Bolsonaro diz que passaporte da vacina é forma de discriminação
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A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) emitiu nota de repúdio à declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra o chamado passaporte da vacina. Na quinta-feira (30), em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro disse que a exigência do comprovante de vacinação contra covid-19 para acessar determinados lugares é uma forma de discriminação e de suprimir a liberdade das pessoas.

“O preço que o país vem pagando pelas falas e ações do chefe do Poder Executivo federal é imensurável e atinge toda a população brasileira, das mais diversas formas possíveis”, diz trecho da nota de repúdio divulgada nesta sexta-feira (1º).

Cerca de 10% dos municípios brasileiros adotaram regras sanitárias – que incluem da exigência da vacinação – para permitir o acesso a espaços públicos ou frequentados por muitas pessoas, informa a CNM.

Assinado pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o texto lembra que a vacinação não é obrigatória no Brasil, mas alerta sobre a importância da adoção de medidas que protejam a saúde coletiva. Leia a íntegra.

Nota de repúdio da CNM acerca de declarações do presidente da República

Liderado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), o movimento municipalista repudia veementemente fala do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a adoção do chamado passaporte da vacina por Municípios. O preço que o país vem pagando pelas falas e ações do chefe do Poder Executivo federal é imensurável, e atinge toda a população brasileira, das mais diversas formas possíveis.

Na contramão do governo federal, os Municípios vêm realizando diversas ações de conscientização da população sobre a importância da vacinação e de medidas não-farmacológicas para vencer a pandemia e, consequentemente, possibilitar o mais rapidamente possível a retomada do desenvolvimento social e econômico do país. Pesquisas da CNM mostram que o uso de máscara em ambientes públicos é obrigatório em 96% dos Municípios. Na mesma trajetória responsável e cidadã, prefeitos e prefeitas têm adotado o passaporte da vacinação como medida sanitária de cuidado coletivo com o objetivo de garantir o maior número de cobertura vacinal de seus munícipes, assim como das pessoas que acessam as cidades, e a consequente redução na circulação do vírus.

Nós não temos vacinação forçada no Brasil. O cidadão tem a liberdade de não vacinar. Isso não significa que não se traga a ele consequências dessa decisão, pois se trata de uma questão de saúde pública coletiva. E foi isso que a Lei Federal 13.970/2020 e o Supremo Tribunal Federal (STF) definiram quando estabeleceram algumas premissas importantes para essa medida: que ela seja acompanhada de ampla divulgação, preservada a dignidade e os direitos fundamentais das pessoas, que sejam adotados critérios de razoabilidade e proporcionalidade e que essas vacinas sejam distribuídas de forma universal e gratuita. E isso vem sendo realizado com responsabilidade e primazia pelos Entes locais.

É dever do Estado garantir a saúde a partir da formulação e da execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos. Importante destacar, ainda, boletim da Fiocruz publicado nesta sexta-feira, 1 de outubro, que aponta o passaporte da vacina como uma importante estratégia para estimular e ampliar a vacinação no Brasil e afirma que “a proteção de uns depende da proteção de outros e de que não haverá saúde para alguns se não houver saúde para todos”.

Diante de 600 mil mortos e milhares de famílias impactadas, não há espaço para polemizar novamente uma medida de saúde pública adotada não apenas no Brasil como em muitos outros países. Cerca de 10% dos Municípios brasileiros já adotaram essa medida, e a Confederação Nacional de Municípios apoia e incentiva a adoção do passaporte da vacina pelos demais Entes locais. É preciso de uma vez por todas vencer a pandemia e a falta de responsabilidade daquele que deveria liderar a nação nesse caminho.

Paulo Ziulkoski

Presidente da CNM

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