O ex-candidato a governador da Bahia pelo PSOL, Kleber Rosa, lamentou a morte de Marcelo Daniel, baleado durante operação da Polícia Militar na véspera do Natal (24), no Nordeste de Amaralina, em Salvador. O jovem de 19 anos faleceu quarta-feira (28), no Hospital Geral do Estado (HGE). Ao comentar o caso, Kleber cobrou posicionamento do governador diplomado Jerônimo Rodrigues (PT).
Sociólogo, professor e policial civil, Kleber é estudioso de políticas de segurança pública e, assim como outros pesquisadores da área, defende a tese de que a população negra do Brasil é alvo de genocídio.
“Nem sempre consigo me pronunciar a respeito das situações de violência que se abatem sobre nosso povo preto. Para mim, é algo extremamente doloroso, por ser parte indissociável da minha vida e da minha condição de homem preto que conta os cadáveres de jovens moleques que partilharam a infância comigo. Mas, agora é hora de ‘engolir o choro’ e pedir JUSTIÇA POR MARCELO DANIEL”, escreveu o pesquisador em publicação numa rede social, nesta quinta-feira (29).
Na sequência, dirigiu-se a Jerônimo Rodrigues, primeiro indígena eleito governador da Bahia. “Até aqui, a política de segurança pública adotada pelo governo estadual refletiu a lógica genocida e precisamos ter respostas do novo governador @jeronimorodriguesba para nosso clamor por mudanças”. Até o momento, o governador Rui Costa (PT) e Jerônimo Rodrigues não se manifestaram sobre o caso.
Além de Marcelo, um homem de 34 anos, identificado como Adeilton, também foi baleado durante a operação policial no Nordeste de Amaralina. Ele passou por cirurgia no HGE, onde continua internado.
A Polícia Militar informou, em nota, que equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/Rondesp Atlântico localizaram homens armados que, ao avistarem as equipes, teriam atirado contra os policiais. Conforme informações da unidade, houve revide, mas os suspeitos fugiram.
Na mesma nota, a corporação afirmou que, em outra localidade, conhecida por Alto do Capim, moradores informaram que havia um homem baleado, sem indicação de autoria ou circunstância. Os militares prestaram socorro e encaminharam o ferido para o HGE.
Familiares de Marcelo e Adeilton contestam as informações da Polícia Militar e afirmam que os policiais já chegaram na comunidade atirando. Segundo a família, Marcelo não tinha envolvimento com crimes e sonhava ser jogador de futebol.