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marco wense1Marco Wense

Lídice, em tom de advertência, quer que Marina seja mais transparente em relação a sua participação nas campanhas onde ela desaprovou as alianças realizadas por Eduardo Campos.

Ficou para hoje, vigésimo dia do mês de agosto, a oficialização da candidatura de Marina Silva pelo Partido Socialista Brasileiro, o PSB do saudoso Eduardo Campos.
A ex-ministra do Meio Ambiente vai disputar o Palácio do Planalto sob a desconfiança da cúpula do PSB, já que Marina mudará de legenda assim que a Rede Sustentabilidade ficar quites com a justiça eleitoral.
Mas o que mais chama atenção nesse emaranhado jogo político, onde o menos esperto consegue beliscar azulejo, é o PSB ficar dizendo que não irá impor condições para que Marina assuma a candidatura.
É evidente que o discurso é voltado para o eleitorado simpatizante de Marina, passando a impressão de que o PSB respeita a posição da ambientalista, que o partido é democrático e etc e tal.
Não é bem assim. Com o aval do PSB, a senadora Lídice da Mata, candidata ao governo da Bahia, quer que a ex-petista assine uma carta com os compromissos eleitorais assumidos por Eduardo Campos.
Ora, a obrigatoriedade de assinar a tal da carta, sob pena de ter a candidatura vetada, é a prova inconteste de que o PSB não confia na enigmática e imprevisível Marina.
É bom lembrar que entre os vários acordos protagonizados por Eduardo Campos – a maioria discordante com o pensamento de Marina – está o apoio do PSB à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) para o governo de São Paulo.
Lídice, em tom de advertência, quer que Marina seja mais transparente em relação a sua participação nas campanhas onde ela desaprovou as alianças realizadas por Eduardo Campos.
PSB e a candidata precisam acertar os ponteiros, sob pena de o eleitor começar a acreditar no discurso oposicionista de que a confusão em um eventual governo Marina vai ficar incontrolável.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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ariel (1)Ariel Figueroa | colunadeturismo@gmail.com
 

A Bahiatursa perdeu o rumo, perdeu o sentido de sua existência. Se for para fazer festinhas juninas para agradar prefeitos, se for isso, é melhor fechar as portas.

 
A principal função de um ente governamental de turismo e a promoção turística. Sensibilizar e seduzir um cliente cada vez mais bombardeado com informações de todos os lados. O turista é alvo de todos os estados e todos os países. A Bahiatursa não age assim. A Bahiatursa perdeu o rumo.
A atual gestão entrou num momento crítico, a uma semana do Salão de Turismo da Bahia, onde vários desencontros foram detectados, porém relevados. Imaginamos que, devido à falta de conhecimento do setor, os rumos ainda iriam se encaminhar para os interesses comuns, ou seja, uma Bahia cada vez mais forte no turismo, setor que tem um poder de distribuir emprego e renda como nenhum outro e com o investimento mais baixo que os setores do comércio e da indústria.
Vieram duas “cortinas de fumaça”, São João e Copa Fifa, e parece que a Bahiatursa se perdeu. Todos esperávamos que, já com tempo suficiente de casa, fossem retomados os investimentos em promoção turística. Ledo engano, agora que as cortinas de fumaça se esvaíram, o que aparece é o “não trabalho”. A ausência da Bahiatursa em eventos importantes é imperdoável.
No final de julho, aconteceu o Workshop Visual no Comandatuba, de cuja cobertura participamos. Para nossa surpresa, encontramos as equipes de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Maranhão, Ceará e nada de Bahia. Evento importante ocorrendo na Bahia e a Bahiatursa não estava lá? Inadmissível. Não estou falando de um evento em Porto Alegre ou Manaus, estou falando do município de Una. Hoje começou a Feira da Avirrp em Ribeirão Preto-SP. A Bahiatursa não vai estar presente. O mais importante evento do interior mais rico do Brasil, onde existe um público disputado aos tapas pelos estados, municípios e hotéis, mas simplesmente a Bahiatursa não está lá. A Bahiatursa perdeu o rumo, perdeu o sentido de sua existência. Se for para fazer festinhas juninas para agradar prefeitos, se for isso, é melhor fechar as portas, acredito que a Secretaria de Cultura pode fazer melhor.
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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Novo na idade, mas experiente na arte de fazer política, fez escola com um dos grandes mestres da luta pela democracia, o seu avô Miguel Arraes.

A morte de Eduardo Campos, candidato a presidente do Brasil pelo PSB, o Partido Socialista Brasileiro, pegou a todos de surpresa. E os brasileiros ainda choram o seu desaparecimento, mesmo não sendo ele um político conhecido pela maioria da população.
Neto do ex-governador Miguel Arraes, se afastou do governo de Pernambuco para empreender um voo mais alto: disputar a Presidência da República. E morreu lutando por esse ideal, ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo, onde cumpriria compromissos de campanha.
E a vida Eduardo Campos foi interrompida aos 49 anos, no dia 13 de agosto, mesma data em que morreu seu avô, que também foi governador de Pernambuco. Agosto é um mês que causa pavor aos políticos, dado ao grande número de catástrofes. Entre elas, a que causou mais comoção foi a morte de Getúlio Vargas, quando presidente da República.
Eduardo Campos ocupava o terceiro lugar na intenção dos votos do eleitorado brasileiro. Mas a campanha estava ainda começando e o seu discurso era tido como moderno e esperançoso. Prometia fazer com o Brasil o que fez em seu estado.
Quer queira, quer não, mesmo os adversários respeitavam o político Eduardo Campos, que soube fazer história. Deixou a grande coligação que ajudou a eleger Lula e Dilma Rousseff presidentes do Brasil para empreender uma grande mudança na política brasileira.
Ele prometia e todos acreditavam numa nova forma de se fazer política, de governar o país. Para tanto, promoveu o crescimento do PSB em todo o Brasil e costurou alianças com partidos políticos alinhados com seu pensamento em todos os estados brasileiro.
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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
Há pouco mais de seis meses, a notícia do nascimento do garoto Miguel, filho do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, chamou minha atenção. Não por ser o filho de um pré-candidato à Presidência (o quinto) nem por ter a Síndrome de Down, mas pela frase de outro filho de Campos. “O Miguel nasceu na família certa”, disse o irmão.
O tanto de acolhimento e amor que a frase despertava fez surgir uma admiração por aquela família numerosa e que parecia tão unida. Ainda que percebesse na divulgação do nascimento certa estratégia para dourar a imagem do futuro candidato, era plausível que houvesse um fundo de verdade na aparente ação de marketing.
Por essas e outras, Campos acabou por encarnar o bom moço das eleições presidenciais. Jovem, idealista, construiu imagem de bom gestor. E amarrou o discurso no combate à “velha política”, criticando o sistema de coalizão e propondo um governo sem atrelamento fisiológico. Uma cantiga boa de ouvir, mas com toda certeza muito difícil de ser tocada na prática.
Num contraste com a utopia, havia certas incoerências. Esteve ao lado do PT por mais de dez anos, até descobrir, já quando decidido a se candidatar, que o partido cometia graves equívocos. Formou chapa com Marina Silva, mesmo com tantas divergências, como as relacionadas ao debate entre desenvolvimento e conservação.
Prematuramente desaparecido, Campos deixa a imagem do bom pai e marido, do sujeito que defendia a renovação da política e a definitiva extinção de certos dinossauros que simbolizam o atraso e as mazelas nacionais.
Não se sabe até que ponto o socialista considerava viável a empreitada de enterrar a velha política, mas a ideia era (e é) alentadora. Está aí um debate que não pode ser sepultado com o homem que o propunha.
Ricardo Ribeiro é advogado e jornalista.

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PROF ELTON OLIVEIRAElton Oliveira | srelton@hotmail.com

Uma solução sustentável para a melhoria da mobilidade urbana seria a construção de um Complexo de Ciclovias, cortando a área urbana do município de norte a sul e de leste a oeste, conectando estes a uma via central integrado ao campus da UFSB.

A chegada da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) vai exigir do poder público obras estruturantes, como a construção de uma Cidade Universitária, que poderá se beneficiar de um Complexo de Ciclovias ligando as diversas áreas do município à Sede Administrativa, onde funcionará a Reitoria da instituição. Apesar de hoje a Reitoria funcionar em Ferradas, defendo que esses equipamentos sejam instalados na região do Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães (Hblem), mais especificamente na área destinada ao Parque Ecológico do Povo.
Ressalto ainda, que a defesa de tal localização se baseia no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Itabuna (PDDU), que prevê a expansão urbana do município de Itabuna naquela direção. O objetivo do plano é orientar a política de desenvolvimento urbano, tendo o foco na proteção ambiental, no desenvolvimento econômico sustentável e no desenvolvimento social e institucional. A escolha é técnica e não aleatória.
Em minha opinião, a UFSB deverá primar em atender ao “Território Litoral Sul”, que é composto por 26 municípios que se encontram no entorno do município de Itabuna. Assim, a sua localização estratégica, na BR-101 e próximo à BR-415, além de situada no Semi-Anel Rodoviário, possibilitará que os estudantes oriundos de todos os municípios cheguem rápido até a instituição, sem ter que enfrentar o trânsito caótico do centro da cidade de Itabuna.
Acredito que, após a instalação da UFSB em Itabuna, a cidade receberá um grande contingente de jovens oriundos de várias Regiões e Estados do Brasil, quiçá de outros Países da América Latina. Diante desta nova realidade, uma solução sustentável para a melhoria da mobilidade urbana seria a construção de um Complexo de Ciclovias, cortando a área urbana do município de norte a sul e de leste a oeste, conectando estes a uma via central integrado ao campus, com o objetivo de garantir a segurança e o conforto tanto no deslocamento para o trabalho, estudo e lazer nos finais de semana, para toda a população grapiúna.
Na minha ótica, essa localização possibilitará ao município de Itabuna a oportunidade de planejar a sua ocupação urbana. Por exemplo, no entorno do campus da UFSB poderá ser construído um novo bairro residencial e comercial, completamente planejado, que se chamaria Cidade Universitária.
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Manuela BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

O grande problema é que para essa Geração Hipocrisia do século XXI, que cria mitos e astros diariamente, a depressão do vizinho é apenas um drama, um chiliquezinho a mais.

E, de repente, todo mundo leu Viva o povo brasileiro, quando Rubem Alves morreu. Não, pera!, esse texto era do João Ubaldo Ribeiro, jornalista e também escritor, que faleceu algum (muito pouco, inclusive!) tempo depois. E eu fiquei me perguntando quantas pessoas de fato sabiam sequer quem eram aqueles caras e o que eles acrescentaram para a cultura nacional. Não, pera, quem acrescentou mesmo foi o Ariano Suassuna, aquele que escreveu novelas para a toda-poderosa-salve-salve Rede Globo. Não? Ele não escreveu novelas? Ah, sei lá, só sei que eu lembro muito bem do Selton Mello interpretando um cara meio nordestino, meio sertanejo, na telinha do Plim Plim, e soube que foi ele quem inventou o cara. E assim, entre erros, acertos e achismos, caminha a incrível Geração Hipocrisia, aquela que compartilha tudo nas redes sociais, ainda que não saiba do que de fato se trata!
Que geração é essa, que aguarda ansiosamente pela edição brasileira daquele evento bombástico, o Tomorrowland? Ela sabe que a atração principal desse mega show não é a Ivete Sangalo?! Que geração é essa que adora a Rihanna e a Jude Law? Não, a Jude na verdade é O Jude? É homem? Ah, tudo bem, ele também é ator, mas num lapso de segundos de esquecimento achei que fosse aquela gostosona que até veio cantar na abertura da Copa do Mundo com a Claudia Leitte. É que, sei lá, mas de alguma forma, como a abertura foi bastante criticada nas redes sociais, eu também esqueci o seu nome.
Ok, essa é a Geração Hipocrisia! E ela agora lamenta profundamente a morte daquele ator americano (e eu na verdade nem sei se ele é mesmo americano ou marciano), e fico pensando como pode um cara que sempre fez comédia, morrer depressivo. Depressão mata, e mata muito. E tem matado cada vez mais. O grande problema é que para essa Geração Hipocrisia do século XXI, que cria mitos e astros diariamente, a depressão do vizinho é apenas um drama, um chiliquezinho a mais. Ah, sei lá porque fulano tá depressivo! Eu tô aqui super ocupado com a informação de que o clipe novo da Madonna não teve o mesmo número de acessos do último, e o seu upload no youtube já passa dos cinco minutos! Nossa, como ela deve estar arrasada com isso! Diva, minha querida, meus sinceros sentimentos!
Manuela Berbert é publicitária, colunista do Diário Bahia e blogueira no www.colanamanu.com.br

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josias gomesJosias Gomes

E assim, caminha o povo brasileiro, em marcha batida contra o caminho que lhe procura traçar os oposicionistas, para, enfim, em outubro próximo, reconduzir a presidenta Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.

Retomando a mania que a oposição brasileira adquiriu, nos últimos tempos, de brigar com a realidade, optando pelo lado pessimista na projeção econômica, novos fatos estão se encarregando de desmoralizar os arautos da desgraça.
Os novos fatos de ontem e hoje detonam a aversão que têm os oposicionistas com as evidências reais. Para desconsolo tucano, a inflação oficial de julho subiu insignificantes 0,01%, ficando bem abaixo do que esperava o mercado. Bom para o Brasil. Péssimo para os oposicionistas.
Com isso, a inflação volta a ficar dentro da meta anual projetada pelo governo, não devidamente levada em conta pela oposição. E, aos poucos, vai se firmando a convicção da presidenta Dilma sobre os rumos positivos da economia brasileira.
Nesta quinta-feira (7), ainda, outra boa notícia, a pulverizar os maus fluidos dos que insistem nas teses pessimistas: a Petrobras voltou a ser a empresa com maior valor de mercado na América Latina. Mesmo com todo o bombardeio das oposições contra a empresa.
A Petrobras atingiu o valor de mercado de US$ 110,896 bilhões, ultrapassando a Ambev, segunda colocada com valor de mercado de US$ 107,046 bilhões. A liderança no ranking de valor de mercado é resultado da valorização das nossas ações desde o início de 2014.
Deveria despertar mais a curiosidade das oposições, e de seus aliados na mídia nacional, o fato de a presidente Dilma Rousseff continuar liderando com boa margem de diferença a corrida presidencial deste ano, no país. Se mais curiosos fossem, perceberiam que o pessimismo deles não está dando certo, mesmo.
Mais uma informação: Nesta quinta-feira (7), mais uma rodada Ibope revela que Dilma, pelos números de hoje, venceria a disputa presidencial já no primeiro turno, apesar de toda a artilharia pesada que busca transformar bobagens em escândalos.
É que mais além da propaganda oposicionista, o povo brasileiro aprendeu bem claramente a fazer a separação entre a mentira e a verdade, entre os pregões falsos e a força da realidade que, no Brasil, graças aos governos Lula-Dilma, e ao povo, é uma realidade bastante positiva.
E assim, caminha o povo brasileiro, em marcha batida contra o caminho que lhe procura traçar os oposicionistas, para, enfim, em outubro próximo, reconduzir a presidenta Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.
Afinal de contas, é pra frente que a gente caminha.
Josias Gomes é deputado federal pelo PT-BA.

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Professor Aldineto MirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Educar, para ele, é brincar, se divertir, pois aquilo que não toca o coração não é apreendido de verdade; no máximo, decorado pelo tempo necessário para depois ser descartado.

Ao ligar o computador e buscar as notícias do dia, me deparo com o comunicado do falecimento de Rubem Alves. No momento, eu fiquei um tanto quanto atordoado, triste, descrente… Como? Rubem Alves morreu?! É o tipo de pessoa que temos a impressão de que nunca partirá. Mas, pensando melhor, não é uma impressão, é uma verdade! Rubem Alves jamais morrerá, assim como a esperança jamais morre. E dessa forma me refiro a ele no presente, pois ele é o teólogo da esperança, o filósofo das emoções, o pedagogo do amor…
Quem é educador, e não somente professor, mas educador de verdade, compromissado com uma educação que vai além dos muros da escola, muito além de teorias e didatismos, com certeza teve o Rubem como um dos seus grandes inspiradores.
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança. Mais tarde, escreveu o livro Teologia da esperança. Parece-me que a esperança sempre o acompanhou por toda a sua vida. Ele desejava uma escola sem paredes que separassem as pessoas, um educador que ensinasse não somente a pensar, mas principalmente a sentir, a sorrir e a ver as coisas mais simples da vida.
Rubem Alves compreendeu como ninguém que a beleza está na simplicidade, e Deus emana em tudo que é simples. Não aquele deus sisudo de alguns religiosos, mas sim o que se encontra nos olhos de uma criança, e na beleza de uma flor que desabrocha…
Ah, as crianças! Rubem Alves era admirador das crianças, e desconfio que isso se devia ao fato de nunca ter deixado morrer a sua criança interior. Na verdade, educar, para ele, é brincar, se divertir, pois aquilo que não toca o coração não é apreendido de verdade; no máximo, decorado pelo tempo necessário para depois ser descartado.
Ele criou imagens maravilhosas para designar o que é ser professor, ou melhor, educador, o designando como um feiticeiro, aquele que, por meio das suas palavras, possibilita transformações e criação de realidades…
Rubem confessa em seu livro Conversas com quem gosta de ensinar: “Não sei como preparar o educador. Talvez isto não seja necessário, nem possível… É necessário acordá-lo”. Teólogo, filósofo, psicanalista, pedagogo, pai, avô, homem, criança, inspiração… Esse grande homem traz em si varias facetas, própria de um ser humano além do seu tempo, mas ao mesmo tempo, imerso nele.
Como a educação e a vida seriam melhores se ouvíssemos e seguíssemos metade do que esse grande mestre nos ensinou, a todo o momento nos alfinetando para que acordássemos e víssemos na criança ela própria e não o adulto que poderá vir a ser, para que percebêssemos a criança que há em todos nós. Ou seja, mais paixão e menos razão. Seria um tempero que deixaria a vida bem mais doce.
No pequeno comentário sobre o livro citado acima, o Rubem Alves afirma que tem medo de morrer: Morrer Rubem Alves? Não brinque conosco, seu menino traquino… Imortais nunca morrem!
Aldineto Miranda é professor do IFBA, graduado e especialista em Filosofia e mestre em Letras, Linguagens e Representações.

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marco wense1Marco Wense

Para que ocorra uma debandada em favor da ex-prefeita soteropolitana, é imprescindível a combinação concomitante de dois fatores: Lídice na frente de Rui e um crescimento de Paulo Souto com ameaça de vitória logo na primeira etapa eleitoral.

A candidata do PSB ao Palácio de Ondina, senadora Lídice da Mata, sabe que sua passagem para um eventual segundo turno, disputando a eleição com Paulo Souto, só com o voto útil dos petistas.
Essa pontinha de esperança é assentada em uma situação quase que improvável: um desastre na campanha do PT com Rui Costa estagnando nas pesquisas de intenção de votos.
Com ou sem dois turnos, o voto útil evita que o principal adversário chegue ou permaneça no poder. Centenas de petistas impediram a reeleição do Capitão Azevedo (DEM) votando em Vane do Renascer, hoje prefeito de Itabuna pelo PRB.
Francamente, como diria o saudoso Leonel Brizola, não acredito em um segundo turno sem a presença do candidato do governismo e do governador Jaques Wagner.
Para que ocorra uma debandada em favor da ex-prefeita soteropolitana, é imprescindível a combinação concomitante de dois fatores: Lídice na frente de Rui e um crescimento de Paulo Souto com ameaça de vitória logo na primeira etapa eleitoral.
Não sei se os socialistas procederiam da mesma forma em relação a um pífio desempenho de Lídice, votando em Rui Costa para impedir a eleição do democrata no primeiro round.
Essa dúvida decorre da sucessão presidencial, já que o PSB nacional, com seu candidato a presidente, governador Eduardo Campos (PE), está mais próximo do DEM e do PSDB.
O PSB de hoje é diferente do de priscas eras, como diria o inesquecível jornalista Eduardo Anunciação. É tomado por um, digamos, viés socialista tucano-democrata.
Para Lídice, a esperança do voto útil. Para o PT, que o ex-presidente Lula continue como forte cabo eleitoral.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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walmir rosárioWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

O esperado hexa chegou, mas de forma diferente, apenas na diferença dos seis gols no humilhante placar de sete a um. Um dia para se esquecer. Mas ainda nos resta a disputa do terceiro lugar. O céu não é mais o nosso limite.

Na década de 1980 os torcedores brasileiros gritavam a uma só voz: “Bota ponta, Telé; bota ponta, Telé!”. Este ano, deveríamos ter gritado, exigido: “Bota meio de campo, Felipão; escala o time certo, Felipão!”. E por isso deixamos de disputar o primeiro lugar na Copa do Mundo dentro na própria casa.
É triste, mas verdadeiro. Podem até dizer que passou a hora de buscar os culpados, da caça às bruxas! E não é isso que queremos, mas é nosso dever analisar os fatos e informar ou explicar para a grande torcida brasileira porque perdemos a Copa do Mundo de 2014.
Ainda nos resta a disputa do terceiro lugar, mas não nos satisfaz. Estrela maior tem o Neymar, que escapou do escabroso vexame do chamado Mineiraço, numa alusão à nossa derrota para o Uruguai no ano de 1950 no Maracanã, o “Maracanaço”. Não acredito que tenha sido maldição, mas incompetência.
Pra começo de conversa, o técnico escalou os jogadores errados para as posições equivocadas. Se determinado atleta joga bem pela direita, Felipão o escalou pela esquerda. Ou seja, em vez de inovar, tentou inventar. E o resultado não poderia ser outro: uma humilhante goleada por sete a um.
Não poderemos tirar o brilho da vitória alemã, seleção aplicada. Vimos, para nossa tristeza, nosso desalento, erros individuais inconsequentes, por jogarem nas posições erradas. A culpa é exclusiva do comandante Felipão.
O técnico brasileiro, desde antes do jogo, pensou que poderia blefar com os alemães, a imprensa, os torcedores, mas enganou ele mesmo. A sua soberba e seu sentimento egoísta não deixaram que ele reconhecesse o erro e mudasse o estilo de jogo. Pura teimosia.
Felipão menosprezou o meio de campo, a “alma” de qualquer equipe, e a característica de jogar da seleção alemã. Em declarações dadas às redes de rádios e TV, deixou transparecer que essa partida representaria a “sua forra” contra os alemães, colocando na sua conta os resultados negativos, inclusive quando treinava a seleção portuguesa. É muita empáfia.
Quedou-se silente a Seleção Brasileira frente ao poderio futebolístico alemão. Ao contrário do estilo de treinamento dos brasileiros, os alemães fizeram o seu retiro de concentração em Santo André, um povoado do Sul da Bahia, aberto à população nativa, participando da vida social.
Os brasileiros preferiram o estilo da exclusão, do posicionamento intramuros. Esquecemos o futebol alegre, característica tradicional dos nossos atletas. Demos, de graça, essa qualidade que sempre nos distinguiu aos alemães. Tomara que isso não prejudique essa brilhante geração de jogadores.
O esperado hexa chegou, mas de forma diferente, apenas na diferença dos seis gols no humilhante placar de sete a um. Um dia para se esquecer. Mas ainda nos resta a disputa do terceiro lugar. O céu não é mais o nosso limite.
Walmir Rosário é editor do Cia da Notíciawww.ciadanoticia.com.br

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celina artigoCelina Santos | celinasantos2@gmail.com

Ao mesmo tempo em que vibra, aplaude, vaia, chora, grita, a nação deixa claro que é hora de devanear. Já que não foi acionado novamente o “botão” da realidade, segue a festa, o batuque, a contagem para o apito final do juiz.

Nas gigantescas “arenas” construídas em 12 capitais, é um espetáculo à parte o “brado retumbante do heroico povo brasileiro” ao entoar o Hino Nacional à capela; torna-se difícil não se emocionar, ainda que do outro lado do televisor, quando a torcida canta “eu sou brasileiro/ com muito orgulho/ com muito amor…”.
Definitivamente, a Copa do Mundo envolve na redoma da fantasia, onde a maioria das pessoas é simbolicamente transportada para um universo regido pelo mais puro ufanismo. É como se a carinhosamente chamada camisa “canarinho” fizesse cair por terra qualquer sentimento negativo em relação ao país.
O momento, vivenciado a cada quatro anos, lembra uma célebre frase atribuída ao filósofo Georg Hegel, para quem “nada existe de grandioso sem paixão”. A despeito de preferências pessoais, não há como negar: Um dos mais inquestionáveis componentes da identidade brasileira é a paixão pelo futebol.
Neste ano de 2014, em especial, a mobilização é incomparavelmente maior. Afinal, a “terra adorada” é a anfitriã da maior competição do esporte mundial. Cerca de 600 mil visitantes vieram para assistir aos jogos, muitos ávidos por conhecer as tão alardeadas maravilhas do país. Em enquetes, eles já destacam a culinária diversa, a cordialidade e alegria dos “donos da casa”. Além, é claro, de testemunhar o quão forte é a ligação entre a torcida e a Seleção Brasileira.
Como bem definiu o jornalista Tino Marcos, a Seleção é uma instituição cultural para o Brasil. Através dos dribles geniais dos jogadores, parecemos dizer: que venham os obstáculos, porque somos brilhantes o suficiente para derrubá-los. Ilusão? Alienação? Por ora, nada importa! As vitórias nas “quatro linhas” chegam como uma catarse, a expurgar toda espécie de frustração lá do mundo real.
Enquanto o lugar de torcedor se sobressai em relação aos demais papéis, o brasileiro cria uma espécie de carapaça, de modo a impedir que qualquer discussão sociopolítica (ou algo que o valha) invada o sagrado cantinho do sonho. Aliás, está aí a razão pela qual de nada adiantam as tentativas de atrelar política a futebol.
Ao mesmo tempo em que vibra, aplaude, vaia, chora, grita, a nação deixa claro que é hora de devanear. Já que não foi acionado novamente o “botão” da realidade, segue a festa, o batuque, a contagem para o apito final do juiz. Espera-se, porém, que a torcida possa desembarcar do “planeta fantasia” dando passes acertados na relação com o próximo (família, amigos, patrões, empregados, vizinhos, desconhecidos…) e, principalmente, levando a bola do voto para longe do gol contra.
Celina Santos é chefe de Redação do Diário Bahia, pós-graduada em Jornalismo e Mídia e membro da Academia de Letras de Itabuna (Alita).

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Dilma Rousseff em foto Celso Júnior.
Dilma Rousseff em foto Celso Júnior.

Da Redação
A abertura da Copa do Mundo teve cenas memoráveis e algo para esquecer: o xingamento, impublicável, direcionado à presidente Dilma Rousseff.
O negócio foi tão vergonhoso para o país que o site da BBC Brasil preferiu dizer que parte da torcida gritava “slogans” contra a presidente e à cúpula do futebol mundial no Itaquerão, em São Paulo.
As vaias sempre foram da política e não há político que diga que foi surpreendido por ela, a temida e temível.
Hoje, a Folha publica matéria que descreve quem foi que, de forma grosseira, mandou a presidente ir lá para o “monossílabo da cobra”.
Sim, eram os endinheirados de Sampa – e do Brasil, que ganham acima de dez salários mínimos. Receberam cortesias ou pagaram, no mínimo, R$ 1.000,00 para estar na ala “VIP” do estádio (muitos preferem “Arena”, o que vem a calhar nesses dias tão estranhos).
Baseando-se em números do Datafolha, o diário paulistano “justifica” que, na capital paulista, a presidente é aprovada por apenas 19% da população e este percentual cai para 11%, quando considera apenas os que recebem acima de dez salários mínimos.
Comentaristas (de política ou futebol – ou ambos) como Juca Kfouri, Josias de Souza e José Trajano classificaram o episódio de lamentável e típico de futebol de várzea.
Houve quem, no calor dos acontecimentos, tenha preferido surfar na estupidez.
O tucano Aécio Neves, que um dia foi vaiado no Mineirão em um Brasil x Argentina e comparado (em coro) a Maradona na arte de aspirar, está neste grupo. Disse que a presidente colhia o que plantou e ficou “sitiada” no Itaquerão. Foram estas as palavras do presidenciável:
– O que fica para a história é que nós tivemos depois de algumas décadas no mundo, uma Copa do Mundo onde o chefe de Estado não se vê em condições de se apresentar à população. Isso é reflexo do que está acontecendo no Brasil. Nós temos hoje uma presidente sitiada, uma presidente que só pode aparecer em eventos públicos protegida
Ficou feio para ele. Quase um dia depois, após a repercussão negativa e até opositores saírem em defesa da presidente, Aécio buscou se redimir. Disse o aspirante a presidente.
– Por mais compreensível que seja o sentimento dos brasileiros, acredito que a sua manifestação deve se dar no campo político, sem ultrapassar os limites do respeito pessoal. No que depender de mim, o debate eleitoral se dará de forma democrática e respeitosa.
Dizem que nunca é tarde para uma desculpa. Esta veio após o ex-governador mineiro sentir que os xingamentos/agressões acabaram por transformar o alvo em vítima.
E a vítima era não menos que a presidente da República, não por acaso a sua adversária nas urnas em outubro próximo. A vítima era, antes de tudo, uma mulher. E o palco dos xingamentos/agressões foi não uma arena, mas um estádio, onde, como lembrou Dilma Rousseff, estavam crianças e famílias. Mas estúpidos não escolhem local ou hora para os seus desatinos.

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Manuela BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Claudia Leite brilhou pela presença. Na vida, conquista seus sonhos quem é forte, e ela estava ali, linda, representando um país que tanto a critica.

Tem copa sim, e isso inclui erros e acertos como qualquer evento, como qualquer relacionamento, como qualquer ser humano que tem a oportunidade de melhorar quando encara, sem insegurança. Posso explicar melhor o meu pensamento? Pois bem. Fiquei um bom tempo olhando para a televisão sem acreditar na abertura, quando Galvão Bueno citou a autoria da produção. Não, não foi um brasileiro/brasileira quem idealizou aquilo tudo. “Inacreditável”, repeti comigo umas cinco vezes. Mas se era para mostrar ao mundo a nossa cultura, por que diabos contrataram alguém de fora?
A gente dá show nos carnavais, ornamentações de eventos típicos nordestinos, teatros, festivais folclóricos da Amazônia etc, então por que não fomos nós? Procurei alegria e emoção, e não vi. Não vi sorrisos, não vi vida. Não vi as nossas cores, nem a nossa capacidade de encantar e emocionar, tão comprada e imitada das nossas novelas. A gente poderia ter feito muito melhor.
Por outro lado, Claudia Leite brilhou pela presença. Na vida, conquista seus sonhos quem é forte, e ela estava ali, linda, representando um país que tanto a critica. A expressão de quem esteve o tempo todo tentando segurar o choro, ao lado de Jennifer Lopez, que, aparentemente, estava achando tudo muito normal, conseguiu me emocionar mais que a abertura em si.
Dar a cara à tapa, diariamente, sendo alvo de chacota de um país inteiro, é para os fortes, e a resposta foi dada. O segredo da vida é a perseverança e a segurança em si mesmo, e o sucesso do nosso país é o seu povo e suas histórias de vida. Quantos jogadores de futebol foram descobertos em campos nobres? A história de vida dessa turma que carrega a raça no olhar e a garra nas pernas é nossa, e isso não pode passar despercebido num momento histórico como esse. Como não poderia ter passado na abertura.
Aqui pra nós, parece que somos ainda mais fortes no coletivo. Depois da apresentação formal do nosso hino, por exemplo, cantarolamos unidos e seguimos juntos: os jogadores, já em campo; milhares de torcedores no estádio; nós, em nossas casas, bares etc, seguimos cantarolando o Hino Nacional sozinhos, firmes. Gigantes pela própria natureza, cantamos com esperança, mais ou menos como fizemos há meses atrás, ganhando as ruas das cidades de todo o país e bradando que as coisas não estão legais por aqui. É que NÓS SOMOS O MELHOR DO NOSSO PAÍS, mas ainda precisamos acreditar um pouquinho mais nisso. AVANTE, BRASIL!
Manuela Berbert é publicitária e colunista do Diário Bahia.

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Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Se até cães podem ser adestrados com reforços positivos, por que os seres humanos, com cérebro tão avantajado e evoluído, precisariam de castigos físicos para entender o é errado e fazer o que é certo?

Parei a alguns centímetros da garrafa que passou rolando à minha frente, caindo da calçada em uma poça de lama. Olhei para o lado e vi um garotinho, de aproximadamente dois anos, observando o trajeto da tal garrafa. Em segundos, apareceu uma mulher irada, puxando-o pelo braço. Enquanto chacoalhava e xingava o menino – que nada respondia em sua defesa, além do olhar assustado – ela cerrou o punho e simulou um soco no queixo dele, empurrando sua cabeça para trás.
Segui meu caminho com aquele episódio lamentável na minha mente. A mulher não tinha aparência de miserável para que, no máximo, dois reais fizessem falta para sua existência. Ela não o machucou fisicamente, mas não deixou de ser violenta. Aí, logo me veio à cabeça toda discussão sobre a famigerada Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo.
Fiquei imaginando como aquela mulher tratava o menino quando tinha sua privacidade garantida. Afinal, não se constrangeu em humilhar em público aquele ser pequenino, que ainda está descobrindo e entendendo o mundo. Aparentava ser a mãe, o que lhe dá autoridade para fazer o que julga melhor pela boa educação do filho. Mas, o que seria “melhor” em seu conceito? Quais seriam suas atitudes para fazer com que o guri ande na linha?
Em nossa cultura, criança pouco ou nada tem direito sobre o próprio corpo. O reconhecimento de sua individualidade só vem quando atinge a idade adulta e olhe lá! Muita gente afirma categoricamente que o castigo físico é a solução para frear a rebeldia, que a “palmada educativa” não mata e ainda nutre um enorme sentimento de gratidão aos pais por cada tabefe que levou, etc.
Repetimos as brutalidades sofridas na infância sem questionarmos sua real eficácia. Dando uma busca rápida pela internet, é fácil encontrar vários artigos e pesquisas de autoridades científicas mostrando que somos inteligentes o suficiente para aprendermos sem pancada e que crianças agredidas tendem a se tornar adultos agressores. Se até cães podem ser adestrados com reforços positivos, por que os seres humanos, com cérebro tão avantajado e evoluído, precisariam de castigos físicos para entender o é errado e fazer o que é certo?
Criança é um ser meio selvagem, um desafio à maturidade, paciência e equilíbrio emocional de qualquer um. Por isso, a seguinte frase atribuída a Platão faz sentido: “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los”. Pois, acima de tudo, criança também é gente, com direitos que devem ser garantidos e, efetivamente, cumpridos.
Karoline Vital é jornalista.

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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues | aclaudiors@gmail.com

Omissão de socorro é crime, mas, na maioria dos casos, os profissionais de saúde são tão vítimas do sistema quanto nós pacientes.

Arleane Oliveira dos Santos é uma brasileira que, como todo cidadão e cidadã, espera que nosso País nos devolva aquilo que nos é de direito, que temos direito por pagar a maior carga tributária do mundo. A jovem Arleane foi protagonista, na madrugada de domingo para segunda-feira, de um momento que podemos batizar de “Filme dos Horrores”, como noticiado aqui no Pimenta.
Em trabalho de parto a mãe saiu peregrinando pelas maternidades de Itabuna em busca de atendimento médico para dar à luz. Na Fundação Ester Gomes (Maternidade da Mãe Pobre), recebeu o primeiro não. Buscou o Hospital Manoel Novaes, entidade filantrópica mantida com recursos públicos, a exemplo da Ester Gomes.
O Hospital Manoel Novaes serviu de local para cenas que chocariam o mais malvado dos malvados. Arleane teve mais uma vez negado o atendimento e sentido fortes dores, após duas horas de apelo e muita humilhação pedindo por atendimento a parturiente, teve a bolsa estourada e entrou em trabalho de parto na recepção do hospital, que é tido como referência e tem o título de “Hospital Amigo da Criança”, concedido pelo Unicef.
Como descrito por William Oliveira, que estava no local e filmou toda a cena, os momentos que seguiram após a bolsa se romper faz jus ao título desse artigo. “Uma paciente ouvindo os gritos de socorro saiu da enfermaria sendo que esta estava com uma criança de mais ou menos quatro meses, deixou sua filha com um desconhecido e começou a tentar puxar a criança que estava nascendo, saiu o tórax, mãos, ombro, e a criança estava se mexendo mesmo com a mãe não tendo quase força, porém pelo motivo do parto espontâneo ter acontecido primeiro pelos pés e não na forma corriqueira, quando chegou a parte da cabeça o canal vaginal se fechou e a criança morreu estrangulada, todos viram o corpo da criança se debatendo por cerca de uns três minutos”, narrou Willian.
As cenas desse filme que não têm nada de ficção tiveram a participação de uma enfermeira que negou o atendimento, alegando que a médica de plantão Luciana Leite estava realizando outro parto e no hospital não havia mais vagas. Omissão de socorro é crime, mas, na maioria dos casos, os profissionais de saúde são tão vítimas do sistema quanto nós pacientes.
A maior responsabilidade por sermos obrigados a ver e viver cenas como essas é dos nossos governantes: prefeitos, governadores e presidente ou presidenta. São de vereadores, deputados e senadores, que se elegem prometendo representar os interesses do povo e, na mais pura das verdades, apenas e tão somente defendem os seus próprios interesses e fazem da política uma profissão, uma empresa que passa de pai para filho. Sendo que muitos até desviam os recursos da saúde para suas próprias contas ou para “contas dos laranjas”.
O pior de tudo é saber que essas cenas voltarão a repetir, podem até mudar os diretores ou gestores, mas o roteiro é o mesmo. E, como todo filme de terror, esse também tem continuação.
Cláudio Rodrigues é jornalista e empresário.