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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues | aclaudiors@gmail.com

Temos que deixar a nossa hipocrisia de lado. A proibição ao consumo de drogas não livrou ou impediu que cada vez mais jovens fizessem uso dos entorpecentes. Acreditamos piamente que a única forma de vencermos os cartéis das drogas é descriminalizar o seu consumo.

As autoridades brasileiras nas três esferas de poder estão discutindo a crise no sistema penitenciário, após os massacres ocorridos nas penitenciárias de Manaus e Roraima. Quase 100 presos foram mortos na guerra das facções criminosas. Que o crime organizado domina o sistema prisional no Brasil não é novidade. As facções mandam fora e dentro dos presídios.

As disputas entre o PCC (Primero Comando da Capital, de São Paulo) e o CV (Comando Vermelho, do Rio de Janeiro), com suas ramificações por todo o País, têm o poder paralelo junto ao Estado de Direito. Hoje até candidatos a cargos eletivos são bancados por essas organizações criminosas. Por trás de tudo isso, está o tráfico de drogas, que movimenta bilhões e bilhões de dólares mundo afora.

Está provado que o enfrentamento ao tráfico não deu certo. A política antidrogas de países como os Estados Unidos, que gastam bilhões de dólares de recursos no combate às drogas, não obteve sucesso. O mesmo ocorre nos demais países. Chegou a hora de todos os países membro da Organização das Nações Unidas (ONU) discutirem uma política de descriminalização das drogas. Essa é a única maneira de eliminar o papel do traficante e, consequentemente, banir os cartéis das drogas.

Personalidades como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), César Gaviria (Colômbia), Ernesto Zedillo (México), Bill Clinton e Jimmy Carter (Estados Unidos) e os escritores Paulo Coelho e Mário Vargas Llosa defendem, na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, a descriminalização do consumo de entorpecentes. No Brasil, as drogas estão presentes nas escolas de ensino médio e fundamental (públicas e privadas), nas faculdades e universidades. Consequentemente, também se faz presente na maioria de nossas casas.

O tráfico de drogas é o principal responsável pelas mortes que ocorrem a cada ano em nosso país. Cito os exemplos das cidades de Itabuna e Feira de Santana, municípios onde moro e trabalho. Itabuna registrou 125 homicídios no ano passado, segundo o site Verdinho Itabuna, sendo que aproximadamente 85% dessas mortes estão relacionadas ao tráfico e as principais vítimas são jovens. Já Feira de Santana, de acordo com o site Acorda Cidade, registrou 375 assassinatos, 30% a mais que em 2015, a maioria dos mortos com idades entre 18 a 25 anos – e quase todos envolvidos com o tráfico de drogas.

A edição do jornal Folha de São Paulo de hoje (12/1) traz matéria sobre a disputa entre o PCC e CV pelo fornecimento da cocaína peruana para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, que movimenta mais de U$ 14 bilhões por ano. Os nossos vizinhos sul-americanos são os principais produtores e fornecedores da cocaína consumida no Mundo e o Brasil é a principal rota de distribuição e também de consumo.

Essa guerra tem ceifado muitas vidas. Quase toda cidade brasileira tem sua cracolândia. O consumo do crack virou uma questão de saúde pública. As cracolândias produzem multidões de zumbis, e fazemos vistas grossas por achar que o problema não é nosso.

Um bom exemplo da política de descriminalização das drogas vem da Holanda. No último dia 25, o programa Fantástico, da Globo, exibiu matéria mostrando que, na última década, a população carcerária caiu 47%. Lá existem 57 presos para cada 100 mil habitantes, enquanto que no Brasil são 300 para cada 100 mil e nos Estados Unidos são 707 para cada 100 mil moradores.

Temos que deixar a nossa hipocrisia de lado. A proibição ao consumo de drogas não livrou ou impediu que cada vez mais jovens fizessem uso dos entorpecentes. Acreditamos piamente que a única forma de vencermos os cartéis das drogas é descriminalizar o seu consumo. Os recursos dos impostos arrecadados com a venda legal dos entorpecentes seriam empregados em políticas de assistência aos dependentes. Dessa forma, a figura do traficante seria eliminada. Esse é o X da questão. E as autoridades mundiais têm que começar a discutir.​

Cláudio Rodrigues é jornalista e administrador de empresas.

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walmirdocarmo (160x200)Walmir do Carmo

 

Fernando, descanse em paz e tenha certeza que a forma como tiraram a sua vida deixou a todos nós profundamente chocados. À família de Fernando a nossa solidariedade pelo sofrimento e esperar que a justiça seja feita. JUSTIÇA!

 

As pessoas do mundo estão malucas. Quando pensamos que já vimos de tudo, aparece um novo episódio que nos choca profundamente.

Fernando era uma dessas pessoas vagantes que percorre a cidade procurando algo para fazer ou não fazer nada. Era visto caminhando jocosamente com sua camisa jogada no ombro e usando sua bermuda de tactel, às vezes ébrio, ás vezes sóbrio e muitas vezes fazendo pequenos serviços.

Constantemente ele percorria as ruas do Jardim Primavera querendo capinar os matos que nascem nas calçadas e dali tirava seu dinheiro para comprar o que quisesse.

Certa vez ele esteve na casa de Maria de Fátima/Carlos (irmã e cunhado) e pediu a bicicleta para ir a algum lugar e só devolveu no outro dia. A bicicleta é o meio de transporte de Carlos para ir ao trabalho até hoje. Como Fernando sempre fazia serviço de capinagem no quintal, o casal não se importou. Ficaram preocupados pensando em ter perdido a bicicleta, mas no outro dia chegou Fernando trazendo a bicicleta de volta. E assim Fernando ia levando sua vida, do seu jeito, sem se preocupar com estética, com responsabilidade, com trabalho certo. Era a sua maneira de ser com todo direito que a democracia dá ou parece dar.

Tomamos como surpresa a notícia em alguns blogs: “Criminosos ateiam fogo em corpo de homossexual em Itabuna”, “Morre no Hospital de Base homossexual que teve corpo queimado em Itabuna”. Até aí, o homossexual não tinha um nome próprio, não tinha idade, não tinha família, não tinha residência, não tinha nada.  Era apenas um homossexual, como se fosse um título de grande relevância. Ora, ser ou não ser homossexual não seria a questão. Estava ali completamente queimado, um cidadão, do sexo masculino (sua particularidade interessava somente e tão somente a ele).

Após a manchete discriminatória aparecem todos os dados de Fernando, dizendo seu nome completo, idade, endereço etc.

Enfim, estamos vivendo no mundo em que os valores éticos, morais, civilizatórios, humanitários estão caindo por terra. Ser amoral, imoral e aético interessa a alguma parcela da sociedade porque sendo assim está tirando proveito de alguma coisa do grupo que assim age. Inversão de valores.

Por motivo torpe, insignificante, por uma bicicleta emprestada e devolvida, um monstro pede uma garrafa pet, vai a um posto compra gasolina (não se pode vender combustível em recipiente não apropriado, não é lei?) e friamente ateia fogo em uma pessoa sem o menor receio. Queimou Fernando, matou Fernando e por que não esperou a chegada da polícia para se entregar? Fugiu do flagrante porque sabe que a impunidade impera neste país chamado Brasil. Enquanto isto, Fernando morreu e a sua família está em sofrimento.

Sinceramente, matar é banal e a vida está cada dia mais fragilizada.

Fernando, descanse em paz e tenha certeza que a forma como tiraram a sua vida deixou a todos nós profundamente chocados. À família de Fernando, a nossa solidariedade pelo sofrimento e esperar que a justiça seja feita. JUSTIÇA!

Walmir do Carmo é artista.  Postado originalmente no Ipolítica.

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marco wense1Marco Wense

 

Se o alcaide soteropolitano não disputar a sucessão de Rui Costa, a candidatura do senador passa a ser uma exigência da cúpula nacional do PSD. ACM Neto apoiaria Otto em uma coligação envolvendo o DEM, PSDB, PMDB, PPS e alguns partidos de menor expressão.

 

 

O governador Rui Costa vem fazendo de tudo para tirar da cabeça do senador Otto Alencar qualquer pensamento em relação à sucessão de 2018.

Rui sabe que Otto mantém acesa a possibilidade de disputar o governo do Estado, principalmente depois do bom desempenho do PSD nas eleições municipais, conquistando 82 prefeituras. O PT foi quem mais perdeu, saiu de 93 para 39, uma redução de quase 60%.

“A gente vai decidir isso lá em março de 2018”, diz o presidente do PSD da Bahia quando questionado sobre sua possível candidatura. Finaliza dizendo que “a pretensão é continuar na aliança com o governador Rui Costa e com os aliados”.

O PSD passa a ser prioridade na mudança que o chefe do Executivo pretende fazer no alto escalão. O afilhado político de Otto, José Muniz Rebouças, deve assumir a secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur). O comando da Conder pode também ir para o Partido Social Democrático.

A nomeação para cargos sempre foi o melhor caminho para evitar a rebeldia dos parceiros do poder. A sabedoria popular costuma dizer que nada melhor do que uma “boquinha” para colocar cada um no seu devido lugar.

Vale ressaltar que a conjuntura política e a situação econômica, em ano eminentemente politico-eleitoral, podem fortalecer ou enfraquecer algumas candidaturas. Outro aspecto, considerado como explosivo, é o desenrolar da Operação Lava Jato. Os petistas, por exemplo, torcem para que ACM Neto apareça na delação da Odebrecht.

Outro detalhe, por enquanto restrito aos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que os governistas, pelo menos os mais lúcidos, sonham com ACM Neto candidato em 2018.

Se o alcaide soteropolitano não disputar a sucessão de Rui Costa, a candidatura do senador passa a ser uma exigência da cúpula nacional do PSD. ACM Neto apoiaria Otto em uma coligação envolvendo o DEM, PSDB, PMDB, PPS e alguns partidos de menor expressão.

ACM Neto só sairá candidato se enxergar alguma chance de ser eleito. Não vai arriscar deixar o Centro Administrativo de Salvador para ir atrás de uma aventura que lhe pode causar desgastes.

Rui Costa, candidatíssimo a um segundo mandato, está bem avaliado na capital. ACM Neto é prefeito só de Salvador, enquanto o petista é uma espécie de, digamos, “prefeito” de todas as cidades da Bahia.

Tem também o fator Lula. Se não barrarem a elegibilidade do ex-presidente, aí complica, o caldo engrossa. Sua popularidade volta à tona e, com ela, o poder da transferência do voto, principalmente no Nordeste e, mais especificamente, na Bahia.

Portanto, é bom torcer para que ACM Neto saia candidato a governador na eleição de 2018, sob pena de Otto Alencar disputar o comando do cobiçado Palácio de Ondina como o candidato da oposição ao petismo.

Não tenho a menor dúvida de que Otto Alencar é mais adversário para Rui Costa do que o democrata (ou demista) ACM Neto.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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marco wense1Marco Wense

 

Não sei por que tanto espanto com o secretariado de Fernando Gomes. Ora, FG desafiou e venceu a Lei da Ficha Limpa, pelo menos no TRE. Agora vai peitar o Ministério Público em relação ao nepotismo. Qual é a novidade?

 

Depois de uma campanha assentada na ética, sem a preocupação de ganhar de qualquer jeito, sendo referência do PDT em todo país, o médico Antônio França Mangabeira não quer disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado.

Membros do diretório municipal, na última reunião do partido, animados com a expressiva votação do então candidato a prefeito, defenderam o nome do doutor para concorrer a uma vaga no Parlamento estadual.

O pedetista, que não fez coligação com nenhum partido, teve quase 19 mil votos, dando poeira em figuras carimbadas da política de Itabuna, como Davidson Magalhães, Augusto Castro e os ex-prefeitos Geraldo Simões e José Nilton Azevedo.

Sem prometer nada, com um tempo de televisão de 23 segundos, com o slogan de campanha “Nossa Coligação é Com Você”, Mangabeira se transforma em uma grande liderança de Itabuna. Sem dúvida, o opositor-mor do governo FG. Antônio França Mangabeira faz parte da banda da política que ainda não apodreceu.

Para o militante Nilson Oliveira, mais conhecido como Nilson da Vendamax, a candidatura de Mangabeira “é uma boa opção para fortalecer a nossa desnutrida representação política”.

MESMA COISA

Francamente, como diria o saudoso e inesquecível Leonel Brizola, não sei por que tanto espanto com o secretariado de Fernando Gomes. Ora, FG desafiou e venceu a Lei da Ficha Limpa, pelo menos no TRE. Agora vai peitar o Ministério Público em relação ao nepotismo. Qual é a novidade? Fernando continua o Fernando de sempre, aquele Fernando de priscas eras. O seu eleitorado também.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Jaciara Santos PrimoreJaciara Santos | contato@jaciarasantos.com.br

 

O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?

 

Estamos no período de felicitar a todos pelo ano que chega, mas precisamos entender que, muito além de desejar um feliz ano novo, devemos desejar ter atitudes novas para que o ano que se inicia seja realmente cheio de realizações.

Ficar reclamando que nada acontece na vida, não irá levar ninguém rumo as metas e objetivos. Precisa-se ter uma mudança de comportamento e de postura, mediante as situações corriqueiras da vida.

Então, para te ajudar a ter um ano extraordinário, segue algumas dicas:

1ª dica: Identifique seu estado atual – Onde você está neste momento, mapear a situação atual é o primeiro passo rumo alcance dos objetivos;

2ª dica: Relate seu estado desejado. Aonde deseja chegar? Quais suas metas para 2017? Ouse sonhar!

3ª dica: Trace um plano de ação. Esse plano irá te ajudar a criar estratégias para o alcance dos objetivos. E consolido essa dica com a frase de Flávio Augusto: “Todas as diretrizes são resultado de um planejamento e todo planejamento é resultado de sonhos.”

4ª dica: Aja, lute, busque e mude de atitude. Acredite em você e em seus sonhos. Mude de posicionamento e busque seus ideais. Tenha postura positiva frente aos acontecimentos.

Findo com uma citação inspiradora de Fernando Pessoa: “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”.

Assim sendo, desejo um ano novo cheio de atitudes novas, cheio de realizações e que todos os seus sonhos tornem-se realidade.

Jaciara Santos é coach.

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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

 

O ano está terminando e com ele vem a certeza da realização de alguns planos, o registro de alguns nascimentos, a não realização de objetivos traçados e a despedida de pessoas importantes para a nossa comunhão. São os ciclos da vida…

Além deles, os ciclos da vida em comunidade: o nosso país e a clara realidade de classes jurídica e política envoltas em um tsunami de problemas, a corrupção e a teia de interesses ramificada nos mais altos escalões e estruturas de decisões. Ciclos da ganância.

Assistimos ao perdão de dívidas de grandes empresários. A fixação de teto para despesas com saúde, educação e seguridade social, reforma da previdência e leis trabalhistas. Ciclos do capital.

Estamos vivendo um momento que nos impacta diante das centenas de narrativas que nos deixam boquiabertos ao percebermos quanto de dinheiro é surrupiado dos serviços essenciais. São tantos os casos que já não conseguimos reagir com tenacidade, nos sentimos fracos, oprimidos e incrédulos. Ciclos do silêncio.

Um novo ano bate à nossa porta… Esperamos que sejam estabelecidos novos paradigmas e que nossas vidas melhorem. Precisamos continuar nossas lutas, vencer os desafios que aparecerão no caminho e estabelecer objetivos novos. Manter a fé na vida e no que virá será o que nos fortalecerá no percurso da vida. Ciclos da existência.

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

Feliz Ciclo Novo!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.

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PROF ELTON OLIVEIRAElton Oliveira | srelton@hotmail.com

Em Itabuna, cidade mais empreendedora da Bahia, segundo o Sebrae (2016), será inaugurado um Shopping Popular que foi construído com recursos públicos e pela Prefeitura Municipal, que venderá contrabando da China e do Paraguai

O mercado informal em 2016 cresceu pela segunda vez em pelo menos 12 anos, mostrou o Índice de Economia Subterrânea (IES), divulgado pelo Instituto de Ética Concorrencial (ETECO). O indicador foi criado em 2003 para medir a chamada economia subterrânea (informal), que consiste na produção e comercialização de bens e serviços que não é reportada oficialmente ao governo.

Esse mercado movimentou 957 bilhões em 2015 (o equivalente a 16,2% do PIB), um crescimento de 0,1 ponto percentual em relação ao ano anterior, diz um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV). Desde a criação do índice a informalidade vinha caindo a cada ano, passando de 21% do PIB em 2003 para 16,1% no levantamento de 2014.

“Atualmente, a economia está desacelerando, assim como o crédito, o que impacta negativamente e diretamente no mercado de trabalho formal, que naturalmente cai, cedendo espaço à informalidade”, é o que enfatiza o pesquisador da FGV/IBRE, Fernando de Holanda Barbosa Filho.

O desemprego ficou em 12% no trimestre encerrado em setembro, segundo dados divulgados no fim de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). A taxa foi a maior já registrada pela série histórica do indicador, que teve início em janeiro de 2012.

No trimestre anterior, de novembro de 2015 a janeiro de 2016, a desocupação havia ficado em 9,5% e, no mesmo período, de fevereiro a março de 2015, o havia atingido 8%.

A economia subterrânea deu sequência em 2016 ao crescimento verificado em 2015 e superou o Produto Interno Bruto (PIB) da Região Nordeste do País. A principal razão para a reversão de tendência, após 12 anos em queda, é a crise macroeconômica brasileira, que teve grande impacto no emprego formal.

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Marco Wense

O pronunciamento de Temer, com a nítida preocupação de não atingir os seus homens de confiança, é a prova inconteste de que o presidente está refém da banda podre da política, de que quem deve, teme.

Fazendo de conta que a corrupção fala, ouve e tem seus sentimentos, uma pergunta é pertinente: O que a velha conhecida do povo brasileiro diria sobre a mensagem de fim de ano do presidente Michel Temer?

Pois é. Deixaram a coitadinha de lado, como se não existisse. Ela, que é tão assídua nos noticiários, tão comentada, muitas vezes manchetes nos jornais, é menosprezada pelo mandatário-mor do país.

A corrupção, no entanto, tem que entender que Temer não poderia falar dela tendo auxiliares bem próximos citados pela Lava Jato, como Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá. Sem falar nos coadjuvantes, nos beltranos, fulanos e sicranos.

O ex-vice de Dilma Rousseff procurou o caminho da conveniência. Fugiu do constrangimento de ter que cobrar a dureza da lei, o que atingiria Rodrigo Maia (DEM) e Renan Calheiros (PMDB), respectivamente chefes da Câmara dos Deputados e do Senado da República.

O pronunciamento de Temer, com a nítida preocupação de não atingir os seus homens de confiança, é a prova inconteste de que o presidente está refém da banda podre da política, de que quem deve, teme.

Concluo dizendo que a corrupção deveria estar grata com as palavras do presidente. Pior é se Temer dissesse que iria combatê-la implacavelmente, sem dó e piedade.

A corrupção brasileira, além de adorar os holofotes, é masoquista.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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dt-chargeDaniel Thame | danielthame@gmail.com

O mundo continuaria desigual, mas jamais seria o mesmo, porque ele havia deixado um sinal. Ou melhor, ele era o próprio Sinal. Quem tiver olhos para ver, Veja. Quem tiver desprendimento para seguir, Siga.

Viajante errante, andava eu lá pelos lados do Oriente Médio. Os negócios, como sempre, iam mal. O dinheiro, quando havia, mal dava para o pão e o vinho. Tempos difíceis, como sempre foram difíceis os tempos para quem não tem a felicidade de nascer rico nesse mundo dividido entre os que têm tudo e nos exploram e os que não temos nada e somos subjugados.

Estava em Belém, uma cidadezinha perdida no mapa. Aquele dia tinha sido excepcionalmente ruim para mim. Tanto que só me alimentara porque um casal – a esposa em adiantado estado de gravidez – dividira comigo um pedaço de pão. Pareciam caminhar a ermo, mas a mulher tinha um semblante de quem trazia no ventre não um filho, mas um tesouro.

Sem dinheiro nem para a mais modesta das hospedagens, fui procurar abrigo nos arredores da cidade. Era uma noite linda e uma estrela lá no céu brilhava mais do que todas as estrelas. Parecia um sinal, nós que àquela época esperávamos tanto por um sinal. Quem sabe alguém capaz de mudar o mundo. Ou, mais modestamente, garantir que todos tivessem pão e moradia digna. Nossos desejos eram simplórios, naqueles tempos simplórios em que vivíamos.

Andei pouco, o suficiente para avistar uma estrebaria. Cansado, só pensava numa reconfortante noite de sono. Ao me aproximar da estrebaria, a surpresa. Lá estava o casal que dividira comigo o pedaço de pão. Ao lado deles, alguns pastores de ovelhas, uns poucos animais. Ao centro, brilhando como a mais brilhante das estrelas, iluminada como a mais intensa das luzes, estava a criança.

Não tive coragem de me aproximar. Cansado, preocupado com o dia seguinte, me afastei e encontrei uma estrebaria vazia. Antes, olhei para aquela criança que tanto me impressionara. Acho que ela sorriu pra mim. Ou, talvez tenha sido só impressão minha.

Naquela noite, sonhei que aquela criança, que os pais deram o nome de Jesus, se transformara num grande líder popular. Não desses líderes que após chegar ao poder viram as costas para o povo e só pensam em fazer fortuna. Mas um líder que combate as injustiças sociais, a violência. Um líder que não apenas divide, mas multiplica o pão. No meu sonho, Jesus arrebatou uma multidão de seguidores, todos eles humildes. Por isso, despertou a ira dos poderosos.

viajanteNo meu sonho, aquele barbudo revolucionário não se curvou aos poderosos, não desviou um milímetro do bom caminho, nunca abandonou os humildes e pagou um preço altíssimo por isso. Numa tarde sombria como só as tardes trágicas são sombrias, ele foi crucificado.

Meu sonho, entretanto, não terminaria na crucificação daquele homem que eu vira nascer numa noite estrelada. Morto, ele se multiplicou e sua mensagem se espalhou pelo mundo, atravessou séculos, cruzou milênios. O mundo continuaria desigual, mas jamais seria o mesmo, porque ele havia deixado um sinal. Ou melhor, ele era o próprio Sinal. Quem tiver olhos para ver, Veja. Quem tiver desprendimento para seguir, Siga.

No retorno para Belém, notei que a manjedoura onde nascera a criança estava vazia. Os pastores cuidavam de suas ovelhas e a vida seguia seu ritmo normal. Mas eu estava extremamente inquieto.

Teria sido apenas um sonho? Ou teria, eu, recebido o sinal e não percebido. Durante minhas andanças nunca deixei de olhar para o céu. Em busca de uma estrela que me indicasse o caminho.

Viajante errante, até hoje eu me sinto passageiro de uma história onde poderia ter sido personagem. Porque apenas e tão somente a ação – e não a simples contemplação- é capaz de mudar a História.

E que bela história, que começaria assim:

Viajante errante, andava eu…

Daniel Thame é jornalista, escritor e edita o Blog do Thame.

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marco wense1Marco Wense 

A certeza de Josias de que Fernando Gomes sairia vitorioso no Tribunal Regional Eleitoral deixou muita gente com a pulga atrás da orelha. Essa sua, digamos, premonição, foi festejada no staff fernandista.

Em decorrência de novas farpas trocadas, o relacionamento de Geraldo Simões e Josias Gomes fica cada vez mais complicado. Caminha para um inevitável rompimento.

A briga vem de muito tempo. E o pior é que tende a ficar mais intensa, já que ambos não querem levar desaforos para casa. Se pela imprensa tem esse pega-pega, imagine nos bastidores, longe dos holofotes.

O ex-prefeito de Itabuna criticou, de maneira veemente e firme, sem titubear, a iniciativa de Josias de fazer uma aliança com Fernando Gomes sem consultar o PT de Itabuna.

Sobre o apoio do democrata à reeleição do governador Rui Costa, Geraldo aproveitou o clima natalino para dizer que Josias “está acreditando em papai Noel”, que “Fernando Gomes não vai subir no palanque de Rui na eleição de 2018”.

Josias Gomes se defende dizendo que as conversas com o prefeito diplomado, adversário e inimigo histórico do petismo, “são em função da governabilidade, da aproximação dos governos estadual e municipal”.

Ora, ora, só que essa súbita paixão política do secretário de Relações Institucionais começou no dia seguinte do resultado das urnas. Ou seja, bem antes do julgamento do TRE sobre a inelegibilidade do demista.

A desculpa esfarrapada para camuflar a verdadeira intenção de Josías, sem dúvida o apoio de Fernando à sua reeleição para deputado federal, era de que o candidato do PDT, o médico Antônio Mangabeira, teria participado do “Fora, Dilma”.

A certeza de Josias de que Fernando Gomes sairia vitorioso no Tribunal Regional Eleitoral deixou muita gente com a pulga atrás da orelha. Essa sua, digamos, premonição, foi festejada no staff fernandista.

O que ainda não se sabe é a posição de ACM Neto diante do novo cenário político de Itabuna, principalmente em relação ao DEM, que tem na presidência a incansável Maria Alice, fiel escudeira de FG.

O alcaide soteropolitano, mais cedo ou mais tarde, vai ter que cobrar um posicionamento do diretório municipal do Democratas diante da sucessão estadual, sob pena de intervenção e mudança no comando da legenda.
Geraldo Simões, que foi um dos fundadores do PT grapiúna, afastou qualquer possibilidade de deixar a legenda, mesmo com o forte argumento da inusitada, sorrateira, traiçoeira e escabrosa aliança.

PS – Como o alcance do “pressentimento” de Josias Gomes é estadual, os eleitores de Mangabeira esperam o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com bastante otimismo.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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hannah thameHannah Thame

Os objetos que decoram as árvores de Natal normalmente chamam muita atenção e podem parecer brinquedinhos divertidos para o seu pet. Por isso, cães e gatos podem acabar engolindo bolas, laços e até mesmo partes de galhos da árvore.

Com a chegada do final de ano, a maioria das pessoas se programa para viajar e passar um período fora de casa. No entanto, muitas esquecem os cuidados que devem ter com seus bichinhos de estimação, para que estes fiquem em segurança durante a sua ausência. Dentre os problemas que podem acontecer, os mais frequentes são acidentes envolvendo enfeites natalinos, choque por causa das lâmpadas de iluminação, intoxicação alimentar e, até mesmo, fugas devido ao medo dos fogos de artifício.

Os objetos que decoram as árvores de Natal normalmente chamam muita atenção e podem parecer brinquedinhos divertidos para o seu pet. Por isso, cães e gatos podem acabar engolindo bolas, laços e até mesmo partes de galhos da árvore. As lâmpadas pisca-pisca também costumam ser um grande problema, pois podem oferecer risco de choque elétrico e queimaduras na língua e no focinho. Por isso, é melhor mantê-los longe do alcance dos animais e ficar sempre atento ao comportamento deles.

A intoxicação alimentar é um dos principais problemas que levam os animais à emergência nos períodos festivos do final do ano. Alimentos muito gordurosos, por exemplo, podem levar a vômitos e diarreia. Já os chocolates podem causar graves intoxicações, já que os cães possuem grande deficiência em metabolizar os seus componentes, o que também pode ser causado pela ingestão de algumas frutas secas e castanhas. Os ossos e pedaços maiores de carnes também devem ser evitados, pois podem levar a obstrução intestinal.

animaisartigoNo caso dos fogos de artifícios, o barulho assusta os animais porque eles possuem a audição mais aguçada que a nossa. Assim, eles podem apresentar alguns distúrbios de comportamento, geralmente ligados ao medo. Nesses casos, os pets podem ficar mais agitados e os riscos de fuga aumentam.

Para amenizar a situação, o recomendado é que os donos fiquem bem próximos aos seus animais para tranquilizá-los e, caso necessário, colocar um pouco de algodão em seus ouvidos para amenizar os barulhos das explosões, além de que, podem utilizar calmantes prescritos pelo Médico Veterinário.

Se você vai viajar e não pode levar seu animal junto, tente não deixá-lo sozinho. Para isso, existem os serviços de hospedagem, como os hotéis para cães, que garante que seu animalzinho passe esse período longe de você em segurança. Pesquise e encontre o melhor para seu pet. Ele merece!

Hannah Thame é médica veterinária e mestre em Ciência Animal pela Uesc.

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(4) Luiz ConceiçãoLuiz Conceição | jornalistaluizconceicao2@gmail.com

Não se pode estragar a diversão, o lazer e a vida de quem quer que seja e ficar impune. Principalmente com ações claramente criminosas. A impunidade é como o primeiro gole.

Noticia a mídia da capital baiana uma suposta doença misteriosa que causa dores musculares e deixa escura a urina dos cidadãos que consumirem peixes vendidos na praia de Guarajuba, litoral norte de Salvador, sem fiscalização. E contaminados com formol?!!! Quer dizer que, à porta do verão, nos deixamos surpreender com tamanha maldade de gente inescrupulosa que, para ganhar dinheiro, não se preocupa com a saúde alheia?

Cadê a Vigilância Sanitária do Estado e das prefeituras envolvidas? O que se fez para melhorá-la na fiscalização de bebidas, alimentos e no ambiente em que tais produtos são comercializados?

Muitas pessoas nesta época do ano curtem férias e outras nos visitam como turistas, advindas de outros estados e países. O criminoso episódio de Guarajuba faz lembrar outros registrados no interior do estado, com mortes e sofrimento para as famílias das vítimas.

Na década de 90 casos de consumo de pinga contaminada foram registrados na Bahia. Em 1999, pelo menos 35 pessoas morreram vitimas da venda ilegal e criminosa de cachaça contaminada com álcool metílico (metanol) em municípios do sul e sudoeste baiano – Dario Meira, Ibicui, Nova Canaã, Iguaí, Santa Cruz da Vitória, Firmino Alves, Maracás, Itagibá e Itiriçu.

Como a gente é povo sem memória, é bom que se diga que a Bahia enfrentou problema semelhante, em 1998, quando 11 pessoas morreram em Serrinha. Nove anos antes, a tragédia vitimou pessoas em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo.

É verdade, contudo, que avanços houve com a estruturação de vigilância sanitária (Visa) em alguns municípios e mesmo na Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde da Bahia (Divisa).

Mas a recorrência dessas ações criminosas na comercialização de produtos nas praias, em cabanas, lanchonetes, restaurantes, feiras livres, etc. apontam para a necessidade de maior integração e vigilância, inclusive com a participação da Polícia Judiciária, da Polícia Militar, Ministério Público e firme atuação de autoridades do Judiciário.

Chega de notícias aziagas no limiar da alta estação, cuja exposição ao sol nos alegra alma, doura a pele e nos diverte no convívio familiar, com amigos ou pessoas que nem sequer conhecemos. Não se pode estragar a diversão, o lazer e a vida de quem quer que seja e ficar impune. Principalmente com ações claramente criminosas. A impunidade é como o primeiro gole.

Luiz Conceição é jornalista.

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marco wense1Marco Wense

 

O silêncio do PT de Itabuna diante da inusitada aliança entre Fernando Gomes e Josias Gomes é ensurdecedor.

 

Um escancarado pessimismo tomou conta do staff fernandista assim que Geddel Vieira Lima deixou de ser ministro de Temer. Sem dúvida, a prova inconteste de que o ex-lulista era o braço direito de Fernando Gomes nas suas andanças por Brasília.

Pessoas bem próximas do ex-alcaide chegaram até a comentar que “as coisas” ficariam complicadas sem Geddel por perto, obviamente se referindo as pendências jurídicas de FG na capital federal do Brasil.

Ali no tradicional Café Pomar, onde se misturam políticos de todos os partidos, era comum o comentário de que a saída de Geddel da secretaria de Governo poderia dificultar o caminho de Fernando rumo à elegibilidade.

Enquanto homem forte do governo Temer, o presidente estadual do PMDB foi muito atencioso com o candidato do DEM ao centro administrativo Firmino Alves, não lhe negando apoio toda vez que solicitado.

Não se contentando com um braço direito, Fernando procurou um “esquerdo” protagonizado por Josías Gomes, secretário de Relações Institucionais do governador Rui Costa (PT).

Coloquei aspas na palavra “esquerdo” porque essa dicotomia de esquerda e direita é coisa do passado. O balaio de gato é um só. Tudo movido por interesses pessoais em detrimento do coletivo. Farinha pouca meu pirão primeiro.

Aliás, a disputa hoje, com as raríssimas exceções, é pelo troféu de quem roubou menos, quem menos surrupiou o dinheiro público, o dinheiro meu, seu, de dona Maria, senhor José, enfim, de todos nós eleitores-cidadãos-contribuintes.

Josías, deputado federal licenciado, aproveitando a birra entre Fernando e ACM Neto, virou um ferrenho defensor da elegibilidade do ex-prefeito, que, como contrapartida, deve sair do DEM para se filiar a um partido da base aliada do governo Rui.

Sem nenhum tipo de constrangimento, agindo de maneira silenciosa e sorrateira, Josías transformou-se em um neofernandista de carteirinha, mais entusiasmado do que Raimundo Vieira, sem dúvida o fernandista-mor, o mais fiel de todos.

Não sei qual a posição de Geddel em relação a essa inusitada aproximação entre Fernando Gomes e o PT. Alguns peemedebistas de Itabuna acham que o ex-ministro não vai ficar calado diante de tamanha ingratidão e inominável traição.

E o que pensa o deputado federal José Carlos Aleluia, presidente estadual do Democratas, sobre toda essa articulação? É bom lembrar que Aleluia sempre foi correto com Fernando Gomes. Fez questão de ficar do seu lado no imbróglio entre o ex-alcaide, ACM Neto e Augusto Castro.

Setores do demismo soteropolitano, chateados com o namoro entre Fernando e o PT, já defendem o uso do instituto da fidelidade partidária como instrumento para provocar a perda do seu mandato de prefeito.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

O Governo Vane não disse a que veio. Vai embora sem fazer a menor diferença ou falta. Sinto muito que, em tempos de criatividade aflorada, a população tenha esquecido de cantarolar a saudosa Arruma a mala aê.

 

Há quatro anos trabalhei como jornalista contratada na campanha de reeleição do então prefeito, Capitão Azevedo. É visível, em todos os finais de governo, a correria para maquiar as falhas e/ou concluir o que se tem condições, embora a gente precise, principalmente como cidadãos, respirar fundo para compreender toda essa prática falida que se instalou na política.

Há poucos dias da eleição, lembro que comentei com um dos colegas de jornada que tinha a sensação, nos bairros da periferia, que a população via em Azevedo uma espécie de Sassá Mutema, alguém que teria ganhado popularidade, transformando-se em O Salvador da Pátria (nome de uma obra global fictícia), mas que teria se perdido um pouco. O povo gostava dele, se identificava com ele, mas clamava pelo que poderia ter sido feito e não foi. Confesso que passei algumas noites pensando naquilo tudo e esse foi um dos motivos pelo quais optei por não trabalhar nas eleições desse ano.

Vane foi eleito, inclusive com o apoio de muita gente que trabalhava na gestão de Azevedo, tanto na prefeitura quanto nas demais instituições envolvidas. A expectativa, criada pelo marketing da campanha, prometia mudança. Só isso, e foi o bastante. Não me recordo de projetos citados naquele momento ou, pelo menos, algum que tenha chamado a atenção da população. Itabuna queria somente mudar, por compreender que há oito anos nada consistente teria sido feito pelo poder público.

Se a sensação lá atrás foi essa, a de agora é simplesmente muito mais dolorosa. Separando completamente o homem Claudevane Leite do Governo Vane, considero este último o mais medíocre já vivenciado nos últimos trinta anos. E a sua apatia para a reeleição deixou claro a sua consciência da própria inabilidade.

O cenário atual é vergonhoso. Salvo algumas melhorias no trânsito (embora a população não concorde com todas) e a gestão do último secretário de Saúde (especialmente no Hospital de Base), o Governo Vane não disse a que veio. Vai embora sem fazer a menor diferença ou falta. Sinto muito que, em tempos de criatividade aflorada, a população tenha esquecido de cantarolar a saudosa Arruma a mala aê.

Cabe certinho!

Manuela Berbert é publicitária e colunista do Diário Bahia.

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Felipe-de-PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

A crença em figuras brilhantes, geniais, reforçada na instituição universitária já entre os calouros, colabora apenas para o desenvolvimento de quadros de depressão, sentimento de inferioridade e aumento dos índices de evasão. Professores formados na lógica “estrelar” atuam de forma antipedagógica, anticriativa e quase proibindo a autonomia estudantil.

 

Sou um acadêmico. Entrei numa universidade pela primeira vez no ano 2000. Às vésperas de completar 19 anos, fiz minha matrícula como estudante de graduação. Nunca mais saí da universidade. Agora, aos 35 anos, sou docente há sete. Fui estudante de graduação, de pós-graduação, servidor técnico-administrativo e professor. Atuei em universidade particular, estadual e em duas federais. Tenho meus méritos? Talvez. Mas acima de qualquer coisa, tive privilégios.

Tive a oportunidade, certa feita, de ouvir uma fala de Ricardo Castro, maestro da Neojibá. Ele disse algo como: “Por que virei pianista e meu vizinho não? Porque o piano estava na sala de minha casa”! O “piano” na sala de minha casa foi uma estrutura familiar que me permitiu estudar tranquilamente, as bolsas de estudo que recebi, e uma série de outros privilégios que oportunizaram o livre desenvolvimento de minha intelectualidade.

Aí vem um ponto importante: o livre desenvolvimento da minha intelectualidade não significa que possuo algo especial, alguma distinção. Não sou, em nenhum aspecto, superior a nenhum outro cidadão possuidor de quaisquer níveis de estudo. Possuo saberes diferentes. Não mais importantes, não inferiores. Diferentes apenas.

Isso se aplica a mim na mesma medida que se aplica a qualquer outro estudioso. Minha breve vivência acadêmica permite a constatação de um mal comum neste encantador meio social: a vaidade.

É inegavelmente satisfatório estudar, planejar e redigir um trabalho ou executar uma aula que “funciona”. Você sente que a sua labuta sobre os livros, sua reflexão e a construção do seu discurso funcionaram, atingiram o objetivo e levaram um conhecimento que impactou positivamente a vida e a formação de alguém. Isso é bom, é gratificante. Contudo, eu – assim como qualquer outro acadêmico – sou incapaz de produzir isso sozinho. Minha ação é fruto das leituras, reflexões, aulas que assisti, diálogos que travei, alunos que tive. Sim. O docente é também um aprendiz.

Na universidade, uma sala de aula “clássica”, com fileiras ordenadas e apontadas em direção à “estrela” docente, parece-me arcaica. Uma roda onde todos – discentes e docente – surgem em posição de igualdade parece adequada.

A crença em figuras brilhantes, geniais, reforçada na instituição universitária já entre os calouros, colabora apenas para o desenvolvimento de quadros de depressão, sentimento de inferioridade e aumento dos índices de evasão. Professores formados na lógica “estrelar” atuam de forma antipedagógica, anticriativa e quase proibindo a autonomia estudantil.

Qual o caminho que enxergo para o ambiente acadêmico? Um espaço onde se reduza a “masturbação intelectual”, que gera prazer ao praticante, mas não produz efetivamente nada, um espaço onde sejam evitados textos desconexos, longos e usando de jogos de palavras que possuem mais sonoridade do que conteúdo.

O caminho é uma instituição universitária que seja feita de pessoas que compreendam o valor da criação, da solidariedade, do afeto, da objetividade e, principalmente, da humildade. Muito me anima ver estudantes que começam a desconstruir a lógica da meritocracia, que questionam a lógica de autoridade pautada apenas nas tradições, no cânone, nos protocolos. Que os paradigmas universitários se pautem por uma lógica humana. Esse será o meteoro que dará conta dos dinossauros acadêmicos.

Felipe de Paula é professor universitário.