Formação atual do 'Paroano Sai Milhó", que completa 60 Carnavais
Tempo de leitura: 2 minutos

Imaginar que a Cidade de Salvador, com suas imensas e contínuas dificuldades em querer ser metrópole, se organiza, se enfeita e se ilumina para permitir que Afoxés, Trios Elétricos, Blocos, “pipocas” e a nossa roda de palhaços cumpram a benfazeja sina de colorir e alegrá-la!

 

Archibaldo Daltro Barreto Filho

Não chegamos ao apogeu. Estamos fazendo apenas 60 anos. Nosso apogeu está, como já nos indicou Eduardo Galeano, no horizonte onde se mantém viva a esperança que nossas coloridas e maviosas vozes perseguem, sem insistência, mas com consistência e tenacidade. Sem atalhos e sem patrocínios, seguimos com os que nos seguem. Com os que se afinam com o bom gosto, com nossa energia em produzir alegria com pretensões simples, como atingir corações.

Creiam: isso não resulta de mágicas nem de estratégias bem elaboradas. Nesses 60 anos o roteiro permanece: reunir Paroaneiros, escolher repertório, providenciar arranjos, organizar encontros e ensaiar, ensaiar, ensaiar… cantar, cantar, cantar… Imaginar que o Paroano Sai Milhó fez e faz isso ao longo da sua existência pode gerar perplexidade. Mas, voltando ao “como tudo começou”, pode-se imaginar Antônio Carlos Queiroz Mascarenhas, o Janjão, em 1964 a nutrir esforços pessoais para articular e organizar os resultados coletivos das tranças de vozes!

Imaginar que cerca de 100 Paroaneiros, até então (neste Carnaval são 18), já embarcaram na roda musical que todos os anos avisa “Eu te prometo Paroano Sai Milhó / Vou a lua, viro a Terra / Paroano Sai Milhó”! Imaginar que tudo tem sido feito com os mecanismos humanos de reunir, dar opiniões, trocar ideias, exacerbar egos e idiossincrasias, concluir a última apresentação entoando a Marcha da Quarta Feira de Cinzas e cumprir os agradecimentos com abraços e beijos do “até logo mais”!

Imaginar que a Cidade de Salvador, com suas imensas e contínuas dificuldades em querer ser metrópole, se organiza, se enfeita e se ilumina para permitir que Afoxés, Trios Elétricos, Blocos, “pipocas” e a nossa roda de palhaços cumpram a benfazeja sina de colorir e alegrá-la!

Imaginar que, por trás desse cenário de “loucura coletiva”, encontram-se músicos, compositores, abnegados e amantes dirigentes, coordenadores de blocos e organizadores dos espaços onde rolam concepções, preparativos e trabalho para que aconteçam, vale enfatizar, as expressões coletivas frutos das ideias e inspirações pessoais!

Imaginá-los implica em homenageá-los com reverências. Algumas belas figuras: João Jorge, capitaneando o Olodum, Vovô na frente do Ylê Ayê, Carlinhos Brow sacolejando a Timbalada, Margareth agitando com Os Mascarados, Rubinho e sua turma inventando Os Internacionais, o apaixonado carnavalesco e poeta Walter Queiroz, a Banda Eva puxada por Ivete Sangalo. Imaginar os que dão suporte aos foliões, nativos e visitantes: vendedores ambulantes, bares e restaurantes, que não são poucos, e se espalham pela cidade toda.

Imaginar tudo é saber que integrar as histórias do Carnaval da Bahia nos últimos 60 anos é motivação para imensa satisfação, pessoal e coletiva. Imaginar que isso não nos conduz a pensar em nosso longínquo apogeu, mas a seguir adiante sem se importar quando chegaremos no horizonte onde está a esperança. Assim, é possível afirmar: o canto do Paroano Sai Milhó permanecerá. Chi lo sa, per omnia saecula saeculorum… VIVA A VIDA!

Archibaldo Daltro Barreto Filho é integrante do grupo musical Paroano Sai Milhó.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *