Tempo de leitura: 3 minutosEx-morador da zona rural de Ibicaraí, no sul da Bahia, Zilton Lemos Oliveira, de 83 anos, realizou o sonho de entrar para o seleto grupo de brasileiros que conseguiram concluir o ensino superior. Bacharel em Agronomia, Zilton está entre os octogenários que concluíram o nível superior no passado.
Ele recorda-se das batalhas diárias vencidas para criar os irmãos. “Se for pensar nas pontas de facas nas quais eu já dei murro, posso me ajoelhar, levantar as mãos para o céu e agradecer, porque sou um iluminado. Vim de família pobre, nasci na roça e meus pais eram analfabetos”, conta.
Zilton Lemos relata que o pai foi embora e deixou a mãe dele não deu nenhum de seus filhos. “Criei cinco irmãos. Foi dureza. Sou arrimo de família. Então, não podia ir embora. Com 16 anos, queria fazer outras coisas, mas não tinha como”. Ele é um dos quatro participantes do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2019 com mais de 79 anos de idade.
SAPATEIRO
Zilton Lemos saiu de Ibicaraí aos 27 anos para Salvador, com o objetivo de seguir estudando. O então sapateiro não imaginava que, ao deixar o município onde nasceu, se tornaria um dos 13.685 alunos de agronomia que realizaram o Enade 2019, mais recente edição da avaliação aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ao todo, 1.225 instituições de ensino participaram do exame. A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde Zilton se formou aos 83 anos, é uma das 186 instituições públicas participantes.
Além de Zilton, outros três estudantes octogenários completaram a graduação e realizaram o Enade 2019. Um deles, assim como o baiano, tornou-se bacharel em agronomia. Engenharia civil e gestão ambiental são os cursos dos demais concluintes da educação superior com mais de 80 anos. De acordo com o Ministério da Educação, 95,8% (373.321) dos 391.863 participantes do Enade 2019 têm a metade ou menos da idade de Zilton Lemos.
“Nunca encontrei nada fácil na minha vida. Levei muito tempo fora, mas eu nunca abandonei os livros. Sempre fui amante deles, me espelhei na vida dos grandes homens e nas grandes capacidades. Essa foi a base”, afirmou Zilton.
PRESTOU VESTIBULAR AOS 75 ANOS
Após deixar o interior da Bahia e se tornar soteropolitano por opção, Zilton seguiu para São Paulo (SP), onde viveu até 1990. Na capital paulista, trabalhou em diversas empresas, na área de contabilidade. No entanto, assim como o conserto de sapatos, a rotina contábil não foi uma escolha tão natural como seriam as Forças Armadas e, depois, a medicina, com as quais Zilton sonhou desde a adolescência. No início da década de 1990, Zilton escolheu viver em São Luís do Maranhão, onde prestou vestibular aos 75 anos. O sonho de voltar aos estudos, porém, foi interrompido por um infarto. Conheça mais sobre a história de seu Zilton Lemos em leia mais.
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