposição com rabo de palha. O senador Delcídio Amaral, antes de ser petista, recebeu propina de US$ 10 milhões no governo FHC, entre 1999 e 2001. Delcídio ocupava uma diretoria no setor de Óleo e Gás da Petrobras.
E mais: o danadinho do Nestor Cerveró era gerente de Delcídio e homem de confiança do presidente da República de plantão. É bom lembrar que foi o “Príncipe da Sociologia” que editou a lei que permitiu à Petrobras contratar sem licitação.
Pois é. Qualquer semelhança entre o ex-FHC e Dilma é apenas uma mera coincidência. Eles nunca sabem de nada. Só descobrem a roubalheira depois que o cofre é arrombado.
Enfim, resta só o Poder Judiciário. E a única saída é acabar de vez com a impunidade, fortalecendo o princípio constitucional de que “todos são iguais perante a Lei”.
Ou se muda através de uma profunda e corajosa revolução na Justiça, dando um basta na já enraizada opinião de que cadeia é só para pobre, ou, então, o caos.
“Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”, diria Sérgio Marcus Rangel Porto, mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.