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Mulheres em Domínio Público lançam primeiro EP, que tem participações especiais

Releituras de cantigas entoadas por lavadeiras, trabalhadoras e trabalhadores das lavouras sul-baianas são a primeira investida da banda Mulheres em Domínio Público, que lança, hoje (10), o seu primeiro EP, Sindô lê lê. As músicas estarão disponíveis em plataformas digitais como iTunes, Spotify, Deezer, Google Play, entre outras. O videoclipe da faixa-título, gravado na icônica Fazenda Yrerê, em Ilhéus, também será lançado no YouTube.

O grupo de Ilhéus se dedica a experimentações sonoras dando seu olhar sobre músicas de domínio público. Neste primeiro trabalho, faz uma homenagem ao cancioneiro regional, conferindo um toque de contemporaneidade, com roupagem musical rica em diversidade de ritmos.

O nome da banda faz jus tanto à proposta do grupo quanto à presença feminina nos vocais, compostos por Cris Passos, Geisa Pena, Ingrid Luíse e Tacila Mendes. Quatro músicos atuantes na cena musical da região e unidos por interesse em pesquisas sonoras dessa natureza participam do EP – Marcelo Santana (guitarra), Danilo Ornelas (baixo), Lula Soares Lopes (bateria) e Igor Péca (Percussão). O EP também conta com participação do músico Cabeça Isidoro.

“Nosso primeiro EP chega em um momento em que o sul da Bahia se reinventa com outro olhar sobre o cacau, agora também produzindo e exportando seu próprio chocolate. Então, para a gente, este álbum é como um chocolate de origem bean-to-bar: são cantigas que saem das lavouras e ganham o nosso olhar, transformando-se nas releituras que estão em ‘Sindô lê lê”.

Este primeiro registro do grupo conta com a participação da atriz, cantadeira e ex-lavadeira Valderez Teixeira, que marca presença desde o início do projeto, relembrando as cantigas que cantava durante a lavagem de roupa, ofício que exerceu por décadas no rio Cachoeira, região do Salobrinho, em Ilhéus. Dona de uma poderosa voz e interpretação genuína de uma mestre do saber, Valderez também já participou de novelas e filmes, o que já lhe rendeu um troféu Candango, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2005.

O EP tem direção musical de Marcelo Santana, preparação vocal do regente Antônio Melo, direção artística de Erika Ocké e foi gravado no estúdio da Universidade Estadual de Santa Cruz, captado, editado e mixado pela Canoa Sonora e masterizado pelo estúdio Allegro Andante. A ilustração da capa é assinada por Ayam U’Brais. Começa e termina com a voz marcante de Valderez, tal como ela cantava na beira do rio, e segue permeando as seis músicas que compõem o registro, algumas denominadas pelo grupo: Lavador, Lavadeira, Laranjeira, Iaiá, Cacau é boa lavra e Sindô lê lê – com trecho de Mandei caiar meu sobrado.

Sindô lê lê é parte do repertório do espetáculo “Em cantos da terra de Jorge”- que ganhou o edital Calendário das Artes, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) em 2011, quando a banda foi criada. O espetáculo já abriu shows de nomes como Caetano Veloso e Raymundo Sodré, em Ilhéus. O EP se configura como um projeto musical pioneiro de registro dessas canções, buscando homenagear o povo que construiu a região, sendo muitos migrantes que também trouxeram suas cantigas de outros estados brasileiros. Além de preservar, ao mesmo tempo as Mulheres em Domínio Público traz outro olhar sobre esse cancioneiro singular. Saiba mais em facebook.com/MulheresemDominioPublico ou Instagram @ mulheresemdominiopublico

0 resposta

  1. Trabalho feito durante muitos anos pelo coral Cantores do Orfeu, criado e dirigido pela professsora e musicista Zélia Lessa. Vale a pena lembrar.
    Nem todo mundo é obrigado a entender o que é “EP”. Principalmente se não for da “panela”.

  2. Que notícia bacana para nós artistas da Região Cacaueira. Parabéns ao grupo pela bela iniciativa. Estamos tão carentes de boas artes, que esta com certeza, será um brinde e um resgate para os apreciadores das nossas belas canções das lavadeiras de roupas e das trabalhadoras das roças do cacau. Desejo sucesso! Que outros belos resgates sejam bem vindos.
    Walmir do Carmo
    Poeta e Ator/.

  3. Jorge, quando se faz alguma divulgação sobre qualquer assunto, realmente ninguém é obrigado a entender determinadas siglas. Para isto, seria bom que os da “Panela” que eu chamaria do Meio Musical, traduzissem o significado para que os leigos também ficassem por dentro.
    Assim sendo, com meus mínimos conhecimentos digo:
    EP – (EXTENDED PLAY)tradução ao pé da letra: Jogo Prolongado. EP é uma gravação em vinil ou CD; é longa para ser considerada um compacto e muito curta para ser classificada como Álbum. EP tem entre quatro e oito faixas e duração de 15 a 35 minutos.
    Quem não é da “panela”, ou melhor, do Meio Musical, agora tem uma noção.
    Parabéns, muitos parabéns à maestrina Zélia Lessa que é a pioneira nestes resgates e quem é do meio artístico sabe muito bem.

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