Universidade investiga casos de pessoas infectadas mais de uma vez
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Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) investigam o caso de uma técnica de enfermagem que, em maio, apresentou os sintomas da Covid-19 (quadro de cefaleia mais intensa que habitual que evoluiu para mal-estar, fraqueza muscular, sensação febril, leve dor de garganta e congestão nasal), desaparecidos em 10 dias.

Na época foi realizado um primeiro exame de RT-PCR (exame laboratorial que identifica moléculas do vírus), com material colhido no nariz e na garganta, e o resultado foi negativo. Mas como os sintomas persistiram, repetiram o exame no nono dia, confirmando, então, a presença do novo coronavírus. No décimo dia, os sintomas desapareceram.

Entretanto, 38 dias depois, 27 de junho, a paciente voltou a apresentar mal-estar, mialgia, cefaleia intensa, fadiga, fraqueza, sensação febril, dor de garganta, perda do olfato e diminuição do paladar, diarreia e tosse. Submetida a novo RT-PCR para o vírus SARS-CoV-2, o resultado foi positivo. Nos dois momentos a paciente evoluiu bem, não precisou de internação hospitalar.

DIAGNÓSTICO

Segundo o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, o diagnóstico da Covid-19 é baseado em três pilares: sintomas clínicos, exames laboratoriais e epidemiologia (contato com outros infectados), todos afirmativos nesse caso.

“Ao que tudo indica, inclusive o exame sorológico, é que a paciente não desenvolveu anticorpos suficientes quando testou positivo em maio”, analisa o professor, que alerta tratar-se de um caso muito raro. Bellissimo afirma que será necessária uma investigação mais profunda para entender como a imunidade se comporta, o que pode contribuir até para o desenvolvimento das vacinas.

A possibilidade de que um ou mais dos exames virológicos e sorológicos tenham apresentado resultado falso-positivo também foi aventada. “Parece muito remota, dada a conjunção das evidências. Mas essa constatação traz implicações clínicas e epidemiológicas que precisam ser analisadas com cuidado pelas autoridades em saúde. Esse caso, por exemplo, foi notificado à Vigilância Epidemiológica Municipal, que repassou ao Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado”, informa o professor.

Para o professor Afonso Diniz Costa Passos, da FMRP e coordenador do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas da FMRP, essa é uma doença muito recente e nova, com aprendizado muito lento. “No plano teórico tudo é possível, mas devemos lembrar que a possibilidade dessa ocorrência é extremamente rara, ou teríamos um quadro diferente dessa pandemia no mundo, portanto, não devemos de maneira nenhuma colocar pânico nas pessoas.”

Passos ainda enfatiza que, em epidemiologia, não se produz certezas, “com bons estudos se produz evidências, como a que aconteceu no HC-FMRP”.

MAIS CASOS EM SÃO PAULO

Pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP, na capital paulista, também estão investigando dois casos de pessoas diagnosticadas há alguns meses com covid-19 e que agora, ao terem novos sintomas leves associados à doença, foram surpreendidas com o resultado positivo para SARS-CoV-2 ao fazerem um novo teste RT-PCR .

A professora Anna Sara Shafferman Levin, da FMUSP, explica que a certeza sobre o que está acontecendo virá somente após uma investigação detalhada por meio de sequenciamento do material genético dos pacientes e da cultura em laboratório das amostras do vírus, além de testes que possam detectar a presença de outros agentes infecciosos.

Ela destaca também que é preciso acalmar a população, pois geralmente os casos relatados apresentam sintomas leves e ainda não há evidências de que essas pessoas possam ser transmissoras da doença ou que haja algum problema com a imunidade delas. Com informações do Jornal das USP.

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