Domingos Matos | domingosmatos@pimentanamuqueca.com.br
Que Itabuna precisa de espaços públicos de lazer e cultura, até o ex-prefeito Fernando Gomes concorda – pelo menos ele disse isso esta semana, em entrevista ao Jornal Tribuna dos Municípios. O projeto Artes na Praça, implantado pela prefeitura através da FICC, busca minimizar essa necessidade, reconheça-se.
Mas não se pode negligenciar a segurança, o conforto e a higiene da clientela, a população local, órfã desses espaços. O município precisa fazer mais que enaltecer o evento semanal, na propaganda oficial: deve desenvolver ações que garantam não só as manifestações artísticas, mas também a segurança de todos que as prestigiam.
No domingo, cenas de desespero foram registradas na praça Camacan, onde o município realiza o projeto. Era um dia dedicado às crianças, com apresentação de palhaço, além dos já conhecidos parquinhos móveis, que semanalmente se instalam ali, como opção de diversão para a meninada. Mas nem tudo foi alegria. Um tiroteio deixou um rapaz ferido, e por pouco não se presenciou uma tragédia. O autor fugiu do local, arma em punho. Pais e mães tentavam proteger seus filhos, e para isso contaram principalmente com a sorte.
Espaços públicos como praças e jardins devem ser vigiados pela Guarda Civil Municipal, com eventual reforço da Polícia Militar para a segurança pública. No ano passado, logo após a reforma, eram tantos desses guardas na praça Camacan, que as pessoas praticamente esbarravam neles ao transitarem pelo local. Hoje, é raro ver um desses guardadores do patrimônio público municipal, cuja função, segundo o que foi prometido na campanha de 2008, deveria ser ampliada para atuar na segurança pública em parceria com as forças policiais do estado.
Fora as promessas não cumpridas, é hora de a GCM se fazer mais presente na praça Camacan nesses eventos promovidos pelo projeto Artes na Praça, assim como nos dias da semana. Há cerca de 15 dias, a mesma deficiência foi notada durante o concurso de quadrilhas, que ali foi realizado. Está na hora de se buscar ações mais efetivas para garantir o lazer com segurança ao cidadão que só quer – ou, em muitos casos, só pode – ir à praça pública passear com sua família.
Vamos reinverter os valores. Apreciar cultura, desfrutar do lazer público, não devem ser uma operação de risco.
Domingos Matos é repórter e um dos blogueiros do Pimenta na Muqueca.