Para Layala Vaz, crise do transporte é tratada com "descaso"
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O Movimento pelo transporte público que merecemos reúne representantes de comunidades de Ilhéus prejudicadas pela falta de ônibus. “Maria Jape, Japu, Nova Vitória, São José, Valão, Repartimento, Rio de Engenho, Acuípe…”, lista a agricultora Ailana Reis, do Projeto de Assentamento Nova Vitória, em conversa com o PIMENTA. Ela também faz parte do coletivo.

Quando a pandemia de Covid-19 já era uma realidade no Brasil, em março de 2020, o prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), seguindo recomendação de órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS), adotou medidas para restringir a circulação de pessoas. A suspensão do transporte coletivo foi uma delas. O serviço voltou a funcionar em setembro de 2020, mas em condições piores do que as de antes do aparecimento do novo coronavírus, especialmente na zona rural.

O Projeto de Assentamento Nova Vitória fica a três quilômetros da BA-262, a Ilhéus-Uruçuca, na altura do quilômetro 13. Segundo Ailana, antes da pandemia, a comunidade dispunha de cinco horários da linha de ônibus para a sede do município. “Agora, a gente só tem os horários de 6h e 12h, retornando”.

A agricultora explica que a retomada do ônibus das 17h50min, do Centro para o PA, já resolveria a maior parte do problema. “Porque você pode sair de manhã ou meio-dia e voltar de tarde. Esse seria o ideal. Outra opção seria o ônibus de São José, que sai 16h40min do Terminal, passasse pelo Nova Vitória, é a linha 22″.

A realidade do PA Nova Vitória, continua Ailana Reis, é a mesma de outras comunidades. Ela citou o caso de dona Antônia Oliveira, pequena agricultora do Assentamento Fábio Henrique Cerqueira, no Repartimento.

Ônibus deslizou em lamaçal na estrada de Sapucaeira, em julho passado

Segundo Ailana, Antônia é idosa e caminha 8 quilômetros para pegar o ônibus em Areia Branca. “Se der uma chuvinha, o ônibus não entra. Ela parou de criar bichos, porco, galinha, porque não tá mais conseguindo carregar saco de ração na cabeça”, disse, apontando as dificuldades causadas, também, pelas más condições das estradas rurais.

PARA LAYALA VAZ, CRISE DO TRANSPORTE É TRATADA COM “DESCASO”

A presidente da Associação de Moradores de Maria Jape, Layala Vaz dos Santos Antonello, também faz parte do Movimento pelo transporte público que merecemos e falou ao PIMENTA sobre os impactos da falta de ônibus na comunidade, que tem cerca de150 famílias e fica a 14 quilômetros da BR-415, com acesso via Banco da Vitória.

A demanda imediata dos moradores de Maria Jape também é a retomada dos horários de ônibus anteriores ao início da pandemia. Assim como no PA Nova Vitória, o serviço não funciona aos domingos e feriados e, durante a semana, o último horário da linha Terminal Urbano-Maria Jape é às 13h30min.

Layala disse que já perdeu a conta das vezes em que se reuniu com representantes da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Ilhéus e ouviu que o problema do transporte seria resolvido logo.

“Essa história já vem desde março. A gente já está num processo de esgotamento total.  A gente percebe o total descaso do poder público. As empresas estão fazendo o que bem entendem e o município tá omisso. Não tá nem aí”, disse a líder comunitária.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE ILHÉUS

Valci Serpa: município vai contratar terceira empresa

O PIMENTA ouviu o superintendente de Transporte, Trânsito e Mobilidade de Ilhéus, Valci Serpa, sobre os problemas apontados pelas lideranças comunitárias. Segundo ele, 90% das comunidades rurais de Ilhéus já dispõem de ônibus aos domingos e feriados.

No caso de Maria Jape, o ônibus que sai do Terminal Urbano para a comunidade às 17h50min voltou a rodar nesta segunda-feira (5), conforme o superintendente, que ficou de buscar informações sobre as linhas que atendem os moradores do PA Nova Vitória.

De acordo com Valci Serpa, a resolução definitiva dos problemas do transporte coletivo de Ilhéus depende da contratação de uma terceira concessionária do serviço municipal.

A Viametro, explica o gestor, manifestou interesse de não operar mais as suas linhas na zona rural, restringindo sua atuação à sede do município. Quando a terceira empresa for contratada, ela atenderá as comunidades rurais junto com a São Miguel, enquanto a Viametro cobrirá lacunas atuais do serviço na área urbana.

No entanto, a Prefeitura de Ilhéus ainda não definiu a data para o início da operação da terceira empresa, o que depende da superação de questões jurídicas, segundo Serpa. Também não há prazo para que o martelo da contratação seja batido. Atualizado às 12h29min de 06/09/2022.

Uma resposta

  1. Boa noite eu moro no bairro do Jóia do Atlântico o último ônibus que sai do terminal urbano passando por essa localidade é 17:30 que faz a linha Ponta do Ramo mas tem pessoas que trabalha na zona sul da cidade não dá tempo para vir nesse ônibus por isso tem que vir para o bairro do Malhado para pegar a Rota e de volta a colocar os ônibus do horário que tinham antes da pandemia que são os horários de 18:30 e o de 19:40 pelo menos o trabalhador viriam mais tranquilo e também com seu vale transporte que a empresa fornece.

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