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Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Com toda propaganda ostensiva do FIES – inclusive no boleto das mensalidades – a instituição demonstra total desinteresse em manter os alunos.

O setor era um grande vão, organizado por divisórias de MDF. A maior parte dos funcionários pareciam clones das cunhadas gêmeas do Homer Simpson, mas sem os cigarros pendendo no canto da boca. Olhar vitrificado, expressão facial de como se tivessem acabado de engolir um remédio amargo.  A fala no ambiente era baixa, com poucas inflexões. E, ao redor, o contraste de toda alegria dos jovens estampados nos cartazes, na celebração de terem alcançado o grande triunfo do nível superior, pagando os juros colossais do Financiamento Estudantil.
Aguardava na fila a minha vez de pegar o reembolso da minha matrícula. Tinha sido aprovada em primeiro lugar para o curso de psicologia. Quando prestei o vestibular, fui criticada por familiares e amigos, que julgavam bobagem eu enfrentar outra graduação. “Você deve tentar um mestrado ou um concurso público”, ouvi de alguns. Mas psicologia era algo que sempre me empolgou. Sou fascinada pelo comportamento humano, como somos bichinhos pretensiosamente mais espertos que os outros, mas primitivamente tão previsíveis.
A gente faz planos para a vida, mas o destino às vezes disponibiliza rumos totalmente diferentes dos idealizados, acabei não tendo condições para arcar com os compromissos financeiros para entrar no curso logo no primeiro semestre. Assim, na primeira semana do ano, procurei a secretaria acadêmica para solicitar a manutenção da minha vaga para o segundo semestre, explicando todas as minhas razões.
As moças que me atenderam até foram simpáticas e me deram o prazo de 72 horas para uma resposta via email. O tempo passou e nada. Eu ligava para pedir algum posicionamento e nada. Fui à faculdade duas vezes e nada. Passaram-se duas semanas e a única resposta que obtive é que meu requerimento estava sendo analisado. E mais nada.
Com a proximidade do início das aulas próximas e a falta de qualquer parecer, decidi cancelar minha matrícula. Foi algo dolorido, contudo o mais racional. Pedi outro requerimento e fui ao setor financeiro. Quando entreguei o papel, o funcionário sequer me perguntou o motivo pelo qual eu pedia o meu desligamento prematuro. Explicou-me os procedimentos com naturalidade e, no prazo estabelecido, enviou-me um email comunicando que o meu reembolso já estava disponível.
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GabrielGabriel Nascimento | gabrielnasciment.eagle@hotmail.com

Uma polícia bem treinada é aquela que atira na perna, na mão que está o revólver, ou que não atira porque aquele contexto não era o seu de trabalho. Não se trata aí de um membro bem treinado da polícia.

A quem serve uma polícia militarizada? Seja a civil ou a militar, a quem serve um aparelho arcaico, herdeiro de governos militares? A polícia militarizada só serve a um Estado autoritário, que tem políticas compensatórias e enxerga na violência o caminho para acabar com a violência.
A polícia militarizada é uma polícia de guerra, responde por vinculação ideológica como membro das forças armadas do país. Só aí duas incoerências: não estamos em guerra, ao menos expressa, e nem as forças armadas do país servem para combater “inimigos internos”.
Trocando em miúdos, mesmo que a violência civil chegue a rumos tão assustadores, não estamos em guerra civil. Aliás, acreditar nisso é jogar nas mãos do Estado privateiro e autoritário a necessidade falsa de investir em políticas compensatórias e em aparatos de violência, o que sempre foi o salmo de nossas elites atrasadas e provincianas. Matar, matar e matar o inimigo interno. Não há inimigo interno e o cidadão brasileiro não pode ser visto como inimigo. Mesmo que seja traficante, que esteja assaltando ou que troque tiros com a polícia.
Na última semana, no centro de Itabuna, um policial à paisana deflagrou vários tiros em um adolescente que assaltava. No contexto, uma polícia de guerra. Um policial fora do seu serviço comum agindo como um soldado a eliminar um inimigo. Uma polícia bem treinada e não militarizada jamais faria isso. Uma polícia bem treinada é aquela que atira na perna, na mão que está o revólver, ou que não atira porque aquele contexto não era o seu de trabalho. Não se trata aí de um membro bem treinado da polícia.
O lamentável é que essa é uma ação corrente da polícia fardada e militarizada das terras brasileiras do Sem-fim. Em todo território nacional, essa vergonha que tem a mesma ideologia do DOPS/DOI-CODI da Ditadura militar que durante 21 anos causou estrago na vida pública brasileira (perseguindo e matando arbitrariamente quem se opusesse a ela), usa táticas de guerra e trata o cidadão marginalizado como alienígena. Tudo isso sob a tutela de um Estado autoritário que investe cada vez mais nessas medidas atrasadas de segurança.
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Ederivaldo Benedito | ederivaldo.benedito@gmail.com
Ederivaldo Benedito-foto.

Itabuna não suporta mais lamentações. Chegou a hora de dar adeus ao provincianismo e amadurecer politicamente, discutir suas questões no atacado.

Acabou a novela do Carnaval Antecipado. Espera-se agora que tocado pelo Espírito Santo, movido pelos sentimentos de cidadania, irmandade, amor ao próximo e de solidariedade, o itabunense venha, de forma organizada, ajudar Claudevane Leite a colocar o Bloco da Mudança na rua.
Itabuna não suporta mais lamentações. Chegou a hora de dar adeus ao provincianismo e amadurecer politicamente, discutir suas questões no atacado. Buscar soluções para os eternos problemas. Apresentar sugestões no papel e na prática, ao invés de apenas se queixar que as coisas estão ruins e culpar as autoridades.
Ora, o problema não é simplesmente discutir se a Prefeitura deveria ou não patrocinar a festa momesca, ou quem apoia ou não a sua realização. O desafio é: já que o prefeito, de maneira claudicante, vacilante, decidiu não promover oficialmente o Carnaval Antecipado, ele e os itabunenses que concordam a sua decisão têm a obrigação de pensar com grandeza e apresentar projetos para os eternos problemas infraestruturais de Itabuna.
O Ministério Público, por exemplo, com apoio de grupos evangélicos, líderes partidários, blogueiros e radialistas, deve apresentar urgentemente propostas para, quem sabe, intensificar o combate à violência e criar mecanismos para o enfrentamento da criminalidade no município.
Os que se manifestaram publicamente contra a festa deveriam começar a fazer mutirões para ajudar as famílias desabrigadas e campanhas de solidariedade ajudar as populações ribeirinhas e periferias, que diariamente clamam por socorro nos programas policiais das Rádios e TVs. Poderiam, também, cruzar a cidade, do São Pedro ao Jorge Amado, do Maria Pinheiro ao Santa Inês, “conscientizando à população” e alertando-a para a iminência de um “novo surto epidêmico de dengue”. Nesses bairros, cultos seriam celebrados, em memória dos nossos irmãos-conterrâneos, vítimas da violência cotidiana.
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JAIRO 3X4 COLORJairo Araújo

Experiências que estão sendo adotadas por José Mujica e Fernando Haddad representam  uma mudança substancial na forma  de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da  violência.

A percepção que parte da sociedade tem em relação à violência é contraditória. É de conhecimento da maioria das pessoas que as razões da violência, em parte, estão relacionadas ao tráfico e o consumo de drogas, além dos problemas sociais ainda presentes nos quatro cantos do país.  Mas os meios que são comumente utilizados no combate à violência tem se constituído num retumbante fracasso.
As práticas para o enfrentamento da violência tem sido as mesmas de sempre: a polícia mata e prende, tanto drogas quanto os traficantes, como forma de diminuir a circulação dos entorpecentes. Por outro lado, os bandidos se matam na tentativa de controlar os territórios do tráfico, a produção e a comercialização das drogas.
Ainda temos a violência advinda dos assassinatos em virtude de dívidas com os donos do pedaço. A organização do tráfico é impiedosa: deve e não paga, o caminho é a morte! Neste círculo vicioso, os índices de assassinatos só aumentam.  É necessário rever os métodos utilizados para combater o tráfico.
Neste sentido, experiências que estão sendo adotadas por José Mujica, presidente do Uruguai, que legalizou o  uso da maconha, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo,  com o projeto Braços Abertos, que visa oferecer oportunidades aos dependentes e usuários de crack,  representam  uma mudança substancial na forma  de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da  violência.
No caso do Uruguai, o Estado passa a assumir e controlar todo o ciclo de produção e comercialização da cannabis, permitindo ao usuário comprar em pontos definidos a quantia estabelecida para seu consumo. Em São Paulo, para os dependentes de crack estão sendo oferecidas moradias em hotéis da região conhecida como Cracolândia, trabalho remunerado na varrição das ruas e três refeições diárias, além de cursos profissionalizantes.
Estas ações podem não resolver o problema da violência de forma definitiva, mas são alternativas que deveriam ser observadas pelas diversas esferas de governo.
Quanto à contradição da sociedade que mencionei no início deste texto, me assusta ver pessoas comemorarem quando um bandido é assassinado ou em expressões como “bandido bom,  é bandido morto”. Enquanto existirem seres humanos morrendo em virtude da escalada da violência, a sociedade continuará sendo vítima da mesma forma.  Portanto, o ideal será quando não existir bandido morrendo, pois teremos uma sociedade de paz.
Jairo Araújo é vereador de Itabuna pelo PCdoB.

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Fernando VolpiFernando Volpi
 

Qualquer candidato a cargos políticos ou na iniciativa privada que tiver como propósito apenas vencer as eleições ou a concorrência numa disputa de inspiração subjetiva ou pelo simples prazer da vitória ou até mesmo pelo status do posto, se não tiver um forte senso de responsabilidade por suas próprias ações, seja pelo bem comum, seja pelo êxito do empreendimento ou da empreitada, nunca irá perseverar.

 
A diferença entre alguém de iniciativa e uma pessoa articulada está exatamente no senso de propósito, sem o qual não se desenvolve a perseverança. “Ser persistente é ser teimoso com objetividade”, ouvi recentemente de um conceituado executivo do Sebrae durante encontro de gestores públicos e privados em Itabuna. De fato, quando predomina a convicção do propósito, a energia emerge com força e produz resultados. Todas as dificuldades serão estimulantes e vencerá a determinação. O segredo é sair do “bureau” e tentar mudar, mudando o rumo da coisa.
Mas toda mudança deve começar, necessariamente, por um propósito. Sem ele, impossível perseverar. Sem perseverança, não há superação.
Qualquer candidato a cargos políticos ou na iniciativa privada que tiver como propósito apenas vencer as eleições ou a concorrência numa disputa de inspiração subjetiva ou pelo simples prazer da vitória ou até mesmo pelo status do posto, se não tiver um forte senso de responsabilidade por suas próprias ações, seja pelo bem comum, seja pelo êxito do empreendimento ou da empreitada, nunca irá perseverar. O sucesso não passará da primeira esquina, será curto como curta é a sua inspiração, como certamente curta é a sua habilidade para o sucesso.
Todo propósito alimentado pela vaidade ou pela obsessão (até mesmo pela paixão) só resulta em enxaqueca. Mas o propósito vitaminado da pessoa articulada, antenada, logada, alimentado com amor e liderança honesta resultará em perseverança também honesta. É bem diferente do propósito apaixonado. A paixão desestimula, a paixão gera teimosia dispersa, enquanto o amor bem articulado encoraja com serenidade propulsora como as asas das garças sobre o Rio Pardo. Suaves, sem alarde, mas fortes.
Gestor público ou privado, o legislador, o jurista, o gerente, o funcionário, o prestador de serviços, todos eles que não se fortalecerem com sinceros propósitos, claros e definidos, inspirados na sua responsabilidade diante da legião de expectativas, não passarão de melancólicas tentativas isoladas de êxito com pálidos resultados empíricos e insulsos. Algo parecido com um aborto que deu errado.
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Eduardo Estevam
 

A reação ao rolezinho revela uma luta de classes e uma brutal exclusão social, mas tem um elemento que considero central e que desmascara a “cordialidade” brasileira nas relações sociais: o racismo.

 
Onda Negra, medo Branco é o título de um livro em que a Celia Azevedo analisa o negro no imaginário das elites do século XIX. O rolezinho pode ser considerado uma onda negra, uma vez que apresenta traços culturais da musicalidade negra, e o medo, que residia na elite branca, hoje genaralizou-se.
O fenômeno chamado Rolezinho é apenas uma das práticas sociais dos jovens que fortalece sua identidade de grupo, cada qual com as suas particularidades. Esse tipo de rolezinho é o divertimento em grupo, ponto de encontro (combinados pela redes sociais ou não), a curtição, a azaração que sempre esteve sob olhar raciológico vigilante. O rolezinho que causou pânico nos shoppings apresenta algumas peculiaridades que há tempos venho defendo neste blog. A existência de um racismo que estrutura as relações e a forma de pensar e ver o outro na sociedade brasileira, e que é veementemente negado, principalmente pela grande mídia.
A reação ao rolezinho revela uma luta de classes e uma brutal exclusão social, mas tem um elemento que considero central e que desmascara a “cordialidade” brasileira nas relações sociais: o racismo. Não é de agora que esses jovens frequentam os shoppings, logo, essa prática não pode ser atribuída tão somente as mudanças do quadro econômico e social que possibilitou uma ampliação do mercado consumidor. A simples presença desses jovens negros e negras, negro-mestiços e branco-mestiços ostentando suas identidades culturais, foi motivo do estranhamento, do surto, do medo e da repressão, tudo em função de se aglutinarem e passearem gesticulando e cantando música funk. Esse tipo de racismo que esses jovens negros estão sujeitos caracteriza-se pelos embates culturais, ou seja, pelo conflito de valores.
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marco wense1Marco Wense

Geraldo anda dizendo que Magalhães, que é o diretor-presidente da Bahiagás, vem gastando o dinheiro da empresa na campanha para deputado federal.

O relacionamento político entre o PT e o PCdoB de Itabuna sempre foi marcado por intrigas, picuinhas, traições, falsidades, desconfianças e até ofensas pessoais.
O pega-pega é velho, vem da política estudantil na então Fespi, quando comunistas e petistas se digladiavam pelo comando do Diretório Central dos Estudantes, o cobiçado DCE.
Quando se juntam, como aconteceu em várias sucessões municipais, é por interesse e conveniência, já que a união se torna indispensável para derrotar os adversários comuns.
O PT e o PCdoB são inimigos ferrenhos quando estão separados no processo eleitoral. PCdoB versus DEM ou PT versus PSDB são confrontos civilizados quando comparados a uma disputa PT versus PCdoB.
O mais recente duelo envolve as duas figuras emblemáticas do petismo e do comunismo tupiniquins, sem dúvida o ex-prefeito Geraldo Simões e o ex-vereador Davidson Magalhães.
Geraldo anda dizendo que Magalhães, que é o diretor-presidente da Bahiagás, vem gastando o dinheiro da empresa na campanha para deputado federal.
Defensores de Davidson, irritadíssimos com Geraldo, lembram que o ex-alcaide, em vez de se preocupar com a vida alheia, deveria cuidar da sua condição de réu nos processos que tramitam na justiça.
E mais: corre à boca pequena a informação de que o PT vai reivindicar o comando da Bahiagás assim que Davidson se afastar da presidência para concorrer ao Parlamento.
Dois bicudos não se beijam. Geraldo Simões e Davidson Magalhães sequer se abraçam. É melhor assim do que abraço de tamanduá.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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barros rolezinhoDaniel Martins de Barros | Psiquiatria e Sociedade

O ideal seria estabelecer um diálogo entre visões diferentes na tentativa de entender o que são de fato esses rolezinhos. Porque sem isso não conseguiremos lidar com seus significados reais.

Os rolezinhos são um dos fenômenos recentes mais intrigantes em minha opinião: eles reúnem elementos de diversas naturezas, em suas causas e consequências, desafiando aqueles que buscam uma compreensão do que está acontecendo. Por se prestarem a diversas leituras, cada um vê neles o que bem entende, muitas vezes hostilizando opiniões divergentes. Creio que sejam suas muitas camadas, não mutuamente excludentes, que embaçam um pouco nossa visão.
Antes de mais nada, independente das motivações subjacentes, não se pode negar que eles são fruto da hiperconectividade proveniente do amplo acesso da população à internet e às redes sociais. Como no caso das manifestações que sacudiram transitoriamente o país em 2013, trata-se de um comportamento emergente. Isso significa que o movimento surge a partir da interação entre múltiplos elementos mais simples – no caso, as milhares de pessoas – mas não pode ser explicado apenas pelo comportamento individual dos envolvidos. A complexidade que nasce a partir das diversas interações faz com que o fenômeno seja imprevisível; é impossível vislumbrá-lo previamente, mesmo conhecendo os envolvidos.
Mas só a conexão ampla sozinha não basta. Claro que existe aí um colorido social, já que as ações são altamente simbólicas quando jovens da periferia organizam-se para ocupar em massa os espaços de consumo que são os shopping centers. Diante do discurso oficial que arbitrariamente mudou a classificação de milhões de pessoas de pobre para classe média baseado em seus hábitos de consumo de eletrodomésticos (mesmo que a custa de crédito, não de ganho), os rolezinhos mostram que penetrar na esfera do consumo não basta. Os shoppings, templos do supérfluo, não permitem que haja dúvida sobre quem é excluído mesmo após se tornar consumidor.
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professor júlio c gomesJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
 

Quero parabenizar a todos os jovens que ainda têm consigo – talvez por “culpa” de suas famílias – conceitos como boa conduta, moral, honra, respeito ao próximo e educação civil.

 
Frequentemente nos queixamos de determinados aspectos do comportamento dos jovens de hoje. Dizemos que as músicas que eles ouvem são um lixo, que eles têm a cabeça vazia (fúteis é uma palavra que quase não se usa mais hoje em dia), que as moças têm um comportamento prá lá de inadequado do ponto de vista moral, que muitos não querem nada com o estudo e absolutamente nada com o trabalho, e que há uma tendência crescente a não respeitarem nada nem ninguém.
De fato, se fizermos uma generalização grosseira, nossos jovens são assim mesmo. Mas por que são assim?
Em primeiro lugar devemos entender que se eles são assim é porque assim nós os levamos a ser.  O comportamento humano é socialmente aprendido, e não é novidade nenhuma afirmar que o homem, e a mulher, são frutos do meio em que vivem.
Mesmo que em nosso grupo familiar nos esforcemos ao máximo para que as coisas não trilhem este caminho, não podemos – nem devemos – impedir que nossos jovens entrem em contato com o mundo, que será deles quando partirmos. E o mundo, a sociedade, encontra-se em uma terrível miséria em termos de moralidade e bons exemplos.
Para começar, tudo o que não presta parece que passou a ser inquestionavelmente correto. Assim, se alguém desfruta de luxo e dinheiro sem trabalhar e sem ser rico, ninguém vê nada de errado nisso, como se o dinheiro caísse do céu. Se alguém bebe demais ou usa drogas, é retado! Se tem duzentos relacionamentos, seja homem ou mulher, seja com homem e/ou com mulher ao mesmo tempo, é um exemplo a ser seguido!
Se não gosta de estudar e não quer trabalhar, dizem que é problema dele. Mas não é. É problema de quem o sustenta. Só será problema dele no dia em que aquele que o mantém fechar os olhos para sempre, e ele tiver de se sustentar sozinho.
Se usa drogas, ninguém deve se meter na vida deste jovem – ainda que esteja morando e dependendo dos pais. Bem, se fumar cigarros comuns em público, será execrado por todos por este fedorento mau hábito. Mas se acender um cigarro de maconha ninguém ousará falar nada. Se falar será para dizer que hoje se pensa em liberar o uso da maconha, que obviamente não fede, não faz mal à saúde, não incomoda e não tem nenhum efeito psicoativo. É tão inocente e benigna quanto a Branca de Neve!
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marco wense1Marco Wense

O chefe do Executivo deixou escapar, nas entrelinhas, lá no cantinho do seu pensamento, que a presença feminina é importante no processo eleitoral.

Se dependesse exclusivamente da vontade do governador Jaques Wagner, em decisão unilateral, uma mulher já teria sido convidada para compor a chapa majoritária.
Wagner tem demonstrado certa preocupação com a possibilidade de uma composição governista 100% macho, sem o perfume da mulher e sua aguçada sensibilidade.
Uma majoritária só com marmanjos seria mais um obstáculo para o ainda desconhecido Rui Costa, que não escaparia da insinuação oposicionista de que é contra a mulher na política. Que é preconceituoso.
A participação feminina no formato da chapa elimina o disse-me-disse e os boatos de discriminação por parte de maldosos adversários adeptos da filosofia maquiavélica.
É bom lembrar que teremos duas fêmeas, como diria o saudoso jornalista Eduardo Anunciação, exercendo forte influência na sucessão presidencial: Dilma Rousseff (reeleição) e Marina Silva (vice de Eduardo Campos).
Na sua última entrevista de 2013, no jornal A Tarde, o chefe do Executivo deixou escapar, nas entrelinhas, lá no cantinho do seu pensamento, que a presença feminina é importante no processo eleitoral.
O governismo tem Rui Costa como candidato ao Palácio de Ondina, Otto Alencar postulando o senado da República e uma disputa entre Marcelo Nilo (PDT) e Mário Negromonte (PP) pela vaga de vice-governador.
No oposicionismo verdadeiro, formado pelo DEM, PMDB e o PSDB, sob o comando do prefeito ACM Neto, a importância da presença feminina é consenso entre as principais lideranças.
Nos bastidores, já se articula uma mulher para ser a companheira de chapa do ex-governador Paulo Souto, ficando a senatória para o peemedebista Geddel Vieira Lima.
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professor júlio c gomesJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
 

Os professores, e mais ainda as professoras, se queixam do linguajar utilizado, onde os piores palavrões surgem a todo o momento com naturalidade chocante.

 
Confesso que fico assustado quando ouço os relatos de meus colegas professores que dão aula para alunos de quinta a oitava série do primeiro grau (sexto ao nono ano), nos turnos matutino e vespertino, não só no que toca à má qualidade da educação pública – o que não é novidade – mas, sobretudo, no que diz respeito ao comportamento dos alunos em sala de aula.
Queixam-se estes colegas da mais ampla falta de respeito dos alunos não só uns com os outros, o que, em tese, seria um problema somente deles. Mas do comportamento em relação aos professores e às demais pessoas que trabalham na escola.
Os professores, e mais ainda as professoras, se queixam do linguajar utilizado, onde os piores palavrões surgem a todo o momento com naturalidade chocante. Queixam-se do tipo e do nível das conversas. Queixam-se do comportamento promíscuo – a palavra é esta mesmo, promíscuo – de muitas moças adolescentes, já que em nossa sociedade e cultura a promiscuidade masculina sempre foi tida como sinônimo de virilidade, portanto aceita e incentivada.
Queixam-se estes professores e professoras de que, a todo o momento, precisam fazer de conta que não estão escutando o que efetivamente ouviram, mesmo porque há comentários que deixariam desconcertados até mesmo aos operários da construção civil, e mais ainda a professores, que decerto não são santos, mas que tentam, em sua maioria, manter em sala uma postura adequada ao exercício da profissão e ao desenvolvimento do aprendizado.
Gostaria de dizer a estes colegas professores que tentem – até onde for possível – manter o respeito dos alunos senão para com os colegas e a Escola, para com o profissional que ali está ministrando a aula. Sei que não é fácil. Sei que as vezes não é nem mesmo possível, pois no Brasil qualquer iniciativa disciplinadora é vista como antiquada, repressiva e discriminatória. Mas a verdade é que sem disciplina e respeito não se vai a lugar nenhum.
Sei que os pais, em percentual significativo; e as direções das escolas, quase sempre preocupadas em agradar o político que a colocou naquele cargo, estarão, muitas vezes, contra o professor que tente de fato obter um mínimo de respeito e disciplina em sala para criar as condições de aprendizado, para cumprir o seu dever de ensinar.
Mas os alunos que querem aprender – sim, eles ainda existem, e são a razão de nós existirmos – esses agradecerão, aprenderão, lembrarão e levarão consigo a formação que você conseguir fazer com que eles queiram adquirir, pois, como diz Paulo Freire, o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender.
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professor júlio c gomesJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
 

No Bolsa Família os recursos vão diretamente para a mão da família carente, não para estados, municípios ou qualquer outro órgão público. Quase não se perdem na burocracia e na corrupção.

 
O Governo Federal alardeia aos quatro ventos que nunca se investiu tanto em educação no Brasil, e que há uma escalada crescente de recursos destinados à educação. Acredite: Isto é a mais pura verdade!
Os números comprovam isto. Segundo foi publicado na coluna de Reinaldo Azevedo na Veja – portanto um colunista conservador de um veículo de imprensa igualmente conservador – o Brasil investe na educação, atualmente, cerca de 5,7 % do PIB (Produto Interno Bruto), o que de fato é muito dinheiro, até porque somos hoje a sétima maior economia do mundo.
Entretanto, segundo publicação da Exame.com, apesar de investirmos em educação um percentual do PIB maior do que países como Reino Unido, Canadá e Alemanha, quando medimos os resultados alcançados, o resultado é muito ruim.
Em um ranking feito pela OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em um programa de avaliação da qualidade da educação, o Brasil ocupa atualmente um modestíssimo – ou vergonhoso – 53º lugar de um total de 65 países incluídos na pesquisa.
Quem leciona na rede pública de ensino, tal como este autor, não precisa ir tão longe para constatar o óbvio: O ensino público no Brasil tornou-se um desastre, não obstante o esforço de muitos profissionais abnegados que trabalham no setor.
Por que, então, com tantos e crescentes investimentos, nossos resultados na educação são tão ruins?
Uma das fortes razões para isto é: este dinheiro simplesmente não chega aos alunos e professores. Mandar dinheiro para os estados e municípios, e mesmo para as unidades escolares não significa que ele será aplicado na educação. A corrupção e a impunidade fazem com que a afirmação seja autoexplicativa.
Por outro lado, os salários dos professores, apesar de terem melhorado um pouco, apresentam uma defasagem inacreditável quando comparados aos ganhos dos demais profissionais de nível superior, e mesmo em relação a profissionais de nível técnico ou médio.
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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardorib.adv@gmail.com
 

Registre-se que o grupo continua brilhando – inventivo, original e dinâmico – em sua fantástica e aconchegante tenda na Avenida Soares Lopes.

 
Se fosse observada a regra de que a propriedade deve atender ao interesse social, teria outro destino o imóvel onde funcionou a Casa dos Artistas, no centro histórico de Ilhéus.  Pertencente a uma família suíça, a casa está abandonada e se deteriora, sem que o poder público se manifeste.
A situação foi denunciada pelo site Ilhéus 24 horas, que provocou a gestão municipal a pensar no tombamento do imóvel, construído no início do século passado pelo coronel Domingos Adami de Sá. Não houve resposta.
O valor histórico da casa, vizinha ao endereço onde morou Jorge Amado, é inquestionável. Durante algum tempo, sua importância foi ainda maior, quando abrigou o Teatro Popular de Ilhéus, embrião de tantas criações geniais e hoje, sem a menor dúvida, o maior centro de produção cultural do sul da Bahia.
Fechou-se a casa, agora entregue às baratas, traças e aos cupins. Assim como parece estar a cultura de Ilhéus, uma cidade que propagandeia explorar o turismo cultural, mas só o faz no pior dos sentidos.
Chega a ser complicado sugerir ao poder público o tombamento do imóvel da família Koela, quando o governo custa a tomar providências no que diz respeito à preservação do patrimônio histórico de Ilhéus. Vide a situação do prédio do antigo Colégio General Osório, igualmente abandonado.
Como aqui se mencionou o TPI, registre-se que o grupo continua brilhando – inventivo, original e dinâmico – em sua fantástica e aconchegante tenda na Avenida Soares Lopes. Ali a cultura resiste aos ataques, dificuldades e intempéries, enquanto a antiga sede vira mausoléu e monumento ao descaso. Uma verdadeira casa sem espírito.
Ricardo Ribeiro é advogado.

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raulRaul Monteiro | Política Livre
 

Na visão desta turma, que tem influência no PT e relativa ascendência sobre Rui, seria a oportunidade para que o candidato petista escolhesse, por exemplo, uma mulher para acompanhá-lo como vice, evitando se distanciar do cenário criado pela entrada em cena da candidatura ao governo da senadora Lídice da Mata.

 
Deve ser ótimo para um candidato ao governo assistir a uma disputa pela vaga de vice em sua chapa. No mínimo, indica que os contendores e sua legião de correligionários acreditam piamente em seu potencial eleitoral. Caso contrário, não estariam se digladiando em público por um espaço no qual sabem que dependerão quase exclusivamente do desempenho do cabeça de chapa para conseguirem obter o mandato. Ademais, ser vice significa, na essência, estar no poder sem poder exercê-lo, a menos em caso de falta do titular, o que só o vice pode desejar, já que ninguém votou nele.
O caso se aplica ao candidato do PT a governador, Rui Costa. Desde que foi ungido pelo governador Jaques Wagner candidato à sua sucessão e teve seu nome ratificado pelo partido que comanda o Estado há quase oito anos, Rui assiste, quase impassível, a uma disputa que se intensifica a cada dia entre o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), e o PP, pilotado no Estado pelos deputados federais Mário Negromonte e João Leão, pela vaga de vice em sua chapa. Os três se apresentam para o PT como os melhores candidatos a vice que a Bahia já teve.
Com a diferença de que Mário e Leão integram um mesmo núcleo e aceitam negociar entre si a escolha de apenas um deles para destronar a pretensão de Nilo de compor a chapa com Rui, o que reforça a hipótese de o nome mais forte no PP para a empreitada ser o do primeiro. Ocorre que o aprofundamento da briga entre Nilo e Mário, aliados importantes do governo estadual, pode até envaidecer Rui, se é que o candidato do PT é dado a vaidades pessoais, mas já enche de preocupação setores do partido e da articulação política de Jaques Wagner.
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aldineto mirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Somos os cozinheiros da nossa própria existência. Para ela ficar mais saborosa, é necessário um bom tempero.

O ano novo é uma noção mítica maravilhosa. O conceituado estudioso dos mitos, Mircea Eliade, explica que vários povos, em diversas culturas, acreditavam que em determinado período do ano o cosmos era destruído e recriado  mais uma vez. Esses ciclos cósmicos acontecem, nessa visão mítica,  possibilitando uma nova criação.

Essa compreensão do mundo e do tempo enquanto algo cíclico é interessante, pois, desse modo, tudo que te aconteceu pode até voltar a ocorrer, mas não da mesma forma, o ano novo é o período que possibilita a mudança.

Não se trata, como vi um apresentador num programa de televisão afirmar, que devemos descartar coisas, pessoas. Não é isso, mas ressiginificar o que temos e o que somos.

Não se pode modificar o exterior se o interior continua da mesma forma, como afirmou o grande mestre: “do que adianta ganhar o mundo e perder a sua alma”.  Ano novo é renovação, antes de tudo, da alma!

Nesse período fazemos muitos rituais: vestimo-nos de branco, pulamos sete ondas, alguns vestem uma roupa íntima vermelha para atrair o amor e coisas do tipo… Mas não adiantam as simpatias, as crenças, a fé se não virem acompanhadas de atitudes concretas. Isto é, fazer um ano bom é uma vivência cotidiana.

Portanto, acorde nesse ano novo a cada dia disposto a ser feliz, gentileza é um bom começo, sorria mais, ame mais. Se você é casado, renove o amor pela sua esposa. Se solteiro, viva intensamente sua solteirice  – e se conhecer alguém digno do seu amor, não tenha medo de amar.

Coloque mais tempero no que você faz. Somos os cozinheiros da nossa própria existência. Para ela ficar mais saborosa, é necessário um bom tempero, se você é médico, professor, advogado, gari, mecânico, arquiteto ou estudante… Seja o melhor profissional no que faz, não melhor do que os outros, mas melhor do que você mesmo. Mas aviso: nem todos os dias você vai acordar animado, mas não é porque algo começa mal que deve continuar ruim, nem porque algo termina mal que precisa ter sempre o mesmo final. A decisão  é sempre nossa!

Ame nesse ano bom, perdoe, viva. Deguste a existência como degustaria um bom vinho.  Compreenda e assuma os três tipos de amor, o eros que é o desejo, mas também o philia que é  a alegria do companheirismo e o ágape, o amor que se identifica com o amor do Cristo, que, segundo a concepção cristã, morreu para o bem da humanidade. Esse é o amor que não espera retribuição.

Então, que nesse ano que está prestes a nascer, e já está batendo às portas, seja para todos um ano bom, regido pelo amor, pela compreensão e por muita paz… Lembre-se: Problemas sempre há, mas problemas são obstáculos a serem superados. Muita paz, muita luz e FELIZ ANO NOVO!

Aldineto Miranda é professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba), graduado e especialista em Filosofia e mestrando em Linguagens e Representações.