Enfermeiro Thalissan Rodrigues venceu a Covid-19 e destacou cuidados recebidos de profissionais
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“Algo que merece ser destacado naquela enfermaria Covid-19 é o carinho, a atenção, a disponibilidade das pessoas. Muito difícil encontrar essas três qualidades nos serviços de saúde”. Esse foi o sentimento expressado pelo enfermeiro Thalissan Rodrigues Sales, que foi internado no Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus, no dia 20 de junho e ficou sob os cuidados da equipe hospitalar da unidade por oito dias.

O profissional da linha de frente de combate ao novo coronavírus, que trabalha na coordenação da Vigilância Epidemiológica do município de Gongogi, relatou que estava com o diagnóstico confirmado da Covid-19, desde o dia 3 junho. “Inicialmente tive sintomas de leves, só a tosse que ainda existia. Ao aproximar do período de remissão da doença, que é o décimo quarto dia, meus sintomas progrediram. Fiz uma tomografia de tórax, aí o médico disse que eu deveria ser hospitalizado”, contou.

Logo quando saiu a regulação para o HRCC, Thalissan disse que o seu primeiro sentimento foi medo, ficou assustado, pois não conhecia o hospital, apesar de saber que é referência na região sul da Bahia. “Sou profissional de saúde, mas, como paciente, acho que o primeiro sentimento mesmo é o medo. “A gente acaba ouvindo muita fake news, comentários sensacionalistas, maldosos. Mas, graças a Deus, isso não interferiu na minha decisão. Eu sou uma pessoa bem decidida e prefiro tirar as minhas próprias conclusões. Não sou uma pessoa influenciável”, relatou.

O fato de ser enfermeiro não facilitou a decisão de Thalissan. “Eu estava do outro lado da cadeira, eu era o cliente no momento, mas assim, ao chegar no Costa do Cacau, fui bem recebido pela equipe de enfermagem da mesma forma que eu sempre cobro da minha equipe e busco receber meus pacientes”, confessou.

“Trabalho no serviço público, procuro sempre me pautar nos princípios do SUS: Saúde como direito de todos, tratar desigualmente os desiguais, considerar as pessoas como um todo, atendendo todas as suas necessidades. Então, assim, ser recebido daquela forma que eu fui, pela equipe de enfermagem, sem saber que eu era enfermeiro no início. Eu falei pronto, estou, vim para o lugar certo”, complementou o enfermeiro.

ATENDIMENTO HUMANIZADO

Thalissan Rodrigues disse que durante todo o internamento pôde observar o funcionamento na enfermaria, mesmo não podendo circular por ela. “Eu conversava muito com a equipe de enfermagem, conversava muito com a médica, conversava muito com os profissionais que iam até o quarto fazer higiene. E aí, eu pude observar que ela conta com a equipe de enfermagem humanizada, uma equipe multidisciplinar que trabalha em busca de um único objetivo, a recuperação do paciente” observou.

De acordo com o enfermeiro, a Covid-19 é uma doença desconhecida, não tem um tratamento específico, está em fase de testes e os serviços de saúde estão se organizando, se estruturando e ampliando essa capacidade para prestar assistência aos pacientes na região. “Na minha cabeça, só passava a mensagem de estar com a doença desconhecida, onde não existe um tratamento eficaz, que já matou mais de 60 mil pessoas no Brasil, estava a caminho de um hospital até então desconhecido para mim”, disse.

GRATIDÃO E RECONHECIMENTO

Thalissan teve alta hospitalar no dia 27 de junho e confessou que saiu com a sensação de gratidão. “Grato a Deus pelas pessoas que ele colocou no meu caminho. Pela assistência que tive durante o período que eu fiquei, afastado, isolado, hospitalizado. E assim eu saio do Costa com outras referências, agora com as minhas próprias referências” agradeceu.

O enfermeiro ainda referenciou elogiosamente toda a equipe, e em especial, duas profissionais de saúde do HRCC. “Parabenizei e parabenizo novamente a coordenadora do setor, a enfermeira Débora Santana e toda a enfermagem pela assistência. Não só dada a mim, mas a todos que estavam ali naquele período. Eu pude observar a assistência prestada. A equipe é fantástica, conta com os profissionais empáticos, altruístas e que estavam sempre dispostos a dar o seu melhor a cada 12 horas de serviço. Não poderia deixar de mencionar a dra. Kátia Araújo, médica, pelo profissionalismo e humanidade com seus pacientes, me tornei um grande admirador do seu trabalho, eu não a conhecia, mas eu hoje eu sou um admirador do trabalho dela”, reconheceu Thalissan.

REFLEXÃO

“Eu não tenho dúvidas de que a pandemia vai ficar marcada na história da humanidade, mas principalmente na história dos profissionais de saúde. Durante aquele período de internamento, eu passei por uma reflexão profunda. Nos últimos meses, a gente ouviu tanto a humanidade cobrar mais amor e compaixão com o próximo. E aí a pandemia veio para a seguinte mensagem: que é hora de começarmos a praticar a capacidade de cooperar, colaborar, e que mesmo, nos reconhecendo como seres individuais, somos partes integrantes do coletivo e que as nossas ações refletem no outro”, concluiu o enfermeiro Thalissan Rodrigues Sales.

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