Experiências que estão sendo adotadas por José Mujica e Fernando Haddad representam uma mudança substancial na forma de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da violência.
A percepção que parte da sociedade tem em relação à violência é contraditória. É de conhecimento da maioria das pessoas que as razões da violência, em parte, estão relacionadas ao tráfico e o consumo de drogas, além dos problemas sociais ainda presentes nos quatro cantos do país. Mas os meios que são comumente utilizados no combate à violência tem se constituído num retumbante fracasso.
As práticas para o enfrentamento da violência tem sido as mesmas de sempre: a polícia mata e prende, tanto drogas quanto os traficantes, como forma de diminuir a circulação dos entorpecentes. Por outro lado, os bandidos se matam na tentativa de controlar os territórios do tráfico, a produção e a comercialização das drogas.
Ainda temos a violência advinda dos assassinatos em virtude de dívidas com os donos do pedaço. A organização do tráfico é impiedosa: deve e não paga, o caminho é a morte! Neste círculo vicioso, os índices de assassinatos só aumentam. É necessário rever os métodos utilizados para combater o tráfico.
Neste sentido, experiências que estão sendo adotadas por José Mujica, presidente do Uruguai, que legalizou o uso da maconha, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, com o projeto Braços Abertos, que visa oferecer oportunidades aos dependentes e usuários de crack, representam uma mudança substancial na forma de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da violência.
No caso do Uruguai, o Estado passa a assumir e controlar todo o ciclo de produção e comercialização da cannabis, permitindo ao usuário comprar em pontos definidos a quantia estabelecida para seu consumo. Em São Paulo, para os dependentes de crack estão sendo oferecidas moradias em hotéis da região conhecida como Cracolândia, trabalho remunerado na varrição das ruas e três refeições diárias, além de cursos profissionalizantes.
Estas ações podem não resolver o problema da violência de forma definitiva, mas são alternativas que deveriam ser observadas pelas diversas esferas de governo.
Quanto à contradição da sociedade que mencionei no início deste texto, me assusta ver pessoas comemorarem quando um bandido é assassinado ou em expressões como “bandido bom, é bandido morto”. Enquanto existirem seres humanos morrendo em virtude da escalada da violência, a sociedade continuará sendo vítima da mesma forma. Portanto, o ideal será quando não existir bandido morrendo, pois teremos uma sociedade de paz.
Jairo Araújo é vereador de Itabuna pelo PCdoB.
Uma resposta
O grande problema no Brasil é pautar leis na moral que advém de religiões conservadoras. Maior problema é que muitas pessoas se dobram a essa moral e têm preconceito com pessoas marginalizadas socialmente, com usuários de drogas, com gays e se tornam hipócritas e demagogas. Vários temas são tabus e que não tem coragem de enfrentar a si mesmo e a sociedade mantém essa condição de preconceito.