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Luciano Veiga

 

 

A liberação de mais recursos – financeiro, pessoal e equipamentos – se faz urgente. É o mínimo de reposta que se pode dar a uma população que esta utilizando das suas próprias mãos para fazer o papel do Estado.

 

Com o avançar dos dias de luta pelo combate ao óleo bruto nos mares e praias do nordeste, os municípios começam a sentir o preço deste desastre ambiental nos três pilares – ambiental, social e econômico. Estes elementos não foram só atingidos pelo mar de óleo que chega as praias, mas também pela falta de uma governança ampliada e articulada dos poderes federativos, em especial da União, que atua timidamente em face da extensão e propulsão alcançada pelo petróleo bruto.

Recursos financeiro, pessoal e equipamentos ofertados pelo Governo Federal são insuficientes para fazer face às necessidades impostas pela chegada do óleo a costa e as praias dos municípios do nordeste, cabendo de forma direta aos municípios arcarem com esta conta. Se não fosse a participação dos voluntários, em conjunto com os municípios e os Estados, o óleo cru estaria contaminando as nossas praias, manguezais e estuários em maiores proporções.

Se no primeiro momento, os voluntários e os municípios agiram, para fazer o primeiro combate, agora cabe a União, através do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Marinha e Exército, comitês do plano de ação de incidentes com óleo, conjuntamente com os entes federados, Estados e municípios assumirem os seus papéis e responsabilidades de forma integrada e compartilhada para agirem e aprenderem. Este dois elementos, AGIR e APRENDER são essenciais. O preço que ora estamos pagando tem que pelo menos nos servir de aprendizado, conhecimento e expertise. Se um navio fez tanto estrago, imagine estarmos em uma rota de várias embarcações que transporta de tudo, até óleo cru de alta contaminação.

Os voluntários, bravos guerreiros e guerreiras começam literalmente a sentirem na pele o ardor desta luta, que não tem dia e nem prazo certo para acabar. Pescadores e marisqueiros têm os seus produtos rejeitados pelos consumidores, por falta de informações via poder público sobre a qualidade do pescado. E aí cabe ao Dr. Analista Esperto “O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo”. Medo! Temos, sim, desta análise advinda de uma autoridade.

Com o cheque negro nas mãos, precisam as autoridades atuar para atacar os problemas presentes e futuros de frente e não de lado, como tem feito, infelizmente.

A liberação de mais recursos – financeiro, pessoal e equipamentos – se faz urgente. É o mínimo de reposta que se pode dar a uma população que esta utilizando das suas próprias mãos para fazer o papel do Estado. Não está sendo coletado lixo nas praias, mas um material altamente tóxico, o que em tese somente pessoas altamente capacitadas e equipadas é quem poderia agir.

É preciso refletir se temos empresa que detém a maior e melhor tecnologia na extração de petróleo em águas profundas. Precisamos também ser referência no combate a desastre de óleo no mar.

Que aprendamos com a dor. Nós somos uma nação da vida e não da morte.

Luciano Veiga é advogado, administrador e especialista em Planejamento de Cidades

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Ederivaldo Benedito

 

Em síntese: a nomeação de Pinto foi publicada na edição de hoje, 1º de novembro do Diário Oficial da União, mas bem que poderia ter sido amanhã, dia 2…

 

A nomeação – neste Dia de todos os Santos – do engenheiro elétrico Waldeck Pinto de Araújo Júnior, ex-diretor da Coelba, para diretor da Ceplac é uma clara demonstração de que o Governo Federal não tem a intenção de reestruturar o principal organismo federal em atuação no sul da Bahia, de revitalizar a cacauicultura brasileira e, mais, não tem o mínimo de respeito pela região nem apreço e consideração pelas lideranças políticas e agrícolas regionais.

O atual Governo completa hoje, dia 1º de novembro, dez meses. Nesse período, o presidente da República e a ministra da Agricultura não fizeram uma referência sequer, um pronunciamento público sobre a importância da Cacauicultura para o agronegócio brasileiro ou destacaram o papel da Ceplac no fortalecimento da agricultura nacional. Nem um “tá, ok!” para as potencialidades econômicas da região.

De janeiro a hoje, a Ceplac teve três diretores gerais. Em janeiro, Juvenal Maynart – neto e filho de cacauicultores, profundo conhecer das causas do cacau – foi exonerado sem o prévio conhecimento das lideranças do cacau. Em outubro, Guilherme Galvão –cacauicultor, liderança dos agricultores e político aliado do presidente da República – se surpreendeu com a sua exoneração. Antes, porém, o Governo Federal manifestou a intenção de transferir o corpo técnico da Ceplac e desmontar o órgão.

Waldeck Pinto de Araújo Júnior é um técnico em planejamento e Tecnologia da Informática, com longa atuação no Ministério do Planejamento. Sua nomeação foi uma surpresa. As lideranças sulbaianas sequer sabiam da sua indicação, foram consultadas ou previamente informadas. Apesar de ser baiano, Pinto não tem nenhum vínculo ou convívio com o cacau ou a região sul da Bahia. Foi uma descortesia, considerando que os cacauicultores, na sua totalidade, se emprenharam diuturnamente na eleição do presidente.

Enquanto isso, desunidas, desarticuladas, desprestigiadas, despolitizadas e desinformadas, “as lideranças do cacau” insistem apenas em relembrar o passado, em reclamar e buscar culpados pelo atual estágio da lavoura. Ao invés de exigir respeito e um tratamento digno, preferem permanecer nas trincheiras virtuais dos grupos de WhatsApp, lutando contra inimigos imaginários, afastando possíveis aliados e fazendo uma intransigente defesa de Governo que não ouve seus aliados, deu as costas para o cacau e nem se importa se a Ceplac ainda existe.

O fato é que, além de lamentar, chorar e reclamar, a lavoura cacaueira vive um drama: de um lado, continua apoiando intransigentemente e defendendo ferozmente um Governo que a ignora, que não a respeita e lhe vira as costas; de outro, permanece ofendendo, agredindo, se afastando e tratando como adversárias e inimigas as lideranças políticas que poderiam ser transformadas em aliadas na luta pelo seu soerguimento. Resultado: a lavoura não tem prestígio político para ir à Brasília e sentir-se frente-a-frente à mesa com o Presidente; não tem capacidade de promover uma união de todos os segmentos em torno de uma causa, do futuro do cacau, nem humildade para estabelecer um diálogo franco e aberto com todos das forças políticas baianas e, unidos, construir um projeto coletivo para a cacauicultura baiana.

Em síntese: a nomeação de Pinto foi publicada na edição de hoje, 1º de novembro do Diário Oficial da União, mas bem que poderia ter sido amanhã, dia 2…

Ederivaldo Benedito é jornalista.

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Luciano Veiga

 

 

Tivemos as nossas vidas atingidas da cor do luto, na cor da morte. Podemos ressuscitar se aprender com os nossos erros ou podemos continuar morrendo na nossa ignorância e ganância. É uma questão de escolha.

 

Nos últimos anos o Brasil vem sofrendo fortes ataques ao seu maior patrimônio, o meio ambiente. Como não bastasse Mariana, vieram Brumadinho, as queimadas na Amazônia, cerrado e, agora, as praias e arquipélagos da costa marítima do Nordeste. Como diria Seu Zé, “agora lascou, fomos atingidos do Oiapoque ao Chuí”.

Das extrações minerais, madeiras e a costa litorânea, o que temos em comum?

A princípio, o descaso com o meio ambiente, com a exploração inadequada dos nossos patrimônios naturais e a forma de lidar com estes ataques ao meio ambiente. É difícil aceitar tais acontecimentos como desastre ambiental, que conceitualmente trata-se de um evento não previsível, capaz de, direta ou indiretamente, causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana. Ora, todos os eventos citados foram e são previsíveis, e, o pior, têm como alvo certo o meio ambiente (flora, fauna e o ser humano).

Além da exploração desmedida do ponto de vista econômico, temos um Governo inapto na lida de prevenção, controle, ação mitigadora e corretiva diante dos acontecimentos expostos.

Em Mariana e Brumadinho, foi a população primeira vítima e também a primeira a colocar a mão na lama para salvar os seus. Nas queimadas, as mãos e os pulmões atingidos pelo fogo e a fumaça. E, agora, nas manchas pretas das praias, suas mãos são mais uma vez usadas para limpar a sujeira das areias, corais e pedras do nosso litoral.

Estão nos atingindo em nossos corações e almas. Podemos limpar as praias, as areias brancas marcadas pela lama preta, mas não podemos salvar os nossos peixes e mariscos, flora e fauna marinhas. Tivemos as nossas vidas atingidas da cor do luto, na cor da morte. Podemos ressuscitar se aprender com os nossos erros ou podemos continuar morrendo na nossa ignorância e ganância. É uma questão de escolha.

Este é um momento em que os entes federados têm que estar juntos, sem protagonismo, com único objetivo, primeiro mitigar os impactos, segundo criar políticas permanentes de controle e preservação, e, terceiro, entender de uma vez por todas que o maior patrimônio material e imaterial do Brasil é o seu Meio Ambiente rico e diverso.

Somos o único país no mundo com esta pluralidade de riqueza, entretanto, somos também aquele que parece distante do que pensa o seu povo. Os seus governantes persistem em ignorar a vocação natural desta nação, a de cuidar e preservar, transformando em ativo ambiental, econômico e social os seus rincões ambientais.

Para os governantes que aprendam com os voluntários, colaboradores, municipais, estaduais e também da União que colocam a suas mãos na lama preta para limpar as praias do petróleo cru, oriundo de um crime, que tem que ser descoberto a origem como forma de imputar o crime ao culpado, mas especialmente de estancar a hemorragia que ora atinge a nossa costa.

Entretanto, este é o ataque ao território brasileiro, que o conjunto das nossas forças armadas saia para fazer o bom combate, pois em uma guerra os voluntários e funcionários/colaboradores, muito das vezes sem conhecimento e mal equipados, são presas fáceis em uma luta, cujo nosso inimigo (petróleo cru), não se sabe os danos presentes e nem futuro a estes bravos soldados, que arriscam as suas vidas por outras vidas, vividas na nossa fauna e flora marítima e silvestre, podendo os nossos guerreiros sofrer danos a sua saúde no presente ou no futuro.

Que aprendamos com a dor. Nós somos uma nação da vida e não da morte.

Luciano Veiga é advogado, administrador e especialista em Planejamento de Cidades.

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Elilde Browning

 

O meu coração pulava à proporção que nos aproximávamos de Itabuna. A minha mente rodopiava numa ansiedade própria de quem não vê o seu lugar de nascimento por tantos anos.

 

Estava diante daquela plateia no auditório da Câmara dos Vereadores por convite da nobre Vereadora Charliane Sousa, para falar aos meus conterrâneos sobre os meus livros E assim foi a vida e Crônicas de um tempo infinito, quando, distraidamente, o meu pensamento reviveu os momentos que antecederam esse encontro. Olhava as pessoas e tinha a certeza de que poucos tinham a minha idade. Portanto, tinha uma grande missão para relatar o que vi e vivi em todos esses anos de minha ausência desta cidade.

Depois de 61 anos voltei a minha cidade Natal, Itabuna, na Bahia. Quando o avião sobrevoou aquele lugar o meu coração disparou num misto de alegria, surpresa, curiosidade e contentamento.

No aeroporto havia um cartaz: Seja bem-vindo a Ilhéus, terra de Jorge Amado. O meu coração fez um disparo inicial elevando o meu pensar para os grandes momentos vividos no passado. As lembranças nos dão o privilégio de sentir de forma real e vivenciá-las como se elas nunca tivessem morrido.

Percebi que a cidade de Ilhéus, em sua formosura ímpar, teve notáveis avanços. Uma ponte ligando o continente à ilha onde há o aeroporto fez daquele lugar um paraíso de milionários em seus suntuosos edifícios com vista para o mar. Nesse dia o oceano estava calmo e pude me lembrar da entrada de grandes navios que levariam o cacau de nossa região para o mundo. Havia sempre a necessidade de um técnico para verificar as condições naquela entrada perigosa. Hoje o porto de Ilhéus se mudou para a praia do Malhado onde o mar é aberto e sem oferecer problemas aos navios de grande porte.

Na minha adolescência morei na praia do Malhado: um pé dentro de casa e o outro na areia nos dava a certeza de que o mar era a nossa varanda. Foi um privilégio morar naquele lugar quando os meus sonhos estavam nascendo em meu pensamento e, diante daquela imensidão de água, sabia que ali ou em outro lugar eles se tornaram realidade. Quantas lembranças afloraram a minha alma! Naquele momento ao rever este espetáculo da natureza senti uma saudade imensa dos meus tempos idos e agora a certeza de ter realizado aqueles sonhos e todos os que eu nem imaginava que pudesse realizar.

Aquela ilha lá no meio do oceano continua no mesmo lugar. E como se o tempo não tivesse passado e ela ali esperando para me rever e dar as boas-vindas de um retorno feliz.

A cidade se elevou numa posição vertical. Talvez para ser possível se descortinar em maiores dimensões um mar sem igual. Em minhas viagens pelo mundo vi muitos oceanos, todavia aquele de nossa adolescência é o mais belo, mais azul e o mais poderoso. Tive o privilégio de morar perto do mar durante toda a minha vida e sempre me recordava dos meus dias em Ilhéus.

Andando pelo centro da cidade tive um encontro com Jorge Amado ali sentadinho em frente ao restaurante Vesúvio tão antigo como a cidade nos seus primórdios. Abracei-o, beijei-o e senti-o vivo em minha memória e em meu coração. Adiante a casa que o abrigou, e, ali ele está de pé a receber carinhosamente os visitantes do mundo inteiro.Leia Mais

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Walmir Rosário 

 

 

A construção de um estabelecimento prisional nas imediações da BA-262 (Ilhéus-Uruçuca) e da BR-415 (Ilhéus-Itabuna) cairia com uma bomba atômica nos investimentos que estão sendo feitos nesses locais, com prejuízos irreversíveis.

 

Atitudes patéticas cometem os governos da Bahia e de Ilhéus ao anunciarem a construção de um novo presídio no município de Ilhéus, o que demonstra a falta de competência para gerir assuntos nem tão complicados. Inicialmente, o local definido foi próximo à BA-262, rodovia que liga Ilhéus a Uruçuca e onde o próprio Governo do Estado da Bahia desenvolve o projeto turístico Estrada do Chocolate.

Com os protestos dos investidores interessados em participar dessa nova ação turística importante para o Sul da Bahia, eis que a Prefeitura de Ilhéus e o Governo do Estado, de forma atabalhoada, anunciam um novo local: às proximidades na BR-415, a Rodovia Jorge Amado, uma “avenida” que liga Ilhéus a Itabuna. Nada mais impróprio para a escolha tão burlesca para a localização.

Antes de entrar no mérito da questão, minha humilde, mas acertada indicação aos tão perdidos governantes, é que “baixem a bola” e procurem quem realmente conhece do riscado para localizar o novo conjunto penal. E eles sabem muito bem de quem estou falando: do vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, um estudioso da região, notadamente de Ilhéus, que conhece todas as nuances do “território ilheense”.

Lembro que até há bem pouco tempo, sempre que o Governo do Estado pretendia implantar um equipamento público num dos seus municípios, enviava seus técnicos à Prefeitura para a escolha de um local adequado. E não se tratava de simples deferência e sim de uma série de informações, que iam desde a logística, a propriedade, a conveniência e o planejamento socioeconômico da área.

No município de Ilhéus, o técnico que sempre foi consultado – de forma acertada – foi justamente José Nazal, profundo conhecedor do município de Ilhéus, não por ouvir dizer, mas por conhecer, in loco, toda a área. É José Nazal que tem trabalhado em parceria com o pessoal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos recenseamentos, junto com a equipe dos Correios na localização e dos logradouros públicos e por aí afora.

Mesmo com suas divergências em relação à administração do prefeito Mário Alexandre, asseguro que José Nazal não se eximiria de sua condição de cidadão ilheense, nesse mister, ainda mais na condição de vice-prefeito. Em outras palavras, não importa as diferenças pessoais ou políticas quando o assunto é o investimento do dinheiro público, que tem que ser usado com todos os critérios e imparcialidade.

Mas ainda está em tempo de as autoridades estaduais e municipais reconhecerem a falha até aqui cometida e prospectarem uma área adequada e segura para a construção do novo estabelecimento penal. No município de Ilhéus, o que não falta são áreas com as características pretendidas para a localização de um empreendimento desse porte, fora do zoneamento turístico e de tecnologia do conhecimento.

Tenho a convicção que mesmo numa conversa preliminar entre os técnicos governamentais e o vice-prefeito Nazal, alguns locais com as características desejadas deverão ser apresentados. Mesmo sabendo dos meus parcos conhecimentos sobre o tema, acredito que os novos locais serão mais convenientes e, por certo, menos recursos deverão ser utilizados na desapropriação da área e obras de segurança.

De minha parte – perdoe-me os entendidos no assunto –, não consigo entender como técnicos podem conceber tal projeto e ainda “vendê-los” a um prefeito e um governador, por ser tão descabido. Não quero fazer prejulgamentos, mas existe algo de errado nessas escolhas, que mais se parece com um jabuti em cima de um poste. Ele está lá, mas não se sabe quem o colocou lá, pois de motu próprio é que não foi.

Me recuso a aceitar qualquer tipo de tese estapafúrdia ou conspiratória que a construção do estabelecimento penal nessas áreas anunciadas seria uma simples falta de conhecimento técnico. Também não cabe elucubrações de que não existiria local apropriado, muito menos de que as atividades turísticas, de comércio e produção de conhecimento conviveriam perfeitamente como vizinhos civilizados.

A construção de um estabelecimento prisional nas imediações da BA-262 (Ilhéus-Uruçuca) e da BR-415 (Ilhéus-Itabuna) cairia com uma bomba atômica nos investimentos que estão sendo feitos nesses locais, com prejuízos irreversíveis. Está mais do que provado que os dois locais escolhidos – indevidamente – se transformarão em um grande conglomerado urbano em menos de cinco anos.

A poderosa mão do Estado pode e deve escolher um local diferente dos anunciados, para não incorrer em mais erro administrativo, daquele que o suado cidadão contribuinte é obrigado a pagar duas vezes. Financia a construção em lugar indevido, que será abandonado em seguida, enquanto busca-se outro local para a construção de um novo, sobrando nesta operação um famoso “elefante branco”.

Como os governos não produzem, só gastam, os contribuintes deixam de ganhar os investimentos em equipamentos de educação, saúde e outros serviços essenciais à desprovida população. Enquanto isso, os que produzem riquezas – a iniciativa privada – tomarão prejuízos irreversíveis com as atitudes mal pensadas e executadas dos governos, em que seus governantes sequer são responsabilizados.

Se pode fazer bem-feito, então faça.

Walmir Rosário é jornalista, radialista, advogado e editor do Cia da Notícia.

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Jerberson Josué

 

 

 

Constatamos que nenhum município nordestino agiu e planejou gabinete de gerenciamento de risco no início do problema.

 

Há quase dois meses estamos sendo bombardeados com o noticiário da imprensa, que existem dúvidas sobre a origem do petróleo que está poluindo toda a costa do nordeste e iminência de invadir o litoral de alguns estados do sul do país.

O óleo não causa prejuízos ambientais apenas em nossas praias. Sua sujeira afetou também a imagem de políticos e governantes. Os gestores federais, estaduais e municipais estão chamuscados com a “queimada” de imagem advinda do óleo vazado e esparramado pelos mares!

Não houve e nem está havendo intervenção rápida, planejamento e o que se vê é falta de habilidade de gerenciamento no enfrentamento dessa situação trágica.

Vemos parte da nossa fauna e flora marítimas ser dizimada; nossos rios e mares serem poluídos com a mesma proporção caótica em que vemos a inaptidão das nossas autoridades responsáveis pela preservação dos nossos recursos naturais.

Constatamos que nenhum município nordestino agiu e planejou gabinete de gerenciamento de risco no início do problema. Em Ilhéus, o prefeito Mário Alexandre (Marão) e sua equipe da área ambiental não atentaram para a iminente perspectiva da poluição do óleo invadir as praias da cidade.

O governo federal desativou conselhos que deveriam tratar do problema e o Ibama, conjuntamente com o ICMBIO, foram desmantelados e desestruturado, por uma decisão política retrógrada do governo central.

Uma força tarefa é necessária ser feita Brasil a fora pra estancar o flagelo ambiental. Só uma ação planejada conjunta, envolvendo os três poderes federativos, com participação ativa de setores da sociedade, urgente!

É preciso, também, que indivíduos inescrupulosos e medíocres, parem de disseminarem notícias falsas sobre este assunto, com objetivo espúrio de sujar a imagem dos gestores de plantão.

Agora é a hora de sabermos se o lema “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” é verdadeiro.

Jerberson Josué se define como um estudante na escola da vida.

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Marco Wense

 

 

É bom lembrar que Jaques Wagner tem um fortíssimo entusiasta e defensor ferrenho da sua candidatura: o ex-presidente Lula, que anda meio chateado com o governador Rui Costa em decorrência do “Lula Livre”.

 

Na oposição, nenhum problema. O nome de ACM Neto, além de ser consenso, é o único com viabilidade eleitoral e estofo político para enfrentar o candidato do governismo, que caminha a passos largos para ser o senador Jaques Wagner (PT).

O prefeito de Salvador, que é presidente nacional do DEM, não tem como recuar, como fez na sucessão de 2018, o que terminou provocando muita insatisfação no staff político. Muitos candidatos – deputado estadual e federal – responsabilizaram o alcaide soteropolitano pelo fracasso nas urnas. Como exemplo bem tupiniquim, cito Augusto Castro. O ex-tucano (PSDB), hoje no PSD, culpa Neto por não ter sido reeleito para a Assembleia Legislativa do Estado (ALBA).

Mas imbróglio mesmo, que tende a ficar mais complicado com a proximidade da sucessão do governador Rui Costa, é na base aliada, com o senador Otto Alencar disposto a não desistir da sua legítima e democrática candidatura ao Palácio de Ondina.

O que está escancarado é que existe uma articulação para isolar o dirigente-mor estadual do PSD, tendo na linha de frente o vice-governador João Leão (PP), a primeira liderança da base de sustentação governista a declarar apoio à postulação de Wagner. Com efeito, a candidatura do ex-governador é favas contadas, 2+2=4.

O que se comenta nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que existe um compromisso de Rui Costa com Otto. Não se sabe é se Wagner tem conhecimento desse ajustamento entre o governador e o senador. Se tem, está fazendo de conta que não sabe de nada, dando uma de “João sem braço”, como diz a sabedoria popular.

O PP e o PSD vêm travando uma luta por mais espaços no governo. Esse pega-pega ficou mais acirrado neste segundo governo de Rui, obviamente porque o governador, com seus bons índices de aprovação, está impedido de disputar o terceiro mandato consecutivo, à re-reeleição.

A pergunta oportuna e pertinente não pode ser outra: Como irá se comportar Otto Alencar diante dessa articulação para tornar sua pré-candidatura cada vez mais enfraquecida? E o pior é que Rui Costa começa a dar os primeiros sinais de que não tem outro caminho que não seja o de seguir a cartilha do seu criador. Qualquer atitude contrária pode ser interpretada como uma gigantesca ingratidão.

Cabe ao senador Otto, se quer realmente tornar sua pretensão viável e não ser sucumbido eleitoralmente, procurar se aproximar de outras legendas da base aliada, sob pena do sonho de ser o morador mais ilustre do Palácio de Ondina virar um irreversível pesadelo.

O PCdoB, de Davidson Magalhães, e o PSB, de Lídice da Mata, dificilmente tomariam uma posição que contrariasse o chefe do Executivo. São legendas tidas como obedientes, longe de qualquer ato de rebeldia. Já o PDT de Félix Júnior não pode ficar como eterno coadjuvante do petismo, não sendo reconhecido na sua importância, sendo tratado com desdém, como uma legenda de segundo escalão.

É bom lembrar que Jaques Wagner tem um fortíssimo entusiasta e defensor ferrenho da sua candidatura: o ex-presidente Lula, que anda meio chateado com o governador Rui Costa em decorrência do “Lula Livre”.

Para uma análise mais consistente, vamos esperar o comportamento de Otto Alencar diante dessa já iniciada fritura.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

Nos bastidores da legenda, em conversas reservadas, o que se comenta é que haverá um novo comando do Novo em Itabuna, que Harrison não será mais o porta-voz da agremiação partidária.

 

O partido Novo de Itabuna não conseguiu empolgar uma considerável fatia do eleitorado ávido por um caminho diferente na política.

A legenda, sob a tutela nacional de João Amoêdo, ex-postulante à presidência da República, esperava muito mais da coordenação do partido em Itabuna. A meta de 150 filiados, condição para a formação do diretório municipal, não foi atingida.

Amoêdo deve ter ficado insatisfeito com a coordenação do partido em Itabuna, que tem na linha de frente Harrison Nobre, ex-filiado do PDT. A exigência não foi cumprida. “Conseguimos pouco mais de 120 filiados ativos, mas vamos continuar firmes tentando fazer o partido crescer no município”, disse Harrison, coordenador geral do núcleo de Itabuna.

Nos bastidores da legenda, em conversas reservadas, o que se comenta é que haverá um novo comando do Novo em Itabuna, que Harrison não será mais o porta-voz da agremiação partidária.

O partido não terá candidato a prefeito e nem a vereador, o que não deixa de ser um preocupante baque para a sigla. O apoio a um determinado prefeiturável não está descartado, desde que não seja nenhuma velha e empoeirada raposa que quer retornar ao centro administrativo Firmino Alves.

Muita gente séria, qualificada e honrada com respaldo para disputar a sucessão de 2020. Só tenho a lamentar o desfecho do Novo em Itabuna.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

 

No frigir dos ovos, Charliane Souza, Babá Cearense e Jairo Araújo vão perceber que o melhor conselho é o de buscar a recondução ao cargo. O caminho da prefeitura é cheio de obstáculos e, como consequência, pode até provocar um ponto final na carreira política.

 

Eram cinco vereadores-prefeituráveis. Agora só três continuam dizendo que vão disputar a sucessão de Fernando Gomes: Charliane Souza (PTB), Babá Cearense (PSL) e Jairo Araújo (PCdoB). Enderson Guinho (PDT) e Júnior Brandão (PT) desistiram. Foram os primeiros a tomar juízo.

Devo logo esclarecer, para evitar que os maldosos e as mariquinhas de plantão comecem a espalhar mentiras pelos cantos da cidade, que “tomar juízo” não significa desqualificar os vereadores e, muito menos, ir de encontro ao legítimo e democrático direito de postular uma candidatura a prefeito. Diz respeito a trocar um caminho mais fácil (reeleição) para entrar em uma aventura.

Vamos analisar cada um deles, começando pelos que já recuaram da ideia.Leia Mais

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Marco Wense

 

 

Que situação, hein! Os senhores políticos, independente de ideologia, seja de esquerda, direita ou qualquer outro rótulo, adoram acordar o “monstro” do impeachment, que não consegue passar um bom tempo dormindo.

 

Torcer para que a economia possa apresentar bons resultados. É o que pode salvar o atabalhoado governo do presidente Jair Messias Bolsonaro. Do contrário, o nevoeiro pela frente, a incerteza e a instabilidade.

Quando a economia vai bem, os problemas no campo político, por mais graves que sejam, terminam sendo superados. Mas o coquetel com economia sem mostrar sinais de recuperação e imbróglio na seara política é preocupante. Esses dois ingredientes juntos terminam acordando o “monstro” do impeachment.

Deixando a economia de lado, cuja deflação não é vista com bons olhos pelos renomados economistas, vamos nos ater ao péssimo ambiente político, com o chefe do Palácio do Planalto brigando com seu próprio partido, o PSL, que de nanico passou a integrar o rol das maiores legendas do Congresso Nacional.

A permanência do presidente da República na sigla que o elegeu, que abraçou sua campanha quando todos achavam que sua candidatura era de brincadeirinha, ficou insustentável depois das declarações de desprezo pelo partido e sua liderança maior, Luciano Bivar.

Bivar, presidente nacional da sigla, ficou perplexo, sem os pés no chão, quando soube da fala de Bolsonaro, pedindo para que seus apoiadores esquecessem o PSL. Em tom de desabafo e revolta, Bivar disse que a declaração foi “terminal”, que Bolsonaro “já está afastado do partido”. E mais: “Não estamos em grêmio estudantil. Ele pode levar tudo do partido, só não pode levar a dignidade, o sentimento liberal que temos e o compromisso com o combate à corrupção”.

Esse pega-pega, Bolsonaro versus PSL, vai servir para apontar quem são os verdadeiros bolsonarianos. Quem for, tem que acompanhar o presidente na sua procura por outra agremiação partidária, mostrar que a fidelidade ao líder é intocável. Os senhores presidentes de comissões provisórias, sejam nos estados ou municípios, devem deixar imediatamente o comando do partido, sob pena de serem taxados de bolsonaristas de mentirinha ou oportunistas de plantão.

Que situação, hein! Os senhores políticos, independente de ideologia, seja de esquerda, direita ou qualquer outro rótulo, adoram acordar o “monstro” do impeachment, que não consegue passar um bom tempo dormindo.

Concluo fazendo uma pergunta: O que o “monstro” do impeachment diz quando é acordado pelo jogo do poder? Ora, ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem a resposta: “Esses políticos são chatos, não posso nem tirar uma soneca”. É realmente impressionante. Os políticos cavam o próprio buraco.

E quando penso que deixaram de eleger Ciro Gomes, a tristeza vem à tona. Ciro é, sem nenhuma dúvida, o político brasileiro mais preparado. O Brasil cada vez mais precisando de Ciro Gomes.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

 

Será que o MBL mudou de verdade? Para muitos, o movimento tenta se salvar diante de um eventual fracasso do bolsonarismo. Os meninos do MBL já começam a pavimentar a estrada que pode levá-los para a oposição. De bestas, não têm nada.

 

É preciso acabar com essa imbecilidade de que fulano é de esquerda porque faz crítica ao governo Bolsonaro. Que sicrano é de direita porque aponta pontos positivos na gestão bolsonariana.

Ora, pura bobagem inerente a quem faz política com o fígado, aos radicais de plantão. A maioria não enxerga um palmo à frente. São teimosos e de difícil diálogo. Carregam a intransigência e intolerância na alma.

A sabedoria popular diz que o mundo da muitas voltas. A política também. Como exemplo cito o Movimento Brasil Livre. O MBL vai fazer um evento com deputados do PT e PCdoB como palestrantes, respectivamente Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Câmara de Deputados, e Orlando Silva, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

“É o primeiro passo desde que o movimento, que ficou conhecido por sua agressividade retórica contra adversários e imprensa e por nunca fugir de uma treta, anunciou a decisão de dar uma espécie de reset”, diz o jornalista Fábio Zanini, da Folha de São Paulo.

Para Zanini, “os seus líderes querem se diferenciar dos grupos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (que eles chamam ironicamente de “minions”) e pretendem ser uma direita crítica. Querem ter liberdade para comentar acusações de corrupção e pautas que enxergarem como sendo excessivamente conservadoras”.

Como sugestão, servindo até mesmo como teste, o MBL deveria começar sua mudança de postura, provando que agora é outro, pedindo ao senhor presidente da República que demita Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo. O seu subordinado é acusado de desviar dinheiro do esquema do laranjal do PSL de Minas para sua candidatura a deputado federal. O tão badalado e costumeiro caixa dois.

Será que o MBL mudou de verdade? Para muitos, o movimento tenta se salvar diante de um eventual fracasso do bolsonarismo. Os meninos do MBL já começam a pavimentar a estrada que pode levá-los para a oposição. De bestas, não têm nada.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Jerberson Josué

 

 

 

Não há perspectivas promissoras e todos correm o risco de serem vítimas de uma obra mal começada, pouco debatida e que já carrega consigo o peso da falta de bom senso.

 

Tem sido intensa a repercussão sobre a construção de um novo presídio, em Ilhéus, pelo Governo do Estado. Para uns, a obra é uma boa notícia, em decorrência dos empregos que gerará e o mercado da construção civil que fomentará. Há quem considere o novo presídio uma iniciativa negativa, por causa do estigma de que investimentos assim carregam consigo a rejeição da vizinhança, com consequente desvalorização imobiliária e possível aumento da insegurança em suas cercanias.

A obra começa com a negligência de não debater sua implantação com todos atores a ela relacionados. Independente das opiniões, posição e analises técnicas, o problema reside na falta de conexão do governo municipal e a sociedade. Essa interface é fundamental para qualquer gestor que queira ter êxito em seus projetos e planos na administração pública.

Ainda que o governo queira e/ou tenha boas intenções, na prática isto não está acontecendo. Voltando ao caso da repercussão da obra do presídio, pode-se pontuar que o local é inadequado em função de já contar com dois projetos em andamento, com vertentes diferentes.

Um é a Estrada de Chocolate, que ainda não aconteceu, de fato, mesmo tendo um grande portal no início da BA-262, na rótula do Distrito Industrial, em frente à sede da SUDIC, em Ilhéus, e um outro portal no acesso desta mesma rodovia, na ligação com a BR-101, no trevo de acesso a Uruçuca. Essa proposta é muito boa, mas ainda está somente nas pretensões e submetida ao mal similar do que ocorre no caso da construção do presídio.

Outra vertente é a construção do também polêmico Porto Sul. Esse também ainda encontra-se em fase embrionária. Ambos projetos possuem relevância no desenvolvimento regional, ainda que possamos ter pontuais críticas na sua concepção. Porém, ambas são totalmente contraditórias com os preceitos que norteiam a construção de presídio em suas abrangências territoriais.

É óbvio que o surgimento de novas vagas prisionais é necessário numa região dominada por facções criminosas e submetida à violência, que a todos preocupa. Porém, é importante, também, dialogar com a sociedade – do ponto de vista objetivo e pedagógico – na construção de políticas públicas de segurança.

Vivemos tempos vitais para investimentos humanitários e progressistas. Mas é necessário saber mais sobre o projeto do novo presídio de Ilhéus, que surge com moldes e orientações do Ministério da Justiça. Não podemos aceitar a vulnerabilidade de conhecê-lo apenas com o avançar das obras.

Vale ressaltar que o compromisso do município, na parceria de realização do projeto, restringe-se à doação do terreno para instalação do presídio que, depois de construído, terá administração e manutenção sob responsabilidade do Governo do Estado. E, olhando cauteloso e superficialmente para essas contradições, podemos compreender como é preocupante a ausência de diálogo entre setores dos próprios governos do Estado e do Município.

É incompreensível essa desarmonia entre atores de uma obra de tamanha complexidade e da mais alta relevância na administração pública. Não admissível para o sucesso dessa iniciativa a falta de diálogo entre seus executores e o cidadão, ligado diretamente a ela.

Nas três esferas de governo, a sinergia e compartilhamentos de decisões com o público alvo dos investimentos são pressupostos para o êxito de suas ações e políticas públicas. Infelizmente, não é isto o que está acontecendo na proposta de construção do novo presídio em Ilhéus. Neste contexto, não há perspectivas promissoras e todos correm o risco de serem vítimas de uma obra mal começada, pouco debatida e que já carrega consigo o peso da falta de bom senso. O pior é se, após construído, esse equipamento ser entregue a iniciativa privada, iniciando um processo privatista dos presídios baianos. Quiçá, eu esteja errado nesse presságio.

Jerberson Josué é estudante na escola da vida.

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Davidson Magalhães

 

 

 

Para além do aparato legal, torna-se necessário que as empresas se conscientizem da importância da inclusão. Do ponto de vista de políticas públicas, o governo do Estado navega na contramão do federal, abrindo projetos e oportunidades para pessoas com deficiência.

 

 

A taxa de desemprego no país cresce a cada dia. Em julho de 2019 chegou a 11,8% da população (IBGE), considerando o universo de pessoas sem qualquer deficiência e geralmente qualificadas.

Se já é tão difícil empregar-se no país em crise e sem projeto de combate ao desemprego, que dirá uma pessoa com alguma limitação permanente, seja visual, auditiva, física ou intelectual.

O Brasil possuía em 2010 cerca de 45 milhões de Pessoas com Deficiência (PcD), quase 24 % da população. Deste contingente, apenas 0,9% ou 418 mil estavam empregados.

Além das adversidades oriundas de sua deficiência, esta pessoa também enfrenta os obstáculos do mercado de trabalho factual que, desde o governo Temer, perde vagas e direitos trabalhistas.

Bolsonaro fechou o Ministério do Trabalho, esvaziou os sindicatos e deixou o trabalhador sem férias nem 13º, sem crachá ou fundo de garantia. Acabou com todos os conselhos da Política Nacional de Participação Social (PNPS), entre eles, o Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade). Ou seja, a sociedade não mais participa ou fiscaliza as políticas trabalhistas do governo.

Eis a questão: como ampliar a inserção de pessoas com deficiência ou beneficiários reabilitados do INSS no mercado de trabalho, diante de um governo federal que massacra o trabalhador?

À primeira vista, a resposta é o cumprimento da lei, que já existe (Lei 8.213/1991) e obriga empresas com 100 ou mais colaboradores a destinar de 2% a 5% de vagas às pessoas com deficiência ou reabilitadas do INSS.

Para além do aparato legal, torna-se necessário que as empresas se conscientizem da importância da inclusão. Do ponto de vista de políticas públicas, o governo do Estado navega na contramão do federal, abrindo projetos e oportunidades para pessoas com deficiência. Por isso, a Setre criou uma unidade específica, SineBahia Capaz, que, de janeiro a julho de 2019, encaminhou 4.473 pessoas e inseriu 440 no mercado de trabalho.

Para ampliar a conscientização empresarial e abrir novas oportunidades a Setre-Ba promove nesta quinta-feira, 26, o Dia D de Inclusão Profissional das Pessoas com Deficiência e Reabilitados do INSS, no Terminal Rodoviário de Pituaçu, das 8h às 17h. A expectativa é atender mais de 1.200 pessoas e ofertar 700 vagas de emprego, oriundas de 50 empresas locais.

Precisamos encarar que a deficiência não está nas pessoas, mas sim nas barreiras seculares de princípios preconceituosos com relação às potencialidades e limitações humanas.

O Dia D, portanto, deve se refletir no dia a dia: uma corrente de conscientização e de oportunidades. Afinal, uma sociedade justa e sadia só se constrói com inclusão e igualdade. De todos os seres humanos.

Davidson Magalhães é secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia

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Marco Wense

 

 

O edil do PDT desistiu de ser pré-candidato a prefeito. O do PCdoB não será candidato. Babá Cearense, do partido do presidente Bolsonaro, vai depender de uma melhora nas pesquisas de intenções de voto. Resta Charliane, cuja coragem de trocar o certo, sua reeleição, pelo duvidoso, sair vitoriosa em uma campanha para o Executivo, é elogiável.

 

Quatro vereadores são logo citados pelo eleitor quando o assunto diz respeito aos edis que fazem oposição ao governo Fernando Gomes, que pode ter como próximo abrigo partidário o PP do vice-governador João Leão.

Charliane Souza (PTB), Enderson Guinho (PDT), Jairo Araújo (PCdoB) e Babá Cearense (PSL) são os vereadores que representam o oposicionismo ao atual gestor do cobiçado centro administrativo Firmino Alves.

Quem mais se destacou, segundo pesquisa do Instituto Sócio Estatística, do sociólogo Agenor Gasparetto, foi Charliane Sousa, prestes a deixar o PTB para assumir a condição de prefeiturável por outra legenda. A edil vem namorando o MDB dos irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio.

O que levou os quatro a serem os mais atuantes da Casa Legislativa foi mais o fato de ser oposição ao governo de plantão do que a própria atuação parlamentar seguindo as recomendações inerentes ao cargo.

No entanto, é o vereador comunista o mais contundente ao criticar o prefeito Fernando Gomes e sua administração. Jairo Araújo é mais incisivo e cruel.

Por que então não está na linha de frente do oposicionismo tupiniquim? O problema é que Jairo é do partido de Davidson Magalhães, que faz questão de ser fotografado ao lado de Fernando Gomes toda vez que tem um evento do governo do Estado em Itabuna.

Claro que Davidson, que é o presidente estadual do PCdoB, no exercício da sua função institucional, como secretário no governo Rui Costa, tem que marcar presença junto com o prefeito.

A grande maioria do eleitorado não entende assim. E tem suas razões. Jairo é do PCdoB, que é da base aliada do governador Rui Costa, que é aliado do prefeito Fernando Gomes.

Mas Enderson Guinho não é do PDT, legenda que também integra a base do governo Rui Costa? Acontece que o PDT de Itabuna é a única agremiação partidária da base aliada que faz oposição aberta ao governo Fernando Gomes, sem medo de retaliações por parte do comando estadual, que não anda muito satisfeito com o tratamento dado pelo chefe do Palácio de Ondina ao partido.

O edil do PDT desistiu de ser pré-candidato a prefeito. O do PCdoB não será candidato. Babá Cearense, do partido do presidente Bolsonaro, vai depender de uma melhora nas pesquisas de intenções de voto. Resta Charliane, cuja coragem de trocar o certo, sua reeleição, pelo duvidoso, sair vitoriosa em uma campanha para o Executivo, é elogiável.

No mais, esperar os acontecimentos para uma melhor análise. Mas especular é inerente ao jornalismo político, desde que dentro de uma lógica.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Maurício Maron

 

Ainda há aqueles que têm vontade, mas não têm sequer partido. Outros que têm partido… mas não têm sequer a noção do que seja uma candidatura. Nem aparentam ter jeito para a coisa. Fora os que estão de um lado agora e estarão do outro durante a campanha, sem avaliar critérios ideológicos e optar por critérios de ocasião.

 

A divulgação de uma pesquisa de intenção de voto para a eleição de 2020 acabou antecipando a movimentação política de Ilhéus a um ano do pleito. Pena que as movimentações continuem sendo tão amadoras quanto é o processo eleitoral na cidade.

Um publicitário acostumado a mercados eleitorais mais emergentes e, portanto, mais a cara do século 21, participou recentemente de uma campanha na cidade. E se assustou.

Em plena era tecnológica, foi difícil assimilar que o principal meio de divulgação de uma campanha por aqui, aquela que dá efetivamente a temperatura das candidaturas com maior potencial eleitoral, seja o uso de carros de som nas ruas tocando o jingle de campanha.

Não é exagero afirmar. Descontando o fenômeno mundial das redes sociais, que independem de investimento local mas que ainda contam com pouca atenção dos políticos tupiniquins (exceção do prefeito Mário Alexandre que enxerga na estrutura institucional de governo uma forma de usar bem a ferramenta em proveito pessoal), a formatação de uma campanha em Ilhéus, hoje, em pleno ano de 2019, século 21, repete a fórmula dos anos 70 do século passado: Horário Eleitoral nas emissoras de rádio (onde a grande maioria da população não se predispõe a escutar), panfletagem de casa em casa divulgando os seus feitos e apoio velado (obviamente) de alguns veículos de comunicação diante de suas preferências.

E o que isso, na prática, representa? A mesmice de sempre. Uma campanha sem atrativos, sempre igual, onde a capacidade propositiva dos candidatos perde para o critério “entre fulano e sicrano é melhor não arriscar – ou arriscar tudo de olho fechado”.

Sabedores disso, os pretensos candidatos usam a velha fórmula e jogam para um nível muito aquém da sua capacidade cidadã, a campanha eleitoral de um lugar eleitoralmente representativo.

Isso, infelizmente, já começou.

Veja.

O atual prefeito, que é médico, aproveita um mutirão de saúde da Prefeitura para atender e consultar pacientes e lhes dizer que “eu sou o doutor que cuida de você, viu?”, repetindo o seu slogan de campanha que lhe levou ao poder em 2016. Com direito a foto distribuída para a imprensa, naturalmente.

O pepista Carlos Machado, o Cacá Colchões, vê publicado nas redes sociais, o “sincero agradecimento” dos seus correligionários, pela ponte que a cidade está a ganhar.

Para dar um tom subliminar à sua candidatura, comemora o 11º cabo estaiado instalado na obra.

Bom lembrar: 11 será o número de Cacá, caso confirmado no pleito.

Um ex-deputado que durante três anos permaneceu calado a respeito dos caminhos da atual gestão, nomeando, inclusive, aliados seus em cargos estratégicos do mesmo governo, agora aparece para criticar os caminhos da Prefeitura, mantendo os cargos e reprovando o coletivo que avaliza.

Um outro político se autopromove em sua emissora de rádio de grande audiência, repetindo o feito do próprio pai, uma fórmula que, enquanto foi campanha, deu certo.

Do lado das mulheres, o discurso (acertado) de que o sexo feminino soma a uma candidatura. Mas… e aí? Será mesmo de uma hora para outra que se constrói isso? Durante todo este tempo elas estiveram onde? Participaram de qual discussão? Com qual conteúdo de defesa do coletivo?

Ainda há aqueles que têm vontade, mas não têm sequer partido. Outros que têm partido… mas não têm sequer a noção do que seja uma candidatura. Nem aparentam ter jeito para a coisa. Fora os que estão de um lado agora e estarão do outro durante a campanha, sem avaliar critérios ideológicos e optar por critérios de ocasião.

Vale aqui destacar: se não estão todos nominalmente lembrados aqui, citamos alguns exemplos mas que valem para todos.

Enfim…

Ou a campanha eleitoral em Ilhéus ganha um rumo inovador, diferente, ou iremos vivenciar mais um modelo de campanha do século passado, desta vez reforçada pela famigerada fake news (notícias falsas), que não qualifica o debate, mas que alimentará a desconstrução dos adversários.

Esta fórmula já deu certo (para poucos). Em especial àqueles que sempre que podem dizem antecipadamente estar totalmente fora do pleito.

Mas que, inteligentemente, nunca estiveram tão dentro dele.

Dá pra entender, né?

Maurício Maron é jornalista e editor do Jornal Bahia Online.