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As pesquisas estão aí, realizadas a cada semana para mostrar a força de cada grupo, de cada candidatura, mas continuam guardadas a sete chaves, longe das vistas de curiosos sob pena de fazer ruir os castelos de areia ameaçados pelas fortes ondas da maré cheia que avança pelas praias ilheenses.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

A eleição presidencial de 2018 foi rica em ensinamentos e quem buscou o aprendizado agora nada de braçadas na eleição municipal neste ano de 2020, em que a pandemia tratou de mudar, ainda mais, o comportamento e costumes da sociedade. Os novos, ou diferentes, trataram de ocupar seus espaços e fizeram com maestria, falando a verdade, olho no olho, sem ter o que esconder da população.

E assim está sendo por todo esse imenso Brasil, exceto em algumas cidades, que embora não seja tão insignificativo que não merece um estudo maior, devido a diferenças paroquiais atávicas. No sul da Bahia uma cidade me chama a atenção: a tradicional Ilhéus, que volta e meia chuta o pau da barraca, dá um freio de arrumação e desbanca a velha e coronelista política.

O que acontece em Ilhéus é por demais importante para a sucessão no estado da Bahia, haja vista as duas forças políticas postas como as preferidas do eleitorado baiano. Uma, a liderada pelo governador petista Rui Costa e, do outro lado, aparece o prefeito de Salvador, ACM Neto, considerado o melhor prefeito de capital conforme apresenta todos os institutos de pesquisa.

Mas o que tem ACM Neto a ver com a escolha do futuro prefeito de Ilhéus? Tudo, digo eu, e explico. Conforme deixou claro, o melhor prefeito do Brasil pretende influir no pleito de 15 de outubro em vários municípios e Ilhéus se tornou a preferida. E o seu candidato é o empresário Valderico Junior, que desponta no tabuleiro político como o representante da verdadeira mudança.

Com a vitória do candidato de ACM Neto em Ilhéus, o prefeito e provável futuro candidato a governador, conforme mostram as pesquisas, pavimenta uma enorme avenida em direção ao palácio de Ondina. Por outro, faz vestir os pijamas listrados da aposentadoria política muitos adversários, a exemplo de Jabes Ribeiro, a deputada Ângela Sousa, Cacá Colchões, que abandonou o voo solo, e Ednei Mendonça, há anos liderando o petismo.

O que Valderico Junior apresenta de novo para que represente esse desejo de mudança da população? A esperança dos que ano após ano votam nos mesmos, com as velhas promessas e as conhecidas desculpas. Pouco ou nada fazem, embora pretendam se manter por décadas a fio no poder. Perderam a noção de tempo e do espaço e ainda se julgam os coronéis, chefes de jagunços armados de parabéluns e repetições.

As armas para a guerra eleitoral de hoje são outras, bem diferentes daquelas que vomitavam chumbo e terror. São simples smartfones, carregados de máquina fotográfica, filmadora, gravador, dentre outros aplicativos que fazem uma notícia correr o mundo com um simples clique no facebook, instagram, twitter. E causam um terror maior do que uma bomba atômica por mostrar, em tempo real, as mentiras, a corrupção, a falta de compromisso.

E foi com um aparelhinho desses que esses dias recebi imagens de alguns representantes da velha políticas serem enxotados de um dos morros ilheense sob protestos, estrepitosas vaias e palavras de ordem. Os velhos coronéis perderam o comando, o povo não mais se entusiasma com a retórica ultrapassada, os discursos rococós repetidos com exaustão a cada período eleitoral, para nunca serem cumpridos.

Se analisarmos bem, muitos são os candidatos que se apresentam em Ilhéus. Alguns são mais dos mesmos, outros representam segmentos fechados e um deles aparece desafiando o atavismo político. De início não acreditaram, apenas e tão somente por não ter pertencido aos seus grupos, ter vindo da mesma escola da enganação e da visão caolha da gestão pública.

Se enganaram redondamente e a luz vermelha acendeu com tanta intensidade, que a luminosidade chegou a Salvador, subiu ao palácio de Ondina atrapalhando os planos políticos de Rui Costa no sul da Bahia. No grupo aliado do governador, liderado pelo senador Otto Alencar, o crescimento de Valderico Junior caiu como um tsunami na estratégia de manter o poder por mais quatro anos no Palácio da Conquista.

Mas o que tem esse garoto que por muitos anos comandou a música que sempre trouxe alegria para o ilheense do morro e do asfalto a preocupar os poderosos da política de Ilhéus e Salvador? Para os que ainda não sabem, ele fala a mesma linguagem do povo, mostra com simplicidade o que poderá fazer para diminuir as diferenças econômicas e sociais, uma receita simples quando honesta nos propósitos.

As pesquisas estão aí, realizadas a cada semana para mostrar a força de cada grupo, de cada candidatura, mas continuam guardadas a sete chaves, longe das vistas de curiosos sob pena de fazer ruir os castelos de areia ameaçados pelas fortes ondas da maré cheia que avança pelas praias ilheenses. Como diz a sabedoria popular, as velhas raposas já não amedrontam como antes e nem mesmo convencem.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Uma resposta

  1. Chamar candidato do DEM do grampinho acm neto (o mesmo que abasteceu durante 8 anos os cofres da rede bahia e a fundação fajuta comandada pela sua própria mãe) de alguma novidade, cá pra todos nós, deve ser delírio desse escriba saudoso do finado toninho malvadeza. Acorda, meu caro, seu tempo de delirante passou!

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