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marco wense1Marco Wense

A tendência, com a proximidade do pleito de 2014, é de um acirramento cada vez mais intenso entre o PCdoB e o PRB, com cada qual defendendo seus candidatos.

De início é bom dizer que a oposição ao Partido Comunista do Brasil, o velho e aguerrido PCdoB, tem duas vertentes: dentro do governo Vane e fora dele.

Do lado externo, os petistas comandam o oposicionismo com o deputado federal Geraldo Simões na linha de frente. O alvo principal é Davidson Magalhães, presidente da Bahiagás.

Aqui em Itabuna, o PT e o PCdoB se juntaram em várias sucessões municipais, mas tudo em nome da sobrevivência política, como aliados pragmáticos e circunstanciais.

O relacionamento PT e PCdoB sempre foi marcado por muito cinismo, tapeação, desconfiança e sabedoria de ambos os lados. O pega-pega vem do movimento estudantil.

Em priscas eras, como diria o saudoso jornalista Eduardo Anunciação, enfrentei o PT e o PCdoB na eleição para o Diretório Central dos Estudantes, o DCE da então FESPI, hoje Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

Sob pena de perderem o comando do DCE para o PDT, comunistas e petistas se uniram contra minha candidatura. Derrotado, continuei na luta. O troco veio depois: fui eleito presidente do DA de Direito.

Internamente, o PCdoB tem o PRB, legenda do prefeito Claudevane Leite, na sua cola. O secretário de Assistência Social, José Carlos Trindade, com o aval silencioso do bispo Márcio Marinho, é o adversário-mor.

O conceituado blog Pimenta não é de inventar nada. Trindade disse mesmo que Davidson Magalhães não teria cinco mil votos em Itabuna para deputado federal. Continua dizendo, agora mais precavido.

A tendência, com a proximidade do pleito de 2014, é de um acirramento cada vez mais intenso entre o PCdoB e o PRB, com cada qual defendendo seus candidatos.

Em relação ao Parlamento estadual, tudo com bolinhas azuis. Ângela Sousa (PSD-reeleição) já tem o explícito e empolgado apoio do prefeito Vane. O céu é de brigadeiro.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Deu para ver a marra se derretendo no rosto dela, de onde brotou um sorriso amarelo. E assim, com a minha educação doméstica, investi em refeições menos tensas no futuro.

Minha educação para o momento das refeições foi além dos princípios básicos de etiqueta, como não falar de boca cheia e não apoiar os cotovelos sobre a mesa. Com minha família, aprendi a norma básica na hora de comer: trate bem quem te alimenta! Tenho dois tios garçons e sempre contaram as barbaridades causadas pela falta de civilidade de clientes e o espírito vingativo dos funcionários da cozinha e afins. Humilhações e reclamações em tom esnobe muitas vezes são revidadas com cuspe na comida, canudos previamente inseridos no nariz e ouvidos, bifes bem passados pelo chão e demais nojeiras arquitetadas por mentes criativas e sentimentos feridos.

Antes que sua arrogância deseje lembrar àquele que te serve sobre quem está pagando pela comida, é preciso avaliar os possíveis riscos que você pode se submeter. E não adianta querer se blindar falando de profissionalismo e apelar para ameaças ao gerente ou dono do estabelecimento. E por mais que Seu Madruga tenha ensinado que “a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena”, gente é um bicho rancoroso e perverso.

Tratar bem quem prepara sua comida deve seguir os princípios básicos da convivência humana, acrescidos do instinto de autopreservação. E foi a estratégia de sobrevivência à mesa deu origem a um ato de celebração muito comum: o brinde. Pesquisadores contam que o hábito de brindar surgiu na Grécia, 400 anos antes de Cristo. Ao bater os copos, misturava-se a bebida servida e o convidado se assegurava de que seu anfitrião não tinha intenções de envenená-lo.

Partindo das lições familiares, sempre segui à risca o princípio de jamais destratar quem lidava com minha refeição. Uma vez, quando prestava serviço a certa Prefeitura, recebi um vale para almoçar no restaurante parceiro do governo municipal. O evento que cobri durante a manhã se estendeu além do horário. O restaurante era pequeno, funcionava na residência da proprietária. Só consegui chegar ao estabelecimento perto das 14 horas e as funcionárias, que pensavam estar livres do seu turno, receberam-me com uma enorme tromba. Faziam questão de demonstrar explicitamente toda sua contrariedade. Uma delas se queixava de dor de cabeça e pressão alta.

– Senhora, já que está se sentindo mal, é melhor procurar um posto de saúde, pois hipertensão é um perigo – aconselhei, cautelosamente.

– Por mim, eu morro! – respondeu-me com aspereza.

Depois de escolher o meu prato, perguntei o que tinha para beber.

– Se quiser, tem água – informou-me a funcionária com desdém.

– Está ótimo! – exclamei com um sorriso no rosto, numa tentativa desesperada de criar alguma empatia. Não sei se a tática funcionou, mas fui surpreendida com uma limonada.

O clima no restaurante era tenso. O lugar era minúsculo e dava para ouvir todas as pragas rogadas da cozinha. Mas, como meu estômago estava colando nas costas, tive que me submeter ao risco, pedindo proteção divina.

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professor júlio c gomesJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br

 

Juízes? Leis? Promotores? Inquérito Policial? Vara Crime? O que é isso tudo diante do poder do dinheiro do crime organizado? Diante do poder de suas relações políticas? Do poderio dos fuzis automáticos e metralhadoras a serviço das facções criminosas?

 

A decapitação do marido de uma policial militar ocorrida dia 29/10 no Rio de Janeiro serve, infelizmente, para mostrar o quanto todos os tipos de limites já foram ultrapassados pelo crime organizado no Brasil.

Foi muito mais do que um assassinato: foi a execução cruel, planejada e desumana de alguém absolutamente inocente, que apenas queria viver neste Brasil, com sua esposa e familiares.

Aqueles que o executaram tinham várias certezas. Primeiro, repise-se, a da total inocência da vítima. Mas isto em nada lhes importava. Segundo, a certeza de que ao matá-lo estariam mostrando para todo e qualquer policial e agente do poder público que eles e suas famílias estão dominados pelo crime. E a terceira – e principal certeza – é de que não há, no Brasil, lei alguma capaz de puni-los.

É verdade. A única coisa que este tipo de criminosos ainda teme um pouco é uma tropa de policiais militares bem treinada e bem armada. Com esses reduz-se substancialmente o espaço para o “vamos conversar”, para os “embargos infringentes” da vida, para os jeitinhos.

No mais, tudo lhes soa como uma grande piada. Juízes? Leis? Promotores? Inquérito Policial? Vara Crime? O que é isso tudo diante do poder do dinheiro do crime organizado? Diante do poder de suas relações políticas? Do poderio dos fuzis automáticos e metralhadoras a serviço das facções criminosas?

O Estado brasileiro não poderia, jamais, aceitar uma ação criminosa como aquela que foi cometida no Rio de Janeiro porque ela é uma ação contra o próprio Estado, a intimidá-lo e acuá-lo, contrapondo-se a ele para negar sua existência e validade.

Não há Estado sem polícia, nem no capitalismo nem no socialismo. Nem pode haver ordem e poder estatal sem controle social, sem poder judiciário e sem ordenamento jurídico eficazes. E isto não é uma questão de ordem ideológica, mas de cunho prático, pois simplesmente não há Estado sem tais instituições.

E sem Estado o que existe é a barbárie, o império da força bruta, o salve-se quem puder. O que existe é a negação de todos os princípios de cidadania, o fim do respeito às pessoas, a morte da dignidade humana e, portanto, da própria condição de ser humano.

Não se trata de ser de esquerda ou de direita. Nem católico, evangélico ou ateu. Nem bonzinho ou malvado. Se o marido de uma policial militar é barbaramente executado porque sua esposa, na condição de agente do Estado, contrariou os interesses econômicos de uma organização criminosa, o que resta para nós outros? Quanto valem as nossas vidas? E a de nossos familiares?

Por isso, faz-se necessário que as pessoas se posicionem – enquanto ainda é possível: valorizando o Trabalho; afirmando os valores da Família, seja ela como for; apoiando os órgãos do Estado que se opõem à ação do crime; deixando de alimentar economicamente suas engrenagens, entre outras ações.

Se não conseguir fazer nada disso, pelo menos pare de apoiar criminosos, tratando monstros como se fossem pobres coitados.

É o que se pode fazer, enquanto não nos tornamos a próxima vítima.

Júlio Gomes é professor e advogado graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

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… ESPECIALMENTE AOS MEUS QUERIDOS ALUNOS E ALUNAS – E A QUEM MAIS SE INTERESSE POR EDUCAÇÃO E ASCENSÃO SOCIAL

professor júlio c gomesJúlio Cezar de Oliveira Gomes | advjuliogomes@ig.com.br

Ascensão social, sucesso econômico, qualificação pessoal e profissional não caem do céu. Exigem sacrifício, disciplina, aplicação.

Após ter acesso a um caderno de questões, sentei-me e fiz a prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias, questões nº 01 a nº 45, aplicadas no sábado, dia 26/08. Tendo um curso superior de História e outro de Direito, não sou uma pessoa mal formada em termos de escolaridade.

Das 45 questões de Humanas, errei 07 e acertei 38. Vale lembrar que as questões não são apenas de história, mas envolvem também geografia, atualidades e filosofia, sempre entrelaçadas com outros conceitos.

Sou sincero: não é uma prova fácil. Algumas questões são mais fáceis para quem está bem preparado, mas a prova é, de fato, um desafio, pois é preciso ter conhecimento amplo, raciocínio lógico e saber interpretar bem os textos para entender o que se pede.

Por isso, se você foi bem no exame do Enem, Parabéns!

Mas, se você não foi bem, não se desespere. Volte a estudar para o ano que vem, pois você terá mais um ano para se preparar.

Além disso, se você puder estudar ou colocar seu filho(a) em uma escola melhor – geralmente da rede particular – faça isso urgente! Se a escola não é boa, fica difícil para o aluno ser bom.

Nessas horas vemos a quantos anos luz de distância as escolas das Redes Pública estadual e municipal estão de um ensino-aprendizagem efetivo, de qualidade, capaz de cumprir a função social que deveriam desempenhar.

Muitos passarão no Enem. Muitos não passarão. O importante é não perder o foco, continuar estudando – pois é nessas horas que percebemos que estudar não é brincadeira, nem se confunde com um simples “ir à escola”.

Estudo exige dedicação, continuidade, rotina, disciplina, sacrifício. Por isso, o estudo, para uma criança, um adolescente ou mesmo para um adulto jovem, equipara-se ao trabalho.

Por isso, bola pra frente! Estude! Estabeleça horários de estudo, rotinas de estudo. Procure extrair o máximo de seus professores, e aproveitar ao máximo as aulas, tirando dúvidas, fazendo os exercícios, copiando os assuntos ou resumindo-os para melhor fixá-los.

Procure também se aproximar de coisas que tenham um conteúdo positivo, seja na internet, na TV por assinatura, nas músicas que escuta ou nos filmes que assiste. Você pode até gostar de Funk Proibidão ou de Black Style, mas tem de ter a clareza de que ali não há nada de bom, a não ser uma bunda balançando. E não é esse tipo de “saber” que lhe será cobrado no Enem. Procure se aproximar de coisas com mais conteúdo.

Procure também se relacionar com pessoas com mais conteúdo ou, pelo menos, que gostem de verdade de você. Ninguém é melhor do que ninguém, e todos nós somos filhos de Deus. Porém, há pessoas que te põem para frente, te ajudam, te incentivam; e outras que só te puxam para o que não presta, para o que não traz nada de bom, para trás. Cabe a você perceber isso e se colocar melhor.

Ascensão social, sucesso econômico, qualificação pessoal e profissional não caem do céu. Exigem sacrifício, disciplina, aplicação. Se você fez o Enem, está no caminho certo. Continue. Persevere. Os frutos virão.

É sempre bom lembrar que, na vida, colheremos amanhã aquilo que estamos plantando hoje.

Júlio Cezar de Oliveira Gomes é professor e advogado graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

A ação do MP, ancorada nos “Oito Objetivos do Milênio”, mostra que a revolução depende muito mais de responsabilidade e do envolvimento de todos – governo e sociedade – assim como de um olhar diferenciado e atento para a escola e a família. Logicamente, sentimento e uma boa dose de emoção, dado seu grande poder de contagiar, também são essenciais.

 

Nem só de lamentações e desesperança é feita a realidade das escolas de hoje em dia. Há momentos em que a fé e a força de vontade de alguns, ainda que poucos, mas de um entusiasmo multiplicador, é capaz de subverter uma perspectiva sombria e dar espaço para o exercício saudável – por que não dizer indispensável – de sonhar com um mundo melhor.

Foi esse sentimento que dominou o ambiente do I Congresso Nacional Integrador do Programa “O MP e os Objetivos do Milênio”, num momento sublime dessa iniciativa corajosa e revolucionária do promotor de justiça Clodoaldo Anunciação. Uma ideia que tem o propósito de viabilizar melhores condições nos serviços públicos de saúde e educação, setores aos quais todos os brasileiros deveriam ter acesso com dignidade, como dispõe há 25 anos – sendo solenemente ignorada – a Constituição da República Federativa do Brasil.

O trabalho proativo do Ministério Público, com o apoio de seus parceiros, não se resume a fiscalizar, como o próprio Anunciação enfatiza. Busca também reconhecer o mérito dos gestores escolares que conseguem avançar e cumprir metas. Vários prêmios foram entregues neste sábado (26) a 13 escolas, porém o que mais chamou atenção foram alguns depoimentos de diretores de escolas que não se acomodaram com as dificuldades e têm conseguido superá-las. Cito dois deles.

Diretor do Colégio Modelo de Itabuna, que atende jovens de bairros periféricos, o professor Denelísio Nobre lembrou que, ao assumir o cargo, a escola praticamente não encaminhava alunos para boas universidades. A situação mudou em 2012, quando 52 ex-alunos do Modelo foram aprovados na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), dois na Universidade de Campinas (Unicamp) e um na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Uma atenção especial para os estudantes, buscando incentivar um relacionamento prazeroso com a escola, ajudou a mudar o cenário. “Eu tirei um revólver da cintura de um aluno em seu primeiro dia de aula; este ano o mesmo aluno está se formando em História na Uesc”, registra o diretor.

Hernandes Rodrigues Teixeira dirige o Colégio Municipal Dr. Demóstenes Guanaes Pereira, na comunidade de Espinheiro, município de Remanso, na região de Juazeiro. “A escola é a minha casa”, resumiu o diretor, que “mora” na zona urbana, pega a estrada de terra para o colégio toda segunda-feira e só pode retornar na sexta, pois o trajeto é penoso. Hernandes foi um dos premiados, graças à realização de projetos que transformaram o estabelecimento que dirige e, consequentemente, sua comunidade. Ao contar, emocionado que havia sido caminhoneiro antes de se graduar em História e passar a se dedicar à educação, o diretor surpreendeu e emocionou o público do congresso. Muitos choraram.

“O que aconteceu aqui está muito além de tudo o que imaginamos”, dizia o promotor Clodoaldo Anunciação”, ex-aluno do Colégio Divina Providência, de origem humilde, alguém que conhece perfeitamente o poder transformador da educação e não se acomodou ao vê-la entregue ao descaso. Acima de tudo, sua iniciativa tem demonstrado uma coisa: a transformação de que o ensino público precisa depende também de recursos financeiros, mas necessita principalmente de compromisso.

O presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães, lembrou a estimativa de que, com a exploração do petróleo no Campo de Libra, cerca de R$ 550 bilhões serão destinados à educação. Dinheiro, entretanto, não resolve tudo se não for bem aplicado.  Magalhães salientou este ponto, ao citar que “municípios que recebem royalties do petróleo estão entre os de pior qualidade do ensino”.

A ação do MP, ancorada nos “Oito Objetivos do Milênio”, mostra que a revolução depende muito mais de responsabilidade e do envolvimento de todos – governo e sociedade – assim como de um olhar diferenciado e atento para a escola e a família. Logicamente, sentimento e uma boa dose de emoção, dado seu grande poder de contagiar, também são essenciais.

Ricardo Ribeiro é advogado.

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marco wense1Marco Wense

O governador não perdeu sua intuição política. Não é nenhum neófito, iniciante, marinheiro de primeira viagem, bobo e desorientado. Continua sendo o Jaques Wagner de carne e osso.

Não tenho nenhuma dúvida de que o nome do governismo para disputar o Palácio de Ondina vai sair do Partido dos Trabalhadores (PT). E nenhuma hesitação de que a escolha está entre Rui Costa e Walter Pinheiro.

Rui Costa é o chefe da Casa Civil. A seu favor o fato inquestionável de que é o candidato da preferência do governador Wagner. Do lado do senador Walter Pinheiro, as pesquisas de intenção de voto.

De fora mesmo, sem perspectiva, José Sérgio Gabrielli e Luiz Caetano, respectivamente secretário estadual de Planejamento e ex-prefeito de Camaçari.

Se não fosse o republicanismo do governador Wagner, reconhecido e enaltecido até pelos opositores, o martelo já teria sido batido: o candidato é Rui Costa e ponto final.

Na época do carlismo, sob a batuta de ACM, com o mandonismo a todo vapor, não teria nem discussão sobre a composição da chapa.

O desejo de ACM era uma ordem, o “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Correligionários do senador Walter Pinheiro defendem as consultas populares como critério para a escolha do candidato, já que a diferença entre ele e Rui é considerável.

O governador Wagner até que concorda com a opinião de que a pesquisa pode ser um indicativo, mas faz a seguinte ressalva: “Não é para mim o critério preponderante.”

Os pretendentes da base aliada são dois: Marcelo Nilo (PDT) e a senadora Lídice da Mata (PSB). A pré-candidatura do pedetista tem a compreensão de Wagner e do PT.

O engraçado fica com Lídice. Ela quer o apoio de Wagner para o Palácio de Ondina fazendo campanha para Eduardo Campos (PSB) para o Palácio do Planalto.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

 

A cada declaração concedida por vocês e a cada matéria que leio sobre o tema, a sensação é de frustração.

 

Eu poderia começar essa carta comentando o quanto admiro (embora de formas diferentes) o trabalho e história de cada um de vocês, ou relatando o quanto os três foram e são importantes para a cultura brasileira, mas prefiro ir diretamente ao assunto: acompanhando essa polêmica toda em que vocês se colocam contra as biografias não autorizadas de personalidades públicas, a primeira palavra que vem à mente é INACEITÁVEL.

Perdoe a intimidade, Gil, mas é como se aquela doce e paciente professora que me alfabetizou, ainda na infância, agora dissesse que eu não sei escrever.  A cada declaração concedida por vocês e a cada matéria que leio sobre o tema, a sensação é de frustração. Eu não posso aceitar que os meus guerreiros do Tropicalismo, que lutaram pela liberdade de expressão no final da década de 60, sob o massacre de uma ditadura militar, agora lutem contra o direito de acesso a suas fascinantes histórias. É inaceitável.

Não, eu não sou contra o direito à privacidade, Caetano, e concordo quando você diz que a lei deve servir para todos, mas é preciso ser coerente e admitir que um cidadão, ao optar por seguir uma carreira pública, deve estar preparado emocionalmente para os ônus e bônus que ela possa lhe proporcionar. Perdoe a minha audácia, mas eu não posso aceitar que vocês, que me fizeram acreditar que a liberdade de expressão deve ser ampla e irrestrita, agora estejam fomentando uma discussão sobre privacidade alegando direitos autorais.

Mas e aí se alguma dessas biografias lhes causarem constrangimento? Assim como qualquer cidadão brasileiro, recorram à justiça e lutem pela punição dos envolvidos. Cada um que arque com as responsabilidades dos próprios atos. Vocês esqueceram o que é democracia? Sugiro que recorram aos próprios acervos, leiam e assistam suas próprias entrevistas. Aqui para nós, ninguém jamais ousou falar em democracia melhor que vocês nestas últimas décadas. Impedir biografias, nobres ídolos, é como retroceder e pedir que o Brasil esqueça, inclusive, a trajetória que os faz importantes e famosos até hoje.

Manuela Berbert é publicitária e colunista do jornal Diário Bahia.

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Professor Aldineto MirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Vigiem senhores e senhoras! Vigiem seus pensamentos, palavras e ações, pois podem se tornar cruéis atitudes ou posturas belíssimas. A decisão é sempre nossa.

“A religião é o ópio do povo”. Com essa frase Karl Marx, pensador alemão, define com maestria uma das facetas que a religião pode adquirir. Certamente, estamos vivenciando uma epocalidade de crise: meio ambiente clamando por cuidados, relativização de valores, desenvolvimento tecnológico convivendo com a miséria e sofrimento de muitos seres humanos, adultos infantilizados, crianças e adolescentes tragados pelo tráfico, ou dependentes de drogas; alienados, depressivos, oprimidos.

Em meio a toda essa crise social, vemos o proliferar de igrejas – das mais variadas denominações – prometendo as benesses de um céu perfeito, e, para isso, fomentam o fanatismo e incitam o ódio contra qualquer outro tipo de postura diferenciada, fazendo com que muitos jovens e adultos utilizem uma forma de alienação que não é química (das drogas ilícitas), porém é uma forma de alienação ideológica ocasionada pelo entorpecimento das consciências. Ambas possuem o mesmo efeito: destróem o cérebro, a capacidade de escolha,  deixando as pessoas, que escolhem fazer uso delas, sem poderem mais escolher, abrem mão de ser indivíduos e se tornam fantoches.

O desespero é o terreno fértil para o fanatismo e a intolerância, e o discurso religioso que exclui, marginaliza, seleciona, é cruel, ainda que se realize em nome de Deus – na verdade, ser realizado em nome de um ser superior é o que o torna ainda mais nefasto.

Quem diz que A ou B vai está condenado à perdição eterna, inferno, ou algo parecido,  porque tem outro pensamento religioso, uma orientação sexual  diferente, uma opção de vida incomum, assume uma postura intolerante e intransigente, e se identifica com tudo que é mais diabólico. Lembrem que a palavra diabo, etimologicamente, provém do grego diabolo e significa separação, divisão. Ou seja, tudo o que exclui, separa, é diabólico. O contrário dessa categoria é o símbolo, tudo o que une, acrescenta, mistura, é simbólico. O sincretismo é simbólico, o amor provoca sinergia, por isso é um sentimento lindo que cria beleza, prazer e vida!  Cristo sabia disso, por isso ressaltou o amor como principal mandamento.

Dentre as religiões, ressalto a beleza da mística do candomblé, que resistiu ao racismo eurocêntrico sincretizando-se com o catolicismo e outras manifestações religiosas. Por ser uma religião que agrega, nele não há espaço para o diabo, pois não existe o diabólico. Tudo é simbólico!

Ouso não concordar totalmente com  o Marx. Eu não diria que a religião é o ópio, mas diria que algumas posturas, pseudo religiosas, são uma praga para o desenvolvimento da humanidade, tão grave quanto o crack. A religião é uma faca de dois gumes bem afiados,  podendo libertar ou aprisionar o indivíduo.

O problema não é a religião em si. Gandhi, líder religioso indiano, representativo de uma postura  respeitosa e amorosa, já afirmava que um homem sem religião é como um barco sem direção. O que critico, indignadamente, são as denominações religiosas e pessoas recheadas de intolerância e fanatismo, pois disto tenho medo, tenho muito medo! Medo que mais uma vez o horror de uma espécie de inquisição contemporânea volte a acontecer.

Ao mesmo tempo sinto um fio de esperança ao ver um líder religioso, como o papa Francisco, ao ser perguntado sobre a postura homossexual, responder: “Quem sou eu para julgar?”, afirmando posteriormente que não se deve marginalizar as pessoas. Postura humilde, de um líder carismático e sensato.

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O PIMENTA é um blog que não se posiciona, a priori, de um determinado lado no espectro político ou ideológico, embora muitos o vejam como um veículo de esquerda e existam também aqueles que o enxergam como instrumento da direita. Tudo sempre depende do lado em que se encontra quem recebe a crítica.

No artigo postado logo abaixo, o assessor de comunicação do Sindicato dos Comerciários de Itabuna, Luiz Carlos Jr., queixa-se não do blog, mas de seus leitores/comentaristas, vistos pelo autor como gente de direita. Uma generalização pouco precisa, motivada pelas críticas de leitores ao sindicato, no episódio que envolveu a abertura de uma loja de brinquedos no feriado do Dia das Crianças.

O blog ouviu os dois lados e a maioria dos leitores que comentaram o episódio condenou a postura de dirigentes do sindicato. Não se sabe se isso se deve ao fato de serem de direita, ou pelo de não aceitarem a agressão a uma mulher, acusação não contestada pelo sindicato.

É justo ressaltar que o PIMENTA tem milhares de leitores e não parece correto enquadrá-los todos à direita. Quem sabe, a distribuição seja equivalente à identificada em pesquisa feita na semana passada pelo Datafolha, segundo a qual 49% dos eleitores brasileiros têm mais afinidade com valores direitistas, enquanto 30% se associam a postulados da esquerda. Não obstante o país seja governado… pela esquerda?

Há muita confusão ideológica no front e talvez nosso espaço de comentários reflita tudo isso. Aliás, pegando carona na metáfora do articulista, aqui não importa o lado em que o sujeito sambe. O que nos compete é franquear a todos, inclusive àqueles de cuja opinião discordamos, o sagrado direito de “sambar”.

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luizLuiz Carlos Junior | lcjr65@gmail.com

 

Apesar de muita gente propalar o fim da luta de classes, ela continua existindo e continuará a existir enquanto existir o sistema capitalista.

 

Sempre lamento os comentários postados no Pimenta. Há sempre o predomínio de um pensamento retrógrado, conservador. Sempre há um ataque vigoroso às camadas mais marginalizadas e exploradas. Trabalhadores, mulheres, negros, homossexuais são os alvos principais.

Questionam o papel dos sindicatos. Quem não é dono de sauna (vive do suor alheio) sabe bem qual a importância do sindicato. Quem é assalariado sabe quem garante o reajuste, o ganho real, o vale-transporte, as folgas. Porque qualquer trabalhador que abra a boca pra reclamar de qualquer injustiça com o patrão será sumariamente demitido – “tem um exército de excluídos doidos pra ocupar o seu lugar” – dirá o patronato. O projeto de lei 4330, que pretende regulamentar a terceirização sem limites, está prestes a ser engavetado graças à pressão das centrais sindicais, mas a mídia não dá a menor pelota pra isso.

Quando as centrais realizaram manifestação contra o PL 4330, as tevês só cobriram porque as rodovias foram interditadas. Quando os operários e operárias da Trifil largaram a produção e saíram em cortejo do bairro Nova Itabuna até o cemitério, rumo ao enterro do operário sugado por uma centrifuga na Trifil, uma emissora local afirmou que “não tinha equipe para cobrir o acontecimento”. E eu também quero saber: por que as câmeras de segurança não mostram quando o sindicalista foi ameaçado de morte? Televisão é simulacro!

Quem gera emprego acumula capital às custas da exploração dos trabalhadores (e não estou falando de mais valia). Gerar emprego não dá direto a humilhar, explorar, obrigar seus funcionários a fazer horas extras e muitas vezes não pagar pelas horas trabalhadas, pois esta é a prática recorrente no comércio de Itabuna. Se perguntarem para os comerciários se eles preferem fazer hora extra ou folgar, a resposta é imediata: folga, porque não há garantia nenhuma de que vão receber pela hora extra trabalhada. Não por acaso, o não pagamento de horas extras é o campeão entre as denúncias que chegam ao sindicato.

Apesar de muita gente propalar o fim da luta de classes, ela continua existindo e continuará a existir enquanto existir o sistema capitalista, isto é inquestionável. Resta saber de que lado você samba. Os leitores do Pimenta sempre sambam do lado dos patrões, dos homofóbicos, dos machistas e reacionários em geral. #fato.

Ps: O feriado do Dia do Comerciário (30/10) é municipal e sua antecipação interessa ao segmento patronal. #ficadica.

Luiz Carlos Jr. é assessor do Sindicato dos Comerciários.

 

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A comunicóloga Mariela Rios viveu uma experiência delicada há quatro anos, quando deu à luz Beatriz. Como nasceu “antes da hora”, Bia precisou ficar na UTI neonatal do Hospital Manoel Novaes e demorou algumas semanas até poder ir para casa. Mariela conseguiu transformar a angústia desse momento em algo positivo e criou recentemente o projeto “Pequenos Guerreiros”, que visa prestar algum auxílio às crianças prematuras e suas famílias.

Leia abaixo o emocionante artigo publicado pela comunicóloga em seu blog sobre o nascimento de Bia e os dias vividos na UTI, à espera da sonhada alta. É uma bela história, de final feliz.

“Beatriz nasceu numa tarde de agosto, mais precisamente na tarde de cinco de agosto de 2009, no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna-BA, pelas mãos da doutora “anjo” Renata Albano. Neste ponto já preciso abrir um parênteses para dizer que Deus foi maravilhoso, perfeito, indiscutível ao colocar esse ser humano para trazer a esse mundo a minha grande felicidade.

Pois bem. Não senti a anestesia,nem o corte, nem quando retiraram Beatriz. Vi tudo muito quieto naquela sala de cirurgia, e então perguntei: “Ela já nasceu, doutora?”. A resposta foi: “Sim. Ela foi ali e já volta.” Algumas horas depois soube que aquele “foi ali e já volta” significou dizer que Beatriz precisou ser reanimada, por isso não ouvi o tão esperado chorinho no nascimento.

Trouxeram minha pequena já numa incubadora. A vi de longe. Nenhum toque, nenhum afago, nenhum beijo. E seguiram com ela para a UTI Neonatal, onde passaria mais inacabáveis 21 dias. Era uma quarta-feira. Me levaram para o quarto para descansar e me recuperar da cirurgia. Até então não sabia que ela ficaria tantos dias longe de mim. Não pude vê-la na quinta-feira. Somente na sexta-feira, recebi a noticia de que poderia visita-la na UTI.

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marco wense1Marco Wense

Tudo aquilo que a Marina não é mais, diria o jornalista Marcelo Coelho, agora não tão sobressaltado e atônito como antes, já que naquele tempo ainda se acreditava em “papai Noel”.

O jornalista Marcelo Coelho, em artigo na Folha de São Paulo, fevereiro de 2002, com o título “Tudo aquilo que o PT não é mais”, analisou o começo da derrocada ideológica do Partido dos Trabalhadores.

Na época, o PT flertava com o PL em troca de alguns minutos no horário eleitoral. O colunista dizia que “as negociações com os liberais são um caso de senilidade”. E, perplexo, perguntava: “Será que os petistas ficaram gagás?

Finaliza dizendo que “o PT buscava ser diferente, ser uma “novidade” na política brasileira: tratava-se de um partido com programa definido, com instâncias democráticas de decisão, com vocação de massas e níveis de moralidade acima da média. Podia-se concordar ou não com o PT, mas essas qualidades eram reconhecidas por todos.”

Marina, de olho no Palácio do Planalto, em uma decisão imperial, tomada em menos de 24 horas, se filia ao PSB. O PSB não é o PL, mas a condução do processo político continua o mesmo, na base do toma-lá-dá-cá sem nenhum tipo de constrangimento.

Aliados históricos estão deixando Marina e o projeto de criação da Rede Sustentabilidade, entre eles o ex-deputado federal Luciano Zica, um dos coordenadores da campanha presidencial da ambientalista em 2010.

Zica, como é mais conhecido, decepcionado, nitidamente irritado, em tom de desabafo, bracejando, disse: “Fiz papel de bobo tentando convencer possíveis aliados sobre a nova política. O PSB não tem métodos menos velhos que os outros.”

Em um eventual segundo turno, o DEM e o PSDB apoiariam Eduardo Campos contra Dilma Rousseff. No mesmo palanque, lado a lado, Marina, democratas, tucanos, toda bancada ruralista e o fundador do antigo PFL, o senhor Jorge Bornhaunsen, hoje eduardista de carteirinha.

Tudo aquilo que a Marina não é mais, diria o jornalista Marcelo Coelho, agora não tão sobressaltado e atônito como antes, já que naquele tempo ainda se acreditava em “papai Noel”.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

 

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sócrates santanaSócrates Santana | soulsocrates@gmail.com

No vácuo das manifestações de junho e, principalmente, das reivindicações de mais instrumentos de participação popular, os 97 mil filiados do PT baiano podem e devem escolher entre Rui Costa, Walter Pinheiro, José Sérgio Gabrielli e Luiz Caetano.

Um rolo compressor – desgovernado – bagunçou o jogo sucessório na Bahia. De uma hora para outra, dois parlamentares petistas resolveram – arbitrariamente – ajoelhar publicamente três pré-candidatos do partido a uma taciturna preferência do governador por um nome, nada mais que um nome. Um deles, por sinal, declarou que o secretário da Casa Civil já alcançou a preferência da maioria dos petistas no estado. Trata-se do deputado federal Walmir Assunção. Um simulacro fora do lugar, sem sentido e totalmente descolado das nuances do PT.

Qualquer observador minimamente envolvido com a vida do partido percebe a diferença entre as declarações do deputado petista e a realidade. Hoje, o PT possui 10 deputados federais e 13 deputados estaduais. Na Câmara Federal, além de Walmir, apenas Josias Gomes e Waldenor Pereira estão publicamente com Rui Costa, enquanto o senador Walter Pinheiro detém o apoio dos deputados Amauri Teixeira e Afonso Florence e o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli conta com o empenho de Zezéu Ribeiro, Luiz Alberto e Emiliano José. De fora desta conta, ainda restam Geraldo Simões e Nelson Pelegrino.

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marco wense1Marco Wense

A tarefa mais espinhosa seria a de convencer o ex-governador Paulo Souto, do Partido Democratas (DEM), a disputar o Senado, deixando Geddel como candidato único da oposição ao PT e ao governo Wagner.

O ex-ministro Geddel, pré-candidato ao Palácio de Ondina pelo PMDB de Michel Temer, vice-presidente da República, não tem outro caminho que não seja o de oposição ao governo Dilma Rousseff.

A surpreendente filiação de Marina Silva no PSB, que tem o governador Eduardo Campos como presidenciável, leva Geddel a uma nova reflexão sobre o processo sucessório de 2014.

Antes de Marina virar outra Marina, se igualando a todos no modo de fazer política, Geddel estava disposto a apoiar o tucano Aécio Neves, obviamente do PSDB.

Em troca, como contrapartida, o PSDB, hoje sob o comando do deputado federal Juthay Magalhães Júnior, indicaria o candidato a vice na chapa do PMDB.

A tarefa mais espinhosa seria a de convencer o ex-governador Paulo Souto, do Partido Democratas (DEM), a disputar o Senado, deixando Geddel como candidato único da oposição ao PT e ao governo Wagner.

A candidatura de Campos, que agora precisa de um palanque na Bahia, assim como em outros Estados, obriga a senadora Lídice da Mata a disputar a sucessão estadual.

Lídice ainda não tomou nenhuma posição em relação ao seu futuro político. A possibilidade de sair candidata com o apoio do governador Jaques Wagner é nula. O sonho virou pesadelo.

Se Lídice não for candidata, e o DEM lançar Paulo Souto, o palanque de Geddel Vieira Lima pode alojar Eduardo Campos, Marina Silva, socialistas e marineiros.

Geddel aguarda os fatos e suas consequências com cautela. Não vai tomar nenhuma decisão atabalhoada. Uma coisa é certa: o obstinado Geddel Vieira Lima é candidatíssimo, independente de DEM, PSDB e PSB.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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paixaobarbosaPaixão Barbosa

Detentora de uma significativa marca – mais de 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010 – e ostentando índices também significativos nas últimas pesquisas de opinião na corrida para 2014, a ex-senadora Marina Silva surpreendeu a quase todo o mundo político ao optar pelo ingresso no PSB, depois de ver naufragar nos meandros legais do TSE a sua Rede Sustentabilidade, que ainda pretende ser um partido político sem os desgastes e as marcas negativas que as legendas atuais carregam consigo. A surpresa, contudo, foi mais pela opção de entrar num partido que já tem um pré-candidato definido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do que pelo fato de não aceitar os conselhos recebidos de se manter à margem da disputa de 2014, preservando, assim, a imagem de pureza com que ela fez questão de dourar a ideia da sua Rede.

Afinal, por maior que seja o desejo de apresentar-se para a disputa com uma proposta de partido bastante diferenciada dos demais, não seria possível imaginar que Marina Silva atendesse à banda dos seus seguidores que preferiam vê-la fora da campanha a decidir reingressar no sistema eleitoral num partido tradicional e, portanto, capaz de carregar no seu DNA as mazelas que tanto têm desgastado as legendas tradicionais. Até porque Marina, embora faça questão de manter um discurso diferenciado, lembrando sempre que sua luta não tem os mesmos estímulos dos políticos considerados tradicionais e sim são gerados pela vontade de transformar profundamente as bases sociais do Brasil, correria um risco muito grande de perder visibilidade ao ficar sem palanque por mais quatro anos, especialmente num País no qual os eleitores têm memória de peixe, ou seja, quase nenhuma.

Assim, para analistas políticas e também para as chamadas “cobras criadas” da cena política nacional, a ex-senadora seria obrigada a participar, de algum modo, das eleições do próximo ano e, com a frustração provocada pela decisão do TSE, o único caminho seria mesmo ingressar numa legenda já formada. Tanto que foram várias as legendas que se ofereceram para abrigá-la e aos “marineiros”, como são chamados seus seguidos mais fiéis. Todas de olho no patrimônio eleitoral que Marina conquistou em 2010 e que as pesquisas de opinião recentes revelam que ela está mantendo.

Inesperada mesmo foi a decisão de ingresso no PSB. Nem tanto pela imagem da sigla, uma vez que a legenda socialista tem sido vista no Brasil como uma espécie de segundo time de muita gente, ou seja, mesmo os que não votam em seus candidatos manifestam simpatia pelo partido criado em 1947 e que teve no baiano João Mangabeira um dos seus fundadores e principais ideólogos. Extinto em 27 de outubro de 1965, pelo Ato Institucional nº 2, promulgado pelo governo ditatorial, o partido foi recriado oficialmente em 1988, mas nunca ocupou um espaço tão significativo na cena política nacional que lhe pudesse atrair desafetos. O que, ao lado de não ter tido nenhum figurão dos seus quadros envolvidos nos recentes escândalos de corrupção, contribuiu para ter a imagem simpática já citada.

Ao entrar no PSB, Marina aumentou as preocupações do PT e de Dilma Rousseff, além de deixar Aécio Neves e o seu PSDB também de cenho franzido, como sempre acontece quando um fato novo acontece no cenário político e, além de se constituir uma surpresa, carrega potencial de provocar alterações num quadro até então estável e no qual vinham se baseando as análises para 2014. Mas, além da surpresa e do incômodo gerados, o gesto da ex-senadora deixou no ar uma grande interrogação a respeito do que realmente Marina deseja para seu futuro imediato, ou seja, em relação às eleições de 2014.

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