Tempo de leitura: 3 minutos

Allah Góes || allah.goes@gmail.com

 

Necessário se faz a aprovação de alguns ajustes legais, pois, do contrário, mesmo com a decisão judicial sobre o tema, o pagamento d0 13º salário será considerado ilegal, podendo o ordenador da despesa ser condenado por conta de seu ato.

Agentes políticos são todos aqueles detentores de cargos eletivos. No âmbito municipal, são prefeitos e vereadores, além dos secretários Municipais, pois exercem o governo e a função política, decidindo sobre os rumos a serem seguidos pelo Município.

Na lição de Marcello Caetano, função política é “uma atividade comandada pelo interesse geral e que se desenvolve para assegurar a unidade e a coesão nacionais, definir os ideais coletivos, escolher os objetos concretos a prosseguir em cada época e os meios mais idôneos para alcançá-los, manter o equilíbrio constitucional das tensões políticas e das forças sociais, garantir a segurança do Estado e defender os interesses nacionais na ordem externa”.

Os agentes políticos, justamente por conta de serem responsáveis pelas atividades de direção e as colegislativas, apesar de serem classificados como agentes públicos, não tinham direito à percepção de 13º Salário, algo que todo agente público percebe, fato esse que mudou ante decisão do STF ocorrida em sessão realizada no último dia 24 de agosto, com repercussão geral reconhecida, cujo relator foi o ministro Luís Roberto Barroso.

Assim, por conta desta Decisão do STF, que vai de encontro a entendimento anteriormente exarado pelo Ministro José Arnaldo da Fonseca, do STJ, e que servia de amparo para que o nosso TCM impedisse essa percepção, sob a alegação de que o legislador constituinte não teria incluído os agentes políticos como aqueles detentores de tal direito, o que agora, ante a alteração desse posicionamento, criou-se a possibilidade dessa percepção.

Nesta Decisão, o ministro Roberto Barroso assevera que: “se todos os trabalhadores têm direito ao terço de férias e décimo terceiro salário, não se afigura razoável extrair do parágrafo 4º, do artigo 39 da Constituição, uma regra para excluir essas verbas dos agentes públicos, inclusive daqueles ocupantes de cargos eletivos”.

Mas o recebimento do 13º e do terço (1/3) de férias não é de aplicação imediata. Necessita que sejam observadas algumas medidas jurídicas e legislativas para que se possa realizar esses pagamentos. Esses pagamentos, claro, deverão ser proporcionais à data da Decisão do STF. Ou seja, de agosto de 2017 para cá.

Entretanto, será necessário, para a percepção dessas vantagens, que as Câmaras de Vereadores regulamentem a possibilidade na Lei Orgânica do Município, vez que inexiste previsão desse tipo de percepção em âmbito municipal, bem como na Lei que dispõe sobre a fixação do subsídio do Prefeito, Secretários e Vereadores, para que se estabeleça o valor a ser pago.

Caso não sejam observados esses critérios (inclusão na Lei Orgânica e na Lei que fixou a remuneração dos Agentes Políticos), poderão os ordenadores dessa despesa (Prefeitos e Presidente de Câmaras), serem condenados à devolução dos valores percebidos (eles e os beneficiários), bem como poderão ser multados e ter as suas contas rejeitadas.

Como se vê, apesar do Supremo Tribunal Federal ter garantido o direito de percepção ao Agente Político do 13º Salário e das férias, para que os mesmos possam vir a perceber esses direitos, necessário se faz realizar a aprovação de alguns ajustes legais, pois, do contrário, mesmo com a Decisão judicial sobre o tema, o pagamento será considerado ilegal, podendo o ordenador da despesa ser condenado por conta de seu ato.

Allah Góes é advogado e mestre em Ciência Política.

Tempo de leitura: 2 minutos

Eric Júnior

 

Recentemente, assistindo a uma palestra da gerente regional do Sebrae, Claudiana Figueiredo, uma frase me chamou atenção: “Somos as pessoas que esperamos”. Faço destas as minhas palavras, afirmando que não é preciso aguardar quem mude a nossa realidade, mas sim fazer acontecer.

 

 

Há quase dois anos à frente da Provedoria da Santa Casa de Itabuna, posso dizer, hoje, que os corredores dos hospitais Calixto Midlej Filho, Manoel Novaes e São Lucas deixaram de ser apenas o meu local de trabalho, e se tornaram umas das maiores escolas que já tive na vida. A cada dia, um aprendizado, tanto com pacientes e acompanhantes como com colaboradores. A cada avanço, a cada conquista, a certeza de estarmos no caminho correto. Todos nós, juntos, tentando acertar diariamente.

Em outubro fomos contemplados como a melhor Santa Casa do Interior do Estado na premiação conhecida como o Oscar da Saúde na Bahia, o Benchmarking Saúde. Em uma noite de premiação na capital, representei os 1.800 funcionários e agradeci imensamente pelo reconhecimento à nossa instituição centenária, tão importante para a região pela referência em atendimento e serviços, e por ser a segunda maior empregadora de Itabuna.

Para minha surpresa, este reconhecimento não parou por aí. A Câmara De Vereadores Municipal, na semana seguinte, nos concedeu, pela primeira vez na história de uma instituição com cem anos, Moção de Aplausos (aprovada por unanimidade), numa iniciativa do vereador Júnior Brandão.

Recentemente, assistindo a uma palestra da gerente regional do Sebrae, Claudiana Figueiredo, uma frase me chamou atenção: “Somos as pessoas que esperamos”. Faço destas as minhas palavras, afirmando que não é preciso aguardar quem mude a nossa realidade, mas sim fazer acontecer. E é com este pensamento que encerro o meu agradecimento, inicialmente aos representantes dos demais hospitais da Bahia, que nos concederam o Troféu Ouro; à Câmara Municipal de Itabuna, pela inesquecível Moção de Aplausos; e aos colaboradores da Santa Casa de Itabuna, pela caminhada. Que venham os próximos cem anos!

Eric Júnior é provedor da Santa Casa de Itabuna.

Tempo de leitura: 5 minutos

Durval Pereira da França Filho

 

Hoje, para crentes e descrentes, tolerância deve ser a palavra da vez, “sem arrogância, sem superioridade, sem presunção” como ensinava C. S. Lewis.

O dia 31 de outubro de 2017 assinalou a passagem dos 500 anos do segundo grande cisma do cristianismo: a Reforma Protestante. Nesse contexto, percebe-se que o número dos novos evangélicos tem crescido de maneira considerável. Mas também vem crescendo o número de muçulmanos, espíritas, agnósticos e ateus. Em meio a essa migração dentro do cristianismo, ao crescimento do Islã, a despeito do terrorismo, e ao crescimento daqueles sem religião, vai aqui uma pergunta: Deus existe?

Se você acredita que Deus existe, então prove. Não, você não pode provar, como também não pode provar o contrário. No panteão dos sem Deus, os mais evidentes são os ateus e os agnósticos.

Ateu é aquele que nega a existência de Deus, e o termo vem do grego a = não, sem: + Theos = Deus. Os especialistas fazem distinção em alguns tipos de ateus: existencialistas (Jean-Paul Sartre), marxistas (Karl Marx), psicológicos (Sigmund Freud), capitalistas e comportamentalistas (B. F. Skinner). O foco de sua argumentação é a negação.

Agnóstico é o que desconhece os meios para saber se Deus existe, bem como outras realidades metafísicas. O termo também vem do grego a = não + gnoses = conhecimento, ou seja, Deus é incognoscível, não se pode ter certeza se Ele existe ou não. O foco de sua argumentação é a dúvida. Mas, independentemente das classificações, os adeptos do ceticismo são encontrados nos meios de comunicação e, principalmente, nas universidades.

Charles Darwin (1809-1882), naturalista britânico, é um exemplo típico de agnóstico. Através de suas pesquisas e observações sobre a variabilidade das espécies, elaborou a doutrina da evolução por meio de uma seleção natural, como paradigma para explicar a origem da vida, sem evidências da ação divina.

Já Friedrich Nietzsche (1844-1900), alemão de origem judaica e formação luterana, filósofo e filólogo, tem sido considerado “o mais cruel e vigoroso ateu da história”. Dizia que para ele Deus estava morto, pois não conseguia acreditar em “um Deus que quer ser louvado o tempo todo…”. Assim, a sua crença na morte de Deus era subjetiva, na cosmovisão do homem ocidental.

Sigmund Freud (1856-1939), neurologista e psiquiatra austríaco, sempre se considerou ateu, embora de origem e educação judaicas. Para ele, “Deus é uma concepção humana nascida no inconsciente…”, e “a fé em Deus não passa da projeção de fortes desejos e necessidades internas”. Costumava afirmar que não tinha o temor de Deus e que, se algum dia o encontrasse não pretendia se entregar. Mas quase se entregou.

Já o crítico literário britânico C. S. Lewis ou Clive Staples Lewis (1898-1963), também ateu, tinha em Freud a sua inspiração. Na universidade, C. S. Lewis teve certeza de que “religião é coisa para criança”, e as igrejas eram verdadeiras creches para aqueles que não conseguiram crescer e se libertar. Freud morreu de câncer do palato, afirmando ser ateu até o fim dos seus dias, mas sua correspondência está cheia de expressões como “graças a Deus”, “se Deus quiser” e similares. Foi a morte do mestre que levou C. S. Lewis a ser criança de novo e a voltar para a creche, para Deus.

Para Bertrand Russel (1872-1970), filósofo e matemático britânico, ateu, “a religião nasce do medo” e torna as pessoas subservientes e a crença em Deus não conduz à felicidade.

O que pensam os modernos Richard Dawkins (1941), biólogo inglês, e Stephen Hawking (1942), astrofísico e cosmólogo? A fé em Deus é um “absurdo altamente perigoso”, porque a probabilidade de que Deus exista é ínfima (Dawkins). A crença em Deus é incompatível com a ciência (Hawking).

Francis Collins (1950), biólogo e geneticista norte-americano, foi diretor do Projeto Genoma Humano. Ateu convicto até os 27 anos, seguiu na contramão da tendência pós-moderna entre os cientistas: foi na universidade que ele se converteu ao cristianismo. A partir daí, vem discordando das teorias de Daniel Denneth, Richard Dawkins e outros colegas ateus, e afirma categoricamente que “a ciência não exclui Deus”.

Leandro Karnal (1963), historiador brasileiro, professor da Unicamp e ateu convicto, faz apologia à Bíblia como o livro mais influente da humanidade, livro que ele diz ler “quase diariamente” e do qual destaca o livro de Jó e o coloca entre os dez que mais influenciaram sua vida. É essa Bíblia que Leandro Karnal já leu muitas vezes, que afirma no Salmo 19:1: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.

Então, para ser ateu é preciso ter mais fé do que para ser religioso, porque a crença cristã se fundamenta na Bíblia e nas evidências da natureza; a muçulmana (sem terrorismo) se fundamenta no Alcorão; o judaísmo se fundamenta na Torá (Velho Testamento); mas o fundamento ateísta é a negação, o niilismo, o nada. “Viemos do nada e vamos para o nada; no meio, resta apenas a angústia” era como pensava o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980), de ancestralidade cristã que se desencantou com a religiosidade aparente de sua família.

Augusto Cury, médico psiquiatra paulista, o escritor brasileiro mais lido nos últimos dez anos, autor da Teoria da Inteligência Multifocal, assim com C. S. Lewis, foi um dos grandes ateus que também voltou à “creche”, a Deus… mas ele afirma que religião pode ser fonte de doença e de saúde mental, a depender da forma como é praticada. “A intolerância é um câncer na sociedade e isso vai totalmente contra o que Jesus vivenciava…”, afirma Cury.

A falta de Deus na vida das pessoas pode contribuir para o aumento da violência, do preconceito, da intolerância. Mas o grande problema não decorre dos céticos, por qualquer razão. Os responsáveis pelo grande aumento dos descrentes são os ditos crentes, que não vivem de acordo com a fé que professam em Deus. Vivem como se Ele realmente não existisse, o que tem contribuído para o desencantamento de muitos. Por trás de cada conversão ao ateísmo, existe uma frustração, uma mentira, um engano, um desencanto motivado por religiosos de ontem e de hoje.Leia Mais

Tempo de leitura: 5 minutos

Luiz Conceição

 

 

Sebastião Magali jamais confessou de onde teria partido a ordem e quem teria financiado o ataque. Presos, achavam-se tranquilo, conversando e rindo. A calma do líder impressionava, mas quebrou-se quando confrontado com telegrama em que pediu mais cartuchos, armas e até canhões de tiro rápido.

 

Em novembro de 1907 um fato insólito aconteceu em Ilhéus. Decorridos 110 anos, tem pitoresco sabor de faroeste.

Chegaram à cidade, no dia 22, na lancha União 3ª, procedente de Salvador, aonde desembarcara dois dias antes do navio inglês Byron, nove indivíduos que se diziam de nacionalidade inglesa, americana e canadense: George Gordon, Baker, Parcker, Davies Gruthorp, Wilson, Rice, Pfannebecker e Borer, liderados por Sebastião Magali.

Munidos de pesada bagagem, traziam malas de couro próprias para viagens terrestres, alforjes, etc. O grupo dizia que tinha Caravelas como destino, de onde passaria a Minas Gerais. Mas, como tivesse enjoado na travessia entre a capital e Ilhéus, resolveu pernoitar. Alugou um andar térreo de um sobrado da Fazenda Pimenta, no subúrbio. Também se disseram artistas de circo.

Mas não traziam animais nem os apetrechos necessários à montagem de espetáculos, o que causou desconfiança aos então moradores da antiga Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Coube ao promotor público Afonso de Carvalho intimar o chefe do grupo à delegacia. Lá reafirmou serem seus colegas e ele artistas circenses. A partir daí, Magali apressou-se a comprar animais de montaria e carga com a promessa de pagar no dia 26, quando receberia dinheiro vindo da capital.

Porém, na véspera, chegou ao conhecimento de um dos vendedores dos animais e mercadorias que cedo o grupo de Sebastião Magali encilhava a tropa no pátio da fazenda sem nada pagar. Dirigiu-se ao local para reclamar. Os gringos entraram na casa e começaram a se armar. Prezilino Azevedo apoderou-se de dois dos três cavalos e saiu em disparada, tendo chegado à delegacia.

Voltando à fazenda para recuperar mais mercadorias deu de encontro com os nove sujeitos, armados e em disparado galope disparando tiros a torto e a direito, tendo um projétil lhe atingido. O bando trajava uniforme cáqui do exército americano, perneiras e grossas blusas. À frente, seguia Magali que, ao entrar na Praça da Câmara de Vereadores, bradava: “Este é o circo!” ao mesmo tempo em que atirava de carabina.

A população de Ilhéus entrou em pânico, mas a reação popular foi imediata, já que cresceu o número de pessoas que saiu no encalço do bando disparando tiros de revolver. Narra João da Silva Campos no livro Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus[1], que até crianças e mulheres se envolveram no episódio digno das fitas de cinema nos bons tempos de Hollywood.

O destacamento policial, composto de seis soldados, delegado à frente, tomou o caminho no encalço do bando de Magali, tendo abatido um dos seus integrantes ao que se apurou um homem de 38 anos. O tiro foi disparado por um soldado que descia da Conquista para recolher-se ao quartel, mas ouviu o tiroteio. O bando então tomou o rumo da praia.

O sargento alvejou outro deles, que caiu do cavalo, mas conseguiu fugir em direção à casa do coronel Eustáquio Bastos, que o prendeu. Não foi linchado pela ação do advogado João Mangabeira que o protegeu da massa exaltada.  Os demais fugiram pela praia rumo norte, em linha reta, deitados sobre os cavalos a fim de fugir das balas que choviam sobre eles. Além de dois mortos, houve três ou quatro feridos. Um dos quais perdeu a perna, conseguindo sobreviver até 1934.

Uma expedição dirigida pelo inspetor de polícia Balduíno Pereira Duarte seguiu em perseguição dos sete sujeitos restantes. “Ao mesmo tempo, o coronel Domingos Adami de Sá avisava seus parentes e amigos em Almada de quanto se passava, concitando-os a se armarem e saírem em busca dos aventureiros. Então, reuniram-se ali mais de 200 homens armados de repetições, dirigindo-os o capitão João Bastia Homem d El- Rei, chefe da tropa, Durval Hohlenwerger e Argélio Dórea, aos quais se uniu o inspetor Balduíno. Levam ordem de evitar mortes”, narra o cronista.

Os fugitivos foram alcançados no dia 26 na fazenda Mocambo, 14 léguas de distância de Ilhéus, o equivalente a 84 quilômetros. O bando repousava, mas mantinha sentinela avançada. Dado o alarme, tomaram das carabinas e fuzilaram a expedição, que prontamente revidou a agressão, ferindo dois aventureiros. Para evitar mortes, acaso o tiroteio continuasse, o capitão Durval deu a ordem: “Peguem à unha!” A tropa avançou e dominou o bando a coronhadas e panaços de facão.

De joelhos, três pediram clemência. Magali, porém, e os outros se bateram como loucos do começo ao fim da rápida ação. Mas acabaram presos. Chegaram a Ilhéus às 19h30min do dia 27, rodeados de numerosa escolta montada, tentando grosso magote de populares linchá-los. Magali estava ferido na cabeça, na perna e com um braço fraturado. Havia recebido três balaços de máuser, uma carga de chumbo, coronhadas e um golpe de facão.

Outros dois, seriamente feridos, foram trazidos em canoas. Dos atacantes também saíram feridos outras três pessoas. Então, perguntavam constantemente a Sebastião Magali se não havia notícia de movimentos iguais em outros pontos do Estado. Na fuga, Magali foi inutilizando a linha telegráfica. Como indagassem dele se aquilo era o circo que trouxera a Ilhéus, respondeu com sorriso zombeteiro. Depois de fotografados foram ouvidos pela polícia com o auxílio de Henry Dunningham, contador da estrada de ferro.

Sebastião Magali e os remanescentes do seu bando foram submetidos a dois julgamentos. Ficaram presos na cadeia de Ilhéus, fizeram muitos amigos, ganharam presentes e atenções. Parker ficou na Bahia, atuou na profissão de engenheiro eletricista. Magali tornou-se popular, lendário. Enlouqueceu, sendo recolhido a um asilo.

Houve a individualização dos indivíduos, ficando constatado que eram Cecil Bore, ator, inglês, ex-tenente exercito blanco na derradeira guerra civil do Uruguai; Hubert Wilson e George Kincaid, irlandeses, da Polícia Montada do Canadá; Samuel R Parker, engenheiro eletricista; Herbert Pfannebekcer, do Brooklyn; George Gordon, escocês; George H. Vice, de New York. Todos jovens entre 21 e 30 anos, à exceção de Norl Philp Davies Gruthorp, sexagenário, da reserva do exército inglês.

Sebastião Magali jamais confessou de onde teria partido a ordem e quem teria financiado o ataque. Presos, achavam-se tranquilo, conversando e rindo. A calma do líder impressionava, mas quebrou-se quando confrontado com telegrama em que pediu mais cartuchos, armas e até canhões de tiro rápido.

Mas, as investigações provaram ser Magali brasileiro, natural de Porto Alegre e ex-marinheiro tendo servido a bordo do navio de guerra Comandante Freitas. Além disso, seria Sebastião Magalhães o seu nome civil. Os comparsas americanos teriam sido contratados a um dólar por dia. Queriam repetir aqui que se dera na Venezuela.

O fato repercutiu na imprensa, inclusive no New York Herald, com transcrição no Brasil pelo Jornal de Notícias, editado em Salvador.  Também foi tema de reportagens no Jornal do Brasil e The Sun, de Nova York. Olavo Bilac fez crônica sobre a malograda aventura. Sebastião Magali e os remanescentes do seu bando foram submetidos a dois julgamentos. Ficaram presos na cadeia de Ilhéus, fizeram muitos amigos, ganharam presentes e atenções. Parker ficou na Bahia, atuou na profissão de engenheiro eletricista. Magali tornou-se popular, lendário. Enlouqueceu, sendo recolhido a um asilo.

Luiz Conceição é jornalista.

[1] Obra editada em 1947; reedições em 1981 e 2006, esta pela Editus (editora da Uesc).

Tempo de leitura: 3 minutos

Andirlei Nascimento | andirleiadvogado@hotmail.com

 

Resta, como última esperança ao trabalhador, que o Supremo Tribunal Federal cumpra o seu papel na condição de guardião da Constituição e, reconhecendo a inconstitucionalidade dos diversos pontos da reforma, extirpe os malefícios que serão perpetrados na vida daqueles que sempre lutaram.

Em vigor desde o último dia 11 de novembro, a polêmica Reforma Trabalhista divide opiniões e provoca debate quanto a sua institucionalidade. Para alguns, a reforma era necessária para o país poder crescer e aumentar a oferta de emprego; para outros, ela veio para suprimir direitos adquiridos.

O fato é que a nova legislação laboral alterou pontos importantes e polêmicos da relação entre capital e trabalho. A Constituição Federal em vigor, de acordo com o artigo 5º, veio oportunizar e facilitar o acesso do cidadão ao Judiciário, razão pela qual é chamada de Constituição cidadã. Em caminho oposto, as alterações implementadas na Justiça do Trabalho, ao que se percebe, veio com o objetivo de dificultar o seu acesso e proteger o interesse do capital. Isto porque, através de Negociação Coletiva ou Acordos Coletivos, direitos históricos poderão ser suprimidos uma vez que a negociação terá força de lei e sobrepõe ao legislado.

E mais: a Justiça do Trabalho terá poder limitado. Passará a ser menos intervencionista na negociação, fiscalizando apenas pontos tidos como ilícitos, haja vista que irá vigorar o princípio de menos intervenção no processo de negociação havido entre patrão e empregado.

Sem dúvida, as alterações promoverão um verdadeiro afastamento da classe trabalhadora à Justiça do Trabalho já que, caso seja vencido na demanda, arcará com o pagamento dos emolumentos – custas processuais, honorários periciais e honorários de sucumbenciais. O mesmo ocorrerá com o próprio Sindicato de Classe, que, com o não reconhecimento dos direitos perquiridos da classe representada, irá também arcar com todos os ônus da ação.

Emergia sempre na vigência da legislação anterior uma polêmica recorrente, posto não haver um parâmetro para definir a fixação dos danos morais que diz respeito à honra da imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, ao lazer e a integridade física do trabalhador – bens estes que são tutelados na Carta Magna.

Com o advento desta reforma não parará a discussão, considerando que os parâmetros estabelecidos como limite de condenação em até cinquenta vezes o salário que o trabalhador percebe mensalmente não agradou a maioria, segundo os estudiosos do Direito do Trabalho e, principalmente ao trabalhador, já que se verifica que as grandes empresas não mais se importarão com as ações que envolvem a reparação por danos, movidas por seus empregados, uma vez que os valores a serem estabelecidos em sentenças condenatórias não terão impacto nas suas finanças. Portanto, não sofrerá a sanção pedagógica prevista na legislação pátria, mas tão somente um valor econômico ínfimo.

A possibilidade da quitação anual dos direitos também será uma nova modalidade do empregador quitar os créditos durante cada ano de trabalho, cuja homologação deverá ocorrer no sindicato classista. Essa quitação liberará o empregador de qualquer pagamento posteriormente, caso venha o trabalhador questioná-lo na Justiça Obreira.

Resta, portanto, como última esperança, ao trabalhador que o Supremo Tribunal Federal cumpra o seu papel na condição de guardião da Constituição e, reconhecendo a inconstitucionalidade dos diversos pontos da reforma, extirpe os malefícios que serão perpetrados na vida daqueles que sempre lutaram, de forma digna, e em prol de uma sociedade mais justa.

Andirlei Nascimento é advogado, especialista em Direito do Trabalho, pós-graduado em Processo do Trabalho e ex-presidente da Subseção de Itabuna da OAB.

Tempo de leitura: 2 minutos

Cláudio Rodrigues

 

Basta qualquer agente ir até os pontos de partida ou às sedes das empresas donas desses ônibus da morte e tomar as medidas necessárias para evitar que continuem operando irregularmente.

O dia de ontem (domingo, 12) foi marcado pela notícia do acidente com o ônibus da empresa RC Turismo que saiu de Itabuna com destino a São Paulo. O veículo tombou na BR-381, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, matando sete passageiros e deixando outras 13 pessoas feridas, entre as vitimas fatais estavam passageiros de Itabuna e Ilhéus.

Uma funcionária da empresa afirmou ao G1 que a documentação do veículo estava em dia. Porém, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse que o ônibus não tinha autorização para realizar a viagem. Esse é um jogo de empurra que se repete a cada acidente com veículos que fazem transporte clandestino. Os órgãos de fiscalização fazem vistas grosas e quando acontece um acidente ficam buscando o culpado.

Na verdade, nada é feito para coibir esse tipo de ação de empresas e pessoas que exploram o transporte clandestino. Todos os sábado, dezenas de ônibus partem de Itabuna para o Sudeste do Brasil, os pontos de partida são ao lado da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e do inicio da avenida José Soares Pinheiro. Será que nenhum dos órgãos de fiscalização sabe disso?

Qual o real papel da ANTT, Agerba, PRF e PRE em relação ao transporte clandestino? A verdade é que, se houvesse por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização um trabalho de prevenção, esse tipo de serviço não estaria sendo prestado. Basta qualquer agente ir até os pontos de partida ou às sedes das empresas donas desses ônibus da morte e tomar as medidas necessárias para evitar que continuem operando irregularmente.

Mas, como quem busca esse tipo de transporte são pessoas de baixa renda ou trabalhadores da informalidade, que, para garantir uma economia e um lucro melhor, colocam a própria vida em risco, tornam-se meras estatísticas para os responsáveis pela fiscalização. E a viagem para morte continua. No próximo final de semana, outros ônibus vão partir dos mesmos pontos.

Cláudio Rodrigues é consultor.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marco Wense

Se tem um político que Rui não pode se atritar, sob pena de sair derrotado da eleição, é o senador Otto Alencar, que já foi carlista e governador da Bahia.

Começa a tomar corpo, entre correligionários bem próximos do senador Otto Alencar, um movimento para que o parlamentar tenha uma conversa com o governador Rui Costa sobre a sucessão de 2022.

Otto quer disputar o comando do cobiçado Palácio de Ondina com o apoio do PT e de suas principais lideranças.

O que os otistas querem é que o chefe do Executivo, que é pré-candidato a um segundo mandato, via instituto da reeleição, se comprometa em apoiar Otto no processo sucessório de 2022.

O senador, que é o presidente estadual do PSD, legenda que integra a base aliada do governo Temer, é peça importante para a permanência de Rui no cargo.

Resultados de recentes pesquisas de intenções de voto, dando a dianteira ao prefeito soteropolitano ACM Neto, do Partido do Democratas (DEM), fortalecem a iniciativa dos otistas.

Se tem um político que Rui não pode se atritar, sob pena de sair derrotado da eleição, é o senador Otto Alencar, que já foi carlista e governador da Bahia.

Essa dependência política de Rui com Otto termina fortalecendo a contrapartida em relação a sucessão de 2022. Ou seja, sem o apoio do senador, Rui não se reelege. Conditio sine qua non.

O problema maior não é o governador, que até toparia o acordo. A pulga atrás da orelha é o PT, é confiar no PT. O PT que adora receber apoio e detesta apoiar.

Outro detalhe é Lula. O PT acha que o petista-mor vai disputar a eleição presidencial sob a proteção de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

E como os petistas acreditam em uma vitória de Lula, já pensam no Palácio de Ondina na sucessão de 2022, obviamente com um nome do partido, que pode ser Jaques Wagner.

Concluo dizendo que, se depender do petismo, o sonho do senador Otto Alencar de voltar a governar a Bahia não vai passar de um grande pesadelo.

Marco Wense é editor d´O Busílis.

Tempo de leitura: 2 minutos

Felipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

 

A universidade precisa exercitar a escuta. A lógica de gestão acadêmica e da relação com a sociedade deve ocorrer através de diálogos olhos nos olhos, com pés no chão.

 

Entre minhas experiências como estudante de graduação, pós-graduação, de trabalho como técnico administrativo e docente, tenho 17 anos praticamente ininterruptos frequentando universidades cotidianamente. Percebo sempre um ponto chave: embora sejam instituições públicas, as universidades têm, via de regra, diversas falhas na relação com a sociedade. A partir desta constatação, questiono: qual a função da universidade? Qualificar pessoas? Sim, mas não apenas isso.

Uma das questões mais fundamentais na universidade passa pela sua capacidade de integração social. Habitualmente estas se fecham numa pequena ilha de conhecimento onde apenas os “favorecidos” podem dispor de suas benesses. Quando a universidade busca contato com a sociedade civil organizada, ao invés de ouvir abertamente artistas, líderes comunitários, mobilizadores sociais, a instituição o faz na lógica do escute o que tenho para lhe dizer. A universidade, dona de um saber “qualificado”, vai até a sociedade para “ensiná-la”.

Este não é o caminho. Diversos grupos sociais já estão calejados desse tipo de abordagem presunçosa das universidades. O reconhecimento de diferentes saberes, sem atribuição de hierarquias, é uma demanda urgente para a universidade pública brasileira. A ideia de inclusão, onde a universidade permite ao menos favorecido frequentar seu panteão, está ultrapassada. O caminho da universidade deve ser o da integração social.

Mestres da cultura popular, líderes comunitários, artistas e outros têm tanto a ensinar quanto qualquer docente qualificado formalmente. A verdadeira integração acontecerá no momento em que a academia consiga se posicionar diante desses outros saberes e tratá-los de igual para igual sem permitir que estes sejam utilizados apenas para lançar holofotes e sirvam de degrau para a benevolência dos doutos acadêmicos.

O caminho não é simples. A desconstrução de décadas de pedestais fundados é um processo que deve ser entendido como processo diário de trabalho. Fala-se muito na luta por uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. Esse resultado virá através da integração social plena, considerando os pensamentos contraditórios com escuta ampla e respeitosa. A universidade precisa exercitar a escuta. A lógica de gestão acadêmica e da relação com a sociedade deve ocorrer através de diálogos olhos nos olhos, com pés no chão.

Felipe de Paula é professor universitário.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marco Wense

 

O apoio a Ciro, logo no primeiro turno, seria um gesto de grandeza, retribuindo tudo que o PDT fez por Lula.

 

O sonho do Partido dos Trabalhadores é ter Ciro Gomes (PDT) como vice de Luiz Inácio Lula da Silva na sucessão presidencial de 2018.

Uma missão impossível. A candidatura do ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda do então governo Itamar Franco é irreversível.

A cúpula do PT fica mandando recadinhos pela imprensa, mais especificamente pelo jornal digital Brasil 247, convidando Ciro para compor a chapa majoritária.

Para alimentar alguma esperança, os petistas oferecem como contrapartida um “se”. Ou seja, se Lula ficar inelegível, em decorrência da Lei da Ficha Limpa, o PT apoiaria o pedetista.

Ciro seria o candidato do PT com Jaques Wagner ou Fernando Haddad como vice. E mais: fariam alianças em algumas unidades federativas visando o governo estadual e o Senado da República.

Confesso que não sei o que passa pela cabeça de Carlos Luppi, presidente nacional da legenda brizolista, sobre essa iniciativa do petismo.

Ora, o PT não deveria lançar candidatura própria. O apoio a Ciro, logo no primeiro turno, seria um gesto de grandeza, retribuindo tudo que o PDT fez por Lula.

O PT esquece que Leonel Brizola engoliu o “sapo barbudo” por várias vezes, no momento que a legenda e Lula estavam desamparados, eram considerados como uma ameaça ao Brasil.

Vale lembrar que o saudoso e inesquecível Leonel Brizola, hoje em um lugar chamado de eternidade, e em um canto reservado para os políticos decentes, foi vice de Lula na eleição de 1998.

Outro detalhe é que o então presidente Lula passou quatro anos, no seu segundo mandato, dizendo a Ciro que ele seria o seu candidato na sucessão. Voltou atrás e indicou Dilma.

Lula, não de público, mas nos bastidores, longe dos holofotes, em conversas reservadas, admite que o segundo governo de Dilma Rousseff foi um fiasco.

Mas como queria ser presidente pela terceira vez, e sabia que Ciro faria um grande governo e seria reeleito, colocou Dilma como um instrumento para facilitar sua volta ao poder.

Portanto, resta ao PT, volto a repetir, um gesto de grandeza e não de sabedoria, sob pena de ficar na história como um partido que só pensa nele.

A candidatura de Ciro Gomes é favas contadas e para ganhar. É, sem nenhuma dúvida, o candidato mais preparado de todos. Não à toa o temor dos adversários com os debates.

Antes era uma impressão, agora é a constatação de que a campanha de Ciro vem crescendo a cada dia, principalmente entre os formadores de opinião e os estudantes universitários.

Os petistas têm que guardar suas energias para outras missões, vão precisar delas lá na frente. Fica mais fácil convencer o PCdoB de não ter candidatura própria.

Marco Wense é editor d’O Busílis.

Tempo de leitura: 3 minutos

Foto KVKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

 

Toda essa confusão a respeito do nível de dificuldade do tema da redação do Enem me fez refletir sobre como a população surda vive à margem da sociedade brasileira. Nós, ouvintes, investimos em dominar outros idiomas, a exemplo do inglês e do espanhol, mas não nutrimos qualquer interesse em aprender o básico sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), segundo idioma oficial do país.

 

Desde 2004, ganho a minha vida escrevendo. Já fiz redação para rádio, jornal, internet. Em 2011, obtive 960 na redação do Enem. E, em 2012, marquei 100 pontos no concurso da Polícia Militar da Bahia. Portanto, posso não ser a melhor escritora do mundo, mas entendo alguma coisinha sobre como produzir um bom texto.

Neste ano, fui presenteada com a grata oportunidade de ganhar minha vida ajudando os outros a escrever. Quem me abriu essa possibilidade foi o professor Emenson Silva, após nos conhecermos quando fui contratada para escrever sobre o segredo do sucesso do Curso Gabaritando. E tem sido uma incrível experiência de partilha, pois sinto que estou aprendendo muito mais do que tenho mediado.  

Ao longo das aulas de redação, trabalhei com os estudantes do Pré-Enem os temas apontados pelos grandes cursos do país como os mais prováveis a cair no certame deste ano. Mais do que entregar uma redação pronta, tentei mostrar maneiras de extrair ideias dos textos motivadores, sempre frisando: vocês devem estar preparados para escrever sobre qualquer coisa. Portanto, mantenham a calma, reflitam sobre o tema, construam a estrutura da dissertação, escrevam e revisem.

Todavia, a preocupação com o tema sempre pareceu maior do que o domínio das técnicas de redação. Na busca por uma fórmula pronta, alguns estudantes chegaram a propor que eu escrevesse uma dissertação sobre o tema que considerado mais provável para ser usada como modelo. Respondi que, se tinham tanta certeza sobre o assunto, investissem em pesquisas para embasar seus argumentos. Afinal, muito mais do que a capacidade de escrita, o Enem avalia a leitura dos candidatos, a aplicação dos conhecimentos adquiridos das mais várias áreas, incluindo do Grande Livro do Mundo, como diria Descartes.

Porém, o tema da prova discursiva do Enem 2017 passou uma rasteira nos palpites dados pelos grandes conglomerados da educação brasileira. Ninguém esperava a proposta do Inep: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Quando divulgaram o tema, a celeuma tomou conta da internet. O Guia do Estudante – “bíblia” dos educandos e educadores brasileiros, pertencente ao Grupo Abril – publicou em sua página do Facebook: “Tema de redação é considerado complexo por professores e leitores”. Claro que não poderiam gostar! Afinal, o mais perto que chegaram do tema foi quando citaram a probabilidade de cair algo sobre acessibilidade. Apenas isso.

A confusão sobre o nível de dificuldade do assunto seguiu assim que o MEC divulgou o tema na internet. Particularmente, não considerei nada absurdo. Afinal, o Enem costuma abordar questões relacionadas à promoção da cidadania e à inclusão dos surdos no processo educacional segue tal vertente.

Assim que vi os textos motivadores, os quais ajudam a nortear a construção da tese e dos argumentos dos candidatos, deparei-me com quatro belas inspirações: um trecho da Constituição Federal sobre o direito à educação da pessoa com deficiência; um gráfico demonstrando a queda do número de matrículas de surdos na Educação Básica; uma peça publicitária abordando a falta de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas surdas e, por fim, um breve histórico do acesso dos surdos à educação. Diante de tantas informações disponibilizadas, só pude pensar: “Se alguém não tiver a mínima capacidade de desenvolver algo sobre isso a partir de tantas informações, infelizmente, o problema está com a interpretação de textos, não com o assunto”.

Segundo o IBGE, o Brasil possui quase 10 milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva. Então, onde essas pessoas se escondem, uma vez que tanta gente afirma ser complicado falar a respeito da inclusão dessa parcela da população nos processos educacionais?

Toda essa confusão a respeito do nível de dificuldade do tema da redação do Enem me fez refletir sobre como a população surda vive à margem da sociedade brasileira. Nós, ouvintes, investimos em dominar outros idiomas, a exemplo do inglês e do espanhol, mas não nutrimos qualquer interesse em aprender o básico sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), segundo idioma oficial do país. Não conseguimos considerar qualquer tipo de relação com colegas surdos ou com qualquer nível de deficiência auditiva na escola, na igreja, no trabalho ou em qualquer outro círculo social.  Foi tanto barulho por conta dessas quase 10 milhões de pessoas que, não apenas vivem no silêncio, mas também invisíveis aos olhos da maioria dos seus compatriotas.

 Karoline Vital é comunicóloga e Mestre em Letras: Linguagens e Representações.

Tempo de leitura: 2 minutos

marco wense1Marco Wense

 

Essa interessante conversa entre Mangabeira e Ciro Gomes deve contar com a presença do deputado Félix Júnior, presidente estadual do PDT e coordenador da bancada baiana na Câmara Federal.

 

Acredito que Itabuna poderá ser a sede de um encontro das lideranças políticas do sul da Bahia com o presidenciável Ciro Gomes (PDT).

O diretório municipal, sob a batuta do médico Antônio Mangabeira, ficará no comando da organização e de todo o empenho para uma grande recepção ao pedetista.

Alguns líderes de Itabuna serão convidados, mas como pertencem a partidos ou grupos políticos que já tem seus postulantes ao Palácio do Planalto, dificilmente comparecerão.

Geraldo Simões, ex-prefeito, petista histórico, vai com qualquer candidato que o PT apontar. Se não for Lula, em decorrência da inelegibilidade, será Jaques Wagner ou Fernando Haddad.

Augusto Castro, do tucanato, obviamente do PSDB, irá apoiar o candidato da legenda, possivelmente o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Azevedo, também ex-alcaide, salvo engano do PTB, mas com malas prontas para o DEM, deve acompanhar o candidato de ACM Neto, que poderá ser Alckmin ou um candidato do próprio partido.

Davidson Magalhães, PCdoB, vai com o PT, independente de que nome seja, em que pese muitos comunistas serem simpáticos à candidatura de Ciro Gomes.

Citando um exemplo nosso, bem tupiniquim, o vereador Jairo Araújo, da legenda comunista, é um admirador de Ciro, não perde uma entrevista do ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.

E Fernando Gomes? Essa é a grande incógnita, o enigma a ser decifrado. O alcaide já disse que não tem nenhum compromisso com o PT e sim com a reeleição do governador Rui Costa.

Então, é Mangabeira que vai recepcionar Ciro, que deve perguntar ao ex-prefeiturável sobre esse imbróglio envolvendo o PDT de Itabuna e o petismo baiano.

Ciro vai achar estranho o fato de o PT, com o aval do governador Rui Costa, ter apoiado Fernando Gomes, então candidato do DEM, em detrimento do postulante do PDT, partido da base aliada.

Essa interessante conversa entre Mangabeira e Ciro Gomes deve contar com a presença do deputado Félix Júnior, presidente estadual do PDT e coordenador da bancada baiana na Câmara Federal.

PS – O prefeito Fernando Gomes não será convidado para o encontro com Ciro Gomes.

Marco Wense é editor d´O Busílis.

Tempo de leitura: 2 minutos

marco wense1Marco Wense

 

Collor era o “caçador de marajás”. Bolsonaro é o “caçador de bandidos”. O eleitor de Collor dizia que ele iria acabar com os marajás. O de Bolsonaro diz que ele vai acabar com os bandidos.

 

Recebi uma avalanche de críticas sobre um comentário que fiz nas redes sociais em relação à semelhança entre a campanha de Bolsonaro com a do então presidenciável Fernando Collor.

Muitos também elogiaram. Mas os que não gostaram superaram os que ficaram do meu lado. Fui “derrotado” na proporção de 3 para 1.

Não fiz uma comparação pessoal entre Bolsonaro e Collor e nem citei nenhum item fora do campo político, onde a disputa pelo poder é assentada no vale tudo.

Emitir uma opinião no que diz respeito ao marketing de cada um. Os bolsonaristas, no entanto, acharam que eu estava dizendo que eram bandas da mesma laranja ou farinhas do mesmo saco.

“É incrível como a campanha de Bolsonaro lembra a de Collor. Era modismo votar em Collor. Agora é Bolsonaro. Depois vão chorar o leite derramado”, diz o comentário.

Collor era o “caçador de marajás”. Bolsonaro é o “caçador de bandidos”. O eleitor de Collor dizia que ele iria acabar com os marajás. O de Bolsonaro diz que ele vai acabar com os bandidos.

Mas o que me chamou mais atenção, foi um internauta, até esclarecido, dizer que ia votar em Bolsonaro porque queria andar armado, com o revólver na cintura.

Bolsonaro, que é o segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos, atrás do ex-presidente Lula, é um ardoroso defensor da liberação das armas e do “bandido bom é bandido morto”.

O messianismo político-demagógico, tão comum em época de eleição, não é o caminho para que o eleitor tome uma decisão em relação ao seu candidato à presidência da República.

Marco Wense é editor d´O Busílis.

Tempo de leitura: 3 minutos

Afonso DantasAfonso Dantas | afonso.dantas@camaracomunicacao.com.br

 

 

O Temer, o que bebe o Temer? Não foi comprovado seu gosto vampiresco por sangue, embora milhões de brasileiros pensem o contrário com a série de denúncias sobre seu governo pululando na imprensa e nas redes sociais.

 

Analisando o perfil dos nossos presidentes, observo a relação destes com as bebidas. Não lembro se o Sarney apreciava alguma “branquinha” daquelas com infusão de maribondos e devidamente flambada, para fazer alusão ao seu tão famoso livro de poemas, nem dos gostos dos sisudos militares ou do querido Tancredo. O mais famoso, sem dúvida, nesse setor foi o Jânio Quadros, que disse “Bebo porque é líquido, Se sólido fosse, come-lo-ia.”…Mas vamos lá!

Collor era apaixonado pelo Logan, um whisky escocês de 12 anos – e por causa disso, as importações desse bom whisky dispararam no Brasil. (Há quem suspeite até de sociedade com a destilaria. Pura fofoca.)

Itamar não demonstrava preferência por nenhuma bebida, embora no episódio da modelo Lílian, sem calcinha, no camarote oficial da presidência, durante o carnaval, alguns aleguem que não seria possível ele não estar em um estado um pouco alterado. Ficará sempre a dúvida.

Uma pausa nos presidentes da república para lembrar de outro presidente, o Ulisses Guimarães, eterno presidente do PMDB, que lançou moda ao revelar seu gosto por um aguardente de pêssego, que inclusive vinha com uma pera dentro. A garrafa do Poire Williams, caríssima, era sinônimo de intimidade com o poder e ostentá-la na mesa do Piantella, restaurante preferido da fauna política da Capital Federal, era requisito para atrair a atenção do Doutor Ulisses.

Fernando Henrique Cardoso, era colecionador de cachaças, embora alguns afirmem que isso era para tentar ser um pouco mais “pé na cozinha”, frase que disse e que o acompanhou até o fim do mandato como um presidente que “forçava” seu lado popular. Sua coleção de cachaças foi “socialmente compartilhada” – seria esse o termo politicamente correto? – pelos companheiros do MST, Movimento dos Sem-Terra, que invadiram sua fazenda e degustaram sem cerimônia a sua tão estimada coleção.

Lula, presidente extremamente popular, nos tempos do sindicato adorava uma cachacinha e uma cervejinha gelada. A marca? Gelada! No poder, ainda curtiu uns licores de jenipapo e quentões em uma festa junina palaciana, mas, encantado com as benesses do poder, foi conquistado pelo mundo do vinho, estimulado pelo seu marqueteiro Duda Mendonça – esse influenciado pelo ex-governador de São Paulo Paulo Maluf – e fez uma adega de fazer inveja aos Rothschild. Uma boa garrafa de Romanée-Conti, devidamente “decantada”, sonho de consumo de enólogos pelo mundo todo, passou a fazer parte de sua degustação diária. Um luxo.

Dilma Rousseff em matéria de bebidas não se destacou, embora afirmem que não seriam normais suas declarações e discursos em estado de sobriedade. Mas, por via das dúvidas, vamos deixar esse assunto para lá, pois fora a farra de vinhos bem acima da média na escala em Lisboa, de uma viagem internacional, com fotos um pouco comprometedoras em termos de falta de sobriedade, nada temos a comentar muito. Melhor ficar de bico calado, para não sermos acusados de machismo. Tempos difíceis.

O Temer. O que bebe o Temer? Não foi comprovado seu gosto vampiresco por sangue, embora milhões de brasileiros pensem o contrário, com a série de denúncias sobre seu governo pululando na imprensa e nas redes sociais. A bebida predileta do atual mandatário do Palácio do Jaburu (não quis o Alvorada, pois, dizem, tinha muita luz…) é um mistério, embora haja suspeita de que exista um estoque reforçado de uma bebida escura, a base de catuaba, feita por um raizeiro de origem libanesa, que é melhor do que muita pílula azul famosa que existe por aí.

Um brinde ao poder.

Afonso Dantas é administrador de empresas e especialista em Gestão Cultural pela Uesc, além de sócio e diretor de criação da Camará Comunicação Total.

Tempo de leitura: 2 minutos

marco wense1Marco Wense

 

 O descaradinho discurso de que é preciso privatizar para sanear as contas públicas não passa de uma grande mentira, uma inominável safadeza.

Estão leiloando o país descaradamente, na cara da Justiça, do Ministério Público, da OAB, da sociedade civil e do cada vez mais podre e omisso Congresso Nacional.

Nunca na história da República se presenciou um toma-lá-dá-cá tão vergonhoso, um balcão de negócios como se fosse uma grande feira.

Perderam a vergonha. E o pior é que ainda debocham, fazem do cidadão-eleitor-contribuinte um “João ninguém”, como diz a sabedoria popular.

Com o argumento de que é necessário alcançar o equilíbrio das contas públicas, popularmente tapar o rombo no caixa, estão vendendo tudo a preço de banana.

E ficam todos sonolentos, inertes diante dos escândalos, das negociatas envolvendo o patrimônio brasileiro. E as ruas? Cadê os movimentos contra a corrupção?

Ora, essa conversinha de organizar as finanças é de um cinismo impressionante. Toda a entrega tem como contrapartida o voto contra a continuidade da segunda denúncia envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB).

Vão fazer de tudo para que o plenário da Câmara dos Deputados barre o prosseguimento das acusações contra o mandatário-mor e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha.

Poderia aqui mencionar vários esquemas nessa permuta inescrupulosa de favores, mas vou citar apenas o recente caso da privatização de Congonhas.

Temer prometeu ao ex-deputado Valdemar Costa Neto, aquele danadinho do mensalão, não privatizar o aeroporto em troca dos votos do PR contra a denúncia da PGR.

Costa Neto, mesmo sem a força do mandato, tem influência sobre 37 deputados e quatro senadores do partido. Tem gente sua com poder de decisão no Ministério dos Transportes.

É bom lembrar que Congonhas, hoje sob a “proteção” e o controle do PR, é o aeroporto mais lucrativo da Infraero. Outro detalhe é que 2018 é ano de eleição.

Pois é. O descaradinho discurso de que é preciso privatizar para sanear as contas públicas não passa de uma grande mentira, uma inominável safadeza.

Por votos para barrar a segunda denúncia, esse governo faz de tudo. Os temistas vendem até a própria mãe e em parcelas suáveis.

Até quando o nosso Brasil vai ficar nas mãos dos abutres, desses governantes indignos? Só Deus na causa, costumam dizer os religiosos.

Marco Wense é editor d’O Busílis.

Tempo de leitura: 2 minutos

marco wense1Marco Wense

 

Quando questionados sobre o PMDB, tanto Rui Costa como ACM Neto dão respostas evasivas ou fogem das perguntas como o diabo da cruz.

 

O que ainda faz o PMDB ser procurado é o invejável tempo que o partido dispõe no horário eleitoral, salvo engano quase cinco preciosos minutos.

E aí me lembro da campanha do médico Antonio Mangabeira na sucessão do prefeito Claudevane Leite. O pedetista, obviamente do PDT, tinha 22 segundos na telinha.

Foi um Deus nos acuda. Não deu nem para o vice falar alguma coisa. A turma do marketing, mesmo com esses segundinhos, deu um show de competência.

Mangabeira foi o segundo mais votado com 18.813 votos, seguido de Augusto Castro (PSDB), Capitão Azevedo (PTB), Geraldo Simões (PT) e Davidson Magalhães (PCdoB).

Fernando Gomes, então candidato do DEM, com o apoio do PT, foi eleito. É bom lembrar que Mangabeira teve mais votos do que Simões e Magalhães juntos.

Os motivos que levam o governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto a evitar comentários sobre o enlameado PMDB são um pouco diferentes.

O alcaide soteropolitano pensa no PMDB na sucessão estadual. Já o petista não quer atrapalhar as articulações do petismo com o peemedebismo na eleição presidencial.

Lula anda de namoro com várias lideranças do PMDB, inclusive com o senador Renan Calheiros, um dos responsáveis pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Com essa aproximação, os petistas jogam na lata do lixo o discurso do “golpe” e irrita os segmentos do PT que ainda se mantém com credibilidade.

Quando questionados sobre o PMDB, tanto Rui Costa como ACM Neto dão respostas evasivas ou fogem das perguntas como o diabo da cruz.

Ao ser indagado sobre sua opinião em relação a uma eventual prisão dos irmãos Vieira Lima, Rui saiu pela tangente: “Não gosto de absolver nem condenar ninguém”.

“Não tenho bola de cristal”, diz Neto sobre o futuro do PMDB, que já foi o MDB de Ulysses Guimarães e de tantos outros políticos de respeito.

Rui Costa e ACM Neto, quando o assunto é o PMDB, agem da mesma maneira. Ambos são escorregadios.

Marco Wense é editor d´O Busílis.