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daniel_thameDaniel Thame | danielthame@gmail.com

 

Atlético Paranaense x Coritiba pelo Youtube pode ter sido a Sierra Maestra da libertação dos clubes. Ou pode ter sido apenas um daqueles momentos que, embora históricos se perdem nos desvãos da História, porque nascem e morrem como uma intenção que não se transformou em ação efetiva e continuada.

 

Coritiba e Atlético Paranaense protagonizaram um jogo histórico na quarta-feira. Não pela qualidade do futebol, que futebol de qualidade é artigo raro nos campos brasileiros, mas pelo fato de que, pela primeira vez, um dos mais tradicionais clássicos do país não teve transmissão por uma emissora de tevê, aberta ou fechada, mas pelo Youtube, o canal de vídeos do cada vez mais onipresente Google.

O resultado, 2×0 para o Atlético, é o que menos importa, já que o Campeonato Paranaense, a exemplo dos demais estaduais, perdeu qualquer relevância.

O verdadeiro significado deste já histórico embate é que os clubes brasileiros podem estar dando o primeiro passo para se livrar das amarras das federações, verdadeiras sanguessugas e não raro antro das mais deslavadas negociatas, e da Rede Globo, emissora que detém os direitos de transmissão e praticamente monopoliza o futebol, dos jogos da Seleção Brasileira ao torneiozinho mais chinfrim.

É a Rede Globo quem determina quanto vai pagar aos clubes, os horários dos jogos e as partidas que vai transmitir, tudo de acordo com a sua grade de programação. O que implica, por exemplo, em jogos de meio de semana no obsceno horário das 22 horas, impraticável num país onde o transporte público funciona mal e a violência faz com que, à noite, não apenas todos os gatos sejam pardos, como também todo torcedor/cidadão seja uma vítima em potencial.

Ressalte-se que a Rede Globo está no direito de pagar quanto acha que deve pagar (e as vezes paga muito por um futebol de quinta categoria, vide o medonho Brusque 0x0 Corinthians na quarta-feira, pela Copa do Brasil) e transmite (ou não transmite) o que acha conveniente, ainda que num sábado de Carnaval, opte por transmitir Fluminense 0x0 Madureira (outro show de horror), privando o torcedor de assistir ao Flamengo x Vasco, com futebol igualmente horrendo, mas com muito mais apelo.

Posto que a Globo pode pagar o que quer e transmitir o que quer, desde que os clubes aceitem e assinem os contratos de transmissão. Aos que não aceitam buscar outros caminhos, cabe romper o status quo que impera desde que a bola é redonda.

E é ai que está a importância histórica do Atletiba. O jogo, segundo os dois clubes que o transmitiram em seus canais no Youtube, atraiu cerca de 3 milhões de pessoas.

Imagine-se o potencial de um Palmeiras x Corinthians, São Paulo x Corinthians, Flamengo x Vasco, Cruzeiro x Atlético Mineiro, Inter x Grêmio, Bahia x Vitória.

Os próprios clubes poderão negociar cotas de patrocínio, placas publicitárias nos estádios e uma infinidade de possibilidades de arrecadação que a internet, acessada do celular ao aparelho de tevê, permite. Isso sem as amarras e as intermediações das federações e sem as imposições de horário e de tabela das tevês.

É um longo e difícil caminho, mas é também uma revolução.

E como todo caminho longo e difícil, como toda revolução, exige perseverança, união, luta, paciência e resistência a forças poderosas.

Atlético Paranaense x Coritiba pelo Youtube pode ter sido a Sierra Maestra da libertação dos clubes. Ou pode ter sido apenas um daqueles momentos que, embora históricos se perdem nos desvãos da História, porque nascem e morrem como uma intenção que não se transformou em ação efetiva e continuada.

Cabe aos clubes brasileiros, com o caminho foi sinalizado e o primeiro passo dado, decidir se querem seguir em frente ou se contentar com um bolo que é dividido de forma desigual e em que a maioria tem que se contentar apenas com migalhas.

Recorramos a um simbolismo, esse sim inegavelmente Histórico: de Sierra Maestra a La Habana não é fácil, mas `si, se puede`.

Daniel Thame é jornalista e edita o Blog do Thame.

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Wenceslau aponta boicote de evangélicos ao PCdoB.
Wenceslau: boicote de evangélicos.

Wenceslau Júnior, ex-vice-prefeito de Itabuna, acusou a banda evangélica do Governo Vane, que comandava cargos de primeiro e segundo escalões, de ter boicotado o PCdoB. “Algumas coisas que poderiam ser construídas a quatro mãos deixaram de ser feitas [por causa do boicote]“, explica.

O vice-prefeito também era secretário de Planejamento do governo. Ao contrário do dito pelo prefeito em entrevistas, Wenceslau reafirma que o governo era dividido. “Foi um governo com muita tensão interna”.

As revelações foram feitas em entrevista publicada na edição de final de semana do Diário Bahia. O ex-vice-prefeito também fala de ações do seu partido no governo e projetos tocados pela pasta que ele comandou. Confira a íntegra.

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Agência foi inaugurada em prédio onde hoje o Sindicato Rural (Arquivo José Nazal).
Agência foi inaugurada em prédio onde hoje o Sindicato Rural (Arquivo José Nazal).
Nazal aponta deslize do BB.
Nazal aponta deslize do BB.

O correntista que se dirige à agência do Banco do Brasil na Marquês de Paranaguá, em Ilhéus, depara-se, em alguns momentos, com moradores de rua dormindo na área de autoatendimento, no térreo. O desleixo que caracteriza a agência também é notado pelo esquecimento de um fato histórico. Na última quarta (1º), a agência completou 100 anos. A data passou em branco.

Quem faz a recuperação histórica é o memorialista e fotógrafo José Nazal. A agência foi inaugurada em 1º de março de 1917, a 19ª instalada no País. Antiga capitania hereditária e uma potência econômica nacional à época, observa Nazal, o município ganhou agência antes mesmo que algumas capitais brasileiras.

“Conta a lenda que o maior depositante em dinheiro foi Coronel Misael Tavares, que fez um depósito de 2.300 contos de réis, uma fortuna para a época”, diz Nazal, que também é vice-prefeito e secretário de Planejamento de Ilhéus.  Ainda de acordo com o levantamento feito por Nazal, “o segundo maior depositante foi o Coronel José Gomes do Amaral Pacheco, que depositou 70 contos de réis”.

Para Nazal, o centenário da agência ilheense não ser lembrado pela própria instituição constitui-se “total desrespeito a nossa história, sequer fez uma singela comemoração”. O vice-prefeito, secretário e memorialista espera que o banco repare o erro histórico e, embora com atraso, faça a homenagem.

A agência foi inaugurada no prédio onde hoje funciona a sede do Sindicato Rural de Ilhéus, a poucos metros da agência atual, no centro histórico.