Daniel Thame | danielthame@gmail.com
A Seleção Brasileira pratica, indiscutivelmente, o melhor futebol da América.
Classificou-se para a Copa da Rússia com quatro rodadas de antecedência e vem de inéditas 8 vitórias nas Eliminatórias, uma trajetória mágica que incluiu shows de bola contra Argentina (3×0), Uruguai (4×1) e Paraguai (3×0).
Mais do que os resultados expressivos, vem jogando um futebol que resgatou a paixão pela Seleção, fazendo inclusive com que o exigente torcedor paulista (de vaias memoráveis e atitudes incivilizadas como atirar bandeiras do Brasil no gramado do Morumbi num jogo horrendo contra a Colômbia), se rendesse ao time de Neymar e Cia.
Ao time de `seu` Adenor, mais conhecido como Tite.
O que se viu na Arena Corinthians foi uma verdadeira lua de mel entre time e torcida, com direito a um “olê, olê, olê, Tite, Tite…” no final do jogo.
Consagrador.
O Brasil voltou o ser o Rei da América.
Ponto.
Parágrafo.
Como quase tudo nesse paraíso tropical bipolar (há controvérsias quanto ao paraíso) vai-se do inferno ao céu e vice-versa num piscar de olhos.
A Seleção, com praticamente os mesmos jogadores, era um quase-Ibis há menos de um ano atrás. Agora é o suprassumo do suprassumo do mundo da bola.
A maravilha da galáxia.
Neymar que era um craque mascarado e individualista, que pipocava na Seleção, agora já é melhor do que Messi e Cristiano Ronaldo juntos, um quase-Pelé.
E por aí vai…
Galvão Bueno puxa o coro da louvação, seguido pelos colegas da imprensa, numa unanimidade em que se ouvem poucas vozes sensatas.
E é preciso mesmo um pouco se sensatez.
Se é verdade que Tite fez da Seleção uma equipe respeitada, que pratica um futebol de primeiro nível, transformou Neymar num craque que joga para o time, letal e as vezes genial, não é menos verdade que a conquista do mundo em 2018 não é algo líquido e certo, como se a gente fosse lá pra Russia, tomasse umas vodcas, dançasse umas balalaicas na praça Vermelha, comprasse umas matrioskas pra agradar as filhas e a patroa, pegasse a taça e voltasse pra casa.
Seria ótimo se fosse assim, mas não é.
Falta combinar com os russos, como diria o saudoso Mané Garrincha. Agora literalmente.
O time está bem, Neymar joga cada dia melhor, Casemiro, Paulinho e Phillipe Coutinho tem se revelado gratas surpresas, mas é preciso manter o foco, saber que tem que evoluir sempre e não cair na tentação do `já ganhou`.
A história está repleta – e Tite sabe disso- de times e seleções que ganharam de véspera e na hora na oncinha beber água ficaram de bico seco.
Ou engoliram um 7×1 ainda não devidamente digerido.
Portanto, é de bom alvitre deixar a torcida e a mídia com os pés nas alturas e manter as chuteiras com pés no chão.
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É PÊNALTI – A FIFA e seu espírito de Máfia. A punição a Lionel Messi é absolutamente desproporcional e pode custar a vaga da Argentina na Copa. Verdadeira vinditta contra Maradona e sua coragem de denunciar os ´santinhos` da entidade.
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É GOL – Tite para Presidente? Então tá! E Neymar, seria o quê? Ministro da Fazenda ou superintendente da Receita Federal?
Fora Temer (ops!), quem mais se candidata?
Daniel Thame é jornalista e editor do Blog do Thame.